Sociedade Secreta Lesbos

Sinopse:
Em uma universidade americana, uma fraternidade misteriosa recruta meninas segundo regras e rituais peculiares, desencadeando uma sensual rede de intrigas, paixões e amizades, regadas a festas calientes, que mudarão as vidas das garotas recrutadas...


Capítulo 1


O novo ano letivo iniciara-se, a Universidade de Prescott se preparava para receber centenas de novos alunos.

Alguns deles entrariam nas dezenas de fraternidades dispostas no Campus, cada uma delas possuía suas próprias acomodações, mais confortáveis do que os alojamentos conjuntos, além de que, os membros da fraternidade, gozavam de alguns privilégios sociais e bons pontos no currículo, logo, ingressar em uma fraternidade era ambição da maioria dos novos estudantes.

Amy passeava pelo Campus encantada com a dimensão daquela universidade, quando foi abordada por Laurel, uma veterana, da fraternidade Gama-Tau, uma das mais cobiçadas pelas calouras. Laurel era alta, cabelos curtos lisos e ruivos, usava roupas largas, exceto pela mini- blusa colada ao seu corpo que deixava à mostra uma grande tatuagem no seu baixo ventre.

- Perdida, novata? - indagou a ruiva.

- Ah... Um pouco. Cheguei há poucas horas e gostaria de conhecer as residências das fraternidades - respondeu Amy com um sorriso ingênuo.

- Fraternidades, heim... Alguma em particular te interessa?

- Minha mãe era membro da Beta-Lo, mas não sei muito sobre as outras.

- Filha de uma Beta-Lo... Ok, então, loirinha... Siga-me... - Laurel sorriu maliciosa.


Amy aparentava ser uma menina tímida, seus cabelos loiros e ondulados chegavam aos ombros, seu vestido de alças florido revelava um corpo magro, mas deliciosamente moldado em curvas extremamente femininas.

Laurel mostrava as residências exteriormente a Amy que, curiosa, perguntava detalhes, até que da porta da Gama-Tau, ela avistou descendo as escadas uma morena de curvas perfeitas, cabelos longos pretos com as pontas cacheadas, boca carnuda bem desenhada e olhos claros que refletiam o sol de fim de tarde.
Amy ficou paralisada enquanto aquela mulher estonteante, exibindo pernas perfeitas num short minúsculo, seios fartos evidentes na blusa decotada, caminhava na sua direção.

Laurel continuou a caminhar ao encontro do alvo da atenção de Amy. Ao estar mais próxima de sua visão, percebeu seus traços fortes e latinos, o que lhe dava um ar de sensualidade absurdo. Falavam com intimidade, mas Amy não escutava o que elas conversavam, até que Laurel se aproximou junto com a outra garota e num tom sarcástico anunciou:

- Esther, essa é Amy, uma possível recruta da Gama-Tau, não é Amy?

- Muito prazer, Amy Anderson – Amy estendeu a mão para Esther que
fixou o olhar nela quando pronunciou seu nome, como se o reconhecesse.

Ela envolveu seus cabelos num rabo de cavalo e comentou secamente:

- Prescott baixa seu nível a cada ano que passa – disse olhando para Amy com desdém, ignorando sua mão educadamente estendida.

Amy soltou um suspiro irritado, balançando negativamente a cabeça, enquanto Esther seguiu pela rua das fraternidades. Enquanto isso, Amy pensava:

“Quem essa petulante pensa que é? Mal educada! Eu, nível baixo? Acaso desconhece a família Anderson de New York? Ela vai engolir essas palavras!”.

Laurel percebeu a irritação da loirinha e comentou:

- Loirinha, se você tem pretensões na Gama-Tau, começou mal...

- Essa petulante é da sua fraternidade?

- Novata... Esther é a presidente da Gama-Tau e pelo que percebi, dificilmente permitirá sua entrada.

A raiva de Amy aumentava ainda mais. Aquele ar de ingenuidade reforçado pelo seu vestuário e por seus olhos verdes doces, mudara de aspecto, se convertendo numa força e firmeza em suas palavras quando disse:

- Ingressar na Gama-Tau é para mim agora questão de honra. E não costumo perder um desafio.


O recrutamento para as fraternidades causou um frisson no campus, vários stands exibiam fotos, banners, enquanto os membros distribuíam folders para os interessados.

Amy estava decidida a ingressar na Gama-Tau, contrariando os planos da mãe, que era uma Beta-lo. Como filha de um membro, sua aceitação era quase certa, mas a forma como Esther a tratara, atiçou os brios da loirinha.

Enquanto se aproximava do stand da Gama-Tau, Amy buscava Laurel no meio daquelas meninas que a observavam dos pés à cabeça. Dessa vez Amy trajava algo menos ingênuo, deixando à mostra suas pernas que, apesar de não tão avantajadas, chamavam atenção pelas belas formas, numa minisaia, uma sandália de salto, e camiseta regata. Foi então que ela encontrou Laurel, que veio em sua direção:

- E aí, loirinha? Decidida mesmo a se arriscar em ser nossa irmã?

- Não volto atrás na minha palavra. Te disse que era questão de honra! Onde está a petulante?

- Você está se referindo a Esther?

- Você tem mais irmãs nessa fraternidade petulantes como ela?

Laurel riu, entregando o formulário para Amy e informou:

- Aí novata, você preenche, deixa na mesa e entra ali naquela tenda pra tirar algumas fotografias. Faz parte do processo seletivo.

Mesmo sem entender essa parte da seleção, Amy balançou a cabeça positivamente, seguindo as instruções da ruiva. Ao entrar na tal tenda, Amy foi recebida por uma menina franzina, de cabelos com tranças, com grandes óculos que aparentava ser muito tímida. Ela ajeitou Amy no banco, orientando sobre a posição para as fotos, diante de um fundo branco. Atrás da câmera não se via quem a manuseava, já que estava escuro.

Amy permaneceu por alguns minutos posando, quando ouviu uma voz conhecida:

- Está dispensada, novata!

Amy sentiu seu coração acelerar, era a voz de Esther...

A loirinha avançou em direção ao som da voz, procurando no escuro a dona dela... Foi quando sentiu o som se aproximar:

- Não ouviu o que eu disse? Dispensada, garota! Vou adiantando que a cota pra deficientes físicos da Gama-Tau já foi preenchida, se você tem deficiência auditiva, tenta na Zeta-Alfa uma vaguinha... Tem mais a ver com você - a morena falou sarcástica.

- Você usa sempre de tanta gentileza com as candidatas a suas irmãs? Pra uma presidente, você não é nada diplomática!

Esther se apresentou, saindo da parte mais escura da tenda e ficando bem próxima a Amy, que desceu seus olhos pelo corpo de Esther. Ela estava ainda mais linda do que a vira na primeira vez. Usava um jeans justo, com botas cano longo, blusa frente única e um boné charmoso com os cabelos presos em rabo de cavalo.

- Você é sempre tão abusada com quem não conhece? Saiba que terá que se esforçar muito para ser aceita nessa fraternidade e, uma vez membro, andará sob as minhas regras...

- Suas regras? Não seria sob as regras da fraternidade?

- Se você passar pelo recrutamento, o que eu não acredito que aconteça, concluirá se há diferença.

A tímida moça de tranças entrou nesse momento, interrompendo a nada amistosa conversa de Amy e Esther:

- Desculpe-me, Esther, mas temos uma fila enorme de meninas...

- Tudo bem Lucy... A novata está de saída.


Após o período de inscrições, o processo de seleção das fraternidade iniciara-se. Cada fraternidade dispunha de regras e rituais próprios, que eram guardados secretamente pelos seus membros.

Amy e mais treze garotas foram selecionadas pelas fichas e fotos, e convocadas para uma reunião na casa da Gama-Tau.

A casa da Gama-Tau era estilosa, uma decoração moderna, com cores metalizadas, uma grande sala de estar com lareira, sofás espaçosos, escadaria com corrimão em aço inox. As candidatas só podiam conhecer o andar térreo da casa, os quartos eram proibidos para não-membros. As calouras foram conduzidas até a biblioteca, onde Esther e mais seis meninas aguardavam.

Esther estava atrás de uma espécie de parlatório, as outras meninas, todas com uma beleza indiscutível, estavam sentadas em poltronas ao lado. As calouras sentaram em cadeiras segundo a orientação de Laurel. Esther estava ainda mais sensual – usava uma camisa branca de botões abertos na altura dos seios, evidenciando seu colo perfeito num decote delicioso-, e começou seu discurso às candidatas:

- Para aquelas que procuraram a Gama-Tau pensando em popularidade de líder de torcidas, advirto: aqui não é seu lugar. Para as que pretendem ser uma gama-tau para treinar caridade de dondocas, aviso: estão no lugar errado. E por fim, para aquelas que estão aqui pra provar alguma coisa a quem quer que seja, convido a se retirarem agora, a Gama-Tau não precisa de vocês.

Nesse momento, Esther direcionou fixamente o olhar em Amy, que até então mostrava-se tranqüila, com ar imponente em seu jeans justo e um terninho curto que delineava sua cintura perfeita. Ela mudou a fisionomia para um aspecto de pura irritação com o olhar provocativo de Esther, que continuou:

- A Gama-Tau foi feita para mulheres que buscam poder, para mulheres que nasceram para liderar, por isso no nosso lema está escrito: poder, força, domínio. Para conquistar isso, nenhuma gama-tau poderá ter preconceitos, amarras, escrúpulos. Deve estar livre de convenções e rótulos. Para as que desejam isso, sejam bem-vindas, a partir de agora suas vidas vão começar.

A oratória de Esther era realmente digna de uma líder, ela se colocava muito bem, sentia-se o poder dela em cada gesto, na firmeza de cada palavra. Amy escutava, apesar de irritada, motivada a ingressar numa fraternidade de tantas mulheres fortes, assim como Esther aparentava ser. 



Capítulo 2



Depois do discurso, Esther sentou-se. Em seguida, uma morena alta de cabelos encaracolados, usando um vestido minúsculo, orientou sobre a tarefa que as recrutas deveriam desenvolver para ingressarem na Gama-Tau:

-Oi, meu nome é Rachel, peço a atenção máxima de vocês para as orientações a seguir, não repetirei, quando concluir, estarão liberadas para executar a tarefa.

Observando o semblante de cada candidata, continuou:

- Ficou claro quais as qualidades que procuramos nos membros da Gama-Tau, nós dominamos esse campus há décadas... Devemos mostrar nosso poder, assim a tarefa de vocês será seduzir os presidentes das outras fraternidades, atraindo-os para nosso ritual de iniciação que acontecerá em três dias. Esse ano elegemos treze candidatas, porque esse é o número de fraternidades que nos interessam. Assim sortearemos qual presidente cada uma terá que seduzir.

Nesse momento, uma das recrutas pediu licença e levantou o braço, pedindo permissão para perguntar algo:

- Oi, sou Jessica Hanson, posso tirar uma dúvida?

- Não disse que vocês poderiam dirigir perguntas, disse? - a morena disse irritada. - Mas estou curiosa, pergunte.

- Oh, sinto muito... Mas existem pelo menos seis fraternidades femininas, logo, suas presidentes são mulheres! Como vamos seduzi-las? - perguntou com cara de nojo.

Nesse momento as meninas gama-tau se entreolharam com ar de riso misterioso. Rachel respondeu:

- Jess, é esse seu nominho, né? Se você quer ser uma gama tau tem que mostrar que tem poder de sedução até sob um cachorro feroz... Não nos importa que artimanhas vocês usarão, as que atraírem seus alvos até o ritual, serão aceitas na gama-tau.

As novatas se olharam, algumas assustadas, outras com olhares curiosos, quando Esther concluiu a reunião:

- Não há regras para sedução, cumpram a tarefa. Na saída, puxem um papel da urna com o nome de seu alvo e boa sorte. Até sexta-feira serão informadas sobre o local do encontro.

Amy dirigiu-se até a urna. Apreensiva, puxou o papel com o nome de seu alvo: John Sanders - Omêga Sigma. Como era novata, precisava saber de quem se tratava, procurou Laurel, a única que até então fora amável com ela.

- Laurel, quem é John Sanders?

- Uau novata, começou bem! Ele é o presidente da Ômega Sigma, o cara mais cobiçado do campus, namorado da presidente da Beta–Lo.

- A fraternidade de minha mãe?

- Isso mesmo, loirinha... E é bom você começar seus planos agora, seu prazo é curto!

- Ei Laurel, como vou saber quem ele é? Nem foto vocês forneceram...

- Porque isso faz parte da tarefa. Você tem que mostrar saber se articular para atingir o objetivo, isso é poder...

- Laurel... Me ajuda, vai...

- Ei loirinha, isso não é permitido!

Amy fez cara de cachorro pidão e Laurel se rendeu, ela só tinha aparência de marrenta, era muito divertida na verdade. As duas seguiram para o campo de futebol, sentaram na arquibancada e logo Laurel apontou:

- Está vendo aquele alto ali, com um squeeze de água?

- Sim.

- Eis seu alvo, minha cara. Já fiz demais, boa sorte!

Amy ficou ali parada, observando John, e logo entendeu porque ele era tão cobiçado. Não era só bonito fisicamente, tinha um sorriso sedutor, charme nos gestos. A novata se perguntava como faria para se aproximar dele, nunca fora atirada antes, não era tímida, mas nunca se colocou na perspectiva de seduzir alguém deliberadamente.

Esperou o treino terminar e seguiu John, que se dirigia para o vestiário. Aguardava um momento que o rapaz ficaria só, para então abordá-lo. Meia hora depois, seu alvo saía do vestiário com os cabelos molhados. Ele falava ao celular, era o momento.

Amy caminhou até o rapaz distraído, provocando um esbarrão naquele corpo musculoso, em seguida, se jogou no chão. John, preocupado, desligou o celular e tratou de atender Amy que ainda estava no chão:

- Ei, você está bem? Desculpe-me estava distraído...

Amy fingia dor no tornozelo, a essa altura já se desfizera do terninho, deixando apenas o jeans justo à mostra, com uma blusa de alça decotada, a qual com o movimento deixava seus seios parcialmente à mostra.

- Ah, não se preocupe, também estava distraída, estou meio perdida nesse campus.

- Aluna nova?

- Sim – Amy sorriu graciosa.

- Consegue se levantar?

- Acho que sim.

Amy levantou-se com a ajuda de John, fazendo questão de apertar seus bíceps, balançou os cabelos a fim de espalhar seu cheiro bem perto de John. Fingiu dor no tornozelo esquerdo e não o apoiou completamente, obrigando o rapaz a demonstrar seu cavalheirismo.

- Você quer ir na enfermaria?

