sábado, 11 de dezembro de 2010

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 8

CAPÍTULO 8: A VISITA DE OLIVIA E BERNARDO


Eu não sabia onde meter minha cara, não sabia se usava as mãos pra baixar o vestido, ou para cobrir meu rosto queimando de vergonha, com a cara de espanto que Olivia e Bernardo, meus amigos da faculdade, fizeram ao me ver naqueles trajes, e pior, naquela pose.

- Bichaaaa você sabia que a gente vinha e se produziu toda? – Bê se adiantou falando de forma afetada.

- Bê... Acho que chegamos em má hora... Melhor procurarmos um hotel... – Olivia falou trincando os dentes.

Eu que até então não conseguia exprimir uma única sílaba, saí do transe, abrindo os braços em direção a eles, os abraçando com força:

- Não acredito que vocês estão aqui! Que saudades!

Convidei-os para entrar, apressando-me em ligar as luzes que estavam todas apagadas, só as velas e os abajures iluminavam o lugar. Acomodei-os no sofá, enquanto eles olhavam embasbacados com a atmosfera do lugar. E eu sentia que tinha muitas explicações a dar.

- Então, por que vocês não me ligaram? Teria ido buscá-los no aeroporto, gente!

- E perder essa cena memorável? Não, querida, isso não tem preço – Olivia disse olhando pra a minha cinta liga que aparecia por baixo do meu vestido.

Nesse instante, vendo meu rosto completamente ruborizado, Bernardo e Olivia, finalmente revelaram suas gargalhadas escandalosas, se virando no sofá, diante da minha cara completamente sem graça. Até que não resisti e caí na gargalhada também. Não conseguimos falar nada, só rimos, até cair lágrimas pelo rosto.

Mais uma vez a campainha tocou, dessa vez só podia ser minha namorada. Meio tensa com a situação, afinal não deu tempo explicar ao Bernardo e à Olivia o motivo daquela produção de novela, levantei-me e fui para a porta, sob olhares curiosos dos dois.

Abri a porta e ela estava lá, linda, cabelos soltos, em um vestido igualmente sensual, salto alto, com uma garrafa de vinho na mão e na outra um botão de rosa. Pensei ao mesmo tempo: - UAU isso tudo é meu? – e por outro lado pensava: - Pronto, agora ferrou de vez.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, Suzana se adiantou e exteriorizou o que eu pensei quando a vi:

- Uau! Isso tudo é meu?

Avançou em minha direção, especificamente da minha boca, eu desviei e ela acabou beijando meu rosto. Fiz sinal para que ela entrasse porque naquele momento minha voz me abandonou. Ela olhou pro lado e viu a mesa bem posta, olhou pra mim e sorriu, quando fez menção de dizer algo, eu a interrompi.

- Suzana... Esses são Bernardo e Olivia, meus amigos de faculdade, acabaram de chegar de São Paulo.

Rapidamente Suzana olhou para o sofá, avistando-os, ambos com cara de surpresa, mas não por muito tempo, mais uma vez não contiveram suas famosas gargalhadas, iniciando outra crise de risos entre nós três.

Suzana fazia cara de interrogação e, com o nosso riso descontrolado, fez cara de poucos amigos, ela detestava não dominar uma situação... Eu tinha que salvar minha doutora linda daquele constrangimento. Tomei fôlego e disse:

- Bê, Lili, está é Suzana, minha namorada.

Obviamente o título era dispensável, por que as cenas falaram por si, estava claro que aquela mulher era o motivo da minha produção, por isso os risos. Entenderam tudo e, apesar de surpresos uma vez que nunca souberam de alguma atração minha por mulheres, acharam a cena bastante cômica. De fato, eu era certinha demais, nunca esperaram me testemunhar vestida daquele jeito, ainda mais esperando uma namorada.

