sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Presente de ano novo pra vocês!

Último dia do ano e para atrair boas visões em 2011 encerro os posts desse ano com um presente para vocês: Megan Fox... ai ai

Lésbicas no cinema

Já ouvi muito e repeti a máxima: O mundo é gay, mas, cada vez mais tenho certeza disso rs
Gays, lésbicas estão em toda parte inclusive na mídia: novelas, reality shows, música, cinema: Adoooooro.

Esses dois últimos dias assisti dois filmes com estrelas hollywoodianas em cenas quentes lésbicas, e claro maravilhosas.

O primeiro é Black Swan (Cisne Negro) com a fofa Natalie Portaman.
Sinopse: Nina (Natalie Portman) é uma bailarina profissional que ama o que faz. Quando o diretor artístico de sua companhia decide substituir a bailarina principal, Nina é a primeira opção. Mas ela tem a competição de uma novata, que também impressiona. A rivalidade das duas aumenta e Nina fica, cada vez mais em contato com o seu lado negro.

Gente é o seguinte: o filme é carregado, Nina logicamente devia estar se tratando de esquizofrenia ao invés de estar dando piruetas no ballet. Também pudera, com a mãe que ela tem só podia ser doida a coitada. A cena do filme com a personagem Lily é tudo de bom, comentei com minha namorada ela viu o trailer e deduziu "devem cortar a cena no filme, se não vira putaria!" kkkkkkkk, mas enfim virou rs, não vou tecer mais comentários para não tirar a graça pra quem desejar assistir, filme premiadíssimo, pra quem gosta de dramas é uma boa escolha.



O segundo filme: Chloe acabei de ver, é novo, de 2009. A Amanda Seyfried (Mama Mia) parece ter gostado de beijar mulheres no cinema, primeiro (e com chave de ouro) foi a Megan Fox em Garota Infernal, agora a Juliane Moore. Filme mais simples menos denso do que Black Swan, a Juliane dá um show, atriz maravilhosa, interpreta uma mulher insegura no casamento com todos os tormentos da meia idade, no seu papel de mãe e principalmente de esposa. A Amanda, que interpreta uma garota de programa mostra seu lado sexy, apesar de não gostar de loiras, ela estava realmente linda e deu a pegada na Juliane... Ai ai... Final previsível,mas o filme tem detalhes interessantes eu recomendo.

Sinopse: Catherine e David, ela uma médica, ele um , são à primeira vista, o casal perfeito. Felizes, com um filho adolescente talentoso, eles parecem ter uma vida idílica. Mas quando David perde um vôo e consequentemente sua festa de aniversário surpresa, Catherine começa suspeitar do marido. Colocando em cheque a sua fidelidade, ela decide contratar Chloe, uma acompanhante para seduzir David e testar sua lealdade.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Drauzio Varella: “A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados”


A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência à existência de mulheres e homens homossexuais. Apesar dessa constatação, ainda hoje esse tipo de comportamento é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (ou Deus) criou órgãos sexuais para que os seres humanos procriassem; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?

Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em virtualmente todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homossexuais que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual envolvendo fêmeas e machos foi documentado em pelo menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

Relacionamento homossexual entre primatas não humanos está fartamente documentado na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal fazem parte do repertório sexual de todos os primatas não humanos já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas rigorosas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela simples existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por capricho individual. Quer dizer, num belo dia pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas como sou sem vergonha prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser fascistas a ponto de pretender impor sua vontade aos que não pensam como eles.

Afinal, caro leitor, a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?

(Portal Drauzio Varella)

Como é o sexo de cada signo

Sugestão do meu amor...rs, será que dá certo com vcs?

Christian Pior é um dos atores do programa Pânico na TV e usa seu twitter não só para manter relações com seus fãs, mas também explora bastante seu humor inteligente. Essa semana ele deu uma de astrólogo e disse como cada signo faz sexo.


LIBRIANOS: só transam com gente bonita ou interessante, adoram música, lençóis finos e romantismo. Mesmo que o sexo seja casual, não o banalizam.

Embora o VIRGINIANO seja discreto e clássico, é um furacão da indecência, sexo quente e vadio, deixando a pessoa PASSADA. Recomendo!Lado B forte.

LEONINOS: transam se olhando no espelho, gritando na hora do orgasmo e tentando se superar, pra ser a transa mais inesquecível da pessoa.

CANCERIANOS: transam calados, aguentam horas a fio e preferem dar a receber prazer, porque isto é um tipo de controle emocional.

GEMINIANOS: transam falando, perguntando e mudando de posições e cômodos, além “das várias’ rapidinhas.

TAURINOS: transam beijando na boca o tempo todo, amam dar e fazer oral e adoram debaixo das cobertas…

ARIANOS: transam dando tapas, puxando o cabelo e falando baixarias.

PEIXES: fazem o sexo que o parceiro quiser e têm prazer em tudo… vão do romântico ao sadomasoquismo, em um piscar de olhos; curtem ser dominados. Loucos!

AQUARIANOS: gostam de novidades, swings, orgias, coisas de sex shop, troca de papéis (masculino e feminino) mas, apaixonados, são fiéis… Paradigma.

CAPRICORNIANOS: são aprontadores, adoram bordéis, saunas e todo tipo de “chulice’. Fazem um sexo intenso, amam transar no ambiente de trabalho.

ESCORPIANOS: transam olhando nos olhos, adoram sexo em lugares públicos, são inesquecíveis.

SAGITARIANOS: são fogosos, apressados (sem paciência pra preliminares), mas têm ritmo no remelexo, falam baixarias e querem toda hora… Galinhas!

Fonte: Blog Mundo redondo

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Será???

Alguém aí assiste Glee? É aquela série americana adolescente, musical, exibida aqui no Brasil pela Warner... Bem, acompanhei a primeira temporada por que a trilha é realmente maravilhosa, as versões de clássicos pop da atualidade e outros mais antigos são incríveis... Mas, voltando a indagação...
Será?
Será mais um casal na irmandade? kkkkkkkkkkkkkk
Fuçando por aí, encontrei essas especulações em vídeos e fotos das protagonistas Quuin e Rachel, interpretadas pela Diana Agron e Lea Michelle, descobri que essas duas são melhores amigas, naquela categoria que bem conhecemos de melhores amigas que de tão, mas tão amigas, parecem até mais que amigas...Amigas que adoram dançar juntas, se abraçar, até moram juntas... Ai ai, em público então, muitos casais lésbicos não parecem tão apaixonadas... Vejam os vídeos e as fotos e opinem...rs, até que se prove o contrário eu digo: que fofas elas juntas...kkkkkkk




SOCIEDADE SECRETA LESBOS -DÉCIMO PRIMEIRO CAPÍTULO

Capítulo 11



Em seu quarto, Amy se refazia do pranto em um banho demorado. Não tinha vontade de sair do quarto, não queria sequer cruzar com Esther pela casa. A visita de Laurel acabou fazendo-a mudar de planos.

-- Ei, loirinha, se vista e vamos badalar na cidade, nada de ressaca!

-- Laurel, não quero sair... Me deixa aqui, vai...

-- De jeito nenhum... Vamos lá. O domingo está lindo, vou te mostrar a cidade. Outras irmãs vão conosco. Não faço isso com qualquer novata, não, se mexe menina, vamos!

Vendo que não havia como contra-argumentar com Laurel, escolheu uma roupa leve, prendeu os cabelos ainda molhados, e seguiu com ela até o térreo, onde outras meninas já esperavam animadas para o passeio.

Algumas expressavam o mau humor típico de ressaca e censuravam a agitação das demais, poucas veteranas, mas todas se tratando com intimidade. Amy viu mais uma vez os cumprimentos peculiares, com estalinhos, exceto com ela. Lembrou-se de sua condição de intocável como escolhida da presidente, e como se revoltou com isso. Mesmo ainda desejando tanto o toque de Esther na sua pele...

Ellen se aproximou de Amy, com ar sedutor, o que não passou despercebido pela loirinha.

-- Não tem companhia no passeio, novata?

-- Ah... Vou com a Laurel e as outras meninas.

-- Sua guia... Ela não vai?

-- Não sei, e não me interessa saber -- Amy respondeu secamente.

-- Se é assim, vamos comigo no meu carro?

-- Mas, Laurel me chamou...

-- Vamos todas para o mesmo lugar, só estou te chamando pra ir no carro comigo.

-- Tudo bem.

Amy sorriu, Ellen retribuiu o gesto. Não perceberam que Esther as observava enquanto descia as escadas, com um olhar fuzilante. A morena as surpreendeu com um tom firme de voz:

-- Onde você pensa que vai com ela, novata?

-- Tenho nome e você sabe muito bem qual é. Aonde e com quem eu vou não é da sua conta, já que você me dispensou, lembra?

-- Quem você pensa que é pra falar comigo assim?

Ellen percebeu o clima pesado entre as duas e interrompeu o diálogo carregado:

-- Esther, vamos só dar uma volta na cidade, algumas veteranas vão levar as novatas. Só ofereci uma carona a Amy, algum problema?

-- Você sabe que ela é intocável, não sabe, Ellen?

-- Claro, só estou sendo gentil com uma nova irmã.

-- Ellen, você não tem que se explicar com ela -- Amy vociferou encarando Esther.

A morena puxou a novata pelo braço até a ante-sala, encostou-a na parede e disse com autoridade:

-- Não me desafie... Você não me conhece!

-- O pouco que te conheço já me faz não querer conhecer mais nada!

Amy tentou empurrar a morena para longe dela, mas não conseguiu. Esther segurou seus dois braços, os olhares se encontraram, e como ligados por imãs, se fixaram.

O desejo de ambas parecia faiscar naquele ambiente, até Esther tomar a boca de Amy finalmente, com voracidade, sendo correspondida pela loirinha que entregava sua boca, sua língua, sugando os lábios carnudos e apetitosos de Esther.

O beijo se prolongou por minutos, a respiração ofegante, delatava a excitação de ambas, até Esther largar Amy, declarando:

-- Você está avisada...

