terça-feira, 10 de abril de 2012

Notícias

Olá meninas

Desculpem a demora, mas está o primeiro dos últimos quatro capítulos dessa novela que já completou 1 ano!kkkkkkkkk
Tem uma galera achando que já estou enrolando demais, aí concordei rs, então, os próximos 4 capítulos serão os últimos.
Beijos e até o final de semana!

LEIS DO DESTINO: 2ª FASE

2.35 Ab imo pectore
Do fundo do peito; do fundo da alma, com franqueza. 


            Natalia encontrou Diana em seu apartamento. A loirinha estava distraída, com os olhos inchados e o rosto marcado pelas inúmeras lágrimas derramadas nas últimas horas, absorta nos acontecimentos estressantes daquele dia.


-- Amor? Procurei você no fórum, mas não te achei mais, nem no outro apartamento... Seu celular estava desligado... Imaginei que você estivesse aqui.


-- Precisava ficar sozinha.


-- Você se saiu muito bem no depoimento. Apesar daquela postura questionável do Pedro. Não imaginei que seu pai apelasse para isso.


-- Meu pai?


-- Claro meu amor, o Pedro é advogado dele, deve ter combinado Acrisio sobre que aspecto ele exploraria ao fazer perguntas a você.



            Diana emudeceu. Não por concordar com Natalia, mas por não suportar mais martelar naquela questão que lhe feria de uma maneira que a namorada parecia não estar sensível.


-- O julgamento não deve demorar. Com a pressão da mídia, certamente logo será agendado.



            Natalia continuou a falar tentando decifrar o silêncio, e a apatia da namorada.


-- Meu amor eu sei que não está sendo fácil para você, eu queria tanto evitar isso, mas seu testemunho era fundamental... Ainda temos uma dura missão de provar o envolvimento do seu irmão, para isso precisava do seu testemunho e o de Danilo.



-- Claro Nat.


-- A imprensa está noticiando tudo, não imaginava que a repercussão seria tamanha! Pudera, é um caso histórico.


            Diana permaneceu calada. Natalia sentou-se ao seu lado na cama, oferecendo seu braço para a loirinha recostar-se, Diana inclinou a cabeça, e deixou que novamente o pranto angustiado tomasse forma em lágrimas silenciosas.


-- É uma grande vitória para nós, para a justiça brasileira, para a família das vítimas, para a história desse país. Você está contribuindo para isso, estou orgulhosa da sua força meu amor.



-- Nat, se você não se incomoda, não quero mais falar nisso. Se eu pudesse voltar atrás teria optado por não depor contra meu pai, como não tive essa coragem, eu não quero remoer esse assunto.


-- Mas... Meu amor você não tem que se sentir assim.


-- Nat, não vamos discutir, por favor...


            A exaustão de Diana dava sinais físicos, quanto a Natalia, cada vez menos conseguia esconder a satisfação por ter convicção da condenação de Acrisio. Com tais sentimentos discrepantes para a harmonia do casal, naquela noite as duas mal se falaram, se detendo a poucas palavras, e uma troca quase fria de carinho e sorrisos que escondiam a apreensão e o desconforto entre as duas.


            Com a repercussão do caso Acrisio, a rotina de Natalia naquela semana foi regada a dezenas de entrevistas a diversas mídias, as quais foram assistidas com pesar por Diana. A loirinha ainda procurou o pai na Verdes Canaviais e estranhamente, o pai a tratou como se nada estivesse acontecendo, exceto por informar que Douglas estaria viajando para Nova Iorque para uma avaliação psiquiátrica na clínica que o médico indicado por Diana recomendara.


-- Ele vai acompanhado da mulher dele, eu gostaria de ir, mas como não posso sair do país...


-- O Dr. Foster me manterá informada pai, qualquer coisa comunico ao senhor.


-- Obrigado filha.


            Em um momento raro, Diana estava de novo diante do pai, relaxada das desavenças que os separaram por anos. Apesar dos assuntos tensos que cercavam a família no momento, pai e filha conversavam desarmados de mágoas, em uma relação surpreendentemente normal.



-- Minha filha, eu não conheço você tão bem como sua mãe conhecia, mas, eu vi que ainda existe sentimento entre você e a promotora. Depois de todos esses anos, será que vocês não conseguem finalmente se entender?