Tomei Suzana pelas mãos, que a essa altura desfez a cara de poucos amigos, abrindo um sorriso de orelha a orelha ouvindo-me apresentá-la pela primeira vez como namorada, e nos aproximamos do sofá. Bernardo rapidamente abraçou Suzana como se fossem amigos de infância, Lili cordialmente deu dois beijinhos de comadre. Devidamente acomodados no sofá, engrenamos um papo, até mesmo pra esclarecer aquela situação toda.

- Então, amiga, viemos para um congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia, começa amanhã, queríamos te fazer uma surpresa, ligamos pra Lívia que nos deu seu endereço, sua tia Silvia ligou pra sua empregada que avisou ao porteiro sobre nossa chegada, por isso subimos sem que ele dissesse nossos nomes. Mas não esperávamos encontrar no lugar de nossa recatada e inteligente Isabela, um furacão de cinta liga - Lili falou antes de soltar outra gargalhada.

Estava sem graça, mas não posso negar que não era desconfortável assumir Suzana para meus amigos, o fiz naturalmente, sem pressão, livre de preconceitos, e a reação de meus amigos, me tranqüilizou muito, mas não influenciaria minha felicidade por estar com ela se a reação deles fosse diferente. Durante nossa conversa, falamos sobre nossas residências, a Lili e o Bê sobre suas aventuras, eu e Suzana ríamos com a implicância de Bernardo com os pretendentes da Olivia.

- Ah Olivia, fala sério, aquele Pedro é um Zé Mané mona! Aquela boca de suvaco dele... E aquele bigode na testa?
- Ah deve ser mais interessante do que aquele Jonny Bravo que você tá ficando bicha! Aquele topete ridículo, ombros largos e pernas finas... Tenha dó!

A noite romântica que preparei estava longe de ser perfeita para mim e Suzana, mas estava agradável, logo me dei conta dos meus deveres de anfitriã e levei meus amigos ao quarto de estudos que transformei em quarto de hóspedes. Enquanto se preparavam para um banho, depois de Suzana e eu os convencermos de não ir pra hotel nenhum e que ele não atrapalhavam em nada, voltei a sala para dar atenção a minha deslumbrante namorada, abraçando-a pela cintura por trás cheirando seus cabelos:

- Parabéns de novo minha linda... Nunca tive um mês tão perfeito como esse, obrigada.

- Exceto pela comemoração micada, né... – disse com ar divertido.

- Ai Su... Desculpa... Eu não sabia de nada... Mas não posso deixá-los ir pra hotel...

- Ei, pára Isa, tá tudo bem, estava só brincando, tá tudo perfeito, inclusive o nosso mico, e você está maravilhosa! Que história é essa de cinta liga heim? – falou desvencilhando-se dos meus braços ficando de frente pra mim.

- Você também está um espetáculo... Nem mereço isso tudo! E sim... A cinta liga, você descobre mais tarde... – sorri maliciosamente.

- Agora sério, Bela... Sabe aqueles meus verminhos que crio aqui? – falou apontando pra sua barriga.

- Sei... Eles estão maltratando essa barriguinha linda é? – falei acariciando sua barriga.

- Ahan... Estão me devorando, amor... – confirmou fazendo olhar de sofrimento, envolvendo minha cintura, e me roubando um beijo intenso, que foi interrompido por sonoros pigarros.

- Com licença senhoritas, só queríamos avisar que estamos saindo pra balada, assim vocês fazem a festinha a vontade... – Olivia falou tapando os olhos com as mãos.

- Gente, que bobeira, vamos jantar, os verminhos de meu amor já avisaram que passou da hora de comermos, aposto que vocês também estão famintos!

- Ah não amiga, já tem vela demais nessa casa, vocês não precisam de mais duas, já chamamos um táxi, vamos encontrar o pessoal de Minas que veio pro congresso também, estão num barzinho em Copacabana –Bernardo se apressou em explicar.

-Táxi? Pó parar aí gente, deixamos vocês lá então – Suzana falou indignada.