Saiu dali recolhendo o capacete que caíra no chão, deixando Amy perplexa e completamente sem ação ou palavras, absorta no desejo que lhe despertava, e perdida quanto ao que pensar sobre as atitudes da morena. Foi seguindo para a sala onde as demais estavam, e viu Esther cochichar algo com Rachel e sair rapidamente sob o olhar atento de Ellen.

-- Então, vamos todas? -- Laurel convocou.

Ellen já se aproximava de Amy para conduzi-la até seu carro, quando Rachel puxou a loirinha pelo braço delicadamente:

-- Você vai comigo, Amy.

Ela não questionou, só balançou a cabeça positivamente, e seguiu, olhando para Ellen que estava visivelmente irritada com a intromissão de Rachel, que logicamente fora orientada por Esther a fazer isso.

A universidade de Prescott estava localizada em uma cidade litorânea, o passeio então foi no destino da praia mais badalada da região. O domingo estava perfeito para o programa, o sol radiante. A chegada das meninas no point como não poderia deixar de ser, chamou a atenção de todos que já estavam acomodados em barracas, e pela areia. Na área que ficaram a maioria eram de universitários de Prescott.

Ellen não tirava os olhos de Amy, que exibia seu corpo. Apesar de magro, tinha curvas e formas invejáveis. Jonh estava na praia também com sua namorada, e olhava para a loirinha com desejo. Ela ignorava os olhares de todos, ainda saboreava o gosto de Esther na sua boca. Deteve-se em contemplar o mar, como se ele pudesse lhe dar alguma resposta.

Rachel interrompeu seu momento introspectivo, oferecendo-lhe água, puxando assunto com a novata:

-- Amy, não temos intimidade, mas... Conheço bem a Esther e...

-- Rachel... Não me interessa saber nada dela... Mas você sabe me responder quando ficarei livre dessa obrigação com ela, sendo eu a escolhida?

-- Bem, isso na verdade depende dela, não há regras pra isso...

-- Mas como não? E como foi com as outras?

-- Que outras? Não houve outras escolhidas com Esther, você foi a primeira!

-- Mas por quê?

-- Isso você terá que descobrir sozinha...

Outra interrogação cercava a história entre Amy e Esther, além de todos os mistérios acerca da Gama-Tau.

O dia na praia das meninas quentes de Prescott se desenrolou num clima descontraído. Foram assediadas, especialmente as veteranas, que esnobaram categoricamente os rapazes que se aproximavam. Os olhares das meninas eram voltados pros corpos umas das outras, o desejo era inegável, especialmente das “guias” para suas novas pupilas, enquanto Ellen seguia devorando Amy com os olhos.

Na primeira oportunidade que Amy se afastou das demais para atender ao celular, Ellen a seguiu, esperou a ligação terminar e abordou a loirinha:

-- Difícil driblar suas seguranças, loirinha...

-- Laurel e Rachel estão sendo gentis comigo, já que a minha suposta irmã guia não está aqui...

-- Ela não está fisicamente, mas acho que está aqui, sim... Esther sabe como marcar sua presença.

Amy baixou a cabeça depois de sorrir sem graça, mexeu na areia com os pés, enquanto Ellen se aproximava, encostando-a no carro que ela estava próxima, deixando os seios de ambas roçando uns nos outros. Ellen desceu com uma das mãos por entre os seios da loirinha, por onde uma gota de suor percorria o trajeto.

-- Você é deliciosa, Amy... Não te largaria assim sozinha, se fosse sua guia...

A novata ficara nervosa com o contato, tentava se desvencilhar, mas gostava da mão de Ellen no seu corpo. A veterana era pura sensualidade, até no tom de voz.

Olhou para o movimento dos lábios de Ellen, que passava a língua por eles enquanto desviava seus olhos pelo corpo suado da loirinha. Enquanto os olhos de ambas se davam em um flerte quente, Laurel se aproximou chamando atenção de Amy:

-- Amy, estava te procurando! Vamos jogar vôlei agora! Vamos. E quanto a você Ellen...

-- Eu o que, Laurel? -- a veterana disse irritada.

-- Está na minha mira... E na de Esther, também. Você está brincando com fogo!

Desconcertada, Amy caminhou com Laurel até a quadra de vôlei, fugindo do olhar da amiga, que insistia em lhe chamar atenção:

-- Olha só, Amy... Não sei o que está acontecendo entre você e Esther, mas fique longe da Ellen. Ela vive provocando a Esther. Tem muita inveja dela, já era pra ter sido punida, mas quer arrastar Esther nessa punição...

-- Punição?

-- É... Se Esther perder a cabeça e a agredir fisicamente, Esther pode perder o cargo, como punição.

A partida de vôlei transcorreu de maneira divertida, diante de olhares atentos dos demais universitários que iam ao delírio quando as meninas da Gama-Tau comemoravam um ponto com selinhos e batidas de mão no traseiro umas das outras.

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 11

CAPÍTULO 11: UM PASSO IMPORTANTE


Desembarcamos no Rio no início da noite e seguimos para o meu apartamento. Não voltamos a falar no episódio desagradável na fazenda exceto quando titia nos ligava tocando no assunto.

Passávamos todo tempo juntas, mesmo no hospital, apesar dela nunca permitir que trocássemos carinho em público, as pessoas sabiam que estávamos juntas, imaginava que aquela reação dela seria para evitar fofocas. Nossa intimidade era evidente, raramente dormíamos separadas, até nos beijávamos na frente de Dona Lúcia sem constrangimento.

Suzana ainda me intrigava, existiam momentos que ela era tão transparente, me contando tudo sobre seu dia com naturalidade, e outras vezes ela tinha um ar misterioso, por muitas vezes saía da minha presença para atender o celular. Tentava disfarçar meu desconforto com isso, mas ela sempre respondia que eram assuntos de trabalho, eu fingia acreditar, mas ficava com uma pulga atrás da orelha, uma vez que desviava o olhar do meu quando estava me escondendo algo.

Já nos conhecíamos pelo jeito de olhar, às vezes não precisávamos falar nada pra entender o que a outra queria, o sexo entre nós continuava incrível, até na maca do consultório dela transávamos nos plantões, quase fomos flagradas por duas vezes.

Uma coisa me incomodava no nosso relacionamento: não saber da família, do passado de Suzana, ao passo que ela já conhecia toda minha família, e sabia de praticamente tudo da minha história.

As únicas coisas que ela me revelara era o trauma por ser traída várias vezes por suas ex-namoradas, mas não me dava detalhes, não falava de nenhuma ex específica. Revelara-me também que foi expulsa de casa no último ano da faculdade pelo seu pai, quando este descobriu sua orientação sexual, manteve contato com sua mãe e seu irmão (o qual era muito apegada, na época que saiu de casa ainda era uma criança), até a morte de sua dela a cerca de cinco anos, depois disso, ficou mais difícil ver o irmão, a essa altura já estava ingressando na faculdade de psicologia. Suzana era muito reservada quanto a falar de suas dores, mas seu olhar de tristeza quando falava de seu pai era honesto, sentia vontade de colocá-la no colo e arrancar aquela tristeza dela, não suportava vê-la sofrer.

Algumas semanas depois que chegamos de Minas, Suzana me surpreendeu com o convite de irmos até Niterói, sabia que era a cidade da família dela, tratava-se no aniversário do seu irmão Vitinho, na verdade Vitor, mas ela sempre o chamava pelo diminutivo. Almoçaríamos juntos, ela queria nos apresentar oficialmente.

Era sábado, não trabalhamos, de manhã fomos ao shopping comprar o presente do aniversariante, e seguimos para Nikiti, Vitor nos esperava em um restaurante italiano no centro da cidade.

Vitor de diminutivo não tinha nada, era um homem alto, devia ter mais de 1, 80, era forte, corpo com músculos bem definidos, cabelos claros lisos, olhos amendoados como os da irmã, nariz afilado, seu sorriso lembrava muito Suzana, lindo.

- Susu... Que saudades minha irmã!

-Vitinho! Saudades também, parabéns!

Abraçaram-se longamente, até lembrarem da minha presença, emocionada ao ver aquela cena:

- Não vai me apresentar essa loira fabulosa que veio com você? Ela é meu presente? –falou enquanto me olhava dos pés a cabeça.

-Ei... Respeita a mulher dos outros moleque! – Suzana respondeu esmurrando o bíceps do irmão. – Essa é a famosa Isabela, Vitinho, MINHA namorada.

- Olá, Vitor, é um prazer e feliz aniversário. –Estendi a mão tímida.

Vitor ignorou minha mão avançando para me abraçar, sentamos à mesa que ele reservou e depois de pedirmos o almoço, entregamos os presentes. Suzana deu-lhe um notebook, sabendo que seria muito útil na faculdade que ele estava iniciando, eu, depois de sondar a irmã, descobri que ele era flamenguista doente, presenteei-lhe com a nova camisa oficial do time, o que o deixou eufórico.

Eu quase não falei durante o almoço, dada era a excitação dos dois em atualizar o papo, riam, se acariciavam, nunca vi Suzana tão alegre na presença de alguém que não fosse eu. O almoço se estendeu até o meio da tarde, foi quando nos despedimos, convidei-o para assistirmos juntos o jogo do Flamengo contra o Atlético Mineiro, que era meu time, o Maracanã estava em reforma, então muitos jogos estavam sendo realizados na Ilha do Governador, bairro onde eu morava, inclusive esse.

Senti pela primeira vez naquela tarde, que eu participava da vida de Suzana, mas ela ainda me parecia misteriosa com os tais telefonemas no celular.

Os meses passaram tranqüilos, no final do ano, não fui para Valença no recesso da residência, não queria encontrar vovó, como toda a família comemorava as festas de fim de ano na fazenda, eu não quebraria minha jura de não por mais os pés lá. Foi o primeiro natal que passei longe de tia Sílvia e Lívia. Estava triste, mas Suzana nos preparou uma linda ceia, convidou alguns amigos mais próximos do hospital, como a enfermeira Lurdes, Letícia que era fisioterapeuta e sua companheira Flávia, Bosco recepcionista da emergência além de Dona Lúcia e Seu Wagner nosso porteiro, tornando a noite menos saudosa pra mim.