- Não é necessário, vou para meu quarto.

- Onde você está acomodada?

- No dormitório coletivo.

- Eu te acompanho, se apóia em mim.

Amy jogou todo seu charme no olhar e seguiu para o dormitório com John. O Universo parecia conspirar para o plano de sedução da novata, estava escurecendo e caiu uma grande chuva de repente, John colocou-a em seus braços fortes a levando para um depósito de material esportivo.

- Vamos esperar a chuva diminuir, o dormitório é do outro lado do campus, pode machucar mais seu tornozelo.

Amy balançou a cabeça positivamente, vendo ali a situação perfeita para dar continuidade ao seu plano. Sua blusa de seda decotada estava grudada ao corpo molhado, seus mamilos protuberantes ficaram mais evidentes. Ela ajeitava os cabelos enquanto procurava um lugar para sentar, depois de sair dos braços de John.

Usou do subterfúgio do tornozelo machucado para fazer mais um charme, atraindo John para mais perto de seu corpo novamente...

-Você tem braços fortes e ágeis, não é a toa que joga tão bem...

O belo rapaz tomou ares vaidosos, apertando Amy ainda mais forte, colando seu corpo naquelas curvas sensualmente ensopadas pela chuva. Seus lábios ficaram a poucos centímetros de se tocarem. Propositalmente, Amy roçava seu corpo nos músculos de John, com a desculpa de procurar um local para sentar-se, notando uma pulsação mais forte vinda de seu alvo.

O passeio das mãos pelos corpos intensificou-se e Amy provocava de todas as formas prolongando aquele contato, retirou do bolso do casaco de John seu celular sem que ele percebesse. Quando notou o rapaz excitado, afastou-se bruscamente, com um ar assustado fingido:

- Preciso voltar para o dormitório agora!

- Mas agora? Vai me deixar assim, gatinha?

Amy sorriu maliciosa e saiu correndo sem lembrar de disfarçar a suposta entorse. Sabia que seu objetivo de atiçar o rapaz fora atingido, e melhor, já tinha motivo para forçar um segundo encontro: seu celular. Assim seu plano de sedução estava mais do que encaminhado, e sua entrada na Gama-Tau também.

A volta para o alojamento no meio daquela chuva que já estava muito fina, ainda reservara uma surpresa para Amy. A novata ouviu barulhos incomuns vindos do jardim externo do pátio. Em um pequeno barraco de madeira, destinado à guarda de materiais de jardinagem, notava-se a presença de alguém, viu sair pelas frestas, uma fumaça de cigarro. Ao se aproximar, ouviu cochichos.

Curiosa como ela só, Amy se aproximou ainda mais, e aqueles olhos verdes invadiram uma brecha entre as ripas de madeira do barraco para assistir a cena que inundou de tesão a noite da loirinha.

A pessoa que mais a irritava, mas dona do corpo mais perfeito que a loirinha já conhecera, envolvia com sua boca e braços, um corpo mais franzino, de uma menina como ela: loira, com cabelos cacheados.

Amy viu Esther largar o cigarro, que estava em uma de suas mãos, e suspender as pernas da loirinha, envolvendo em sua cintura com certa violência e a jogando contra as paredes de madeira frágeis do barraco.

Esther beijava, lambia e mordia a boca da magrela com voracidade, descendo suas mãos pelos seus pequenos seios apertando-os como uma fruta saborosa. A loirinha gemia alto, enquanto Esther, com violência, abria o zíper de seu jeans folgado, empurrando dois dedos no sexo da menor, que expressava em seu rosto um prazer que excitou Amy profundamente, fazendo com que ela sentisse um frio e um tremor antes nunca sentido. Seu sexo pulsava...

Ver aquela cena mexeu com a imaginação de Amy, qual seria a sensação de ser tocada por Esther?



Capítulo 3


Amy se perdia entre o tesão que sentia ao testemunhar aquela cena e o mar de interrogações sobre si mesma, com aquela reação. 

Nunca vira antes duas mulheres se beijando, talvez fosse só susto... Mas não era. Por mais ridícula que a situação parecesse, ela não conseguia tirar os olhos clandestinos daquele esconderijo, na noite que esfriava rapidamente com o cessar da chuva. 

Ela continuou observando Esther empurrar a cabeça da menor, fazendo-a ajoelhar-se entre suas pernas, abrindo e descendo seu short preso apenas por um cadarço. 

A expressão de prazer nos belos traços da morena provocava uma amontoado de emoções inéditas no corpo de Amy, que excitava-se vendo o gozo se formar no sorriso perverso de Esther, que empurrava com força a cabeça da loirinha magrela em direção ao seu sexo.

A novata saiu dali sentindo as pernas tremerem, mais que isso elas vibravam, o que seria isso? A vibração não vinha de sua excitação, mas do celular de John, surrupiado e escondido por Amy dentro de seu jeans, o visor mostrava: Jenny.

Logicamente a loirinha não atendeu, seguiu para o seu quarto ainda com o som dos gemidos de Esther gravados em sua mente. Surpreendeu-se que uma mulher tão feminina fosse lésbica, sua idéia de mulheres homossexuais eram bem restrita. 

Mas naquela noite, mesmo contra a vontade, Amy pensou naquela face de gozo intenso de Esther quando tomou seu banho. Pela primeira vez, ousou tocar-se pensando em alguém e justamente em uma mulher e pra piorar sua situação, a mulher que se tornara alvo de sua antipatia e raiva.

A noite fora tomada pelos mesmos pensamentos, em sua cama. Amy sentia seu corpo esquentar quando lembrava da cena, aquela sensação era inexplicável. Agora ela se punia, se martirizava por não conseguir afastar da sua mente o que testemunhara.

“O que é isso Amy Anderson? O que está passando pela sua cabeça sua estúpida? Eram duas mulheres! A arrogante da Esther, justo ela!” 

Por mais que racionalmente Amy odiasse rememorar aquela imagem, essa foi a última antes que adormecesse. 

Sentiu Esther puxar seu corpo, para cima do seu, e o despir com urgência, explorando cada minúcia de sua pele ardente, saboreando o suor que se misturava com seu líquido quente inundando sua cavidade, cravou suas unhas nas costas suadas e ardentes, daquela pele morena, quando Esther penetrou seus dedos, sorrindo com aqueles lábios carnudos envolventes... ”Vai, vai Esther, me faz sua, me faz gozar...”.

-Amy????

Amy foi arrancada do seu sonho erótico por sua companheira de quarto, completamente assustada pelo estado da loirinha, suada, com face ruborizada, e um sorriso de prazer nos lábios, balbuciando alguma coisa que ela não soube decifrar, mas o nome Esther ficou claro... 

- Amy com o que você estava sonhando?
-Sonhando? – Amy perguntou enquanto se refazia, buscando tempo para criar uma desculpa.

-…, você estava se remexendo toda aí, suando, pensei que estivesse passando mal, me preocupei... 

-Ah Lisa... Sonhei que eu dava uns tapas naquela petulante da Esther, o sonho era uma briga com ela... – Amy sequer olhou pra companheira de quarto enquanto soltava essa mentira deslavada... 

-Briga? Então até no sonho você saiu perdendo na briga com a Esther... 

Lisa saiu do quarto deixando Amy com a dúvida se tinha a convencido ou não, mas já não importava, o que a incomodava era a imagem de Esther, e agora as sensações do seu sonho erótico com ela que não a deixavam em paz. Acordou com sua calcinha molhada, quase chegou a sentir tamanho era seu desejo, a boca de Esther na sua, definitivamente a morena roubara as atenções da novata.

Era quinta, restava apenas um dia para terminar o plano para seduzir John, tinha em seu poder o celular do rapaz, que resolvera deixar desligado depois de inúmeras ligações de uma tal Jen, devia ser a tal presidente da Beta-Lo, sua namorada. 

Seguiu para o refeitório depois de uma escolha perfeita para o seu plano de sedução, não podia ser vulgar, nem sensual descaradamente, optou então por um vestido de alça em tom claro, mas de frente única, à frente um decote discreto, escondia o que devia para atiçar a cobiça dos rapazes que ela atravessou pelo caminho... Não se tratava só de sua roupa, Amy desfilava uma atitude tímida, mas cheia de sensualidade, a própria Lisa comentou:

- Parece que seu sonho te fez muito bem... 

- Ah, não enche, Lisa... 

Lisa sorriu vendo que Amy ficara envergonhada com seu comentário. 

Mantinha os cabelos molhados, ao sentar-se na mesa com sua bandeja, notou a presença de John em uma mesa próxima, acompanhado de uma jovem do tipo líder de torcida, cabelos loiros longos escovados, roupas em tom de rosa, com um ar de superioridade irritante, deduziu que seria a tal Jen. A novata então encheu-se de charme, envolveu seus cabelos em um coque, deixando sua nuca desnuda, com alguns fios soltos apenas.

Amy encarava com discrição John, que retribuía o gesto com mais descaramento, percebeu aí que seu alvo estava onde ela queria, em suas mãos... 

Sem que ninguém mais notasse, exibiu para John seu celular, em seguida o guardou novamente dentro de sua bolsa de lápis, o próximo encontro com o jogador, estaria encaminhado. 

Distraída com seu jogo de sedução, Amy não notou a chegada de Esther, acompanhada de Rachel e Laurel. A morena parou os olhares de todos no refeitório, exibindo a perfeição de suas curvas num jeans justo de cintura muito baixa, revelando sua tatuagem, uma flor de lótus no cóccix, um moletom curto, com uma camiseta deixando sua barriga impecavelmente exposta aos olhares de cobiça de homens e mulheres naquele lugar.

Lisa, ao ver a entrada triunfante da presidente da Gama-Tau, não conteve o comentário cheio de malícia:

-Olha ai a personagem dos seus sonhos, Amy... 

Como um reflexo, Amy voltou seu corpo em direção ao olhar de Lisa, não sabia que Esther estava tão próxima, seus olhos ficaram na altura do umbigo da morena que estava logo atrás dela. 

Imediatamente Amy sentiu seu coração galopar no peito, uma gota de suor surgiu pela sua nuca descendo pelo trajeto de sua coluna, foi um fração de segundos, que pareceu se dá em câmera lenta, até Amy levantar seus olhos e encontrar os olhos castanhos amendoados de Esther, que lhe olhava com desdém.

- Perdeu alguma coisa aí, novata?

Amy retomou sua postura com a aspereza das palavras de Esther, cumprimentou Laurel com um sorriso sincero e deu as costas às suas supostas futuras irmãs de fraternidade, que andaram em direção a fila para servir-se do café da manhã. 

A loirinha não conseguiu evitar de fixar os olhos no traseiro de Esther, imaginando o movimento deles no seu sonho, nem tampouco deixava de associar aquela face latina com a imagem de gozo que ela testemunhara no barraco de madeira na noite anterior. 

Notou a loira magrela parar à frente de Esther, e a reconheceu. Era a mesma que estava entre as pernas na morena... Viu Esther dispensar a menina rapidamente, não lhe dando a menor atenção, era a arrogância em pessoa.


Foi tirada de seu estado de contemplação com um empurrão nas costas, algum menino se desequilibrou caindo por cima da mesa que Amy estava sentada, o pequeno incidente fora provocado por John, que aproveitou a movimentação para colocar nas mãos de Amy um guardanapo no qual estava escrito:

“Encontre-me no mesmo galpão em vinte minutos”

Era hora de outra etapa da tarefa de recrutamento. Saiu do refeitório sozinha, para irritação de Lisa, que contava com a companheira para procurarem juntas as salas das suas respectivas aulas naquele dia. Mas na primeira semana de aula, ninguém comparecia mesmo, era época de recrutamento das fraternidades e depois a sequência de festas de cada uma. 

Amy passou lentamente pela mesa onde Esther, Rachel e Laurel estavam sentadas, encarou fixamente a morena, mas o olhar penetrante de Esther a fez perder sua coragem, baixou os olhos e apressou os passos em direção ao galpão.

Não teve pressa em chegar, queria aumentar a ansiedade do jogador, chegando ao local marcado, John já a aguardava, com um previsível sorriso nos lábios, ansioso -como homens são previsíveis - pensou sozinha... O rapaz aproximou-se de sua boca, Amy virou o rosto e se afastou dele.

- Não parei de pensar em você desde ontem, gatinha... 

- Foi? Por quê? – fingiu ar inocente.

- Por que você me deixou maluco de tesão ontem... 

- Não fiz nada demais, John... 

-Você sabe que fez... E quer mais não é? Se não, por que roubou meu celular?

- Não roubei nada... Encontrei-o caído na saída do galpão, fui gentil em guardá-lo.

O rapaz ficou atordoado, não tinha mesmo certeza em que momento sentiu falta do aparelho, mas estava completamente envolvido no clima sedutor de Amy que continuava a mexer nos cabelos no intuito de prender as mechas que caíam na sua face. Puxou de sua bolsa de lápis o celular e estendeu-o para o rapaz, que a despia com os olhos.

- Toma, uma tal de Jen ligou várias vezes, achei melhor desligar... 

John aproximou-se e puxou Amy pela mão pra mais perto dele, seus braços fortes tornaram a junção de seus corpos inevitável por mais que a loirinha tentasse se desvencilhar, afinal não era momento de se entregar, mas tinha que provocá-lo.

- Quem é ela? Jen?

- Minha namorada, por quê? Incomoda-se?

-Quem deveria incomodar-se era ela, não eu, não estou fazendo nada... Ao contrário do namorado dela... 

Amy retirava as mãos de John que insistiam em passear por suas pernas e colo, mas mantinha o tom provocativo, roçando a pele de seu rosto na boca suplicante do rapaz, que a essa altura já estava excitado mais uma vez. 

Suspendeu Amy pelas pernas e a encostou contra a parede, roubando-lhe um beijo ardente, não houve como a loirinha fugir disso, mas precisava sair daquela situação, se planejava levá-lo ao encontro da Gama-Tau no dia seguinte, cumprindo assim a tarefa do recrutamento. 

Mordeu com força os lábios do rapaz que em um impulso de dor se afastou:

- Tá maluca, gatinha?

- Desculpe-me mas só assim pra você me largar... – sorriu mordendo os lábios.

- Você quer mesmo que eu te largue? Olha aqui – apontou para seu membro ereto. – Olha como você me deixa... Vai me deixar na mão de novo?

- Procure sua namorada, eu tenho que assistir aula.

- Faz isso não, gatinha... 

John tentou se aproximar de novo, mas Amy se esquivou. 

- Aqui não é lugar para isso, a qualquer momento pode aparecer alguém... Você não ia querer que sua namorada descobrisse, não é?

- Onde seria o lugar então?