-Nan nan ni nan não! Fiquem aí, no jantarzinho de vocês, liberem muitas endorfinas, serotoninas, o amor é lindo! Amanhã nos vemos, beijos e beijos, fomos! – Olivia falou já com a mão na maçaneta.

- Então leva a chave reserva, toma, divirtam-se – me despedi deles entregando a chave do apartamento.

- Enfim sós! – Suzana me abraçou. – Por favor, alimente meus verminhos amor!

Jantamos depois que eu tratei de recriar a atmosfera de romantismo que preparei antes de ser surpreendida pelas visitas, acendi as velas, e apaguei as luzes. Como no nosso segundo encontro, dançamos abraçadinhas, trocando juras de amor no ouvido. Suzana, subiu suas mãos pela minhas pernas, curiosa pra ver a tal cinta liga tão falada na noite, ao vê-las ficou enlouquecida, virou-me de costas, abriu o zíper do meu vestido, deixando-o cair expondo meu conjunto de lingerie:

- Ai meu santo Expedito... Me socorre...

Sorri mordendo os lábios, fazendo cara de safada:

-Vai ficar aí só babando? Não vai fazer nada com sua namorada? – indaguei provocando-a com a ponta dos dedos pelo decote do vestido.

Puxou-me pela cintura e jogou-me no sofá, beijou dos meus pés, depois de tirar minhas sandálias, até o meio dos seios, depositando as mãos sobre minhas coxas, onde estavam as cintas ligas. Deixei que ela explorasse todo meu corpo, me entregando totalmente até atingirmos juntas o ápice. Já era quase madrugada quando descansamos exaustas ali mesmo no sofá:

- Amor, vamos pro quarto, daqui a pouco os meus amigos chegam... Acho que não estou preparada pra ser flagrada assim...muito mico pra uma noite só...

- Hurrum... Mas me beija primeiro...

Fomos para o quarto, esquecendo pelo sofá e pelo tapete, nossas roupas, nos amamos mais uma vez antes de cairmos no sono. No dia seguinte, sexta-feira, acordamos cedo para preparar o café-da-manhã de nossos hóspedes. Dona Lúcia havia pedido a manhã de folga, como ambas estávamos de folga também, poderíamos acompanhar Bernardo e Olivia até o congresso de cirurgia. Mesmo ocupadas preparando o desjejum, Suzana e eu não nos largávamos, não conseguia ficar longe dela por um minuto quando estávamos juntas.

- Bom dia meninas lindas e apaixonadas! – Bernardo entrou na cozinha interrompendo nosso beijo.

- Bom dia Bê, cadê a Lili?

- Aquela enjoada consegue ficar mais enjoada quando acorda, está se emperiquitando.

- Eiii, eu ouvi viu bicha! Já não basta você dar em cima de todos os cariocas disponíveis na noite, ainda me xinga assim? Ai que preciso rever minhas amizades...

-Todos não amiga, mas os melhores sim... Ai que o Rio de Janeiro continua lindo mesmo!

Eu e Suzana ríamos da implicância dos dois, enquanto tomávamos café, não disfarçando o nosso olhar apaixonado de quem passou a noite toda fazendo amor:

- Pelo jeito, quem mais se divertiu não teve que sair de casa né? Olha essa pele menina, que inveja! – falou Lili com jeito despachado.

Logo após o café, saímos no carro de Suzana em direção a São Conrado, era lá o hotel que se realizaria o congresso de cirurgia. Durante o percurso, como carioca orgulhosa de sua cidade. Suzana mostrava os atrativos mais interessantes, entretanto o que mais chamava atenção deles foi mesmo os belos corpos sarados dos carinhas caminhando na orla da praia.

Suzana ficaria de plantão durante a noite, assim, fomos pra sua casa pra que ela descansasse, orientei Dona Lúcia sobre o jantar, e fiquei observando-a dormir o resto da tarde abraçada a ela, afagando seus cabelos.