Naquele Natal, presenteei Suzana com um colar de ouro, com pingente em forma de anjo, ela com freqüência me chamava de anjo, do anjo que a fez acreditar no amor. Estranhei porque ela não retribuiu o presente, depois que os nossos convidados deixaram meu apartamento, Suzana levou-me para o quarto, com um ar de mistério:

- Pra onde você está me levando doutora?

Não respondeu, deixou somente o abajur ligado no meu quarto, fez com que eu me sentasse na cama, e pediu que abrisse a caixinha que estava sobre o travesseiro. Sabia que era uma jóia pelo formato da caixa, apressei-me em pegá-la quando a abri minha respiração quase faltou ao ver um par de alianças fininhas em ouro, com detalhes em prata, ao olhar para Suzana ainda boquiaberta, com os olhos cheios de lágrimas, vi Suzana, ajoelhada na minha frente, tomou minha mão, e com a voz embargada, e olhos marejados ela falou:

- Isabela Bitencourt, sei que estamos juntas só há nove meses, mas não preciso de mais tempo pra ter certeza que você é o amor da minha vida, e não quero passar mais um único momento dela sem ter você do meu lado, esse ano você me devolveu a alegria, o amor a vida que eu julgava ter perdido, você me ensinou a amar de uma maneira plena, eu quero passar todos os anos que nos esperam descobrindo novas formas de te fazer feliz como você me faz, então... – parou para enxugar as lágrimas, respirou fundo e perguntou – Você me daria a honra de compartilhar comigo o resto de nossas vidas, que eu espero que durem uns 100 anos... Enfim... Quer casar comigo?

Eu estava extasiada com aquelas palavras lindas, com o gesto de Suzana, segurando aquelas alianças, nunca sonhei com casamentos, mas ali eu tive a certeza que nasci para esperar aquele momento...entretanto não consegui soltar uma palavra, eu soluçava:

- Isa pelo amor de Deus, responde, porque eu to quase pondo um ovo aqui de tanta ansiedade! Se você disser não, vou entender, apesar de já ter calculado quantos ossos eu posso quebrar me jogando do oitavo andar e...

Interrompi aquelas bobagens de Suzana a beijando com toda intensidade, repetindo entre um beijo e outro:

- Sim, sim, sim meu amor, caso com você próximo ano, amanhã, agora mesmo se você quiser!

Trocamos ali as alianças, e nos amamos até o amanhecer.

- Ei moça... Quero fazer as coisas direito tá? Primeiro noivamos, depois casamos, quero tudo que tenho direito, vestido, festa... – disse em tom de ordem.

- Claro, claro... Será como você quiser!

Convidamos Lívia e Tia Silvia para passar o Réveillon conosco, sabia que Lívia sempre quis ver a queima de fogos em Copacabana, e assim, seria a oportunidade de falar pra elas sobre nosso noivado. Também convidei Olivia e Bernardo que nem pensaram duas vezes, no dia 30 desembarcaram no Rio junto com tia Silvia e Lívia. Suzana chamou Vitor também.

Alugamos um apartamento mobiliado, desses que se aluga por temporada, em frente a praia de Copacabana com 3 quartos, já que não caberiam todos no meu apartamento. Jantamos antes da queima de fogos, por volta das 22:30, desconversamos quando nos perguntaram sobre nossas alianças durante os dois dias inteiros, queríamos anunciar no jantar e assim fizemos:

- Gente, eu e Suzana temos algo para contar, e reunimos vocês aqui porque são as pessoas mais importantes para nós.

-Vamos acabar esse suspense, né amor... Eu e Isabela resolvemos nos casar... Estamos noivas!

Exibimos nossas alianças juntas. Silêncio na sala. Até o grito afetado de Bernardo invadir a sala:

-Uhuuuuulllllllllllllllllllllll, enfim um de nós desencalha!

Todos riram quebrando o silêncio de vez, levantando-se da mesa nos cumprimentando emocionados, Tia Sílvia principalmente, nos abraçou juntas, e nos desejou muitas, muitas felicidades, nos fez mil recomendações e nos perguntou para quando pensávamos em realizar o casamento simbólico.

- Ainda não sabemos, titia – Suzana já chamava assim tia Sílvia. – Mas será em breve, temos detalhes práticos pra acertar, alugar um apartamento maior, gostaríamos de viajar, então preciso de férias do hospital enfim...

- Apartamento maior? Estão pensando em filhos? - Lívia perguntou preocupada.

- Por que não? – Tia Silvia respondeu por nós. – Eu quero ser avó, e se depender de você e Afonso que terminam e voltam o namoro uma vez por semana, nunca serei, minha esperança são vocês agora meninas!

- Calma aí... Não falamos em filhos, aliás nunca conversamos sobre isso né amor? – falei segurando a mão de Suzana. – Queremos um apartamento maior, porque precisamos de um escritório decente, quarto de hóspedes pras visitas esperadas ou não – disse olhando pra Bernardo e Lili – e também queremos que tenha nossa cara...

- Mas fica tranqüila titia, que vamos pensar com carinho sobre seus netos...- Suzana deu uma piscadela pra Tia Sílvia.

A noite não podia ser mais perfeita, por volta das 11:30, descemos para praia, com garrafas de champagne, e taças, a fim de brindarmos pelo noivado e pelo ano de 2001 que chegava. Durante a queima de fogos, ficamos de mãos dadas Suzana e eu, beijamos a aliança uma da outra:

- Feliz 2001, noiva...

- Feliz 2001, minha noiva...

Ignorando a platéia, trocamos um beijo suave, mas demorado. Não faltava mais nada para nossa alegria ser completa, Copacabana testemunhou nosso amor, 2001 prometia...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Maca e Vero: terceira parte

Terceira compilação: Maca e Vero, primeiras inspiradoras de Isa e Suzana...

SOCIEDADE SECRETA LESBOS -DÉCIMO CAPÍTULO

Capítulo 10

Sem saber ao certo que horas seriam Esther abriu os olhos, sentindo o sol entrando pela janela que tinha as cortinas abertas. Olhou para Amy que dormia tranquila em seus braços e experimentou uma sensação dúbia.

Por um lado, a noite com sua discípula foi de longe a melhor que já experimentara. Tê-la em seus braços lhe trazia uma paz e plenitude inéditas. Mas por outro lado, ela sentia culpa, medo, deveria se arrepender, mas não sentiu arrependimento. Não queria pôr um fim naquela noite, mas era preciso, tinha obrigações e uma missão interna a cumprir, e se apegar a Amy não ajudaria em nada.

Afastou-se lentamente dos braços de Amy, foi em direção ao banheiro, olhou-se no espelho por minutos, sentindo aquela mistura de sentimentos que lhe deixava tonta.

Debaixo do chuveiro buscou uma forma de se livrar daquele sentimento bom que sentia por ter Amy em sua cama, mas foi inútil, as lembranças que tinha do corpo alvo de Amy intimamente ligado ao seu, inspirava o sorriso mais sincero.

Na cama, Amy acordou sentindo falta do corpo quente de Esther em baixo do seu. Ainda sentia o perfume da morena no seu corpo cheio de evidências do prazer que a noite lhe proporcionara... Unhas, mordidas...

Soergueu-se e olhou pelo quarto em busca de Esther. Ouviu barulho do chuveiro, e assim caminhou até o banheiro. Encontrou a morena envolta em uma pequena toalha, linda, tão linda que roubou a respiração da novata. Mordeu os lábios e a devorou com o olhar.

-- Bom dia...

Esther surpreendeu-se com a voz em tom malicioso de Amy, que estava logo atrás dela, completamente nua. Olhou-a dos pés a cabeça e sentiu seu corpo estremecer, mas disfarçou com um cumprimento seco, desviando o olhar rapidamente, que deixou Amy pensativa.

-- Aconteceu alguma coisa, Esther?

-- Não, por quê?

Esther não encarava Amy, que tentava se aproximar da morena, sem sucesso.

-- Esther?

-- Novata, você está dispensada, não preciso de nada mais no momento.

Amy foi tomada por um sentimento devastador, sentiu-se ultrajada, e como se pudesse, ainda mais nua. Em um movimento de puro reflexo, tentou cobrir-se, enquanto uma lágrima se formava e caía lentamente pelo seu rosto. Viu Esther sair do banheiro com urgência, deixando-a ali com sua humilhação e revolta.

Esther saiu do banheiro em uma atitude de fuga, olhar para Amy ali vulnerável, com os olhos desejosos lhe dizendo bom dia, tocou a veterana de uma forma tal, que teve que se controlar muito para não abraçar seu corpo nu e cobri-la de carinhos.

Ficou ali parada diante de suas roupas, respirando fundo, repetindo internamente os motivos pelos quais não podia se deixar levar por aqueles sentimentos que se confirmaram na noite passada. Por mais que desejasse Amy, e quisesse se entregar a ela, protegê-la e a ter todo o tempo perto, não poderia se esquecer de suas promessas interiores.

Amy passou por Esther, já vestida em um roupão. Seu rosto alvo não escondia as evidências de que seus minutos sozinha no banheiro foram de choro. Esther fugiu do olhar dela, baixou a cabeça, desejando cuidar da loirinha desfazendo aquele olhar triste e magoado. Ouviu em poucos minutos a porta bater forte, e agora era sua vez de deixar as lágrimas contidas caírem. Encostou sua cabeça na porta do closet batendo-a como se buscasse se punir pelo que sentia, ou pelo que causou a Amy?

A novata desceu o lance de escadas amargando a sensação de ter sido dispensada pela mulher responsável pelos melhores e mais intensos sentimentos, e pela melhor noite de sua vida. Experimentava a raiva, revolta pela frieza de Esther, e a mágoa, o vazio por não ter sido correspondida no desejo de prolongar a noite com mais momentos de carinho e excitação no dia seguinte.

Sentiu tristeza profunda, porque guardava a esperança que seus dias, a partir daquela noite, seriam ao lado de Esther. Mas a resposta da morena a arrancou desses sonhos, dando-lhe a realidade da arrogância já conhecida da veterana.

