domingo, 2 de dezembro de 2012

Desilusão, desilusão, danço eu, dança você, na dança da solidão...

Dezembro chegou. Seria uma festa para nós em outras circunstâncias. Mas aquilo que parecia tão sólido e encantado se desfez diante de mim quando eu menos esperava, em um momento tão delicado, confuso e por si só doloroso.

Estou cansada do silêncio do meu celular, do silêncio das minhas noites e dos vazios dos meus dias, hoje regados a companhia de anti-depressivos, ansiolíticos e soníferos com seus coloridos pretos e vermelhos em um canto seguro para minhas angústias serem amenizadas.

Estou cansada da minha cama vazia, e seu cheiro entranhado nela e em mim, por tanto tempo juntas, nossos cheiros se confundem, a ponto de não encontrar um perfume que não me traga pra perto o aroma de sua pele na minha.

Estou cansada de vagar pelos cômodos da minha casa e rever nosso primeiro e último beijos. Reviver cada chegada, cada partida, cada aventura, cada madrugada de amor, cada riso de felicidade e emoção nas reconciliações.

Estou cansada de rever os presentes e dos momentos que eles representaram. Estou cansada de dormir sem te dar boa noite e não te acordar com meu bom dia. Estou cansada de não ter mais as piadas que só nós duas entendíamos, cansada de ter que abrir mão todos os dias de um sorriso dedicado a você quando meu pensamento viajava até o seu.

Estou cansada de não te mimar e não ter seu conforto e segurança do meu lado. Cansada de cultivar uma saudade de alguém que parece não existir mais, exceto nas minhas lembranças que cada vez mais se tornam ilusões ou desilusões, não sei mais se minha língua consegue descrever momento tão oscilante e surreal.

A sensatez me manda esquecer, me ensina sobre amor próprio, me impulsiona a entender o que é um fim. Mas o coração... Ah esse maldito e ridículo coração, esse definitivamente não colabora com a razão... E me traz todo dia, aquelas canções, que se tornaram nossas e as que não eram, agora passam a ser, porque ironicamente o destino se encarrega de esfregar nos meus ouvidos cada pedaço de nossa história e da minha dor nos mais diversos intérpretes no meu rádio.

Vejo você em cada carro igual ao seu passando perto de mim. Vejo você em cada lugar que passamos juntas, revivo tudo, com saudade e dor, num misto de revolta comigo mesma e uma decepção profunda por ainda estar guardando com um carinho involuntário o que sensatamente deveria deixar no passado no momento que sua boca proferiu: ACABOU.

Um verbo, uma ação: ACABAR. Acabou de fato. Acabou uma parte de mim, acabou o visgo de felicidade, acabou a inspiração de uma escritora amadora, acabou com sonhos, acabou com planos, acabou sobretudo com a melhor parte de mim que você descobriu  e levou junto com você. Acabar, sinônimo de egoísmo, covardia, desilusão. Mas quem ficou na solidão?

Solidão de não ter mais com quem dividir tudo...solidão que me deixa a cada dia mais vulnerável, você me disse"estarei sempre ao seu lado, você não está só" adivinha? Ilusão...

"Se ela me deixou a dor, a dor é só, não é de mais ninguém..."