Deixei-a no hospital no começo da noite, e segui para São Conrado para buscar Bernardo e Olivia, antes disso ainda no estacionamento, nos despedindo avisei:

- Meu amor, os meninos querem fazer um happy hour lá pela orla mesmo, algum problema se os acompanhar? Faz tanto tempo que não conversamos pessoalmente, só por e-mail...telefone...nem tive tempo de falar de nós...e quero que eles saibam o quanto estou apaixonada finalmente...

- Claro que não meu amor, entendo sim...vai e se diverte, eles são ótimos mesmo...mas me liga quando estiver em casa?

Assim, saímos para um barzinho como combinado, contei aos dois curiosos cada detalhe de como me apaixonara por Suzana.

- Como aconteceu isso? Você sempre foi nossa concorrente, os caras mais gatos estavam sempre lambendo o chão que você passava, e você até esnobava mas acabava catando...catou alguma menina também nesse época? – Olivia perguntou intrigada.

- Não louca! E também você é exagerada, nem fiquei com tantos caras assim. Nunca catei menina nenhuma, nunca senti nada parecido por alguém como o que sinto por Suzana, especialmente por uma mulher. Pode parecer clichê, mas me apaixonei por Suzana, não porque é uma mulher, mas pela pessoa que ela é.

- Mona, até pra mim sua namorada é um tesão! E’ bom ter menos uma concorrente... – Bernardo fez um bico afetado e deu uma piscadela pra mim.

Lili queria detalhe de tudo, os mais sórdidos como diria ela mesma. Mesmo a contragosto respondia as perguntas sendo vaga o que a deixava nos cascos. Era tarde da noite já, quando recebemos uma rodada de bebida que não pedimos, estranhamos e o garçom entregou um cartão, com o número de dois telefones e o nome da dona do cartão: Dra. Camila Drumond, neurocirurgiã, no verso:

“Não consegui tirar os olhos de você a noite toda”.

Não contive a curiosidade, depois que Bernardo e Olivia deixaram o queixo cair ao olhar pro lado, onde a dona do cartão nos observava. Era uma mulher realmente linda, ruiva de cabelos cacheados, olhos claros, boca com lábios finos, mas bem desenhados, usava uma bota de couro cano longo, casaco na mesma cor.

Ao perceber que lhe olhava sorriu levantando uma taça de vinho em minha direção. Até ficar a primeira vez com Suzana, nunca prestei atenção em nenhuma mulher, mas uma mulher como aquela, não dava pra passar despercebida, virei o dry Martini de uma vez só, coloquei o cartão sobre a mesa, justo quando meu celular tocou, era Suzana, nem esperei tocar a segunda vez:

- Oi amor...

- Oi minha Bela, não me ligou...

- Não liguei porque ainda não cheguei em casa linda... Mas... Já estamos indo, já até pedimos a conta –falei fazendo careta de culpa.

- Liga quando chegar?

- Claro amor, beijo.

Minhas mãos tremiam como se eu estivesse fazendo coisa errada, coloquei o celular sobre a mesa, e pedi:

- Gente, vamos embora por favor... – olhando pra ruiva que me olhava fixamente.

- Calma amiga, vamos lá pedir a conta.

Peguei o celular e joguei na bolsa, nem percebi que o cartão veio junto com o celular, fui catando casaco, bolsa, acabei derrubando as chaves do carro, quando senti um perfume doce bem próximo e uma mão delicada e macia se aproximando da minha no chão enquanto recolhia as chaves. Bem de perto, a ruiva era ainda mais linda. Levantei rapidamente, enquanto ela sorria pra mim, balbuciei um “obrigada” e saí em disparada do bar em direção ao carro.

-Gente to chocada, eu nunca suspeitaria que uma mulher como aquela fosse lésbica!- Lili falou espantada.

- Você acha que pré-requisito pra lésbica é coçar o saco? – Bernardo falou debochando.

- Ai Bê, não sou tão provinciana assim...olha as mulheres lindas e femininas que nos abrigaram aqui no Rio...

- Aaaahhhhhhhhhhh lembrei! – Bernardo gritou me fazendo quase largar a direção do carro de susto.