Tamanha foi sua pressa de chegar ao quarto que acabou por tropeçar no tapete, ficou caída no corredor desejando não mais se levantar, quando sentiu uma mão a puxar com delicadeza, era Rachel, o braço direito de Esther, que a olhava com certa piedade:

-- Amy, você se machucou?

-- Mais machucada do que estou, impossível...

Rachel parecia entender a que Amy se referia. Ajudou a loirinha a se levantar, e seguiu com ela até o primeiro andar levando-a até a porta de seu quarto sem dizer uma palavra, apenas observava Amy enxugar suas lágrimas, em silêncio.

-- Obrigada, Rachel, estou bem, só preciso de um banho pra tirar esse cheiro... -- pausou para respirar fundo e deixar cair outra lágrima. -- Ficarei bem.

-- Amy... Eu queria te dizer algo, mas... Bem, acredite. Isso vai passar.

Logicamente, as palavras de Rachel entraram para as muitas interrogações que Amy tinha desde a noite do ritual de iniciação da Gama-Tau, mas naquele momento, não importava. Queria ficar sozinha com sua decepção, retirar o cheiro de Esther do seu corpo como se isso tirasse a marca dela de sua alma.

Rachel subiu ao terceiro andar prevendo como encontraria sua amiga, e não errou em suas suposições. Esther estava jogada na cama, envolta ainda apenas com a toalha de banho. Chorava em silêncio em meio às roupas de Amy pelo chão e perdidas entre os lençóis.

-- Esther? O que aconteceu, minha amiga?

Esther sentiu vontade de desabar nos braços da amiga, chorar tudo que estava preso por ter sido obrigada a interromper momentos de paixão e carinho que ela nunca teve, por conta de uma força maior para ela, e pior, por ter consciência de que magoara profundamente Amy. Mas não se permitiu esse momento de exposição de fragilidade, escondeu o rosto, e levantou-se rapidamente, desviando o assunto:

-- Correu tudo bem na festa ontem?

-- Sim, claro, um sucesso como sempre. Não te vi chegar... Algum problema?

Rachel conhecia Esther muito bem, compreendeu que ela não ia falar tão facilmente, e tratou de respeitar as demoras da amiga, continuando o assunto que iniciara.

-- Problema algum, o de sempre, Rachel. Está ficando cada dia mais insuportável...
Esther respirou profundamente, num gesto de contrariedade, enquanto Rachel a interrompeu:

-- Não entendo por que você tem que se submeter a isso!

-- Como não entende, Rachel? Eu preciso, faz parte do acordo de proteção...

-- Proteção? Estou vendo é você ser exposta por essa mulher doente, Esther!

-- Não é bem assim, Rachel...

-- É assim, sim... E já está mais do que na hora de você pôr um fim nisso, e pensar no seu bem-estar, Esther!

-- Do que você está falando? Tenho uma promessa a cumprir, e preciso dela para manter meu avô a salvo...

-- Precisa dela? Pra quê? E essa promessa? Esther, ninguém te pediu nada, só na sua cabeça essa vingança tem algum sentido.

Esther ficou sem palavras, tamanha era a convicção do discurso da amiga. Passou a mão pelos cabelos, fechou os olhos e suspirou como um desabafo:

-- Eu não estou aguentando mais...

-- Esther, você está perdendo grandes momentos de sua vida. Você pensa que não estou percebendo seu olhar para Amy? Você está se apaixonando, minha amiga... E fica perdendo tempo nesse plano de vingança estúpido...

-- Ei, Rachel, pode parar... Não estou apaixonada, não. E você chama minha promessa à minha mãe no leito de morte de estupidez?

-- Uma grande estupidez, sim. Se sua mãe estivesse viva, não permitiria isso, ela não te pediu nada, você cultivou isso no seu coração desde criança. Quanto tempo se envenenando, amiga...

-- Meu avô concorda comigo, ele viu o que minha mãe sofreu...

-- Esther, me desculpe, mas seu avô nem sabe ao certo o que aconteceu com sua mãe. Só quer te apoiar pra que você não sofra ainda mais.

-- Já chega desse assunto, Rachel, vou me vestir e vou visitar meu avô.

Rachel se dirigiu até a porta, mas antes de sair, disse uma última coisa à sua amiga:

-- Você está vendo sua vida passar, Esther, presa a uma promessa insana, e isso é um grande engano.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Morango...

Gente, confesso: Essa mulher me tira do sério...kkkkkkkkkkk ( a mim e a metade da população brasileira - e todas as sandalinhas e sapas de plantão rs). Separei umas fotos do ensaio dela ai ai... delicia puraaaaa.
Como que o Brasil preferiu aquele Sherek do Dourado a ela? Ai ai...

6 Orgasmos diferentes


O Dr. Freud podia até entender muito de inconsciente, mas em matéria de sexualidade feminina com certeza ele estava por fora. No entanto ele convenceu muita gente de que as mulheres só sentiam dois tipos de orgasmo: o imaturo (pelo estímulo do clitóris) e o maduro (vaginal, segundo ele o ideal) e o resultado foi que durante décadas, ficamos tentando sentir prazer com a penetração, que é justamente o caminho mais difícil para chegar lá. Felizmente, pesquisas feitas nos anos 70 demonstraram que o orgasmo clitoriano é não só o mais comum como o mais fácil de alcançar, e, para um grande número de mulheres, o melhor de todos. Apesar disso meninas, isso não quer dizer que você deve se contentar apenas com ele. Existem várias formas de alcançar o grande ohhhh. É uma questão de gosto. O ideal seria que você experimentasse todas, até descobrir a mais gostosa para você. Mas, se não quiser ter que esperar sentada pela iniciativa da sua amada, tome a frente! Detalhamos seis tipos de orgasmo feminino - uma estimulante lição de casa para fazer a dois e esquentar suas noites frias.


1- O ponto U.
A uretra - por onde sai à urina - é um ponto de prazer para muitas mulheres (o que não é de surpreender, já que fica entre o clitóris e a entrada da vagina, área supersensível). Pressioná-la ou massageá-la com os dedos ou a língua, abusando de movimentos circulares ou de cima para baixo, pode levar você a um clímax i-ni-ma-gi-ná-vel.

2- Ponto G e zona AFE.

Para dar um descanso ao clitóris, procure o orgasmo estimulando o ponto G (aquela parte da vagina do tamanho de uma moedinha situada acima do osso púbico) ou a zona AFE (sigla do inglês anterior fornix erotic, traduzindo, entrada erótica anterior), que fica na mesma parede vaginal, só que perto do colo do útero. Enquanto o G é um ponto bem preciso, a AFE é uma zona esponjosa maior e menos definida. Tem, porém, a vantagem de responder a estímulos suaves; o G só reage a contatos firmes. São fatos importantes para sua amada saber, antes de explorar com os dedos essas fontes de prazer.

3 - Seus seios

Não resta dúvida que os seios com uma sessão de estímulos com a língua, os lábios e os dentes é de enlouquecer. E ao que parece esse tipo de orgasmo é mais freqüente do que se imagina: numa pesquisa com 500 mulheres, 29% garantiram já ter experimentado. Por isso, se até hoje seus seios eram meros coadjuvantes na hora de fazer amor, dê a eles uma chance de desempenhar o papel principal.



4- O clitóris
É fato: a maioria de nós precisa de estímulo nesse "botão mágico" para ter prazer. Quando as mãos são usadas, movimentos circulares e para frente e para trás fazem maravilhas. Uma técnica muito eficiente é a "borboleta de Vênus": enquanto uma das mãos acaricia o bumbum e o ânus (mas sem penetração), o anular e o médio da outra mão estimulam o clitóris para cima e para baixo - a idéia é que o movimento seja rápido e suave como o bater das asas de uma borboleta. Outra técnica de sucesso: a mulher pode separar os lábios vaginais e massageia o clitóris com um ou dois dedos, em movimentos circulares ou laterais. Embora mãos competentes seja uma glória, dificilmente superam a língua em destreza. O sexo oral deixa a maioria das mulheres louca, não só pelas sensações que desperta como por ser um ato de intimidade absoluta. O que se espera que uma boa amante faça com a boca lá embaixo? Use toda a língua, não apenas a ponta, pois cada parte proporciona uma sensação diferente ao toque. Uma das técnicas mais enlouquecedoras é dar leves batidas com a ponta da língua (mas sem exagerar). Outra técnica que chamaremos de SNRD (sente-se no rosto dela) - o nome dispensa explicações, é ou não é? Estimular o clitóris com vibrador é mais uma variação bem-vinda. Melhor ainda se forem dois ou mais ao mesmo tempo, com texturas diferentes. 




5- Vaginal.


As sensações produzidas por um orgasmo clitoriano são diferentes das experimentadas no vaginal. "O estímulo do clitóris faz o útero e o canal vaginal se expandirem e se elevarem, preparando a vagina para a entrada do pênis (ou vibrador). No estímulo vaginal, o útero pressiona a vagina. Além disso, as terminações nervosas que levam ao orgasmo também não são as mesmas do orgasmo clitoriano. Qual é o seu caso? mas saiba já, esse tipo de orgasmo nunca será o mais comum, nem o mais fácil, nem o mais intenso.

6- Ânus.
O corpo é seu, você decide o que fazer com ele. Mas na lista de possíveis fontes de prazer não pode faltar o ânus, com suas terminações nervosas altamente excitáveis. Ele pode ser estimulado com os dedos, a boca, ou brinquedos eróticos como vibradores e bolinhas. Apenas, antes de se aventurar, tome o cuidado de usar um bom lubrificante para dilatar o esfíncter. A fantasia é capaz de tudo? Siiim. O cérebro é o mais importante órgão sexual, de modo que para algumas mulheres é possível chegar ao gozo sem nenhum estímulo, apenas com o poder das palavras, das imagens e das lembranças. Em 1992, cientistas provaram que existem garotas capazes de ter o que chamaram de "orgasmo fantasioso", com as mesmas reações do mais satisfatório orgasmo físico (desde o aumento do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea até a dilatação das pupilas e os tremores). Então, o que você está esperando para colocar a imaginação para funcionar e conseguir um desses clímax mágicos? 
  