Amy abriu sua bolsa de lápis novamente, pegou um post-it e escreveu algo, entregou ao rapaz enquanto beijava com a boca aberta os lábios dele, passando sua língua pelo queixo e lábios do rapaz:

- Encontre-me amanhã nessa hora e nesse lugar, lá você fará o que quiser comigo e esse seu amiguinho também – Amy disse a última frase deslizando a mão entre as pernas de John , com uma cara maliciosa.

Retirou-se do galpão lentamente, deixando o rapaz quase que babando, literalmente. Estava vitoriosa, seu ingresso na Gama-Tau estava assegurado e Esther teria que engolir sua empáfia e aceitá-la como membro da fraternidade. 

Mais tarde, na rua das fraternidades, Amy encontrou Laurel, como sempre a cumprimentou divertida:

- E aí loirinha, tudo certo pra amanhã?

- Mais que certo, seremos irmãs em breve... 

- Tem gente que não vai acreditar nisso... 

- Eu sei, e vou me deliciar vendo-a quebrar a cara. Afinal o que ela tem contra mim?

- Esther diz que sua energia não bate com a dela, vai saber né? Ela tem um avô meio bruxo, acredita nessas coisas... 

- Bruxo? – a loirinha perguntou assustada.

- …, mas não se preocupe, ele é do bem... – Laurel riu da expressão de Amy.

De volta ao alojamento, Amy não conseguia prestar atenção no que Lisa dizia, sua companheira de quarto falava pelos cotovelos, morar na casa da Gama-Tau seria um alívio para seus ouvidos, apesar de simpatizar com a colega.


CAPÍTULO 4: O RITUAL


O dia esperado chegou.

Amy tratou de atiçar ainda mais John, para que ele não desistisse do tal encontro. Foi assistir ao seu treino, usando uma mini-saia e uma camiseta regata. Após alguns minutos, seu cruzar de pernas na arquibancada tirou a atenção do jogador, que tentava conter seu tesão jogando água fria na cabeça e na nuca.

A loirinha se divertia com isso, puxou do bolso um pirulito e, quase que em movimentos obscenos, o deliciou enquanto encarava John. Foi assim até o momento que as líderes de torcida entraram no campo, aí Amy se retirou sorrateiramente sob o olhar atento do quarterback.

As sete da noite, as recrutas deveriam se apresentar na casa da Gama-Tau, alguma espécie de ritual as aguardaria antes de serem levadas ao local escolhido para apresentação de suas tarefas cumpridas.

A casa estava com ares misteriosos, todos os membros vestiam capas e máscaras, e era impossível reconhecer qualquer uma. As recrutas foram vendadas e conduzidas por escadarias no subsolo da casa.

O clima era de expectativa, algumas esboçavam medo, mas Amy estava tranqüila, era a primeira da fila, uma mão quente segurava a sua, conduzindo-a. Inexplicavelmente, a loirinha sentia seu corpo arrepiar com o calor daquela mão.

Caminharam alguns metros por túneis frios, ao longe se ouvia sons de música instrumental, batidas fortes de tambores, misturadas a sons de cordas, aumentando a atmosfera de mistério.

As recrutas foram posicionadas em fileira e só aí as vendas foram retiradas, os olhos de todas se perderam naquele cenário. A Gama –Tau caprichou na produção do ritual, aumentando a expectativa de algumas, como Amy, e o pavor de outras.

Tratava-se de um descampado, mas envolvido por árvores altas. Não conseguia imaginar como John chegaria ali e logo comprovar que cumprira a tarefa. Nem de longe era o local que ela havia marcado com ele, a ordem era que marcasse o encontro para uma praça próxima aos laboratórios de física.

Todo o ambiente era cercado por tochas altas, lateralmente havia várias estacas fincadas na terra e, ao centro, uma pequena chama que saía de uma espécie de pira, à frente das recrutas, degraus de pedras, neles, o que poderia ser as irmãs gama-tau vestidas em capas com capuz, mantinham o ar misterioso.

Para qualquer leigo, o cenário poderia aparentar um templo de bruxaria ou algo parecido, algumas meninas tentavam cochichar algo umas com as outras, sendo repreendidas com uma chicoteada na areia das guardiãs da chama, que formavam um semi-círculo em volta da pira.

Amy, muito curiosa, tentava identificar algum gesto ou traço conhecido entre as mascaradas: em vão, nem ao menos sabia distinguir quem lhe conduzira. Não era possível perceber de onde vinha a música, mas ela contribuía para aumentar a tensão entre as recrutas.

E, de onde ninguém sabe, uma voz feminina surgiu, voz desconhecida, de uma mulher mais velha, que se declarou membro vitalício da gama-tau, abriu o ritual com o discurso falando sobre as armas do poder, e como deve ser a vida das mulheres que detém essa força: nunca baixar a cabeça para dificuldades, vencer tudo e todos em prol de seus objetivos e, claro, manter seus inimigos aos seus pés e seus amigos ao seu lado...

As palavras eram fortes, incisivas, inspiravam algumas, especialmente Amy que tinha certeza que a exigência para seu ingresso fora cumprida.

Foi anunciado, então, que as recrutas deveriam apresentar sua tarefa cumprida. Todas se perguntavam como, uma vez que sequer sabiam onde estavam, que dirá trazer seus alvos de sedução até ali.

As recrutas foram novamente vendadas e levadas até perto da chama. Uma série de palavras de ordem desconexas eram repetidas pelas guardiãs da chama, Amy sentiu mais uma vez a mão quente, elétrica, que lhe conduzira, tocando as suas. Sentiu em volta de sua cintura braços quentes que a envolviam por trás.

Atribuiu tanto calor à proximidade da pira com fogo, mas o calor que ela sentia vinha de dentro, uma sensação intensa tomava seu corpo à medida que sentia lábios roçarem em seu pescoço, e a mão quente segurar seu rosto, colocando alguns dedos em sua boca. Dedos suaves, nervosos... Sentiu um líquido descer por sua boca, amargo e morno, teve um impulso de colocar pra fora, mas as mãos que a envolviam prenderam seus lábios, forçando a ingestão daquele fel que desceu por sua garganta com aspereza.

Amy não sentiu mais nada, em minutos seu corpo estava dormente, o chão parecia ter degraus da altura de seus ombros, a cabeça pesava e mal podia notar as peças de roupas que usava sendo tiradas. Sentiu apenas que um tecido a envolvia.

A venda foi retirada, com uma visão turva, apertou os olhos na direção das estacas fincadas no chão e viu ali enfileirados e amarrados, homens e mulheres usando apenas roupas íntimas, identificou com dificuldade John, com os pés e mãos amarrados junto à estaca, qual acusado pela inquisição na idade média, pronto para o sacrifício.

Associou então que ali estava a representação de sua tarefa cumprida, mas o ritual ainda exigia outra tarefa das recrutas.

Pelo menos cinco meninas não conseguiram atrair seus alvos, e para elas, as futuras irmãs gama-tau deveriam firmar seu poder de sedução, ensinando-lhes como as armas do domínio de mulheres poderosas agem na conquista de seus objetivos. Era o que a mesma voz do discurso explicava.

As recrutas que não cumpriram a tarefa, seriam sacrificadas, mas não se tratava de um sacrifício humano, pelo menos algo que envolvesse sangue ou carne... Elas seriam exemplo de como o poder é capaz de dominar o corpo e os desejos latentes em cada um que se submetem a uma gama-tau.

As cinco meninas estavam à frente das estacas de madeira, com os alvos conquistados pelas demais, todos estavam visivelmente com aparência atordoada, como se estivessem embriagados ou dopados por algo.

Cabia às novas irmãs exercerem seu domínio e comandarem o que se seguiu. Diante dos olhares pervertidos das encapuzadas. O ritmo da música mudou, não se ouvia tambores nem cordas, mas uma batida sensual, eletrônica, que parecia tomar posse do corpo das meninas que foram levadas entre beijos ardentes pelas iniciadas até próximo às estacas, onde os alvos da tarefa de recrutamento permaneciam amarrados.

Amy colocava diante de John a antipática Jesse, que estava quase que possessa por um espírito vulgar, provocando-o até sentir a ereção do rapaz. Amy desamarrou-o assim como outras iniciadas fizeram com seus alvos, transformando aquele cenário de mistério em uma grande orgia entre sacrificadas e alvos, enquanto as iniciadas eram tiradas daquele festival de exposição de corpos nus pelas irmãs encapuzadas.

Amy não sentia seu corpo, mas a cena que via a excitava profundamente. Envolvida em um tecido fino, experimentava ondas de calor quando sentia o mesmo abraço quente por trás, com uma língua suplicante raspando em sua nuca, seus olhos viram as iniciadas passarem de mão em mão entre as encapuzadas, enquanto perto das estacas a orgia continuava na troca de casais.

Ela, no entanto, se mantinha envolvida, tomada pelas mesmas mãos macias e quentes que ainda a abraçava por trás, penetrava seu sexo encharcado suspendendo seu corpo a cada estocada, arrancando gemidos roucos da loirinha que acreditava estar em um sonho erótico. Ansiava em sentir aquela boca quente na sua, queria aquele corpo incendiado, mas sequer sabia se aquilo era real.

Segurava os braços que a envolviam com força, enterrando suas unhas naquela pele quente a cada movimento que os dedos tórridos invadiam suas entranhas, nunca experimentara seu corpo em brasas daquela forma, sentiu que sua vida de fato mudaria depois daquela fantasia, porque se assim o fosse, ela buscaria trazê-la para o seu mundo real.

A loirinha acordou em uma macia cama de solteiro.

Olhou em volta, era um quarto bem decorado em tons pastel, cortinas na janela, à frente da cama uma escrivaninha, do lado um criado mudo com um abajur delicado. Não reconhecia o local. Deu mais uma olhada, encontrou um guarda-roupas branco.

Fez menção de se levantar, mas não conseguiu, sua cabeça girava, o corpo estava mais pesado e na boca uma secura inédita, misturada a uma náusea insuportável, parecia uma ressaca, mas multiplicada a um exponencial desconhecido. Mas o pior de tudo, era o vazio na memória, o oco que ocupava a sua mente com interrogações sobre a noite anterior.



Capítulo 5: O Ingresso

Olhou por baixo dos lençóis e se viu vestida em um babydoll seu. Estranhou, uma vez que aquele quarto, não era do alojamento onde estavam suas coisas.

Segurando a cabeça como se temesse que se desprendesse do corpo, tamanha era a dor, esforçou-se para sair debaixo dos cobertores e se pôs de pé, apoiando-se na cabeceira da cama.
Olhou pela janela e reconheceu a rua das fraternidades do campus, caminhou até o banheiro e ingeriu com voracidade dois, três copos de água. Nada matava sua sede.

Jogou água no rosto, e olhando-se no espelho, viu uma mancha roxa no pescoço. Imaginou o que havia acontecido no suposto encontro com Jonh, mas não conseguia se lembrar absolutamente nada da noite que antecedeu aquela ressaca fenomenal que lhe atacara.

Andou pelo quarto tentando recobrar a memória, sem sucesso. Curiosa sobre aquele recanto, abriu o guarda-roupa e surpreendentemente reconheceu suas roupas, ali guardadas.

Abriu a porta e perambulou pelo desconhecido corredor longo, com várias portas. Nas paredes, quadros de fotos, e ao fundo, o grande símbolo da Gama-Tau. Teve certeza, cumprira a tarefa do recrutamento e estava enfim na fraternidade que escolhera. E que havia acontecido, não sabia, mas saboreou um gosto de vitória sobre a petulância desafiadora de Esther, que duvidou que a loirinha conseguisse tal ingresso.

Amy teve que sufocar o grito de susto, quando sentiu uma mão lhe puxar pelo ombro.

-- Ei, loirinha calma... Você está muito assustada!

Era Laurel, tapando a boca de Amy para evitar um escândalo.

-- Laurel, o que aconteceu? Como eu vim parar aqui? E minhas coisas?

-- Ei, loirinha, calma, uma pergunta de cada vez. Mas pra simplificar, seja bem-vinda irmã. Só o que você precisa saber é que conseguiu ingressar na nossa fraternidade. Além disso, outra hora eu te conto. Deixa eu ver seu quarto.
Laurel saiu puxando Amy pela mão, até seu novo quarto. Deu uma olhada em volta e soltou um comentário intrigante:

-- É... Pra ser o quarto da escolhida, até que está simples...

-- Escolhida pra quê?

Laurel lançou um sorriso misterioso, e mudou de assunto deixando Amy com mais interrogações.

-- Então, tá de ressaca?

-- Nossa, nem me fala... Você sabe o que eu bebi?

-- Sei, e tenho um remedinho que pode aliviar esses efeitos. Vamos descer, te preparo. Mas antes, se vista melhor, tem gente que não vai gostar de você se exibindo assim na frente das outras...

-- Quem?

A pergunta de Amy ficou mais uma vez no vácuo... Laurel a apressou, e a loirinha, cheia de dúvidas, seguiu as orientações da veterana, vestindo-se rapidamente para descer até a cozinha.

Sentada à mesa da cozinha espaçosa, Amy observava Laurel preparar um chá elaborado, na sua cabeça, muitas interrogações. Não se ouvia barulhos na casa, parecia que todas ainda sofriam os efeitos na noite de ritual misterioso.
Apesar das perguntas insistentes de Amy sobre a noite passada, sobre sua completa falta de memória, e sobre ela ser a escolhida, a ruiva não se rendeu aos pedidos da loirinha, mudava sempre de assunto sem dar qualquer resposta às indagações de Amy.

-- Agora, loirinha, se prepara porque em alguns dias você mudará seu conceito sobre festa...

-- É? Por quê?

-- Será a festa de boas-vindas às novas irmãs Gama-Tau, e minha querida, as nossas festas são as melhores!

-- Quando será?

-- No próximo final de semana, os preparativos já começaram...

Amy não podia disfarçar a ansiedade, agora, dominando sua mente, junto com as dezenas de perguntas que a perseguia, desde que acordara ali. Aos poucos as demais irmãs da fraternidade surgiam na cozinha, servindo-se de alguma fruta na geladeira, outras experimentando o amargo café, enquanto Amy digeria aquele amontoado de ervas em uma grande xícara servida por Laurel.

Todas que adentravam na cozinha se cumprimentavam com selinhos, exceto em Amy, que ficou decepcionada. A boca das irmãs Gama-Tau pareciam um convite ao beijo, associou que como era novata, ainda não podia desfrutar desse privilégio.

-- Ressaca violenta, né, novata?