-- Esse é o pior momento para nos entendermos não acha papai?


-- Não é mesmo uma situação fácil. Mas, não gostaria de carregar a culpa de ter acabado o amor de vocês, apesar da minha ignorância, eu sei que mesmo não sendo um amor como os outros, é bonito também, eu acho.



            Diana sorriu, notando o esforço do pai para escolher as melhores palavras para não ofendê-las.


-- Pai, é um amor bonito sim, como todo amor. Se for nosso destino, ficaremos juntas.



            De volta ao apartamento que dividia com Natalia temporariamente, Diana tomou uma difícil decisão.

*********

            Natalia chegou cansada do trabalho, depois de enfrentar o trânsito infernal de sexta-feira em São Paulo antes de um feriadão.


-- Di? Amor, cheguei!


            A morena seguiu para o quarto á procura de Diana.


-- Que trânsito! Amor, eu estava pensando, feriadão... Que tal uma praia? Algum lugar deserto que possamos ficar juntinhas...


            Natalia falava enquanto se desfazia do terno, e da sandália alta, quando avistou no canto duas malas, e a namorada saindo do banheiro com uma necessarie.



-- Que malas são essas? Está me preparando outra surpresa meu amor? Adivinhou meus pensamentos e estamos mesmo viajando para curtir o feriadão?



            Diana baixou os olhos e respondeu triste:



-- Eu estou viajando Nat.


-- Sozinha? Pra onde? Alguma coisa urgente meu amor? Aconteceu alguma coisa?


-- Sozinha sim. Estou voltando para Nova Iorque e de lá sigo com a exposição itinerante pelas embaixadas americanas.


-- Mas já? Você me disse que demoraria...


-- Demoraria por uma decisão minha. Mas, mudei minha decisão acerca disso, e a organização antecipou a agenda.


-- Por que você mudou sua decisão? O que está acontecendo Diana?


-- Aconteceu a gente Natalia.


-- Do que você está falando Diana?


-- A gente Nat. A gente no meio desse tufão de eventos e apesar de estar no rol de acusação ao seu lado contra meu pai, estou na verdade do lado dele. E por não ter certeza sobre certo e errado nessa questão eu prefiro me afastar antes que me distancie de você o suficiente para não conseguir voltar atrás.


-- Diana que besteira é essa? Não brinca comigo...


-- Nunca brincaria com isso Natalia. Você não está errada em lutar pela condenação do meu pai, por acreditar que ele é o mandante pelos atentados contra você... Você não tem culpa de me julgar uma filha carente e ingênua, mas em contrapartida, eu não tenho culpa por ter esperanças de que eu esteja certa e acreditar que posso reconstruir minha relação de filha com o homem que eu passei a ver como monstro desde a minha infância.



-- Diana tudo bem você querer se aproximar do seu pai, ele está tentando é normal você se sentir assim, mas não precisamos nos separar por causa disso...



-- Natalia nós já estamos nos separando, mas gradativamente... Isso é muito mais doloroso... Eu me afasto a cada vez que você o acusa de monstruosidades, me afasto cada vez que você o acusa de me manipular, assim como você se afasta a cada vez que eu compartilho com você um momento meu com ele, uma esperança que eu tenha.


-- E por isso você vai desistir do nosso amor? Depois de tudo que enfrentamos?


-- Não estou desistindo, estou recuando para proteger nosso amor, assim como você fez anos atrás, quando estávamos despedaçadas demais para ter uma relação inteira, se lembra?



-- Não Diana... Não faz isso...


-- Nat, eu sangro todas as vezes que discutimos por causa do meu pai... Você torce o nariz até quando vou vê-lo...


-- Claro! Você volta dessas visitas com seu pai sendo um novo ídolo! Ele te manipula e você gosta disso!


-- Está vendo? Não quero mais isso Nat, eu não quero mais ouvir esse tipo de coisa.


-- Então você volta para Nova Iorque, volta para Rosana também não é? Ela te compreende, ela não está a beira de colocar seu pai na cadeia!



            Natalia berrava com o rosto coberto de lágrimas.