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Adaptado por: Mayara Chaves - Blog Beijos que não furam
  
  
Fonte: Revista Nova

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 10

CAPÍTULO 10: DOCE ROTINA


Acordei com um “bom dia” suave ao meu ouvido. Suzana me beijou suavemente os lábios e mostrou-me a bandeja com o café da manhã, que ela mesma preparara. Com tom de um requintado maitre começou a listar os itens da bandeja fazendo biquinho como se falasse francês:

- Madmosele, aqui temos um delicioso sanduichê de presuntê, o iorgutê desnatadum, torradas com patê, uma suculentá salad de fruit, e claro um indispensável café com leitê.

Eu sorria sem parar daquela cena, talvez por isso, não hesitei em comer tudo que ela me oferecia, algumas coisas ela fazia “aviãozinho” com a colher, o que me deixava ainda mais boba. 

- Então, ainda está doendo muito?

- Não, só quando respiro mesmo – brinquei.

- Ai amor, jura? Daqui a pouco é hora do remédio, no final do dia você sentirá menos dor, vou trazer do hospital um pacote de curativos estéreis para trocar esse aí.

- Então quer dizer que você vai me deixar sozinha hoje, doutora? – fiz bico.

- Ai, não me olha assim vai... Se não eu não consigo sair daqui, nem trabalhar.

- Vai resistir aos meus olhos roxos? – pisquei rápido que nem personagem de desenho animado.

- Belaaaaa. 

- Tudo bem meu amor, estou brincando. Ficarei bem, qualquer coisa chamo D. Lúcia, vai tranqüila tá?

- Ela só vai embora quando eu chegar, vou tentar vir almoçar com você, dependendo do movimento por lá tá? 

Naquele dia, Suzana não conseguiu almoçar comigo, mas me ligou no mínimo umas dez vezes, também recebi ligação de Livia e Tia Silvia, que foram avisadas do meu acidente de trabalho por D. Lúcia. Ficaram nervosas, querendo vir cuidar de mim, só se tranqüilizaram quando expliquei o que de fato tinha acontecido, que não era mesmo nada grave. À noite, Suzana trocou meu curativo, após me dar banho, observando com cuidado os hematomas em minhas costas, me liberando daquela faixa que me incomodou o dia inteiro.

Nos três dias de atestado concedido por minha linda namorada, ela me cobriu de mimos, em uma noite, chegou acompanhada de um urso de pelúcia enorme, que segurava um coração escrito: TE QUERO. Durante o dia me mandava flores, sempre dando um jeito de ficar presente mesmo estando no hospital trabalhando.

Até minha recuperação total, Suzana praticamente se mudara pra meu apartamento, indo em sua casa só para pegar roupas, documentos. Foram dias maravilhosos. Até para me tocar ela era delicada, o fim do meu atestado médico foi devidamente comemorado com uma noite quente de sexo, quando Suzana retribuiu a minha cortesia e desfilou pra mim de lingerie de renda e cinta liga.

As semanas seguintes transcorreram numa rotina maravilhosa, no hospital nosso relacionamento não parecia mais ser segredo, éramos vistas sempre juntas, mas sem explicitar nada fisicamente. 

Comemoramos, dois, três, quatro meses de namoro, sempre de maneira romântica, sempre dançando de rosto colado as músicas que identificamos como nossas. Fazíamos tudo juntas, compras, cinema, praia. Com freqüência Suzana me ajudava nos estudos, nas pesquisas. Eu me destacava na residência, o que a deixava cheia de orgulho. No nosso aniversário de cinco meses de namoro, Suzana me levou para Teresópolis, alugou um chalé charmoso com lareira, fazia frio nessa época, curtimos e nos amamos por um fim de semana inteiro, estava tudo perfeito, eu entendia enfim, o que era felicidade.

Quando completamos seis meses de namoro, era minha vez de surpreendê-la, sabendo o quanto ela gostava de praia, a levei pra um fim de semana em um resort com praia particular em Búzios, era a primeira vez que cometia uma extravagância, mexendo na poupança que Tia Sílvia mantinha desde que meus pais morreram, onde tinha depositado parte de minha herança. Valeu a pena, Suzana parecia criança correndo na areia, me puxando naquela areia branca. 

No fim da tarde de domingo, quando voltávamos pro Rio, paramos na estrada pra ver o pôr-do-sol, abraçadas, eu recostada no seu colo, era minha morada aquele corpo...

- Amor, obrigada... Nossa, que presente você me deu!

- Você merece minha vida...

- Cada dia que passa, eu fico mais apaixonada por você... Parece que te esperei a vida toda...

- Eu sinto o mesmo... Ah amor... Quase esqueci, tenho um convite pra te fazer.

- Convite vindo de você só pode ser coisa boa.

- E é sim. No fim do mês, meus avós fazem bodas de ouro, e vai haver uma grande festa na fazenda da nossa família... Eu gostaria que você fosse comigo.

- Certeza, Bela? Não vão estranhar você aparecer comigo lá, assim te acompanhando?

- Não teriam porque estranhar, é uma amiga que conheci no Rio...

- Ah... Amiga... – falou com um olhar triste.
- Vem cá, amor – falei puxando seu corpo pra mais perto. – Eu não estou te dizendo que vou te apresentar como amiga, minha vontade era de chegar de mãos dadas com você anunciando que você é a dona do meu coração, o motivo de meu sorriso, do brilho dos meus olhos e razão desse meu ar abobado de felicidade. Mas entenda, nunca apareci com nenhum namorado pra minha família, não posso simplesmente em plena festa de Bodas de Ouro de meus avós, na qual toda a sociedade da região vai estar anunciando uma relação homossexual, isso chocaria demais... Concorda?

- Ahan... Então vou como sua amiga e nos agarramos escondidas?

- Não deixa de ser excitante, né? – falei mexendo as sombracelhas. – Mas meu intuito é que você conheça Livia e Tia Silvia pessoalmente, porque de nome vocês já se conhecem. De cada dez palavras que troco com elas, onze são de você...

- Quero muito conhecê-las também.

- Então... Acho que elas desconfiam de algo, nunca escondi nada de minha irmã, e quero contar a ela sobre nós, assim como para tia Silvia. Topa?

- Topo sim meu amor!

Avisei a Livia e Tia Silvia, da ida de Suzana, trocamos nossos plantões para ficarmos livres desde sexta, e viajamos de avião até Belo Horizonte, Livia nos esperava lá, para irmos de carro até Valença. 

Durante o percurso, Livia e Suzana conversavam como velhas conhecidas, amava esse carisma que Suzana tinha. Antes de chegarmos, ela estava nervosa, segurei suas mãos quase por toda viagem. 

Chegamos a Valença por volta de meio-dia, Tia Silvia nos aguardava no imenso alpendre que cercava sua casa, corri para os seus braços e nos abraçamos demoradamente. Não nos víamos há mais de seis meses, nunca ficamos tanto tempo separadas. 

- Meu pedacinho de céu! Que saudades... Merece um castigo por passar tanto tempo longe de nós. Está magrinha...

- Titia... Estou trabalhando muito, raramente tenho fim de semana ou feriado.

Não estava mentindo completamente, os poucos finais de semana e feriado que tinha passava com Suzana, mas eram poucos mesmo. Como chefe da emergência, Suzana era obrigada a cobrir muitas faltas de plantonistas em feriados e fins de semana. 

- Essa deve ser a famosa Suzana –tia Silvia dirigiu os olhos para Suzana, que observava encantada o jardim da casa.

- Isso, formalmente, tia Silvia, Suzana, Suzana, Tia Silvia. 

Tia Silvia abraçou Suzana da mesma forma que me abraçou. Ela, a princípio resistiu ao abraço, mas logo se entregou à simpatia de minha segunda mãe. Sentamos ali mesmo no alpendre nas espaçosas cadeiras de madeira ali dispostas. 

Célia, nossa empregada há muitos anos, tratou de pegar nossas malas junto com Virgílio nosso jardineiro. Conversamos alegremente em poucos minutos Célia nos avisou que o almoço estava na mesa. Pratos da culinária mineira enchiam nossos olhos: arroz com legumes, feijão tropeiro, assado de batatas, abobrinha sertaneja, e uma carne de panela divina! Os verminhos de Suzana devem ter vibrado, porque ela não se fez de rogada diante das mãos de titia sempre enchendo seu prato ao notar que se esvaziava. 

Célia trouxe as sobremesas, eu e Suzana parecíamos crianças perto de uma mesa de doces, até pra deixar Suzana mais a vontade, tratei de provar um pouco de tudo: baba de moça, bom bocado de queijo, doces de leites de todos os tipos, e compotas diversas. 

Depois dessa comemoração à gula, Tia Silvia nos levou aos nossos quartos, a fim de tirarmos uma pestana, estava com saudade desse hábito, sempre o fazia depois do almoço quando morava em Minas, no Rio fui obrigada a abandonar esse hábito. 

Suzana obviamente ocupou o quarto de hóspedes, que ficava no fim do corredor, vizinho ao meu quarto era o quarto de Lívia, em frente ficava o quarto de Tia Sílvia. Convidei Suzana para conhecer meu quarto, que era o mesmo desde minha adolescência, titia não mexeu em nada, exceto pela cama de solteiro, que substituiu por uma cama Box de casal, mas essa mudança fez ainda na época da faculdade a meu pedido, queria mais espaço na cama. Fez o mesmo no quarto de Lívia, na parede em cima da cama um quadro com uma foto minha tirada no dia de minha formatura, todo quarto era decorado com as cores lilás e branco, eram as minhas favoritas. Um closet espaçoso com algumas roupas e sapatos meus, uma escrivaninha perto da janela, ao lado da cama um criado mudo com um telefone sem fio lilás, um abajur e um porta-retrato com uma foto minha com Lívia e meus pais, tirada uma semana antes do acidente de carro que os vitimara, eu e Lívia usávamos roupa de montaria, de amazonas, até aquela época, competíamos em provas de saltos, depois da morte de nossos pais para a tristeza de vovô abandonei a prática, mas Lívia continuou até os dias atuais.