A pergunta veio de uma garota sentada no balcão da pia, que se lambuzava com uma torrada encharcada de mel. A visão era sensualíssima, a pele clara, os olhos verdes, os cabelos eram claros, mas só com mechas douradas. O mel da torrada descia pelo decote da camisola de seda. O mesmo mel foi recolhido com o dedo indicador da beldade, sendo levada à boca e chupado com lentidão. Por um instante, Amy sentiu um frio na barriga, e quase não piscou até responder a pergunta:

-- É, e pior que nem sei o que bebi pra estar assim.

-- Esqueça, todas nós já passamos por isso. Com esse treco aí -- apontou para a caneca -- logo você está recuperada.

Em um único pulo, aquela garota estonteante saiu da bancada, passou perto de Laurel, cochichando algo que a ruiva parece não ter gostado, deixando o ambiente sob olhar atento de Amy, que não demorou a perguntar:

-- Quem é ela, Laurel?

Laurel fez uma expressão pouco amável, e respondeu secamente:

-- Ellen. Tá no terceiro ano.

-- Bonita ela, não é?

-- Loirinha, fique longe dela, assim, evita problemas pra todo mundo...

Amy não entendeu a colocação nem mesmo o tom da colega, continuava intrigada. Terminou de ingerir aquele santo remédio que Laurel lhe preparara, e fez menção de levantar-se, quando sentiu uma mão quente, empurrando seu ombro para baixo, impedindo.

-- Está com pressa, novata?

Tomada por um calor que invadiu toda sua pele, Amy virou-se imediatamente ao ouvir a voz conhecida e arrogante de Esther.

-- Não, não tenho pressa alguma... Surpreendida por ter que me aceitar aqui?

Esther sorriu ironicamente, como se não se afetasse com o tom arredio da novata, e respondeu, encarando-a fixamente:

-- Na verdade, não... Mas confesso que cheguei a torcer pra que você conseguisse.

-- Torcer? Mas parecia exatamente o contrário... Por que você torceria pra que eu conseguisse?

-- Pra te ter em minhas mãos, loirinha...

Esther abriu um sorriso vitorioso, saiu da cozinha distribuindo orientações para as demais meninas que estavam nos corredores. Amy não podia deixar de observar as curvas impecáveis da morena, que estava vestida apenas com uma camiseta regata e uma calcinha boxe. As pernas pareciam esculpidas por alguma divindade, torneadas, brilhantes. A loirinha subiu seu olhar até aquele traseiro empinado, firme, apetitoso... Enquanto Esther mexia nas suas madeixas revoltas, envolvendo-as entre as mãos, jogando-as para o lado, deixando seu pescoço à mostra. Notou ainda nos seus braços arranhões, pareciam de unhas. Voltou à memória a cena que Amy testemunhara noites atrás, naquela cabana de madeira no jardim. Nesse momento foi consumida de um sentimento de ciúme inexplicável, pensando: Ela deve ter catado outra menininha, mas dessa vez, a garota deixou marcas nela... Desconheceu-se pensando tal coisa, mas não conseguia desviar os olhos de Esther, que com uma sensualidade arrebatadora, sorria para outras meninas, traçando algum plano para a festa que aconteceria no final de semana seguinte.

-- Amy? Alô? Loirinhaaaa?

Laurel estalou os dedos na frente dos olhos da novata, como se quisesse despertá-la de um estado hipnótico.

-- Desculpa, o que você disse?

-- Amy, eu perguntei se você estava se sentindo melhor.

-- Ah sim, estou bem melhor, muito obrigada, Laurel. Seu remédio é santo mesmo...

-- É mais um segredo da fraternidade, irmã.

Enquanto continuava o papo ameno com Laurel, Amy viu Esther se afastando em direção as escadas, cochichou algo com Rachel e subiu em seguida. Rachel era segundo Laurel, uma espécie de secretária da presidente da fraternidade, braço direito de Esther, eram também as melhores amigas. Parecia ser petulante como ela, mas era, antes de tudo, leal a Esther e a fraternidade.

Em alguns minutos, Rachel tratou de convocar as novatas para uma reunião na sala de estudos da casa. Era necessário ditar algumas regras de convivência, distribuir tarefas para a organização da festa, além de informações pertinentes às normas específicas da Gama-Tau.

Depois do almoço, todas as novatas estavam reunidas no local marcado. Em pé numa postura soberana em um jeans apertado com um top ousado coberto com um moletom no mesmo tom, a presidente da Gama-Tau, com os cabelos completamente presos. Do seu lado, sua fiel escudeira Rachel, a qual começou a dissertar os motivos da reunião.

-- Antes de mais nada, sejam bem-vindas novas irmãs gama! Todas estão aqui por mérito próprio, e gostaríamos de parabenizá-las por isso. Mas toda fraternidade precisa de regras para manter a ordem, seus hábitos, e lógico, ter seus benefícios para todos que a compõem. Vocês devem ter notado que seus pertences já estão colocados em seus quartos, foi uma gentileza nas nossas irmãs secundárias, assim chamamos as irmãs que estão aqui no segundo ano. 

A arrumação do quarto é tarefa de vocês, as dos demais cômodos, há uma escala que vocês receberão de Jordan, ela é a responsável por definir isso.

Apontou para uma negra espetacular, alta, cabelos muito cacheados soltos, olhos negros puxados, e um sorriso simplesmente incrível. Seu corpo era magérrimo, tinha porte de modelo.

Continuou:

-- A Gama-Tau tem um estatuto próprio, o qual vocês devem segui-lo no que diz respeito à conduta dentro da universidade, na convivência com as irmãs, respeito à hierarquia, ascensão, tudo está detalhado lá. Vocês estão recebendo uma cópia, mas para ajudar nessa adaptação, cada uma de vocês terá nos primeiros meses uma irmã guia que ajudará no que precisarem. Vocês deverão mostrar sua gratidão com pequenos favores que elas requisitarem, isso faz parte da hierarquia.

O clima entre as novatas era de expectativa, nem se perguntavam mais sobre a noite anterior. Toda aquela atmosfera tensa de cobrança e hostilidade da primeira reunião antes da tarefa de recrutamento se desfez, e pela primeira vez, todas se sentiram acolhidas e felizes por estarem ali.

-- As irmãs guias de quase todas são do terceiro ano, as terciárias, exceto por uma, que foi a escolhida da presidente, e sobre ela algumas regras são específicas... Mas isso vocês saberão com o tempo.

Amy sentiu seu corpo tremer, Laurel falara sobre uma escolhida, logo pensou nela mesma como a de Esther. Não sabia se ficava mais irritada por saber que estava mesmo nas mãos da morena, ou ansiosa para estar nas mãos quentes dela em outro sentido. E nessa expectativa, a loirinha ouviu a presidente tomar a palavra, e iniciar sua fala:

-- Todas vocês ajudarão na preparação da festa, como não sabemos ainda o talento ou a aptidão de cada uma, deixaremos à vontade para escolher qual equipe vocês irão se encaixar. Qualquer falha da festa, tomarei como ofensa pessoal, porque temos a tradição de promover as melhores festas do campus, então, pensem nessa responsabilidade.

Esther ainda deu algumas orientações acerca da festa a fantasia, tema escolhido para a festança. Advertiu sobre a qualidade das comidas e bebidas, em seguida, anunciou o nome das respectivas irmãs guia de cada novata, não citando o nome de Amy, que, logicamente, ficou intrigada, e mesmo temendo a resposta, perguntou em bom tom:

-- Quem será a minha irmã guia?

Esther sorriu, olhou para loirinha, e respondeu com sarcasmo:

-- Não lhe parece óbvio?

-- O que exatamente é óbvio?

-- Você é a minha escolhida, te disse que você estava em minhas mãos...



Capítulo 6

Amy ficou sem graça. Logicamente desconfiava que fosse essa tal escolhida, mas o olhar de Esther enquanto lhe dizia isso era quase indecente. Ao mesmo tempo, a novata estava ansiosa, curiosa. O que a aguardava naquela fraternidade, tendo aquela morena petulante, que tanto lhe provocava emoções contraditórias, como sua guia? Que tipo de favores teria que prestar para “agradecer” suas orientações? Enquanto se perdia divagando sobre tantas questões, não notou que ficara sozinha na sala com a presidente da Gama-Tau, que falava alguma coisa ao celular:

“Desculpe-me, mas hoje não posso, tenho afazeres, você sabe quais. Essa semana é cheia de preparativos, preciso estar à frente de tudo... Sim, eu sei que... Não estou fugindo de minhas obrigações... Mas... Sei... Tudo bem, vou arranjar tempo, desculpe-me, certo, no mesmo lugar hoje à noite, beijo.”.

A fala de Esther era tensa, podia-se notar que era interrompida todo tempo do outro lado da linha. Mexia nos cabelos presos, colocava a mão no bolso de trás da calça, como se estivesse incomodada com a conversa. Nem notou o olhar atento de Amy para seus movimentos.

-- Você costuma ouvir conversa dos outros? -- perguntou irritada.

-- Não, não mesmo, desculpe-me. Só estava esperando você desocupar para perguntar algumas coisas, se estiver disponível para mim -- com um jeito manso de falar, até então inédito entre as duas, Amy respondeu a Esther, que parecia desarmar o olhar diante da cordialidade da novata.

-- Tenho algum tempo para você, sim. Pergunte-me o que quiser, dependendo do conteúdo, respondo ou não.

-- Primeiro, por que você...

-- Espera, novata, venha comigo. Vamos ter essa conversa em outro lugar.

A morena saiu puxando a novata pela mão, tão macia e cheia de calor, que provocava um arrepio em Amy, que subia por toda espinha dorsal. Mais que isso, sentia como se tivesse engolido borboletas quando Esther a olhava por cima dos ombros enquanto subiam as escadas.

Chegaram ao quarto no terceiro andar, onde havia apenas um salão grande com um piano de cauda, um violão, equipamentos de som, algumas almofadas no chão, uma bancada, e dois grandes sofás de couro, perto de duas amplas janelas. No final do corredor apenas uma porta, e foi em direção a ela, que Esther levou Amy.

-- Isso é um estúdio?

-- Mais ou menos. Um espaço para música, dança...

-- As meninas tocam?

-- Na verdade, esse espaço é meu. Os instrumentos e equipamentos... Esse andar todo da casa é para a presidente da Gama-Tau -- Esther respondia enquanto abria a porta do seu quarto espaçoso.

Iluminação escassa, uma grande cama de casal coberta por lençóis de linho, perto da janela uma escrivaninha com um notebook ligado e alguns livros. A decoração tinha um tom carmim, contrastando com algumas paredes brancas. Lateralmente uma entrada para o closet generoso, e dentro dele, a porta de acesso ao banheiro, nele, uma banheira clássica. Cada peça tinha um bom gosto inegável, Amy observou tudo com atenção, sob o olhar também atento da dona daquele espaço.

-- Gosta do que vê, novata?

-- Esse quarto deve ser o triplo do tamanho do meu...

-- Você está reclamando do seu?

-- Não, não. Tem espaço suficiente para mim lá...

-- Ah, bom, porque se estivesse ia te chamar de mal-agradecida. Só você, entre as novatas, tem um quarto individual, sabia?

-- Sério?

-- Sim... Isso você tem, graças a mim... Só porque você é minha escolhida.

Amy balançou a cabeça positivamente como se já esperasse tal resposta. Esther então se aproximou da loirinha, puxando-a até uma poltrona branca próxima a sua cama. Pediu que se sentasse, mas permaneceu de pé, de frente para Amy, como se estivesse pronta para ser interrogada.

-- Pronto, agora você pode me perguntar o que quer.

Na altura que Amy estava, seus olhos viam por baixo do moletom o umbigo da morena em meio aquela barriga delineada e deliciosa. Olhou para aquela imagem sentindo seu corpo ser tomado com mais intensidade pelo arrepio, que dessa vez, vinha de suas entranhas.

A morena parecia notar o olhar de Amy em seu corpo, segurou no queixo da moça e o subiu desviando seu olhar para cima, e indagou em um tom mais sarcástico:

-- Perdeu alguma coisa aí, meu bem?

-- Desculpe-me, o que você falou?

-- Nada, esquece... -- Esther sorriu virando de costas para Amy. – Vai me perguntar o que afinal, novata? Não tenho o dia todo!

-- Ah... Então, porque você me escolheu?

-- Isso é fácil, pra te ter nas minhas mãos.

-- Pra?

-- Isso é fácil também, mas... Ainda não é hora de você saber.

-- O que eu terei que fazer por você?

-- Quando eu precisar de algo, eu peço, não se preocupe, você terá muito o que fazer por mim.

O olhar da morena era malicioso, mas Amy não percebeu. Esther falava de costas, enquanto soltava os cabelos, e se sentava à frente do notebook. A novata não conseguia tirar os olhos de cima de Esther. Viu então a morena deixar tocar no seu PC uma música: Hush Hush – The Pussycat Dolls.

Foi se desfazendo do moletom, expondo seu abdome perfeito e sua cintura provocante só com o top, em movimentos lentos, como se fizesse um stripper sensual. Olhou por cima dos ombros para Amy, e disse:

-- Vem tirar meus tênis...

A loirinha estranhou, mas não questionou. Para desamarrar os cadarços do tênis, foi obrigada a se abaixar diante de Esther, e assim, obrigada a ouvir:

-- Eu sabia que te veria aos meus pés, novata...

Amy apertou os olhos numa expressão de ira e soltou os pés da veterana com força, levantando-se imediatamente.

-- Ei... Não é assim que se faz um favor à sua guia... Preciso de um banho... Vou sair, prepara meu banho, loirinha.

Contrariada, Amy olhava para Esther, como se tivesse engolido um dicionário de desaforos.

-- Não tenho o dia todo... Use os sais de banho que estão no armário e coloque pouca espuma.

Enfezada, Amy entrou no banheiro pisando forte, resmungando algo quase inaudível, mas que conseguiram provocar risos em Esther, que estava visivelmente se divertindo com a situação.

Abriu o armário lotado de cremes, sais, óleos. Teve vontade de jogar tudo dentro da banheira de qualquer jeito, mas ao abrir o um dos recipientes, foi tomada por uma sensação boa, era sua memória trazendo à tona aquele cheiro, de um momento que ela não sabia qual era. Enquanto enchia a banheira, foi abrindo o vidro de shampoo, fechou os olhos e viajou naquele cheiro... Era familiar, mas não identificava de onde.

Foi sentindo os cheiros, escolhendo alguns sais e preparando o tal banho para Esther, que surgiu à porta envolvida somente por uma toalha branca. Os cabelos estavam presos de novo, mas dessa vez, a nuca estava exposta. Amy quase parou de respirar diante daquela visão.

-- Meu banho está pronto?