- Ai loucaaa, que que você lembrou? – falei recuperando o fôlego.

- Dra. Camila Drumond, é a palestrante de amanhã na conferência principal. A mulher é poderosa, tem PhD em neurocirurgia, estava no exterior, está voltando pro Brasil, vai chefiar a equipe de neurocirurgia do Hospital das Clínicas, pelo que falam ela quer transformá-lo no maior centro de referência de neurocirurgia da América Latina.

Fiquei escutando aquilo tudo lembrando da beleza e do cheiro dela, mas rapidamente eu desviava o pensamento pra Suzana. Ao chegar em casa, a primeira coisa que fiz foi ligar pra ela:

- Gente vão se acomodando aí que vou ligar pra meu amor, depois vamos jantar.

- Amor, cheguei, tudo tranqüilo no plantão?

- Nossa vocês demoraram heim... Está tudo tranqüilo sim, acho até que vai dar pra dormir hoje, se divertiram?


- Ah muito papo pra colocar em dia amor... Mas nos divertimos sim, vamos jantar daqui a pouco, depois continuaremos a fofoca...mas devo dormir logo, amanhã trabalho.

- Então, divirta-se amor, nos falamos amanhã... Ah... te...adoro.

- Também te adoro... Saudades, beijos.

Eu não tinha porque sentir culpa, mas sentia, eu, Bê e Lili varamos a madrugada conversando bobeiras, rindo, mas logo cedo o dever me chamava, Dona Lúcia nos serviu o café, chamei um táxi pros meninos, e segui pro hospital, queria ver Suzana antes que ela saísse do plantão. Encontrei-a no estacionamento, encostada no carro, me vendo descer do carro atrapalhada, derrubando maleta, prendendo jaleco na porta, avistei-a, de óculos escuros, braços cruzados segurando o riso diante de meu momento comédia pastelão então me aproximei:

- Bom dia minha doutora favorita!

- Bom dia minha trapalhona! Estava só esperando você pra ir pra casa... Queria dormir com seu cheirinho.

Olhei pros lados, vendo que não havia ninguém por perto, a abracei forte, e beijei seu rosto:

- Nooossaaa, assim você me deixa doida amor...

- Vai dormir com meu cheirinho amor... Nos vemos a noite, hoje vou exibir minha namorada linda na balada da cidade maravilhosa...

- Vai é?

- Sim... Vou... E você escolhe onde vamos.

A noite, Suzana nos levou pra o desespero de Lili e delírio do Bernardo, a uma boate GLS, acho que estremeceu quando falei em exibi-la, já que era pra exibir, que pelo menos fosse em um ambiente que não escandalizasse ninguém. Apesar das reticências da Olivia, a noite foi muito divertida, ela bebeu todas pra relaxar, acho até que foi catada por uma butch...

Ela negou, mas não nos convenceu, Bernardo sumiu na metade da festa, só nos encontrou na pista lá pelas tantas, com as roupas bagunçadas, eu e Suzana dançamos juntas, namoramos, estava tudo perfeito.

No fim da festa, estávamos em uma mesa na lateral da boate, eu sentada no colo da Suzana, quando percebi Lili e Bernardo se entreolhando de maneira estranha, virei minha cabeça em direção ao bar que era pra onde eles estavam de frente, e vi, ela estava lá, Dra. Camila Drumond. Usava os cabelos presos, com somente uns cachos soltos sobre o rosto, blusa frente única e calça de couro, estava cercada de mulheres igualmente bem vestidas, mas ela não tirava os olhos de mim, até ser agarrada por uma mulata alta, segundo Bernardo uma modelo super conhecida, eu particularmente nunca tinha visto. A mulata a beijava com voracidade e ela correspondia. Notando meu olhar, Suzana perguntou:

- O que foi amor? Tá com inveja? – beijou-me com paixão.