Suzana observou cada detalhe do quarto com atenção, parando nas fotos que encontrava, em cima da escrivaninha, uma foto minha com Tia Silvia e Lívia tirada na fazenda, e outra com Bernardo e Olivia durante o internato. Pegou na foto dos meus pais após Lívia sair do meu quarto e comentou:

- Você sempre foi linda Bela... Perdoe-me a redundância...

Aproximei-me dela, e a beijei suavemente, acariciando seus cabelos. A vontade que eu tive era de amá-la ali no meu quarto, oficializando a entrada dela no meu mundo de uma vez por todas, ali no meu cenário familiar. 

Tê-la ali representava muito pra mim, eu tinha a certeza que encontrara o amor de minha vida, não temi mais nada, nem uma reação ruim de minha família diante da revelação de nosso relacionamento, estava mais que convencida que não queria esconder esse amor. 

Cochilamos no meu quarto mesmo por algumas horas, Tia Sílvia acertava detalhes da festa no centro da cidade, Lívia a acompanhava, fiquei feliz e tranqüila notando o quanto minha irmã caçula estava madura, e o quanto ela cuidava de titia. Mostrei a Suzana o jardim o qual ela se encantou desde que chegou, sentamos em um balanço de madeira perto da piscina, aproveitando o final da tarde abraçadas.

À noite, titia nos levou para jantar em um restaurante afastado do centro, era do meu padrinho de batismo. César era o melhor amigo de meu pai, ficara viúvo a poucos anos, depois disso abandonou a medicina justificando que toda sua competência não impediu que ele perdesse as pessoas que mais amava para tragédias, primeiro meus pais em um acidente, depois sua esposa para o câncer. 

Sempre teve paixão por cozinhar, resolveu dedicar-se ao que lhe dava prazer, eu adorava seus pratos, que unia a culinária mineira a itens mais sofisticados. Como se tratava de uma cidade do interior, na presença de uma cara nova os buchichos começaram nas mesas com nossa entrada, a cara nova era minha deslumbrante namorada, que mais uma vez atraiu olhares de todos. Senti uma ponta de ciúmes vendo os olhos dos homens fixos nas curvas de Suzana que usava um vestido colado com um bolero por cima. Resmunguei baixinho:

- Tinha que usar esse vestido? Tem gente te despindo com os olhos!

- Mas só você me despe com as mãos amor – falou cochichando.

Avistei saindo da cozinha tio César, que não gostava que o chamasse de padrinho. Ele soltou um grito abrindo os braços, não se incomodando com o tom de voz na frente dos clientes, até mesmo porque seu restaurante era simples, decoração rústica mas de muito bom gosto:

- Minha bela menina!

Corri na direção de seus braços, ele abraçou forte me suspendendo do chão, sempre me abraçava assim, desde criança.

- Tio César! Que saudades!

Apresentei-lhe Suzana, e ele nos levou até sua melhor mesa segundo ele, era na varanda do restaurante, a vista dava pra chapada, imagino como deve ser deslumbrante durante o dia. Nem esperou nosso pedido, ele sabia das nossas preferências, exceto por Suzana, mas o prato dela, eu escolhi, um frango ao creme de milho, sabia que ela ia gostar.

Tio César se derreteu todo por Suzana, quando ela falou que era chefe da urgência, era o mesmo cargo dele no hospital regional. A noite só não foi mais agradável por causa da chegada de Artur, um primo nosso, que me atormentava desde a adolescência para namorá-lo, era amigo de Afonso, namorado de Lívia, ao saber da minha chegada à cidade, insistiu para acompanhar Afonso no restaurante.

- Ora se não é minha prima mais linda que está aqui! – Artur falou aproximando-se dos meus lábios.

Desviei meu rosto e o cumprimentei:

- Olá Artur, como vai?

- Bem, e não me apresenta essa deusa ao seu lado? – desceu os olhos pelo colo de Suzana com um ar cafajeste.

Minha vontade era de apresentá-la como namorada, e lhe estapear tirando aquele risinho dele da cara, mas seria insano. 

- Suzana esse é meu primo Artur –falei secamente

Suzana estendeu a mão e ele a tomou virando-a para beijar a face da mão dela. Aquilo me irritou profundamente, Suzana estava visivelmente sem graça.

- Estamos comendo Artur, não percebeu? Tinha que lambuzar a mão de Suzana? Você sempre deselegante... – falei demonstrando minha irritação.

- Quanta hostilidade priminha, tudo isso é ciúmes de mim? Você sabe que eu te amo, espero relembrar nossos momentos em breve... – mais uma vez o ar de cafajeste.

Era ciúme mesmo seu idiota, mas da minha namorada! Queria esquecer pra sempre aquela maldita festa que fiquei com esse imbecil na minha adolescência, mas ele sempre fez questão de relembrar. Percebi o desconforto de Suzana com aquele comentário do Artur, quando Tia Silvia anteviu um bate-boca entre os sobrinhos interveio:

- Ah Suzana, perdoe esses meus sobrinhos, parece que sempre voltam a ser crianças! Parem com isso, vamos pedir a sobremesa e voltarmos pra casa, o dia amanhã será cheio!

Artur enfim percebeu que não era bem vindo e se retirou, depois da sobremesa fomos pra casa conforme orientação de titia. Ainda conversamos alguns minutos na no jardim, na verdade titia e Suzana, eu me contentava em contemplar Suzana falar, seus gestos, seu sorriso, qualquer cego veria meu olhar apaixonado para aquela mulher. 

Fomos para o quarto, logicamente Suzana foi para o quarto de hóspedes, com um olharzinho pidão se despediu de mim e de tia Silvia no corredor. Cerca de meia hora depois eu ainda me revirava na cama sem conseguir dormir, sabendo que Suzana estava ali no quarto vizinho, e eu queimando de desejo por ela ali sozinha. Não me contive, e fui até seu quarto. Ela estava também acordada, tentando ler um livro, apenas o abajur estava ligado, adentrei sem bater na porta:

- Meu amor! O que você está fazendo aqui? Se sua tia pega você aqui como vamos explicar?

Eu não perdi tempo dando explicações, avancei sobre seu corpo, ficando de joelhos entre sua cintura, puxei o livro que estava em suas mãos, e a beijei sem chance de fuga:

- Isabela Bitencourt isso é assédio sexual! Você é lésbica? Estou chocada! – falou sorrindo maliciosa.

Imediatamente ela juntou seu corpo mais perto do meu, apertando meu bumbum com força, sugando minha língua, eu já estava invadida de tesão, quando senti sua mão por baixo de minha calcinha me penetrando, gemi, e me movimentava suavemente. Empurrei seu corpo contra a cama, e subi minha boca por suas pernas, sentindo com minha língua o calor que seu corpo me liberava, cheguei ao seu sexo, e lá me deliciei, Suzana gemia enquanto fincava suas unhas nas minhas costas, ao atingirmos o ápice. Permaneci sobre seu corpo, ouvindo sua respiração rápida, quando me dei conta que tinha que voltar ao meu quarto:

- Amor, preciso voltar pro quarto, vem comigo? Quero dormir juntinha com você, meu corpinho não sabe mais descansar sem o teu perto...

- E’ arriscado amor...

- Então fico aqui... E cedinho eu vou pro meu quarto... Livia sempre me acorda de manhã com um monte de beijo desde criança...

Assim adormecemos, assim que senti no meu rosto o sol, levantei-me, saindo do aconchego dos braços de Suzana, que para mim era o melhor lugar do mundo. Saí literalmente na ponta dos pés, fechando com delicadeza a porta, ao me virar em direção ao meu quarto segurei o grito de susto vendo de braços cruzados na porta do meu quarto, Lívia, olhando minha cara de criminosa após executar um crime.

-OH meu DE-US! –exclamou Lívia

-Shiiii – fiz um gesto com o dedo na boca, empurrando Lívia para dentro do meu quarto.

- Isabela Bitencourt você pode me explicar o que fazia saindo essa hora do quarto de sua “amiga”? – falou fazendo sinal de aspas, franzindo a testa. 

- Calma Livinha, eu vou explicar.

- Entrei no seu quarto pra acordar você como sempre, e olha aí, cama vazia! – falou apontando pra minha cama.

- Maninha... Eu e Suzana... Estamos juntas, há quase sete meses, eu a amo, estamos felizes e apaixonadas, ela é motivo de toda leveza na voz que você notou nos últimos meses...

Lívia parou na minha frente, mexeu nos cabelos, e me olhou sorrindo:

- Eu já sabia sua boba! Desde que você falou que a traria aqui eu tive certeza, você só fala nela, mana! Só queria ver essa sua cara nervosa me dando explicações! Por isso vim tão cedo te acordar – disse soltando uma gargalhada me abraçando.

Caímos na cama fazendo cócegas uma na outra, quando perguntei:

- Tudo bem pra você, Livinha?

- Por que não estaria, uai? Você tá feliz, finalmente se abriu pro amor, a Suzana é uma pessoa maravilhosa, linda, minha querida eu te amo, só quero seu bem...

Enchi meus olhos de lágrimas, e a abracei.

- Que fofa que essa minha irmãzinha é, te amo! Eu tinha tanto medo de você não aprovar...

- Só tenho uma queixa: você esperou sete meses pra me contar? Nossa sete meses? Agora que me dei conta... Isso é o triplo de tempo do seu maior relacionamento! Minha irmã tá crescendo, que lindo! – falou debochando, joguei-lhe um travesseiro no rosto.

- Lívia e Tia Sílvia? Você acha que ela vai aceitar? – perguntei apreensiva

- Isa... Titia é advogada, ela pega as coisas no ar... E nos conhece muito bem... Ela não comentou nada comigo, mas... Acho que ela suspeita sim, e a julgar pela forma como ela está tratando Suzana, ela aceitará sim... – apertou minha mão.

- Vou conversar com ela ainda hoje. 