Ainda extasiada com a visão, Amy limitou-se a balançar a cabeça positivamente, enquanto Esther abaixava-se tocando a espuma que crescia na banheira. Olhou para trás como quem procurasse platéia, sedutoramente ergueu-se, deixando sua toalha cair, o queixo de Amy caiu junto... Seu coração acelerou, quando a morena voltou-se em sua direção, exibindo seus seios volumosos, mas firmes. As curvas eram simplesmente uma afronta, tamanha beleza. Esther sorriu maliciosa notando a perturbação que causou na novata:

-- Parece que você acertou na escolha dos sais...

Entrou na banheira lentamente, mordeu o lábio inferior quando se acomodou no meio da espuma, divertindo-se com a face ruborizada da loirinha, que fez menção de sair do banheiro.

-- Aonde você pensa que vai? Não te dispensei ainda...

-- Mas... Você está tomando banho... Pra que você precisa de mim ainda?

-- Está vendo aquela esponja ali? -- apontou para um conjunto de escovas e esponjas em cima do box.

-- Sim... -- Amy olhou desconfiada.

-- Pegue então... Preciso que você esfregue minhas costas.

Amy parecia travada, não tinha forças para mover as pernas, as sentia trêmulas. Suas mãos suadas se escondiam no bolso da frente do short, mas se esforçou para seguir a ordem da sua irmã guia. Pegou a esponja, e com receio, caminhou até a lateral da banheira, sentando-se diante das costas de Esther, que olhava por cima dos ombros.

-- Estou esperando, loirinha...

A novata contemplou as costas e a nuca de Esther com desejo. Um desejo que sequer entendeu. Deslizou a esponja por ela com movimentos suaves, quase que ritmados. Acidentalmente, seus dedos escapavam da esponja promovendo o contato com a pele de Esther, que se eriçava com o gesto. Notou agora mais de perto, os arranhões em seus braços e impulsivamente perguntou:

-- As unhas são de uma irmã?

-- Como?

-- As marcas de unhas nos seus braços...

Esther olhou como se estivesse surpresa com a observação, mas não se intimidou.

-- Ah... Isso? Não lembro.

-- Memória parece não ser uma característica da Gama-Tau, não é?

-- Por que diz isso?

-- Por que ninguém lembra do que aconteceu na noite de ontem. Eu nem ao menos sei como foi o tal ritual, a última coisa que lembro é de descer escadas por um corredor frio, vendada.

-- O ritual é secreto, como não sabíamos quem conseguiria cumprir as tarefas, servimos algo que promove, digamos, uma amnésia parcial... Aém de outros efeitos...

-- Outros efeitos?

-- É, loirinha... Deixa vir à tona desejos, instintos... Isso é necessário para a realização do ritual.

-- Então, eu nunca vou me lembrar da noite de ontem?

-- Há quem diga que as lembranças vem em sonho, mas nunca se tem a certeza se foi real ou não.

A conversa das duas transcorria em meio a praticamente uma massagem nas costas e ombros de Esther, que arqueava a cabeça para trás como se tentasse relaxar, mas isso não parecia ser a intenção de Amy, que em um desejo insano, queria tomar a boca carnuda e bem desenhada da morena em um beijo.

Por várias vezes, olhou para os lábios da veterana quando reclinava a cabeça na banheira, desviando imediatamente os olhos quando notava os de Esther se abrindo.

-- Loirinha, pega meu roupão, ali no cabide.

Amy já estava se acostumando em executar as ordens que Esther lhe ditava, especialmente, porque não era difícil estar na presença daquela mulher que tanto lhe despertava reações contraditórias e inesperadas.

Levantou-se e pegou o roupão branco pendurado no cabide, posicionou-se ao lado da banheira com a peça aberta, preparada para vestir o corpo perfeito da morena.

Com a sensualidade que lhe era peculiar, Esther levantou-se do meio daquela espuma, saiu da banheira e foi vestindo o roupão com a ajuda da novata que continuava lhe devorando com o olhar. A loirinha parecia aguardar novas ordens, ficou ali parada diante de Esther olhando ela caminhar para o closet.

-- Esperando alguma coisa loirinha?

-- Não... Eu já posso sair?

-- Você está me pedindo permissão?

-- Não é que...

Esther sorriu divertida, notando que Amy estava irritada com ela mesma por adquirir tal postura de submissão. Olhava para o closet à procura de peças que lhe agradasse, mas não deixava de observar os movimentos de Amy, atrás dela.

-- Não vou mais precisar de você, vou me trocar e sair.

-- Você tem algum compromisso?

-- Você acha que lhe devo satisfações?

-- Não, é que...

Mais uma vez ela sentiu as palavras fugirem do sentido. Amy que sempre se gabou de seu poder de argumentação, diante de Esther se via sem defesas. Qualquer momento com ela era imprevisível, porque seu corpo, suas emoções pareciam não obedecerem a uma lógica racional. Calou-se e simplesmente saiu do closet, com uma pontinha de curiosidade, misturada a ciúme, pois se lembrou da conversa que ouvira no telefone mais cedo. Quando saía do quarto ouviu a voz da morena:

-- Loirinha, espera...

Caminhou até Amy, olhou profundamente em seus olhos verdes, e disse-lhe com um tom de autoridade:

-- Como minha escolhida, Amy, você tem que seguir algumas regras... Você vai notar que as meninas costumam ficarem muito íntimas umas das outras, mas você...

-- Eu o quê? -- Amy lembrou-se imediatamente do cumprimento que vira mais cedo na cozinha entre as colegas.

-- Você é intocável...

-- Intocável? Como uma doente? -- perguntou indignada.

-- Não... Intocável como sagrada... Só eu posso...

Não concluiu o pensamento, aproximou-se dos lábios de Amy, depositando um selo molhado, quente, cheio de malícia.

A novata sentiu uma explosão de tesão naquele gesto tão simples, mas ao mesmo tempo tão intenso. Esther não lhe tocara só os lábios com aquele ósculo, lhe despertara um vulcão de uma libido adormecida. Talvez por isso, a loirinha tentou avançar mais na boca da veterana, sem sucesso. Esther a empurrou com delicadeza, mas firmemente, fechando seus lábios com o dedo indicador:

-- Só eu posso lhe tocar... Você só me toca, quando eu permitir. Agora sim, você está dispensada.

Esther voltou para o closet fugindo do olhar indignado da novata, que se dividia pelo tesão despertado com o pequeno contato de lábios e a raiva de ter sido rejeitada. A morena, por sua vez, sentia por dentro seu corpo queimar, e saboreava a vitória de ter sua mais nova discípula completamente envolvida por sua sedução. Não podia negar que se sentiu tentada várias vezes a invadir a boca de Amy com sua língua, e por último teve que fazer um grande esforço para conter a investida da caloura. Mas tinha ciência que assim se manteria no comando daquele joguinho.

Da janela de seu quarto, uma hora depois, Amy viu Esther subir em uma moto preta, o figurino que usava era o de motoqueira: calça justa e casaco de couro preto, botas cano longo de salto e um capacete no cotovelo.

Observou a morena se acomodar no veículo, ajeitar seus longos cabelos negros dentro do capacete, e antes que pudesse se esconder, Esther olhou para cima, avistando Amy lhe fitando atenta. Por alguns segundos seus olhares se cruzaram, até a caloura fechar as cortinas e iniciar uma sessão de autopunição interna por ter sido flagrada seguindo os passos da veterana, que arrancava na sua moto para um destino desconhecido de Amy.




Capítulo 7

A semana começou intensa, as irmãs Gama-Tau se revezavam entre o início de fato das aulas na universidade, e os preparativos para a festa à fantasia que ocorreria no sábado. Centenas de estudantes disputavam convites, até mesmo membros de outras fraternidades. A fama de promover as melhores festas do campus atraía gente de todas as tribos, especialmente rapazes, que sempre em rodas de conversas machistas, classificavam as Gamas-Tau como as mais quentes do campus. Nenhuma outra fraternidade ousava marcar festa para o mesmo dia, pois sabiam que estaria destinada ao fracasso.

Os convites eram caros, e não eram ofertados apenas por dinheiro, os felizardos eram escolhidos a dedo pelas meninas quentes de Prescott. Uma equipe especial da fraternidade era responsável pela venda desses convites. Segundo a orientação de Esther, Amy a auxiliaria na escolha do repertório de música, escolha do DJ e da banda que se apresentaria na festa.

Durante a semana inteira, Amy não conseguiu ficar a sós com a presidente da Gama-Tau. Não pôde deixar de perceber que quase todas as noites depois de receber um telefonema, Esther montava em sua moto, só chegando em casa de madrugada, para irritação e ciúme da loirinha, que se controlava para não fazer perguntas no dia seguinte.

Durante as saídas da veterana, Amy perdia o sono, às vezes se lembrando do olhar de Esther, outras do selinho trocado, outras tantas, se lembrava da cena da cabana de madeira do jardim. Lembrava do seu sonho erótico com ela... Adormecia e sonhava com o cheiro dos cabelos e da pele da morena, chegava a sentir seu calor, sentia a respiração dela em seu pescoço e acordava com sua calcinha molhada, desejando que aquilo fosse real.

Em uma das noites de sonho, um momento em especial veio a sua memória: as mãos quentes invadindo seu sexo com movimentos intensos a fazendo gozar. Numa atmosfera estranha, mas familiar para ela, no sonho via o rosto de Esther quando virava para trás a fim de descobrir quem estava a tocando. Acordava se perguntando se era só mais um sonho erótico com Esther, ou se era alguma lembrança da noite do ritual vindo, como a própria descrevera.

Amy cruzou algumas vezes com Jonh no refeitório, mas o ignorou, não sabia o que acontecera, mas pela reação do rapaz, ele também não. As demais fraternidades organizavam atividades pelo campus, mas o assunto era um só: a festa da Gama-Tau. Os que conseguiram convites se apressavam em escolher fantasias, enquanto os preparativos na casa Gama, estavam a todo vapor.
  


Chegou enfim o dia da festa, a casa estava pronta. No andar de baixo, a sala se transformara em uma pista de dança, com o DJ no canto esquerdo. No centro um jogo de luzes ritmado. Na frente das escadas, dois seguranças que não permitiriam que ninguém subisse até os quartos das meninas, exceto elas. Na ante-sala fora montado o buffet, já que estava próximo ao bar que contava com barman profissional. No quintal da casa, fora organizado um pequeno palco, decoração cheia de detalhes com temas de personagens de filmes, desenhos e de fantasias clássicas.
  
As meninas quentes de Prescott estavam todas fantasiadas de heroínas de animes orientais, atiçava a curiosidade de todos saber quem era por baixo daquelas máscaras. Em pouco tempo todos os ambientes da casa estavam tomados pelos convidados. As novatas estavam encantadas com o clima da festa, bebidas variadas, músicas perfeitas, performances no palco e na pista de dançarinos profissionais convidados.

Amy passeava no meio de todos como se procurasse alguém, aos poucos ia reconhecendo algumas vozes de suas irmãs, muitas muito animadas pelo excesso de álcool que ingeriam. Na festa tinha-se de tudo: Zorro, Batman, Clark Kent, bombeiro, policiais, odalisca, gueixa, E.T., Sr. Incrível, Hulk... Logicamente, tinha também aquelas fantasias do tipo sem noção: hambúrguer, saco de pipoca gigante, camponesa, coelhinha, touro, sapo...

Em três horas de festa, Amy já estava bêbada o suficiente para justificar qualquer insanidade que cometesse. Buscava em cada heroína oriental a voz e o cheiro de Esther, mas não encontrou. Protagonizou na pista de dança um showzinho de dança sensual, deixando de queixo caído a todos que a viram, despertando o desejo de muitos e muitas, inclusive de Jonh, que estava acompanhado de sua namorada. Ellen que também estava visivelmente tocada pelo álcool, chegou a se aproximar de Amy enquanto ela estava no centro da pista. Antevendo uma situação delicada, Laurel tratou de tirar a loirinha do alvo da atenção de todos, afastando-a para o jardim.

-- Amy, ei, vá devagar, loirinha...

-- Laaauurel, amiga, se eu for mais devagar, eu paro...

-- A gente está no começo da festa ainda, você vai acabar não aproveitando nada!

-- Mas eu, eu, eu to aproveitando, Lauu

-- Esther não vai gostar nada de te ver assim...

-- Esther? Ela sequer apareceu aqui... Cadê ela pra me guiar? Preciso da mão dela, Lauurel.

Laurel percebeu nos olhos de Amy lágrimas querendo brotar, sentou-a em um banco no jardim, e foi buscar água no bar, voltando rapidamente. Estendeu a mão para Amy, segurando sua máscara, e deu-lhe a garrafa de água, na esperança de minimizar os efeitos de embriaguez.
  
--Toma, loirinha, beba antes que Esther chegue...

Amy ficou ali sentada olhando para a garrafa de água como se enxergasse a imagem de Esther dentro dela, encostou a cabeça no banco experimentando a tontura evidente. Laurel viu então uma movimentação incomum no interior da casa, como veterana responsável pela segurança da festa, pediu que Amy a esperasse ali enquanto se certificava que nada de errado estava ocorrendo. Nesse momento, Jonh se aproximou de Amy, tirando-a do banco, arrastando-a para uma árvore escondida na lateral da casa.

-- Você pensa que pode me fazer de otário, novata?

-- Eu? Do que você está falando, cara?

-- Você me atraiu pra uma armadilha naquele dia, né?

-- Armadilha? Que dia?

Mesmo que Amy estivesse sóbria não teria como se defender do rapaz, uma vez que aquela noite era um mistério para ela. Não conseguia manter-se de pé longe do corpo de Jonh, tamanha era sua tontura, quando notou o rapaz a imprensá-la contra a árvore descendo suas mãos por seu corpo.

Amy foi tomada de pavor. Mesmo com algum grau de embriaguez, percebeu que não aconteceria boa coisa naquele cenário. Tentou empurrar o rapaz, sem sucesso. Gritou e viu alguém se aproximar, de capacete, bater com um taco de beisebol nas costas de Jonh, que se afastou imediatamente.

-- Vaza daqui, grandalhão, antes que eu chame os seguranças do campus!

Amy reconheceu a voz, tentou se recompor vendo Jonh se afastar com passos rápidos dali. Como se tivesse apertado a tecla “slow” viu a morena se desfazer do capacete, espalhando suas madeixas, e fixar os olhos nela.

-- O que você está fazendo aqui sozinha, novata? -- perguntou Esther, visivelmente irritada.

-- Onde você estava que só chegou agora?

-- Eu não te devo satisfações, novata, entre, acho melhor você subir para o seu quarto!

-- Você acha que manda em mim?