No final do beijo não pude deixar de perceber o desespero do olhar de Lili e Bernardo, virei e ela estava ali na nossa frente, veio cumprimentá-los, já que eles assistiram a sua palestra e foram apresentados por um preceptor da nossa faculdade de Minas. A ruiva olhou-me fixamente, esperando que Lili e Bernardo nos apresentasse, coisa que eles não fizeram. Suzana, muito incomodada com o olhar da ruiva para mim, encarou-a com uma nítida raiva, certamente por isso ela se retirou dali despedindo-se cordialmente de Lili e Bernardo.

- Que ruivinha abusada, não tava vendo que você tem dona?

- Deixa pra lá amor, vamos pra casa? – falei querendo calar o assunto.

- Quem é essa mulher Lili?

- E’... Ela ministrou hoje uma palestra no congresso... Dra Camila Drumond.

- Ah então é essa a famosa?

- Como assim famosa? Você a conhece? – perguntei perturbada.

- Li um artigo dela que foi muito badalado sobre implante de células tronco, parece que vai desenvolver essa técnica no hospital das clínicas de Campinas.

- Ah tah... Mas vamos amor pra casa? Estou cansada e amanhã temos que mostrar a cidade pros nossos hóspedes.

Assim fizemos, voltamos pra casa, Suzana dormiu conosco, e logo cedo saímos em direção aos famosos atrativos turísticos do Rio. A noite os acompanhamos ao aeroporto, e voltamos para meu apartamento. Tomamos banho juntas antes de dormir, enquanto fui pegar água na cozinha, meu celular tocou, pedi que Suzana o pegasse na bolsa, qual não foi minha surpresa ao ver na sua mão um cartão e na outra mão meu celular que a essa altura parara de tocar. Mas que cartão era esse afinal que deixara a Suzana tão pálida? Aproximei-me:

- Parou de tocar, você viu quem era? – disfarcei minha curiosidade com o cartão que ela segurava, entregando-lhe o copo de água pegando o celular.

- Era sua irmã –respondeu friamente.

- E que cartão é esse que você tá segurando?

- Não sei, você é que vai me dizer, estava na sua bolsa – jogou o cartão na minha direção, com os olhos marejados.

SOCIEDADE SECRETA LESBOS - OITAVO CAPÍTULO

Capítulo 8



Algum tempo depois, Amy despertou. Talvez, nem tenha se passado tanto tempo assim, ainda ouvia o barulho da música e a movimentação de pessoas no jardim.

Descalça ainda, colocou a máscara e saiu pela festa buscando à morena que a enlouquecia. Foi até o jardim, depois no quintal, viu casais se pegando. Viu irmãs atracadas com outras nas portas dos quartos quando voltou ao seu, mas nada de Esther.

Pensou que certamente Esther estava catando alguma menininha... Sentiu tristeza, ciúme, revolta... Subiu mais um andar, na esperança de encontrar Laurel já em seu quarto. Quando chegou ao segundo andar, ainda nas escadas ouviu um som de música não compatível com a que tocava na festa, era suave. Levada pela curiosidade, foi subindo mais um lance de escadas em direção ao terceiro andar, o domínio de Esther.

Seguiu para o salão da cobertura, viu a morena sentada junto ao piano, concentrada na música que tocava. A loirinha aproximou-se com passos calmos, lentos, a fim de não interromper nem a canção, nem a concentração de sua irmã guia. Pôde notar nos olhos de Esther uma lágrima prestes a cair, ficou tocada com a imagem. Talvez por isso, ficou mais nervosa, acabou tropeçando em um puf, chamando a atenção da morena.

-- Desculpa, Esther, não quis interromper...

-- Shii... Vem cá...

Esther tinha outra expressão, mais calma. Isso fez com que Amy caminhasse em sua direção, sem medo. A morena a puxou pela cintura, posicionando-a entre ela e o piano, o corpo de Amy deslizou pelas teclas até sua barriga ficar na altura da boca de Esther, que permanecia sentada no banco.