Descemos para tomar café, mais uma vez mesa farta, Tia Silvia não parava de falar sobre as obrigações do dia, fez várias ligações, instruções a fornecedores, ela adorava organizar festas, eu e Livia comentávamos isso lembrando de cada festinha de aniversário nossa que ela transformava em evento social, ríamos falando dos detalhes enquanto ela fazia careta pra nós. Tratou Suzana com o mesmo carinho que tratou a mim e a Livia, eu estava encantada com aquela atmosfera familiar e o principal, Suzana fazendo parte dela. Após o café, deixei Suzana na companhia de minha irmã e segui com tia Sílvia até o jardim:

- Titia, podemos falar um instante?

- Claro meu anjo, preciso pegar umas rosas no jardim, me acompanha?

Passeamos de braços dados pelo jardim, pediu a Virgílio as rosas que precisava, e me conduziu até os bancos de madeira perto das roseiras.

- Tia Sílvia, não sei como vai reagir, mas aprendi com a senhora que a verdade é o que rege uma relação de confiança, e nunca, escondi nada da senhora...

- Claro meu anjo, vocês são meninas preciosas e sabem que podem sempre ser sinceras comigo...

- Então... Trouxe Suzana aqui por uma razão, gostaria que você e Lívia a conhecesse, por que ela é muito importante pra mim... Ela é...

- Sua namorada não é?

Olhei com surpresa, e relaxei diante da mansidão que seu tom de voz demonstrava:

- E’ titia... Estamos juntas há quase sete meses, e estou muito, muito feliz tia.

- Minha querida... Criei vocês com todo amor que guardei para os filhos que Deus não me concedeu, vocês me deram as maiores alegrias que uma mãe poderia ter, tenho orgulho das mulheres incríveis que vocês se transformaram, mas o que me realizaria como mãe é a certeza que vocês estão felizes, e sempre me preocupei mais com você Isa. Sempre tão responsável, dedicada a ser exemplo para Lívia, obcecada em se tornar uma médica tão brilhante como os seus pais foram, por mais que eu esforçasse em te cerca de carinho, sempre via nos seus olhos uma sombra de tristeza...

-Mas titia a senhora foi uma mãe perfeita pra mim sempre!

- Nunca me culpei meu amor, mas me entristecia vendo essa tristeza no seu olhar, vendo como você se cobrava e pensava, meu Deus, quanto mais essa menina vai sofrer? Mas, de uns meses pra cá notei na sua voz algo que nunca percebera antes, um vigor, um otimismo... Precisava olhar pra esses olhos azuis lindos pra ter certeza –segurou meu queixo entre seus dedos.

- Certeza de que titia?

- Que a sombra de tristeza do seu olhar não existia mais. Se o motivo disso é Suzana, meu anjo, é tudo que me interessa para amá-la como minha filha também, eu só quero sua felicidade! Você sofrerá alguns preconceitos com nossa família, você tem tios e primos muito estúpidos, mas estarei lá do seu lado como sempre, e te defenderei como uma leoa!

Não segurei minhas lágrimas, nos abraçamos por minutos ali, até ser interrompidas por Célia, trazendo o telefone sem fio, era do Buffet. Entrei em casa para contar a Suzana as boas novas, encontrei-a com Lívia, brincando de vídeo game sentadas no chão da sala, pareciam dois moleques viciados em jogo, gritando, xingando, vibrando. Esperei a partida terminar, e ao vencer, ela saltou no sofá onde eu estava sentada, se surpreendendo quando lhe beijei, parabenizando-a na frente de minha irmã.

-Ops... Desculpa Suzana – falei fazendo cara de espanto segurando a boca.

Olhei para Lívia, que segurava o riso, mas ao ver a palidez de Suzana, não nos contivemos, caímos na gargalhada, Livia, pulou no nosso meio, e disse:

- Bem vinda a família cunhada!

Contei a Suzana da minha conversa com Lívia e tia Sílvia, Suzana me ouvia esfregando minhas mãos nas suas, visivelmente ansiosa, mas com um sorriso sincero nos lábios. Passamos a tarde nos aprontando para a festa, a noite, seguimos com Livia e Afonso para a fazenda, tia Sílvia já estava lá desde tarde. Suzana estava linda, nos cabelos um coque deixando cair alguns fios sobre o rosto, um vestido vermelho com detalhes dourados as costas eram nuas, uma sandália dourada não muito alta a meu pedido, uma vez que ela já era bem mais alta que eu, de salto então, era uma humilhação.

Como era de se esperar a fazenda estava espetacular, tia Sílvia não poupou gastos com decoração, iluminação, era uma super produção. Como era de se esperar também, Suzana chamou atenção por onde passava, foi simpática com todos os que lhe apresentei, mas estava com as mãos frias e suadas, antes de conhecer meus avós. 

Minha avó se queixou todo tempo do meu sumiço, foi educada com Suzana mas não muito amável, ao contrário de vovô que se desmanchou em elogios, depois de me abraçar e manter suas mãos nos meus ombros enquanto conversávamos. Vovó era uma torcedora ferrenha do meu romance com Artur, ele já a envenenara contra Suzana, levantando suspeitas sobre nossa relação, não era difícil levantá-las depois do meu ataque de ciúmes no restaurante na noite anterior.

Durante a festa ele me desafiava com o olhar e provocava Suzana me puxando para dançar, beijando meu pescoço, não queria fazer um escândalo por causa de meus avós mas minha vontade era esbofeteá-lo ali mesmo na pista de dança. Afonso e tio César para acalmar os ânimos se revezavam em me tirar pra dançar dos braços de Artur, enquanto Lívia distraía inutilmente a atenção de Suzana passeando pelas mesas mostrando detalhes da decoração por ela escolhidas junto com Tia Sílvia. 

Saí a procura delas quando fui abordada por trás por Artur, perto da mesa dos doces, ele agarrou-me a cintura com força, já estava alcoolizado, eu tentava desvencilhar-me em vão, até que ele virou meu rosto pro seu e me roubou um beijo apressado e desconcertado, tentando colocar sua língua na minha boca, passando-a em meus lábios, não tendo forças para me livrar dele, mordi seus lábios com toda raiva que eu nutria por ele.

- Sua sapatão desgraçada! – ele gritou avançando em minha direção após ver suas mãos ensangüentadas por limpar seus lábios.

Senti a mão pesada dele no meu rosto, enquanto me apoiava numa coluna, ouvi o barulho da mesa de doces se desfazer com o corpo de Artur sendo arremessado contra ela. Era tio Ronaldo, pai de Artur, que o empurrara ao ver a cena.

- Levanta-se daí Pedro Artur, suma das minhas vistas agora!

Nesse momento, Lívia, vovó, Tia Sílvia, Suzana e Afonso se aproximavam depois de testemunhar a cena de longe. A banda que parara de tocar quando o estrondo da mesa de doces se desfazendo tomou o lugar permanecia imóvel. Vovó foi em direção a Artur para ajudá-lo a levantar, Afonso apressou-se em intervir a fim de evitar o esforço de vovó. Suzana examinava meu rosto, mas olhava para Artur com ódio mortal, a expressão de Lívia era a mesma para Artur e Afonso, uma vez que logo deduziu que Afonso comentara com seu amigo o que ela compartilhou sobre a minha felicidade em estar com Suzana. Vovô ordenou que a banda voltasse a tocar, os funcionários do Buffet já tentavam dar um jeito no estrago da mesa de doces, com as orientações de tia Sílvia. As pessoas cochichavam, mas aos poucos o ritmo da festa ia se reestabelecendo. Lívia e Suzana me levaram para dentro da casa grande, e em um dos quartos tratavam de me acalmar e cuidar de mim.

- Como foi isso Isa?

-Ai Lívia, você sabe como aquele idiota é... Não quero falar nisso... Quero ir embora, você pode pedir a algum empregado para nos levar? Não vou dormir aqui.

- Isa, tá na metade da festa ainda, vovô e vovó vão se chatear...

- Não Lívia, não volto pra festa com o rosto inchado depois desse incidente horroroso, amanhã venho e me despeço de vovô e vovó.

Entendendo que estava irredutível, Lívia saiu do quarto para providenciar o que pedi deixando Suzana comigo no quarto, que até então estava muda.

- Você acha que vai ficar roxo? Esse meu rostinho anda sendo castigado... – falei puxando assunto tentando minimizar o clima tenso.

Suzana se aproximou com compressas de gazes molhadas em soro fisiológico, limpando meu rosto, havia um arranhão apenas no meio daquela vermelhidão na minha face.

- Ei... Olha pra mim... Você tá com raiva de mim?

Suzana continuou a fazer o que estava fazendo e não me respondeu nada. Foi quando Tia Sílvia entrou de supetão no quarto:

- Deixa eu ver esse rostinho... Ai que eu vou esganar esse garoto abusado! 

- Tá tudo bem titia, exceto pelo bico da minha namorada...

Suzana arregalou os olhos pra mim sem graça por eu expor assim a reação dela. Percebendo que estava sobrando ali, tia Sílvia apressou-se em sair dali avisando:

- Não queria que vocês deixassem a festa, mas entendo, Virgílio vai levá-las no meu carro, está nos fundos da cozinha, podem sair por lá.

Agradeci e mais uma vez indaguei a Suzana:

- Então, vai olhar pra mim e conversar comigo ou não?

- Por que você tinha que dar tanta atenção praquele idiota Isabela?

- Você não notou que não tive opção? 

- Mas estava fazendo o que ali afastada de todos? Era só recusar a dançar com ele...

- Ele estava me provocando, queria evitar um escândalo, ficou fazendo piadas infames sobre me ensinar a gostar de homens de novo, ele estava bêbado, pra começar um escândalo será fácil.

- Nossa, e você evitou mesmo o escândalo né?

- Não tive culpa Suzana... Não vamos brigar vai... Estava tudo tão perfeito...

- Ai Isa, ver aquele cara te beijando, ai nojento! Se seu tio não tivesse batido nele, eu mesma faria isso! Sou judoca sabia?

- Ai que brava que essa minha namorada é... Vem cá meu amor, dá beijinho pra sarar aqui vai... 