-- Não acho, eu tenho certeza!

Nesse momento, Esther segurou Amy pelo braço, puxando-a. Abriu um portão lateral da casa que dava acesso à porta dos fundos, chamou Rachel e disse:

-- Leve-a para o quarto dela, e assegure-se que não saia de lá, por favor, Rachel.

Amy se debatia como criança sendo levada para o castigo, mas mal podia dar um passo sem antes tropeçar em algo ou derrubar alguma coisa. Laurel procurava a amiga que não estava mais no banco onde a deixara, encontrou Rachel com ela, e a ajudou no trajeto até o primeiro andar da casa. Todo o tempo a loirinha repetia frases desconexas, só se entedia que ela falava de Esther.

-- Manda em mim... Sei... E ela, onde estava? Ela vai ver...

Chegando ao quarto, Laurel se encarregou de cuidar da amiga, assegurando a Rachel que ela ficaria bem. Tirou apenas os sapatos de Amy e a fez se deitar em sua cama, insistindo para que bebesse água.

-- Quem ela pensa que é?

-- Amy, descanse... Não sei o que aconteceu, mas Esther deve ter motivos para te mandar subir, está só cuidando de você...

-- Cuidando de mim? Laurel, eu quero ela aqui! Como ela chega essa hora?

Laurel viu a amiga se declarar com aquelas indagações, mas não se aproveitou da situação, ficou ali, até que Amy caísse no sono.



Capítulo 8

Algum tempo depois, Amy despertou. Talvez, nem tenha se passado tanto tempo assim, ainda ouvia o barulho da música e a movimentação de pessoas no jardim.

Descalça ainda, colocou a máscara e saiu pela festa buscando à morena que a enlouquecia. Foi até o jardim, depois no quintal, viu casais se pegando. Viu irmãs atracadas com outras nas portas dos quartos quando voltou ao seu, mas nada de Esther.

Pensou que certamente Esther estava catando alguma menininha... Sentiu tristeza, ciúme, revolta... Subiu mais um andar, na esperança de encontrar Laurel já em seu quarto. Quando chegou ao segundo andar, ainda nas escadas ouviu um som de música não compatível com a que tocava na festa, era suave. Levada pela curiosidade, foi subindo mais um lance de escadas em direção ao terceiro andar, o domínio de Esther.

Seguiu para o salão da cobertura, viu a morena sentada junto ao piano, concentrada na música que tocava. A loirinha aproximou-se com passos calmos, lentos, a fim de não interromper nem a canção, nem a concentração de sua irmã guia. Pôde notar nos olhos de Esther uma lágrima prestes a cair, ficou tocada com a imagem. Talvez por isso, ficou mais nervosa, acabou tropeçando em um puf, chamando a atenção da morena.

-- Desculpa, Esther, não quis interromper...

-- Shii... Vem cá...

Esther tinha outra expressão, mais calma. Isso fez com que Amy caminhasse em sua direção, sem medo. A morena a puxou pela cintura, posicionando-a entre ela e o piano, o corpo de Amy deslizou pelas teclas até sua barriga ficar na altura da boca de Esther, que permanecia sentada no banco.

As mãos de Esther subiram por baixo da capa que cobria Amy, desatou os laços do vestido, deixando a loirinha apenas de calcinha. O corpo da novata tremia inteiro sentindo as mãos quentes da morena que percorriam a pele alva e macia com um tesão quase pulsante.

Esther comia Amy com os olhos, seu olhar deixava a loirinha ainda mais excitada. Assim, entregava-se às mãos da morena, oferecendo ainda mais sua barriga e pernas.

Os lábios de Esther se uniram àquela pele que de tão arrepiada parecia suplicar um contato mais íntimo, e quando isso enfim se concretizou, Amy jogou seu corpo para trás num gesto de entrega. Percebendo isso, Esther se levantou e se deliciou entre os pequenos seios firmes da loirinha, que gemeu alto em resposta ao prazer que aqueles lábios estavam lhe dando.

Amy, então, colocou seus dedos em meio às madeixas negras de Esther puxando sua cabeça para junto de seu rosto. A morena mordia seus próprios lábios explodindo de vontade de tomar a boca de Amy. O contato dos olhos das duas faiscava de desejo até se entregarem, enfim, lábios, bocas, línguas, se unindo em um só movimento sincronizado, molhado, ardente.

O corpo de Esther se curvava ainda mais sobre o da novata, extraindo som das teclas do piano. A morena segurou firme nas nádegas de Amy, suspendendo seu corpo. A loirinha imediatamente envolveu suas pernas na cintura de Esther. Não separando suas bocas, a veterana levou Amy até o sofá de couro deixando seu corpo cair sobre o dela.
Amy não conseguia manter um compasso em sua respiração, seu coração parecia romper sua carne tamanha era a pulsação em seu peito. Nunca experimentara aquele conjunto de sensações prazerosas, ela só sabia que seu desejo era demais, queria muito mais de Esther, e seus olhos diziam isso.

Olharam-se por alguns segundos, um sorriso verdadeiro surgiu nos lábios de ambas, depois, entregaram-se novamente a um beijo urgente, quente. Esther alternava o beijo com pequenas mordidas nos lábios de Amy, sugava sua língua como se fosse a fruta mais saborosa de estação, enquanto as mãos da novata exploravam cada curva do corpo latino definido, por baixo do vestido que Esther se esforçava para tirar, se entregando ao toque delicado e quente de Amy.

Os corpos de ambas estavam colados, nus, sentindo o calor que emanava de cada uma. Esther movimentava seus quadris entre as pernas de Amy, roçando os sexos molhados. A loirinha tentava acompanhar aqueles movimentos até que eles ficaram sincronizados, no início lento, depois mais forte, mas em um ritmo absolutamente incrível. De tão intenso, os gemidos se propagavam naquele ambiente abafando qualquer outro barulho externo.

A morena desceu uma de suas mãos penetrando dois dedos no sexo encharcado de Amy. Com o peso de seu corpo, continuou a penetração alternando entre estocadas leves e superficiais, com algumas mais profundas e fortes. Num frenético vai-e-vem, as duas atingiram o ápice.

Esther deitou-se sobre Amy que a abraçou na tentativa de recuperar seu fôlego, ainda sentindo suas pernas trêmulas. Acariciou seus cabelos negros macios, enquanto a morena ouvia a batida acelerada do coração da loirinha com sua cabeça junto ao peito.

Ficaram ali, alguns minutos, abraçadas, sem nada dizer. Amy nunca esperou que o sexo com uma mulher fosse tão intenso, tão prazeroso, tão completo. Não tinha uma larga experiência sexual com rapazes, mas nunca gozou daquela forma, muito menos, desejava tanto alguém como a Esther.

A morena, pelo contrário, conhecia o que era sentir e dar prazer a uma mulher, mas o desejo por Amy era mais do que físico. Tomar aquele corpo e estar nos braços dela era uma sensação inédita de conforto, de bem-estar, um prazer que se estendia desde o sexo incrível que tiveram, até aquele momento de tranquilidade entre seus corpos que se procuravam com carinho e excitação.





Capítulo 9

Tempos depois, Amy, que se perdia em seus questionamentos, quebrou o silêncio entre as amantes.
-- Esther? Dormiu?
-- Não... Estou acordada...
-- Posso perguntar uma coisa?
-- Ai, loirinha, perguntas agora? Tem certeza?
-- Não é nada demais, prometo...
-- Tá bom, fala.
-- Você está com fome?
Esther não conteve o riso. Levantou-se e encarou aqueles olhos verdes perturbadores. Apoiou-se no seu tórax, depositou um beijo lento e provocante nos lábios da loirinha, que gemeu baixinho, sentindo seu corpo se acender inteiro.
-- Ai, Esther...
-- Respondendo à sua pergunta, estou com fome sim... Fome de comida e de você... Será que você poderia atender mais um pedido de sua irmã guia?
-- Quantos você quiser... -- Amy disse quase que num tom de gemido.
Esther sorriu, divertida, vendo a face excitada da novata.
-- Vista-se, desça, prepara um prato com tudo que ainda tem no buffet, se não achar muita coisa, na despensa tem uma reserva de comida guardada. Depois suba para meu quarto para matar minha fome...
Amy sorriu e puxou o rosto de Esther para mais perto do seu, tomando-lhe num beijo apaixonado que surpreendeu a veterana.
-- Seu desejo é uma ordem, minha presidente...
Como as orientações da morena, Amy vestiu-se rapidamente e desceu as escadas quase que flutuando, sem disfarçar um sorriso nos lábios. No segundo andar, encontrou Ellen, que caminhava em direção ao seu quarto, acompanhada de uma menina que não era da fraternidade. Mandou que ela entrasse na terceira porta à direita, e caminhou para mais perto de Amy.
-- Perdeu alguma coisa aqui nesse andar, novata?
-- Não, na verdade estou vindo do terceiro andar...
-- Ah, claro... Nossa presidente já está marcando território... Está certa, ela.
-- Marcando território?
-- É... Você é dela agora, não é?
Amy não gostou do tom da pergunta, sentiu-se como propriedade de alguém, e mesmo que ela estivesse se sentindo tão pertencente à Esther depois daquele momento, não lhe agradava a ideia de ser território de alguém.
-- Não sei do que você está falando, Ellen.
Ellen sorriu com sarcasmo. Chegou perto da boca de Amy e deferiu com malícia:
-- Se você não fosse dela... Seria minha...
Afastou-se em direção ao seu quarto, deixando Amy atônita com a ousadia. A loirinha não podia negar que a beleza estonteante da veterana mexesse com ela, mas nada comparado ao que a presença de Esther lhe provocava. Pensando nela, desceu o resto das escadas, cumprindo as recomendações da morena, subindo em seguida com uma tigela cheia de petiscos, ignorando os olhares de interrogação das irmãs que encontrava pelo caminho.
Esther a aguardava de pé, perto do closet. Estava envolvida em um hobby de seda. Abriu-lhe um sorriso de cobiça.
Amy retribuiu o gesto, e perguntou com um tom de volúpia:
-- Qual fome você quer que eu mate primeiro?
A morena mordeu os lábios, desamarrou o cordão do hobby, e foi caminhando, deixando a peça cair pelo chão.
Amy, já completamente excitada pela atitude e pelo corpo impecável de Esther, se apressou em colocar a tigela no criado mudo ao lado da cama, e se deixou ser encontrada pelos braços e lábios de Esther, que tomava seu corpo com uma fome incontestável.
Ambas se buscavam com absoluta necessidade de se entregarem. Em poucos minutos, Esther despiu Amy mais uma vez, se perdendo na maciez da pele branca que já evidenciava as marcas da urgência da boca e mãos de morena. As costas de Esther também apresentavam evidencias do prazer que Amy sentia, quando cravava as unhas por onde conseguia apertar aquele corpo perfeito.
Caíram na cama que parecia ferver diante do fogo que aqueles dois corpos inspiravam. Deram-se mais uma vez uma a outra, sem pressa, explorando cada centímetro de pele, num delicioso movimento.
Esther esfregava seu sexo molhado na coxa de Amy, sentindo o seu pulsar. O rosto da morena deixava clara a proximidade do seu gozo. Esther desceu com sua boca pelos seios e barriga de Amy, mergulhando entre suas pernas saboreando a umidade de suas entranhas, lambendo e chupando a extensão de seu sexo, fazendo a loirinha explodir num orgasmo que lhe provocou espasmos e a exteriorização de um gemido rouco:
-- Oh... Esther... Como eu te quero...
Amy respirou profundo em busca de alguma força, jogou então seu corpo por cima do corpo de Esther e falou delicadamente, quase que com timidez:
-- Quero fazer o mesmo com você... Mas não sei como...
Esther sorriu, segurou a cintura de Amy, e conduziu seus movimentos. A loirinha se deixava levar, excitando-se ainda mais quando ouvia os suspiros da morena intercalados com gemidos lânguidos, experimentando a umidade entre suas pernas.
Amy esboçava um sorriso de satisfação, e foi tomada por um desejo incontrolável de sentir o sabor do gozo de Esther que começava a surgir. Intensificou seus movimentos, dessa vez, a mão quente de Esther conduziu a de Amy até seu sexo. A loirinha entendeu e não tardou em penetrá-la, explorando sua cavidade molhada. Deslizou seus dedos como se quisesse tomar posse do tesão de Esther, que se entregava por inteiro, arqueando seu tórax, deixando seus seios em oferta para a boca de Amy, que os aceitou enquanto continuava as estocadas.
Amy seguiu beijando o corpo moreno nu até chegar ao seu alvo. Cochichou no ouvido de Esther um pedido quase imperativo:
-- Goza na minha boca...
Esther disse sim empurrando a cabeça de Amy para baixo em direção às suas pernas.
O gosto salgado e quente da morena parecia correr pela boca da loirinha como uma porção afrodisíaca, fazendo Amy sugá-la com sofreguidão, arrancando o esperado gozo unido a gemidos altos, e pela primeira vez, Amy ouviu seu nome ser pronunciado por Esther num tom inesquecível:
-- Oh, Amy... Não pára... Aaamy...
Amy não parou, sentiu o corpo de Esther tremer. Dava-lhe um prazer inenarrável, Permaneceu algum tempo saboreando daquele momento, até abraçá-la, enfim, como se quisesse recuperar sua alma que sentiu ser entregue a Esther naquela noite... Mas era esforço era inútil, Amy estava nas mãos da veterana, que estava no corpo da novata, como nunca esteve com ninguém, provando de um sentimento de liberdade que até então era indescritível.
-- Esther? Ainda com fome?
-- Ai, loirinha... Sim... Mas preciso de tempo...
-- Boba! Estou me referindo ao que trouxe para comer...
-- Ah...! Por favor, eu PRECISO COMER! Tem refrigerante no frigobar.
Amy se levantou sem pudor de expor seu corpo nu para Esther, que a devorava com os olhos. Trouxe a tigela com petiscos e uma lata de refrigerante, sentou na cama de frente para Esther, que lhe sorria. Colocou na boca da morena um canapé e encheu a sua com outro. De boca cheia, falava como criança mal-educada, provocando risos inocentes na veterana:
-- Faz tempo que não sento tanta fome...
-- Não te ensinaram que falar de boca cheia é feio, loirinha?
-- Loirinha, é? Não era assim que você estava me chamando agora pouco...
Esther sorriu tímida, passando a mão pelo rosto como se quisesse esconder o rubor da face. Limpou com o dorso da mão a boca suja de Amy, mudando o assunto da conversa com um beijo delicado, mas cheio de desejo.
-- Eu fiz direitinho? -- Amy perguntou com uma careta tímida.
-- Hum... Sabe que nem me lembro mais?  -- Esther sorriu maldosa.
Amy laçou-lhe um travesseiro no braço em protesto, iniciando uma guerra que culminou com a morena dominando o corpo da novata, segurou suas mãos acima da cabeça, roubando-lhe um beijo sedento e cheio de volúpia. Amaram-se mais uma vez, e adormeceram nuas, abraçadas e com um sorriso nos lábios.