As mãos de Esther subiram por baixo da capa que cobria Amy, desatou os laços do vestido, deixando a loirinha apenas de calcinha. O corpo da novata tremia inteiro sentindo as mãos quentes da morena que percorriam a pele alva e macia com um tesão quase pulsante.

Esther comia Amy com os olhos, seu olhar deixava a loirinha ainda mais excitada. Assim, entregava-se às mãos da morena, oferecendo ainda mais sua barriga e pernas.

Os lábios de Esther se uniram àquela pele que de tão arrepiada parecia suplicar um contato mais íntimo, e quando isso enfim se concretizou, Amy jogou seu corpo para trás num gesto de entrega. Percebendo isso, Esther se levantou e se deliciou entre os pequenos seios firmes da loirinha, que gemeu alto em resposta ao prazer que aqueles lábios estavam lhe dando.

Amy, então, colocou seus dedos em meio às madeixas negras de Esther puxando sua cabeça para junto de seu rosto. A morena mordia seus próprios lábios explodindo de vontade de tomar a boca de Amy. O contato dos olhos das duas faiscava de desejo até se entregarem, enfim, lábios, bocas, línguas, se unindo em um só movimento sincronizado, molhado, ardente.

O corpo de Esther se curvava ainda mais sobre o da novata, extraindo som das teclas do piano. A morena segurou firme nas nádegas de Amy, suspendendo seu corpo. A loirinha imediatamente envolveu suas pernas na cintura de Esther. Não separando suas bocas, a veterana levou Amy até o sofá de couro deixando seu corpo cair sobre o dela.

Amy não conseguia manter um compasso em sua respiração, seu coração parecia romper sua carne tamanha era a pulsação em seu peito. Nunca experimentara aquele conjunto de sensações prazerosas, ela só sabia que seu desejo era demais, queria muito mais de Esther, e seus olhos diziam isso.

Olharam-se por alguns segundos, um sorriso verdadeiro surgiu nos lábios de ambas, depois, entregaram-se novamente a um beijo urgente, quente. Esther alternava o beijo com pequenas mordidas nos lábios de Amy, sugava sua língua como se fosse a fruta mais saborosa de estação, enquanto as mãos da novata exploravam cada curva do corpo latino definido, por baixo do vestido que Esther se esforçava para tirar, se entregando ao toque delicado e quente de Amy.

Os corpos de ambas estavam colados, nus, sentindo o calor que emanava de cada uma. Esther movimentava seus quadris entre as pernas de Amy, roçando os sexos molhados. A loirinha tentava acompanhar aqueles movimentos até que eles ficaram sincronizados, no início lento, depois mais forte, mas em um ritmo absolutamente incrível. De tão intenso, os gemidos se propagavam naquele ambiente abafando qualquer outro barulho externo.

A morena desceu uma de suas mãos penetrando dois dedos no sexo encharcado de Amy. Com o peso de seu corpo, continuou a penetração alternando entre estocadas leves e superficiais, com algumas mais profundas e fortes. Num frenético vai-e-vem, as duas atingiram o ápice.

Esther deitou-se sobre Amy que a abraçou na tentativa de recuperar seu fôlego, ainda sentindo suas pernas trêmulas. Acariciou seus cabelos negros macios, enquanto a morena ouvia a batida acelerada do coração da loirinha com sua cabeça junto ao peito.

Ficaram ali, alguns minutos, abraçadas, sem nada dizer. Amy nunca esperou que o sexo com uma mulher fosse tão intenso, tão prazeroso, tão completo. Não tinha uma larga experiência sexual com rapazes, mas nunca gozou daquela forma, muito menos, desejava tanto alguém como a Esther.

A morena, pelo contrário, conhecia o que era sentir e dar prazer a uma mulher, mas o desejo por Amy era mais do que físico. Tomar aquele corpo e estar nos braços dela era uma sensação inédita de conforto, de bem-estar, um prazer que se estendia desde o sexo incrível que tiveram, até aquele momento de tranquilidade entre seus corpos que se procuravam com carinho e excitação.