-- Não estou voltando para Rosana, nada mudou, eu sou sua, eu amo você. Mas está tudo errado Nat... Eu sou obrigada a esconder coisas boas que acontecem comigo para não ter que enfrentar seu sarcasmo, sua desconfiança, isso não está certo, estamos sabotando nossa relação!


-- O que você está me propondo então? Quer dar um tempo? Não quero isso, não quero tempo nenhum longe de você! Isso só vai aumentar esse abismo entre nós.


            Natalia gritava andando de um lado para outro no quarto.


-- Natalia o abismo está tão grande que precisamos gritar uma com a outra para nos ouvirmos...


            Diana sentou-se na cama arrasada com a própria conclusão deixando o pranto escorrer pelo seu rosto. Natalia por sua vez encostou-se na parede como se não suportasse de pé o peso daquela verdade.


-- Não vamos suportar juntas os dias que virão Nat. Preciso sair desse furacão. Além do mais, acompanhando o tratamento de Douglas nos Estados Unidos, eu fico mais segura de que nada te acontecerá, nem a você nem a ninguém envolvido nessa confusão.


-- Não acredito que seu pai está nos separando de novo.


-- Natalia para com isso... São nossos problemas, não tem ninguém nos separando exceto nós mesmas... Enquanto você não reconhecer isso, nossa relação vai estacionar em desconfianças, inseguranças, pontos de tensão... Como a gente vai crescer assim? Amor não nos falta, o que sinto por você é tão maior que tudo, tão maior do que eu mesma... Mas o que estamos fazendo com esse amor me preocupa. Qualquer discussão nos abala, Nat isso não é culpa de ninguém, só nossa!



-- Quanto tempo você pensa em ficar por lá?



-- Não quero estipular um prazo. Quero cumprir a agenda, quero me inteirar do tratamento do Douglas, assegurar que ele está de fato se tratando e principalmente, quero me refazer, encontrar meu equilíbrio para estar forte quando eu precisar dessa fortaleza.


-- Está se referindo à condenação do seu pai?


-- Sim. É praticamente certa a condenação, quero estar livre dessas mágoas para que isso não interfira ainda mais no nosso futuro juntas.


-- Até lá o que vai ser de nós? O que vai ser de mim sem você?


            Natalia falou segurando o choro. Diana respirou fundo, limpou o rosto das lágrimas e respondeu:


-- Nós vamos amadurecer. Vamos proteger nosso amor. Vamos continuar juntas no coração, em pensamento como sempre foi.


-- Não vai Di... Você lá, longe de mim, a Rosana... E aquele monte de mulheres te secando, assediando...


-- Natalia! Não tenho a menor disposição nem sentimento para me envolver com mulher nenhuma, você não acredita no meu amor por você?


-- Acredito, claro que sim.


-- Então, confie em mim, confie em nós. É hora de praticar a confiança em mim, coisa que você nunca teve completamente...


-- Tenho motivos pra isso, falando historicamente não é amor?


-- Eu nunca te traí Nat.


-- E a Rosana?


-- Deus! Já repeti dezenas de vezes que inventei aquilo! God! Como você ainda remói esse assunto? Está vendo como precisamos amadurecer? Você precisa confiar em mim!

            Natalia torceu os lábios relutando em dar razão à Diana.


-- Eu tenho mesmo problemas de confiança não é... – Natalia comentou.


-- Tem. E tem também a cabeça mais dura que conheço... Admiro sua integridade, força, mas a verdade não é sempre a mais fácil de ser vista, e você tem que aprender a enxergar mais além do que o óbvio.


            Diana se levantou e caminhou até Natalia, e a abraçou.


-- Não quero te perder Di...


-- Você não vai me perder... Encomendei milhares de quilômetros de corda invisível, que só os inteligentes e apaixonados podem ver, vou amarrá-la agora aqui no seu pescoço e no meu...


            Diana brincou fazendo a mímica do movimento imaginário, beijando o pescoço da namorada em seguida.


-- Pronto, o beijo ainda deixou a corda mais forte!


-- Vou puxar essa corda o tempo todo...


-- Olha lá... Não vá me enforcar heim?!


            As duas sorriram e ao mesmo tempo se encararam com seriedade em seguida.


-- Aconteça o que acontecer, saiba de uma coisa: eu amo você com tudo que sou, com tudo que tenho em mim.