Não duvidava que ela batesse mesmo no Artur, o ódio que ela estava era visível. Saímos pela cozinha como tia Sílvia recomendara, logo estávamos em casa, dormindo no meu quarto, depois de nos amarmos até a madrugada.Ao acordarmos depois do café, fomos para a fazenda, precisava me despedir de meus avós e dar explicações por ter saído da festa.

Na fazenda, encontrei Vovô já na varanda da casa grande, muitos empregados trabalhavam recolhendo mesas e cadeiras, ao ver o carro de tia Sílvia se aproximando comigo mesma dirigindo, ele foi ao nosso encontro:

- Pelas minhas contas, você deve ficar de castigo por uns 20 anos dona Isabela! Saiu na metade da festa sem se despedir... Nem dançou comigo né?

- Bom dia vovô... Sei que devo desculpas ao senhor, mas não tive condições de voltar a festa, sinto muito.

-Tudo bem... Perdôo você com uma condição: mandei preparar o Dourado, a pista tá pronta, monta pra mim?

- Ah vovô... Faz uns dez anos que não monto, Dourado nem me conhece mais, vou é ficar com o outro olho roxo!

- Eles nunca esquecem seu dono... Vamos lá, Dourado é cavalo de competição, está sentindo falta de uma amazona como você o montando, dê essa alegria ao seu velho aqui...

- Sei não vovô...

- Suzana! Você não gostaria de ver essa minha neta linda montando? Seu pedido ela atenderá...

- Gostaria sim Seu Antenor. Por favor, Isa... – fez cara do gato de botas do Sherek me olhando.

- Vocês estão de complô contra minha pessoa! Assim não tenho como negar.

Segui para o quarto, e peguei roupas de montaria de Lívia emprestadas, ela sempre as mantinha lá, já que ainda praticava com freqüência. Ao descer as escadas, vovó já me aguardava, olhando com cara de poucos amigos para Suzana, que estava sendo paparicada por tia Silvia e vovô. Puxou-me pelo braço enquanto Suzana me acompanhava com olhar de desejo me vendo de calças de montaria apertadas, botas cano longo, camisa branca justa, notando seu olhar a atiçava batendo o chicote nas botas e ajeitava o chapéu. No canto da sala, vovó me olhava séria:

- Isabela é verdade o que estão falando?

- Não sei o que estão falando vovó, o que estão falando?

- Sobre você essazinha aí...

- Não sei quem é essazinha, mas se você se refere aquela mulher linda ali, o nome dela é Suzana a mulher que está me fazendo feliz, se estão falando por aí que estamos juntas, sim, é verdade.

- Que vergonha, que decepção Isabela, ainda bem que seus pais não estão aqui pra sofrer essa humilhação?

- Vovó respeito muito a senhora, amo muito a senhora, mas não vou permitir que fale assim comigo, especialmente usando a memória de meus pais, tudo que fiz até hoje foi para honrá-los, e tenho certeza que estariam felizes vendo minha felicidade.

- Uma mulher linda como você, poderia ter o homem que quisesse...

- Mas só tem uma pessoa que eu quero, e ela está ali, sorrindo pra mim...é aquele sorriso que eu ter do meu lado pro resto da minha vida...eu vou sentir muito se a senhora não aceitar isso, mas nada que a senhora diga ou faça vai me afastar dela.

Afastei-me em direção a Suzana, Tia Sílvia e vovô, chamando-os para o desafio que vovô me fizera de saltar com Dourado depois de quase 10 anos sem montar. 

- Tá tudo bem amor? O que sua vó queria?

- Está sim minha vida...

- Você está deliciosa nessa roupa sabia?Acho que vou tirá-las ali mesmo no pasto, será que seu avô se incomodaria?

- Não sei... Quer que eu pergunte?

Suzana segurou minha boca, e seguimos rindo até as baias onde meu cavalo já estava pronto, Lívia também estava pronta para montar. Começamos nossa exibição, e Livia deu um show, eu um pouco destreinada, fiz uma apresentação modesta, mas que empolgou meu avô e encantou minha linda namorada. Quando voltávamos para almoçar na casa grande, Suzana cochichava:

- Quero que você galope assim hoje a noite... Em mim... - sorriu maliciosa.

Uma grande mesa estava posta em baixo de uma tenda usada na noite anterior no pátio da fazenda, nas panelas de barro, outras delícias da cozinha mineira, sentamos todos a mesa, Suzana do meu lado, vovó nos olhava com notável desaprovação, tia Laura, a mãe de Artur sequer me olhava, não pude deixar de notar o clima desagradável naquele almoço, mas me esforçava para que Suzana não percebesse. 

Enquanto Suzana limpava com um guardanapo inocentemente o meu rosto que estava sujo com farinha, ouvimos uma estridente batida na mesa, que calou a todos, quando nos viramos em direção ao som, estava lá o olhar impenetrável de vovó com uma voz de cheia de rancor esbravejando:

- Não vou permitir isso na minha casa!

Todos se perguntavam a que ela se referia, e ela continuava:

- E’ um pouca vergonha!

Eu sabia perfeitamente a que aquela conservadora senhora descrevia como pouca vergonha, mas fingi não saber. Vovô segurou a mão dela e falou entre os dentes trincados:

- Helena contenha-se, eu é que não vou permitir que você destrate ninguém na minha casa!

- Minha casa também, Antero! Se você quer acobertar a safadeza de sua neta com essazinha aí o problema é seu, mas eu não sou obrigada a ver isso.

Senti uma raiva crescer dentro de mim, desconheci minha avó naquele momento, joguei o guardanapo sobre a mesa, e levantei minha voz, mesmo com a mão de Suzana tentando me fazer parar segurando minha perna.

- A senhora tem razão vovó, não tem mesmo que ver nada, mas se referir a uma convidada nesses termos é de uma falta de educação sem precedentes.

- Cale-se Isabela, já ouvi demais de você por hoje, você está enfeitiçada por essa mulher, que deve estar de olho na sua herança!

- Já chega vovó, essa mulher é minha namorada, a mulher que eu amo, e que me faz a pessoa mais feliz do mundo, se a senhora não pode aceitar isso, é porque não me ama o suficiente, eu não perdoar a senhora por ofendê-la dessa forma! 

- Chegaaaa cala a boca Isabela, você não sabe o que está falando!

- Sei, vovó sei sim, nunca soube tanto como sei agora... Suzana me trouxe de volta a vida, se a senhora me amasse de verdade veria isso nos meus olhos.

Continuávamos discutindo mesmo com as tentativas de todos nos acalmarem, até que foi a vez de vovô bater forte na mesa, mas dessa vez ele usou uma garrafa de vinho, quebrando-a no canto da mesa:
- Chega Helena, não vou permitir que ninguém seja ofendido em minha casa, que comportamento lamentável... Não acredito que passei cinquenta anos casado com uma mulher mesquinha e preconceituosa como você acabou de se mostrar, essa face eu não conhecia.

Vovó tentava falar, mas vovô não permitia. Suzana, evitava levantar a cabeça deixando que vissem suas lágrimas, o que apertava ainda mais meu coração e aumentava minha raiva por vovó, queria protegê-la de todas aquelas palavras amargas. Até que vovó levantou-se da mesa, e com a voz embargada parou a minha frente e disse:

- Você é uma decepção pra mim, se não posso escolher quem senta na minha mesa, eu me retiro.

Suzana, a mais ofendida com aquela discussão, nesse momento ergueu-se olhou de cima minha vó, e falou num tom muito educado, mas cheio de mágoa:

- Não é necessário senhora, não imponho minha presença a ninguém, a casa é sua, se alguém deve se retirar, esse alguém sou eu. Seu Antenor obrigada pelo convite, o senhor é um cavalheiro foi um prazer desfrutar de sua companhia. Com licença a todos, boa tarde.

Suzana distanciou-se da mesa, quando eu me levantei e com os olhos marejados e voz embargada dirigi-me a vovó:

- Esqueça que sou sua neta, fique com sua casa, aqui não ponho mais os pés enquanto a senhora viver.

Acompanhei Suzana, segurei sua mão forte e seguimos pro carro de tia Sílvia. Vovô, tia Silvia e Livia correram em nossa direção tentando impedir que deixássemos a fazenda daquela forma:

- Minhas filhas, esperem, vocês não podem sair assim, Helena está fora de si!

- Vovô nada justifica o que ela disse... Por favor, nos deixe - o abracei em meio a lágrimas.

- Isa, Suzana, eu vou com vocês... Vocês estão nervosas demais pra dirigir.


Suzana chorava em silêncio, enquanto mantinha minhas mãos entre as suas. Entramos no carro, seguidas por Lívia e Tia Sílvia, que pediu a Afonso que levasse o carro de Lívia. No banco de trás, Suzana, recostou minha cabeça no seu colo enquanto enxugava minhas lágrimas, nenhuma palavra que titia e Lívia falava diminuía a dor que eu sentia, certamente nem a mágoa de Suzana. Chegando em casa, subimos para o quarto para preparar nossas malas. Ela me olhou enquanto eu me recostava na janela, e virou meu rosto:

- Isa... Por mais triste e doloroso o que acabamos de passar, especialmente pra você, porque afinal ela é sua avó, eu vou guardar pra sempre as suas palavras...

- Ah Suzana, não podia deixar minha avó te ofender daquela maneira.

- Eu juro que nem sei mais direito o que ela falou, depois de ouvir você dizer que me amava. Foi a declaração de amor mais linda, mais forte que eu já vi, e nunca ninguém me falou nada parecido... Eu enfrentaria um batalhão de donas Helenas pra ouvir de novo aquilo...

- Você não precisa enfrentar ninguém pra ouvir isso de novo meu amor: eu te amo, te amo, te amo mais que tudo minha vida...

- Eu também te amo, minha Bela – falou com os olhos cheios de lágrimas, e me beijou com ternura.

Titia nos interrompeu com uma bandeja com chá de camomila, reafirmou seu apoio a nós, e disse o quanto lamentava a atitude de sua mãe. Seguiu com Livia até Belo Horizonte naquela tarde, para nos acompanhar até o aeroporto, nos despedimos com o compromisso de não passar mais tanto tempo sem nos vermos pessoalmente.