 Capítulo 10

Sem saber ao certo que horas seriam Esther abriu os olhos, sentindo o sol entrando pela janela que tinha as cortinas abertas. Olhou para Amy que dormia tranquila em seus braços e experimentou uma sensação dúbia.

Por um lado, a noite com sua discípula foi de longe a melhor que já experimentara. Tê-la em seus braços lhe trazia uma paz e plenitude inéditas. Mas por outro lado, ela sentia culpa, medo, deveria se arrepender, mas não sentiu arrependimento. Não queria pôr um fim naquela noite, mas era preciso, tinha obrigações e uma missão interna a cumprir, e se apegar a Amy não ajudaria em nada.

Afastou-se lentamente dos braços de Amy, foi em direção ao banheiro, olhou-se no espelho por minutos, sentindo aquela mistura de sentimentos que lhe deixava tonta.

Debaixo do chuveiro buscou uma forma de se livrar daquele sentimento bom que sentia por ter Amy em sua cama, mas foi inútil, as lembranças que tinha do corpo alvo de Amy intimamente ligado ao seu, inspirava o sorriso mais sincero.

Na cama, Amy acordou sentindo falta do corpo quente de Esther em baixo do seu. Ainda sentia o perfume da morena no seu corpo cheio de evidências do prazer que a noite lhe proporcionara... Unhas, mordidas...

Soergueu-se e olhou pelo quarto em busca de Esther. Ouviu barulho do chuveiro, e assim caminhou até o banheiro. Encontrou a morena envolta em uma pequena toalha, linda, tão linda que roubou a respiração da novata. Mordeu os lábios e a devorou com o olhar.

-- Bom dia...

Esther surpreendeu-se com a voz em tom malicioso de Amy, que estava logo atrás dela, completamente nua. Olhou-a dos pés a cabeça e sentiu seu corpo estremecer, mas disfarçou com um cumprimento seco, desviando o olhar rapidamente, que deixou Amy pensativa.

-- Aconteceu alguma coisa, Esther?

-- Não, por quê?

Esther não encarava Amy, que tentava se aproximar da morena, sem sucesso.

-- Esther?

-- Novata, você está dispensada, não preciso de nada mais no momento.

Amy foi tomada por um sentimento devastador, sentiu-se ultrajada, e como se pudesse, ainda mais nua. Em um movimento de puro reflexo, tentou cobrir-se, enquanto uma lágrima se formava e caía lentamente pelo seu rosto. Viu Esther sair do banheiro com urgência, deixando-a ali com sua humilhação e revolta.

Esther saiu do banheiro em uma atitude de fuga, olhar para Amy ali vulnerável, com os olhos desejosos lhe dizendo bom dia, tocou a veterana de uma forma tal, que teve que se controlar muito para não abraçar seu corpo nu e cobri-la de carinhos.

Ficou ali parada diante de suas roupas, respirando fundo, repetindo internamente os motivos pelos quais não podia se deixar levar por aqueles sentimentos que se confirmaram na noite passada. Por mais que desejasse Amy, e quisesse se entregar a ela, protegê-la e a ter todo o tempo perto, não poderia se esquecer de suas promessas interiores.

Amy passou por Esther, já vestida em um roupão. Seu rosto alvo não escondia as evidências de que seus minutos sozinha no banheiro foram de choro. Esther fugiu do olhar dela, baixou a cabeça, desejando cuidar da loirinha desfazendo aquele olhar triste e magoado. Ouviu em poucos minutos a porta bater forte, e agora era sua vez de deixar as lágrimas contidas caírem. Encostou sua cabeça na porta do closet batendo-a como se buscasse se punir pelo que sentia, ou pelo que causou a Amy?

A novata desceu o lance de escadas amargando a sensação de ter sido dispensada pela mulher responsável pelos melhores e mais intensos sentimentos, e pela melhor noite de sua vida. Experimentava a raiva, revolta pela frieza de Esther, e a mágoa, o vazio por não ter sido correspondida no desejo de prolongar a noite com mais momentos de carinho e excitação no dia seguinte.

Sentiu tristeza profunda, porque guardava a esperança que seus dias, a partir daquela noite, seriam ao lado de Esther. Mas a resposta da morena a arrancou desses sonhos, dando-lhe a realidade da arrogância já conhecida da veterana.

Tamanha foi sua pressa de chegar ao quarto que acabou por tropeçar no tapete, ficou caída no corredor desejando não mais se levantar, quando sentiu uma mão a puxar com delicadeza, era Rachel, o braço direito de Esther, que a olhava com certa piedade:

-- Amy, você se machucou?

-- Mais machucada do que estou, impossível...

Rachel parecia entender a que Amy se referia. Ajudou a loirinha a se levantar, e seguiu com ela até o primeiro andar levando-a até a porta de seu quarto sem dizer uma palavra, apenas observava Amy enxugar suas lágrimas, em silêncio.

-- Obrigada, Rachel, estou bem, só preciso de um banho pra tirar esse cheiro... -- pausou para respirar fundo e deixar cair outra lágrima. -- Ficarei bem.

-- Amy... Eu queria te dizer algo, mas... Bem, acredite. Isso vai passar.

Logicamente, as palavras de Rachel entraram para as muitas interrogações que Amy tinha desde a noite do ritual de iniciação da Gama-Tau, mas naquele momento, não importava. Queria ficar sozinha com sua decepção, retirar o cheiro de Esther do seu corpo como se isso tirasse a marca dela de sua alma.

Rachel subiu ao terceiro andar prevendo como encontraria sua amiga, e não errou em suas suposições. Esther estava jogada na cama, envolta ainda apenas com a toalha de banho. Chorava em silêncio em meio às roupas de Amy pelo chão e perdidas entre os lençóis.

-- Esther? O que aconteceu, minha amiga?

Esther sentiu vontade de desabar nos braços da amiga, chorar tudo que estava preso por ter sido obrigada a interromper momentos de paixão e carinho que ela nunca teve, por conta de uma força maior para ela, e pior, por ter consciência de que magoara profundamente Amy. Mas não se permitiu esse momento de exposição de fragilidade, escondeu o rosto, e levantou-se rapidamente, desviando o assunto:

-- Correu tudo bem na festa ontem?

-- Sim, claro, um sucesso como sempre. Não te vi chegar... Algum problema?

Rachel conhecia Esther muito bem, compreendeu que ela não ia falar tão facilmente, e tratou de respeitar as demoras da amiga, continuando o assunto que iniciara.

-- Problema algum, o de sempre, Rachel. Está ficando cada dia mais insuportável...
Esther respirou profundamente, num gesto de contrariedade, enquanto Rachel a interrompeu:

-- Não entendo por que você tem que se submeter a isso!

-- Como não entende, Rachel? Eu preciso, faz parte do acordo de proteção...

-- Proteção? Estou vendo é você ser exposta por essa mulher doente, Esther!

-- Não é bem assim, Rachel...

-- É assim, sim... E já está mais do que na hora de você pôr um fim nisso, e pensar no seu bem-estar, Esther!

-- Do que você está falando? Tenho uma promessa a cumprir, e preciso dela para manter meu avô a salvo...

-- Precisa dela? Pra quê? E essa promessa? Esther, ninguém te pediu nada, só na sua cabeça essa vingança tem algum sentido.

Esther ficou sem palavras, tamanha era a convicção do discurso da amiga. Passou a mão pelos cabelos, fechou os olhos e suspirou como um desabafo:

-- Eu não estou aguentando mais...

-- Esther, você está perdendo grandes momentos de sua vida. Você pensa que não estou percebendo seu olhar para Amy? Você está se apaixonando, minha amiga... E fica perdendo tempo nesse plano de vingança estúpido...

-- Ei, Rachel, pode parar... Não estou apaixonada, não. E você chama minha promessa à minha mãe no leito de morte de estupidez?

-- Uma grande estupidez, sim. Se sua mãe estivesse viva, não permitiria isso, ela não te pediu nada, você cultivou isso no seu coração desde criança. Quanto tempo se envenenando, amiga...

-- Meu avô concorda comigo, ele viu o que minha mãe sofreu...

-- Esther, me desculpe, mas seu avô nem sabe ao certo o que aconteceu com sua mãe. Só quer te apoiar pra que você não sofra ainda mais.

-- Já chega desse assunto, Rachel, vou me vestir e vou visitar meu avô.

Rachel se dirigiu até a porta, mas antes de sair, disse uma última coisa à sua amiga:

-- Você está vendo sua vida passar, Esther, presa a uma promessa insana, e isso é um grande engano.

Capítulo 11

Em seu quarto, Amy se refazia do pranto em um banho demorado. Não tinha vontade de sair do quarto, não queria sequer cruzar com Esther pela casa. A visita de Laurel acabou fazendo-a mudar de planos.

-- Ei, loirinha, se vista e vamos badalar na cidade, nada de ressaca!

-- Laurel, não quero sair... Me deixa aqui, vai...

-- De jeito nenhum... Vamos lá. O domingo está lindo, vou te mostrar a cidade. Outras irmãs vão conosco. Não faço isso com qualquer novata, não, se mexe menina, vamos!

Vendo que não havia como contra-argumentar com Laurel, escolheu uma roupa leve, prendeu os cabelos ainda molhados, e seguiu com ela até o térreo, onde outras meninas já esperavam animadas para o passeio.

Algumas expressavam o mau humor típico de ressaca e censuravam a agitação das demais, poucas veteranas, mas todas se tratando com intimidade. Amy viu mais uma vez os cumprimentos peculiares, com estalinhos, exceto com ela. Lembrou-se de sua condição de intocável como escolhida da presidente, e como se revoltou com isso. Mesmo ainda desejando tanto o toque de Esther na sua pele...

Ellen se aproximou de Amy, com ar sedutor, o que não passou despercebido pela loirinha.

-- Não tem companhia no passeio, novata?

-- Ah... Vou com a Laurel e as outras meninas.

-- Sua guia... Ela não vai?

-- Não sei, e não me interessa saber -- Amy respondeu secamente.

-- Se é assim, vamos comigo no meu carro?

-- Mas, Laurel me chamou...

-- Vamos todas para o mesmo lugar, só estou te chamando pra ir no carro comigo.

-- Tudo bem.

Amy sorriu, Ellen retribuiu o gesto. Não perceberam que Esther as observava enquanto descia as escadas, com um olhar fuzilante. A morena as surpreendeu com um tom firme de voz:

-- Onde você pensa que vai com ela, novata?

-- Tenho nome e você sabe muito bem qual é. Aonde e com quem eu vou não é da sua conta, já que você me dispensou, lembra?

-- Quem você pensa que é pra falar comigo assim?

Ellen percebeu o clima pesado entre as duas e interrompeu o diálogo carregado:

-- Esther, vamos só dar uma volta na cidade, algumas veteranas vão levar as novatas. Só ofereci uma carona a Amy, algum problema?

-- Você sabe que ela é intocável, não sabe, Ellen?

-- Claro, só estou sendo gentil com uma nova irmã.

-- Ellen, você não tem que se explicar com ela -- Amy vociferou encarando Esther.

A morena puxou a novata pelo braço até a ante-sala, encostou-a na parede e disse com autoridade:

-- Não me desafie... Você não me conhece!

-- O pouco que te conheço já me faz não querer conhecer mais nada!

Amy tentou empurrar a morena para longe dela, mas não conseguiu. Esther segurou seus dois braços, os olhares se encontraram, e como ligados por imãs, se fixaram.

O desejo de ambas parecia faiscar naquele ambiente, até Esther tomar a boca de Amy finalmente, com voracidade, sendo correspondida pela loirinha que entregava sua boca, sua língua, sugando os lábios carnudos e apetitosos de Esther.

O beijo se prolongou por minutos, a respiração ofegante, delatava a excitação de ambas, até Esther largar Amy, declarando:

-- Você está avisada...

Saiu dali recolhendo o capacete que caíra no chão, deixando Amy perplexa e completamente sem ação ou palavras, absorta no desejo que lhe despertava, e perdida quanto ao que pensar sobre as atitudes da morena. Foi seguindo para a sala onde as demais estavam, e viu Esther cochichar algo com Rachel e sair rapidamente sob o olhar atento de Ellen.

-- Então, vamos todas? -- Laurel convocou.

Ellen já se aproximava de Amy para conduzi-la até seu carro, quando Rachel puxou a loirinha pelo braço delicadamente:

-- Você vai comigo, Amy.

Ela não questionou, só balançou a cabeça positivamente, e seguiu, olhando para Ellen que estava visivelmente irritada com a intromissão de Rachel, que logicamente fora orientada por Esther a fazer isso.

A universidade de Prescott estava localizada em uma cidade litorânea, o passeio então foi no destino da praia mais badalada da região. O domingo estava perfeito para o programa, o sol radiante. A chegada das meninas no point como não poderia deixar de ser, chamou a atenção de todos que já estavam acomodados em barracas, e pela areia. Na área que ficaram a maioria eram de universitários de Prescott.

Ellen não tirava os olhos de Amy, que exibia seu corpo. Apesar de magro, tinha curvas e formas invejáveis. Jonh estava na praia também com sua namorada, e olhava para a loirinha com desejo. Ela ignorava os olhares de todos, ainda saboreava o gosto de Esther na sua boca. Deteve-se em contemplar o mar, como se ele pudesse lhe dar alguma resposta.

Rachel interrompeu seu momento introspectivo, oferecendo-lhe água, puxando assunto com a novata:

-- Amy, não temos intimidade, mas... Conheço bem a Esther e...

-- Rachel... Não me interessa saber nada dela... Mas você sabe me responder quando ficarei livre dessa obrigação com ela, sendo eu a escolhida?

-- Bem, isso na verdade depende dela, não há regras pra isso...

-- Mas como não? E como foi com as outras?

-- Que outras? Não houve outras escolhidas com Esther, você foi a primeira!

-- Mas por quê?

-- Isso você terá que descobrir sozinha...

Outra interrogação cercava a história entre Amy e Esther, além de todos os mistérios acerca da Gama-Tau.

O dia na praia das meninas quentes de Prescott se desenrolou num clima descontraído. Foram assediadas, especialmente as veteranas, que esnobaram categoricamente os rapazes que se aproximavam. Os olhares das meninas eram voltados pros corpos umas das outras, o desejo era inegável, especialmente das “guias” para suas novas pupilas, enquanto Ellen seguia devorando Amy com os olhos.