            Natalia disse com os olhos marejados.


-- É por te amar da mesma forma que tomei essa decisão meu amor. Você entende isso?


-- Nesse momento não... Mas acho que preciso praticar confiança não é?


-- Hurrum.


            Diana recolheu as coisas que ainda precisava antes de fechar as malas e travando uma luta grotesca entre a sensatez e o desejo caminhou em direção à porta evitando encarar Natalia. A fotógrafa sabia que se olhasse para o verde dos olhos da namorada, nublado pelas lágrimas que caíam sem cessar pelo rosto dela, perderia a coragem de prosseguir naquela decisão. De costas para Natalia, Diana parou diante da porta do quarto e disse:


-- Não é pra sempre Nat. Eu te amo e nada vai mudar isso.


            Natalia não respondeu. Diana ouviu apenas os soluços quase inaudíveis da sua amada, e isso foi o suficiente para romper seu peito em uma dor excruciante. E em mais uma das ironias do destino, a trilha sonora daquele momento foi tocada por algum vizinho mal educado que ouvia em volume alto:


                       
Ainda tenho tantas coisas pra te dizer
E saber.
Você que sempre me ganha
Antes de me perder
Me faz ver.
Em cada melodia e letra que eu vou escrever
Tem você.
Sua boca me leva aonde vou me perder
Mesmo se não for pra sempre
Volto pra te buscar
Mesmo que eu siga em frente
Um dia vou te levar,
Mas não vá.
Ainda é tudo seu aqui
É tudo seu.
As horas vivem com pressa
Eu ando devagar.
Segredos moram comigo
Eu gosto de contar, pro céu.
A vida inteira é muito pouco só pra começar
Desvendar.
E quando os olhos se esquentam,
Eu perco a direção e a razão.
Mesmo se não for pra sempre
Volto pra te buscar.
Mesmo que eu siga em frente
Um dia vou te levar,
Mas não vá
Ainda é tudo seu aqui,é tudo seu
Ainda é tudo seu aqui,é tudo seu
Ainda é tudo seu aqui,é tudo seu
Ainda é tudo seu aqui,é tudo seu
Mesmo se não for pra sempre
Volto pra te buscar.
Mesmo que eu siga em frente
Um dia vou te levar,
Mas não vá,não,não,não
Ainda é tudo seu aqui,é tudo seu
Ainda é tudo seu aqui ,é tudo seu
Ainda é tudo seu aqui,é tudo seu
Ainda é tudo seu aqui, ainda é tudo seu
E sempre vai ser seu.
Ainda é tudo seu,tudo seu.
Ainda é tudo seu,tudo seu,
Ainda é tudo seu,tudo seu.



(Ainda é tudo seu – Luiza Possi)



            E mesmo que não fosse pra sempre, Natalia e Diana sentiram mais uma vez a dor da separação. Mesmo que a promotora atribuísse a culpa de novo a Acrisio, no fundo ela reconhecia que Diana tinha uma razão ao decidir se afastar antes de abrir feridas mortais à relação delas. A loirinha por sua vez, abraçou o volante do carro como se não suportasse o peso daquela avalanche de lembranças que a unia e ao mesmo tempo a separava de seu amor. As lágrimas vieram fáceis, a força que ela impôs a si mesma para impedir de voltar atrás era tamanha que chegou a contrair seus músculos, ficou rígida ali agarrada naquele volante deixando o pranto guiar seus passos em direção ao aeroporto.


            Antes de partir, pediu a Acrisio e Danilo que a encontrasse. No saguão do aeroporto, pai e filho encontraram a loirinha que comunicou a sua decisão.



-- Minha filha você não precisa se sacrificar assim. Douglas não está só em Nova Iorque, está com a mulher dele.


-- Pai, aquela mulher está mais interessada em fazer compras nas lojas de marca de Manhatan do que acompanhar o marido em um tratamento. Fico mais tranquila estando por perto, pelo Danilo também, afinal Lídia está lá perto. Sem contar que só assim me asseguro que ele não está nos enganando nesse tratamento.


-- Não vou negar que fico bem mais tranquilo com você por lá maninha. – Danilo comentou.


-- Diana... – Acrisio puxou a filha para mais perto afastando-a do irmão – Você não tem que fazer isso. Fique, não deixe que os problemas dessa família te desviem da sua felicidade.


-- Pai eu tenho outros motivos para ir agora.


-- Por minha causa você deixou a pessoa que você amava anos atrás. Eu não gosto disso, mas, se é uma mulher que você ama, fique e lute por ela. Eu vi nos seus olhos quando estava diante dela o quanto é forte o que você sente pela promotora.



-- Pai, justamente por amá-la muito é que estou fazendo isso, me prometa que vai manter sua palavra, e vai continuar protegendo-a.



-- Não precisava nem pedir, quanto a isso não se preocupe. Cuide-se, e não fique sem me dar notícias.



-- Pode deixar pai, e o senhor, se cuide também, e cuide do Danilo.



****************


            Com os olhos inchados, Natalia chegou ao seu gabinete, completamente apática a dezenas de compromissos do dia que Carla enumerava.



-- Nat o que aconteceu? Vi que o carro da Diana não estava na garagem nem ontem a noite, nem hoje de manhã. Vocês brigaram? Ela voltou para o apartamento dela?



-- Sim. Voltou para o apartamento dela em Nova Iorque.


-- O que?!


-- Isso mesmo que você ouviu.



            Natalia narrou chorosa a partida de Diana para Carla que ouvia atentamente.


-- Eu sinto muito por vocês minha querida. Eu sei o quanto vocês duas se amam, mas também sei o que Diana estava atravessando no meio desse fogo cruzado. Vocês estavam se machucando demais, tanto que a distância entre vocês já era visível.



-- Se você soubesse o quanto estou desejando nesse momento voltar atrás em tantas coisas... A essa altura aceitaria me afastar desse caso com aquele atestado médico, ficar longe dessa sujeira do caso Acrisio e ficar ao lado da Diana...



            Natalia pausava para enxugar as lágrimas teimosas.



-- Infelizmente isso não é possível. Tente fazer o que a Diana pediu, quem sabe daqui a algum tempo vocês duas estejam prontas e inteiras para esse amor.


-- Eu vou fazer isso sim... E vou enfiar minha cara nos estudos também. Saiu o edital para o Tribunal de Justiça, e quero passar.



-- Nós duas queremos não é chefe? Vamos estudar juntas.


-- Ótimo Carlinha, vamos fazer o que queremos desde a faculdade, vamos ser juízas!


            Carla segurou a mão de Natalia apoiando o plano e mais que isso, confortando a amiga.



-- Vamos sim minha amiga, não vou deixar você desanimar, inclusive da Diana. Eu sei que vocês duas são o destino uma da outra.

*******

            Por não conseguir controlar sua insegurança e seu ciúme, as conversas com a namorada por telefone e por chat foram se tornando cada vez mais raras entre Diana e Natalia, agravando o sofrimento de ambas. Com uma dose de paciência a mais, a fotógrafa por vezes preferiu ignorar o sarcasmo e as desconfianças da morena acerca da sua rotina que se resumia a trabalho e a visitas diárias ao irmão internado na clínica nos arredores de Nova Iorque. Natalia duvidava da tranquilidade que Diana se refugiava, afirmando ser impossível a loirinha se manter distante das badalações que cercava Diana e os amigos naquela metrópole.

            O refúgio que a promotora encontrara, ou seja, os estudos, não eram o bastante para ocupar a mente conturbada dela. A situação se tornou insustentável para Diana, que precisava de um mínimo de paz para cumprir sua missão com Douglas e dar continuidade à sua exposição pelos países listados pela embaixada americana.


-- Uma semana sem notícias Diana? O que você está pretendendo? Quer me dispensar de vez? Por que não faz logo isso?


-- Natalia eu estou em uma correria esses dias, você estava em julgamento nos últimos dias, e te mandei mensagem...


-- Imagino sua correria, nem para mais em casa, liguei e só caia na secretária eletrônica.


-- Não estou em Nova Iorque Nat. Estou em Amsterdã.


-- E nem pra me avisar?


-- Meu amor eu te avisei que essa semana estaria na Europa...


-- Diana você está me enrolando!


-- Olha só, eu preciso desligar, mais tarde nos falamos.