Na primeira oportunidade que Amy se afastou das demais para atender ao celular, Ellen a seguiu, esperou a ligação terminar e abordou a loirinha:

-- Difícil driblar suas seguranças, loirinha...

-- Laurel e Rachel estão sendo gentis comigo, já que a minha suposta irmã guia não está aqui...

-- Ela não está fisicamente, mas acho que está aqui, sim... Esther sabe como marcar sua presença.

Amy baixou a cabeça depois de sorrir sem graça, mexeu na areia com os pés, enquanto Ellen se aproximava, encostando-a no carro que ela estava próxima, deixando os seios de ambas roçando uns nos outros. Ellen desceu com uma das mãos por entre os seios da loirinha, por onde uma gota de suor percorria o trajeto.

-- Você é deliciosa, Amy... Não te largaria assim sozinha, se fosse sua guia...

A novata ficara nervosa com o contato, tentava se desvencilhar, mas gostava da mão de Ellen no seu corpo. A veterana era pura sensualidade, até no tom de voz.

Olhou para o movimento dos lábios de Ellen, que passava a língua por eles enquanto desviava seus olhos pelo corpo suado da loirinha. Enquanto os olhos de ambas se davam em um flerte quente, Laurel se aproximou chamando atenção de Amy:

-- Amy, estava te procurando! Vamos jogar vôlei agora! Vamos. E quanto a você Ellen...

-- Eu o que, Laurel? -- a veterana disse irritada.

-- Está na minha mira... E na de Esther, também. Você está brincando com fogo!

Desconcertada, Amy caminhou com Laurel até a quadra de vôlei, fugindo do olhar da amiga, que insistia em lhe chamar atenção:

-- Olha só, Amy... Não sei o que está acontecendo entre você e Esther, mas fique longe da Ellen. Ela vive provocando a Esther. Tem muita inveja dela, já era pra ter sido punida, mas quer arrastar Esther nessa punição...

-- Punição?

-- É... Se Esther perder a cabeça e a agredir fisicamente, Esther pode perder o cargo, como punição.

A partida de vôlei transcorreu de maneira divertida, diante de olhares atentos dos demais universitários que iam ao delírio quando as meninas da Gama-Tau comemoravam um ponto com selinhos e batidas de mão no traseiro umas das outras.


Capítulo 12

Ao cair da noite, um luau se organizava, alguns se aproximavam com um violão e instrumentos de percussão, sentando na areia formando um círculo. Mais gente se juntava atraídas pela música, inclusive as meninas da Gama-Tau.

Em pé, perto de Laurel e Rachel, Amy viu uma moto encostar próxima do estacionamento dos carros, e Esther descer, linda, com uma calça de tecido fino e transparente, com um top justo por baixo da jaqueta de couro, que ela tirou imediatamente ao descer, guardando debaixo do banco da moto junto com o capacete.

Caminhou até ela como em câmera lenta, ou isso era pura imaginação de Amy, hipnotizada por cada movimento da morena em sua direção?

Era a visão mais que perfeita para Amy, os cabelos negros de Esther a favor do vento espalhavam suas madeixas. No rosto de Esther um sorriso discreto se desenhava ao cruzar com o de Amy, fixo nela.

Esther não conseguiu esconder o sorriso de satisfação ao ver Amy ali protegida entre suas amigas, exibindo a pele levemente vermelha do sol. Já estava de short curto, mostrava apenas a parte de cima do biquíni com pequenas estampas, uma barriga impecavelmente descoberta, cabelos presos pelos óculos de sol, deixando os seus lindos olhos verdes brilharem olhando para a morena, que se aproximava das três.

-- Eu sabia que você apareceria por aqui, amiga -- Rachel disse sorrindo para Esther.

-- Esse luau está precisando da classe de sua música, minha presidente -- Laurel completou.

A morena sorriu com alguma timidez e rapidamente desviou seu olhar para Amy, que mais parecia hipnotizada, do que com a raiva que demonstrava mais cedo.

-- E essa loirinha? Comportou-se bem? -- Esther perguntou em tom de provocação, falando bem perto da boca de Amy.

-- Você mandou sua segurança me cercar, então, pergunte a ela.

-- Rachel não é minha segurança, sou segura o suficiente por mim mesma. Ela é minha amiga, e estava apenas sendo simpática com você, mas se você não quer responder, eu pergunto a ela. Rachel, a novata se comportou bem?

Rachel balançou a cabeça negativamente, sorrindo, como se desaprovasse o comportamento das duas, e respondeu:

-- Exemplarmente, e olha, é uma maravilhosa atacante de vôlei.

-- Ah... Então minha escolhida é uma atleta... Bom saber.

Esther pegou a mão de Amy puxando-a consigo, Laurel e Rachel as seguiram até a roda, onde Jimmy que estava tocando violão parou a música, e estendeu o braço com o violão para a morena:

-- Todo seu, minha musa, assuma daqui.

Esther pegou o instrumento, sentou-se no espaço que abriram para ela, enquanto Amy ficou perto o suficiente para estar diante dos olhos dela. Dedilhou algo no violão como se buscasse sentir a afinação, e começou o acorde de uma balada bem propícia ao clima praiano: BUBLY – COLBIE CAILLAT

I've been awake for a while now
You’ve got me feeling like a child now
Cause every time i see your bubbly face
I get the tingles in a silly place

Eu estou acordada há algum tempo agora
Você fez com que eu me sentisse como uma criança agora
Porque toda vez que eu vejo seu rosto animado
Eu sinto um arrepio num lugar bobo

It starts in my toes
Makes me crinkle my nose
Where ever it goes I always know
That you make me smile
Please stay for a while now
Just take your time
Wherever you go

Começa na ponta dos meus pés
Me faz enrugar o nariz
Para onde for, eu sempre sei
Que você me faz sorrir
Por favor, fique por um instante agora
Não tenha pressa
Em qualquer lugar que você vá

The rain is falling on my window pane
But we are hiding in a safer place
Under the covers stayin dry and warm
You give me feelings that I adore
A chuva está caindo no vidro da minha janela
Mas nós estamos nos escondendo em um lugar seguro
Debaixo das cobertas, ficando secos e quentes
Você me dá sentimentos que eu adoro

What am I gonna say
When you make me feel this way
I just........ Mmmmmmmmmmm
   
O que eu vou dizer
Quando você faz com que eu me sinta desse jeito?
Eu apenas.........

Amy sentiu-se invadida pela voz de Esther, mas não uma invasão mal-educada ou impositiva, mas uma como quem toma posse do que é seu. A voz da morena era suave, macia, e seus olhos fixos em Amy denunciavam uma sinceridade desconcertante na letra da música.

Por alguns instantes, nem parecia que existia mais alguém ali naquela roda, que não fosse elas duas. A loirinha abriu um sorriso arrebatador para Esther quando ela finalizou o refrão, e todos aplaudiram a performance dela.

Esther tocou mais algumas músicas conhecidas, nas quais foi acompanhada por todos que a cercavam, menos por Amy, que parecia não ter forças para outra coisa, que não fosse olhar e sorrir para Esther, que já olhava para Amy como uma musa de inspiração para seus acordes mais firulados.

Já era noite, quando Laurel foi agrupando as meninas da Gama-Tau para voltar para a casa da fraternidade, lembrando de suas obrigações de estudantes no dia seguinte. Amy foi seguindo para o carro de Rachel, que lhe avisou:

-- Esther disse que você voltaria com ela.

-- Com ela? Mas de moto?

Esther estava logo atrás de loirinha, e a surpreendeu, falando por trás, ao seu ouvido:

-- Algum problema em andar de moto comigo, novata?

O corpo de Amy arrepiou inteiro sentindo o calor da voz de Esther ao seu ouvido, e sua respiração ali, tão perto dela. Conteve sua excitação como se não fosse coisa desejável e disse secamente:

-- Não acho moto um transporte seguro.

-- Comigo você está segura, não se preocupe.

-- Esther é uma excelente piloto, Amy, não há com que você se preocupar -- Rachel interveio.

Esther caminhou até a moto estacionada, levantou o banco pegando os capacetes e sua jaqueta de couro, acenando com a cabeça para Amy se aproximar, o que ela fez fingindo contrariedade.

-- Isso não é roupa para andar de moto, vista essa jaqueta, novata.

-- Trouxe um moletom, não se preocupe.

Amy parecia irritada com o tom petulante de Esther, mas na verdade estava derretida pelo cuidado que a morena lhe dedicara. Pegou seu moletom no carro de Rachel, enquanto Esther já a aguardava de motor ligado, montada em sua motocicleta.

Com um charme inédito, colocou o capacete e montou na garupa da morena com o cuidado para não tocar seu corpo, esforço inútil, porque tão logo a loirinha se acomodou no banco, Esther puxou seus braços fazendo com que envolvesse sua cintura. Amy a princípio relutou, mas o tom de Esther acabou a convencendo:

-- É melhor você se segurar em mim, só assim garanto sua segurança no nosso trajeto.

No percurso Amy não só envolveu a cintura de Esther com força, como também jogou seu corpo por cima do da morena buscando sentir o calor dele, que ardia mesmo com o vento frio do litoral tomando conta da estrada. Quando passavam pelo cais, Esther diminuiu a velocidade, até parar, para a surpresa de Amy:

-- Algum problema? Por que você parou?

-- Por que você sempre acha que tem algum problema?

-- Por que você tem atitudes estranhas como essa de parar nesse cais deserto sem nenhum motivo.

-- Quem disse que não tenho motivo?

-- Posso saber qual? Ou é mais um mistério da fraternidade que tenho que descobrir?

Esther sorriu, ajeitou os cabelos que o vento assanhava, pediu que Amy descesse da moto, e então fez o mesmo.

-- Está vendo aquele farol? -- apontou para uma duna de areia um pouco distante.

-- Sim, o que tem ele?

-- Que horas são no seu relógio?

Amy tirou do seu bolso o celular, conferiu as horas e respondeu:

-- São 20:59, por quê?

-- Em um minuto você vai ver as luzes do farol piscarem alternadas, espera...

Amy esperou o relógio marcar 21h e observou o que Esther anunciara, as luzes do farol ficaram intermitentes. Deduziu que fosse alguma falha na iluminação, mas não conteve sua curiosidade em saber como Esther sabia disso:

-- Como você sabia disso?

-- Vou esclarecer sua curiosidade... Estou cheia de generosidade hoje, não quero ver brotoejas nesse corpo queimadinho agora do sol... -- Esther sorriu divertida.

--Ah, engraçadinha, fala logo, ó soberana generosa.

-- Um velho marinheiro cuida desse farol há mais de 20 anos. Há cerca de 10 anos atrás, um navio atracou nesse porto, que já fora muito movimentado, hoje está praticamente desativado, apenas pequenas embarcações atracam aqui. O fato é que, nesse navio, havia uma mulher especial, linda, era austríaca, viajava nesse cruzeiro como pianista, tocava todas as noites nos jantares luxuosos que o restaurante fino do navio servia.

-- O navio ficou aqui na cidade por 5 dias, ao desembarcar, a mulher conheceu aqui mesmo na praia o marinheiro, apaixonaram-se imediatamente, e todas as noites, quando a pianista tocava sua última música no jantar as 21h, o marinheiro ouvia e respondia piscando as luzes do farol, era a hora de se encontrarem. Foi assim nos cinco dias, a paixão entre eles era intensa, trocaram juras de amor, até o dia que o navio voltara ao seu curso, e aí, nem a pianista queria largar sua vida no mar com sua música, e nem o marinheiro queria se desprender do seu passado, de sua história que estava ali na rotina do farol.

-- Nenhum dos dois abriu mão de seu presente ou passado para viver esse amor, assim, se separaram. O marinheiro se arrependeu ao ver o navio partindo, mas não conseguiu embarcar, gritou para a pianista que estava no convés, que a esperaria todas as noites e ela logo veria quando as 21h piscasse as luzes do farol.

-- E ela voltou?

-Há quem fale que se você escutar com atenção, o mar traz a música dela, e por isso, o velho marinheiro não desistiu de piscar as luzes na mesma hora todos os dias. Mas não, ela nunca voltou.

-- É uma história triste...

-- Não seja chata... É uma história romântica... Nem sempre a história tem finais felizes.

-- Mas os finais a gente pode escrever, não é? Quem sabe ela ainda volte para o velho marinheiro...

-- Verdade... Psiu... Está ouvindo?

-- O quê?

Esther segurou a mão de Amy e a puxou até a praia, a abraçou por trás, encostou o queixo no ombro da loirinha, que se entregou ao momento, se deixando envolver, sentindo o calor do corpo da morena e seu cheiro inebriante, enquanto Esther sussurrava ao seu ouvido sons de piano, repetindo sílabas ritmadas “Pan, pan, pam...”.

Amy fechava os olhos permitindo que aquela voz suave adentrasse até sua alma, respirou fundo querendo eternizar aquele momento.

Voltou seu corpo ficando de frente para Esther, e dessa vez, a iniciativa foi dela. Envolveu seus braços na cintura da morena e tomou sua boca em um beijo apaixonado.








O link a seguir contém todo o resto do conto, atualizarei na medida do possível.





14 comentários:

  1. Não tem o final da história ? o.O Tem como me mandar suas histórias preu ler ? Procurei, procurei sua pag no orkut, e achei aqui..bjo Iara!

    Como garantia o meu face ;)
    facebook.com/iarareginaa

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  2. Oi boa tarde gostaria muito de ver o final dessa história como faço? .

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    1. Olá,
      Ela estava postada no ABCLES, como saiu do ar, vou tentar atualizar aqui.

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    2. Procure aqui mesmo no marcador com o nome do conto, tem ele completo

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  3. poxa como faço para ler toda a história

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Não consigo ver o resto da história! Parou no capítulo 43 .. Ai que angústia. . Doida pra saber todo esses segredos que envolve Esther e Amy , e suas mães. . Esta completo a história? Me diga aonde acho o resto. ... Socorro! Estou desesperada pra saber o final!

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  6. Cadê o resto da história parei no 11 capítulo

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  7. Pelo amor de Deus, eu preciso continuar lendo essa história. Como eu faço? Help ...

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    1. Alguém conseguiu o conto inteiro.. porfavorzinho envie pra mim.😊
      carinefriends@gmail.com

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  8. Essa estória é maravilhosa, Perfeita. Você não escreve mais?

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  9. Gnt quem tiver o conto completo me envie por email por favor
    layllaborges62@gmail.com

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  10. Se alguém tiver o conto completo, por favor envie-me nerdqg.net@gmail.com.
    Obrigada.

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