-- Sempre assim, escapando para não me dar explicações...


-- Não é isso meu amor. Preciso mesmo desligar, tenho uma coletiva de imprensa agora.


            Natalia desligou irritada. Carla que a esperava na sala do apartamento para continuar os estudos, indagou:



-- Brigaram de novo?


-- A Diana parece estar fugindo de mim... A gente não consegue mais conversar Cacá! Eu sabia que esse afastamento ia ser nosso fim. Esses três meses que se passaram parecem uma eternidade de desentendimentos.


-- Nat... Procure falar com ela desarmada, você já vai cobrando explicações...


-- Vamos continuar respondendo o simulado on-line, não quero pensar na Diana agora...


            Carla assentiu com um gesto, e abriu seu notebook. Na pagina inicial um site de notícias trazia uma pequena manchete que não passou despercebida por Natalia:
“cantora brasileira Rosana Campos faz turnê na Europa e comemora seu sucesso”


-- Clica na notícia Cacá!


-- Nat, vamos estudar, para com isso!


-- Quero ler a notícia Carla, clica!


            Carla leu reticente a notícia inteira:


-- “A cantora brasileira Rosana Campos, conhecida pelo público internacional como Miss Flower, inicia esse mês a turnê pela Europa, divulgando seu álbum considerado pela crítica um dos melhores do ano de 2011. A cantora faz show hoje em Amsterdã para um público esperado de 20mil pessoas.”


-- Eu sabia que Diana me escondia algo! Ela está com a Rosana em Amsterdã!


-- Nat não delira vai... Também vi que a Diana estava expondo lá hoje, é apenas uma coincidência.


-- Não acredito em coincidências há muito tempo Cacá. Esqueceu que ela já me traiu com a Rosana?


-- Acho que você está paranoica. E essa paranoia está causando mais estrago do que Acrisio na relação de vocês.

            Natalia não se conteve, imediatamente ligou para Diana insistentemente, atrapalhando a entrevista que a fotografa concedia. Tensa, temendo ser algo mais grave dada a insistência da namorada, Diana pediu licença e se afastou para atender.



-- Natalia o que houve? Estou no meio de uma entrevista!


-- Com quem? Com a sua ex-namorada dona Flor? Eu estou sabendo Diana, acabei de ver na internet, ela também está aí em Amsterdã!



-- O quê?! Quem?



-- A Rosana, não me enrola Diana!



-- Você está louca Natalia! Vou pedir uma vaga na mesma clinica que meu irmão está!


            Diana desligou furiosa o telefone. Natalia por sua vez, encarando Carla, pareceu recobrar a razão imediatamente.


-- Eu estou mesmo enlouquecendo...


-- Ainda bem que você mesma disse isso...


-- Estou fazendo exatamente tudo ao contrário do que ela me pediu...


-- Pois é, paranoica, completamente!


            Carla fez um gesto engraçado arrancando um sorriso da promotora.



-- A Diana me ama mesmo, só me amando muito para suportar uma louca descontrolada como eu.


            Natalia disse balançando a cabeça refletindo numa forma de mudar aquela situação.


-- Carlinha, topa fazer uma loucura comigo?


-- Ai meu Deus, o que vai ser agora? Quer que acionemos um satélite da NASA para monitorarmos a Diana?


-- Algo mais simples... Como sei que você é toda endinheirada...


-- Por que acho que isso é mesmo uma loucura?


-- Por que é! Precisamos agir agora!

***********

            Diana voltou para o hotel logo após a entrevista concedida a imprensa. No elevador se surpreendeu com a entrada apressada de uma bela mulher bem conhecida:


-- Rosana?!


            A cantora igualmente se surpreendeu, ficou estática, mas logo deixou um sorriso discreto escapar cumprimentando a ex-namorada.


-- Oi Diana.



-- Como alguém acreditaria que é pura coincidência? – Diana pensou alto.



-- Por que coincidências não existem.


-- Nem brinca com isso.


            Rosana sorriu. A porta do elevador se abriu e Diana disse:


-- Meu andar. Foi bom te ver.


             Rosana apenas acenou em acordo. Antes da porta do elevador se fechar novamente, a cantora disse:


-- Esse encontro não é coincidência Diana, é providência do destino.