terça-feira, 13 de março de 2012

LEIS DO DESTINO: 2ª FASE

2.29 Ubi non est justitia, ibi non potest esse jus
Onde não existe justiça não pode haver direito. A justiça é que sustenta as diversas formas de direito. 


            A palidez de Natalia foi percebida por Diana imediatamente. Surpreendentemente até para ela mesma, a promotora não conseguiu ficar satisfeita com aquela notícia imaginando o impacto desta em Diana.


-- Natalia você me escutou?

-- Sim Lucas. O que será feito agora?


-- Bem, considerando a situação, está colaborando nas investigações, tem bons antecedentes, não tenho porque pedir a prisão preventiva, eu pedi que ele chamasse o advogado dele, ele apareceu aqui sozinho depois de me ligar, não entendi essa atitude de Acrisio.


-- Ele não preenche os requisitos para representar pela prisão preventiva de fato. Tudo bem Luc, me mantenha informada.


-- Natalia está tudo bem? Pensei que você vibraria com a notícia...


-- Luc, eu não posso falar agora, depois nos falamos melhor.


            Diana pressentia que as notícias não eram boas, Natalia mudou a expressão quando encarou a namorada, apreensiva perguntou:


-- É sobre meu pai não é?


            Natalia acenou em acordo.

-- Ele confessou Di.


            Diana não disfarçou sua surpresa. Antes de exteriorizar qualquer pensamento, foi a vez do seu celular chamar, era seu irmão Danilo.


-- Oi Dan.


-- Mana o papai enlouqueceu. O nosso advogado me ligou agora, o papai está na delegacia, acabou de confessar os assassinatos da fazenda.


            Resignada, Diana foi econômica nas palavras com Danilo:


-- Não foi surpresa para mim.


-- Diana o papai não é culpado, é lógico que ele fez isso para proteger o Douglas. Ainda não sei o que motivou isso, mas vou descobrir.


-- Danilo para mim esse assunto já está encerrado.


-- Com o Douglas livre e o papai confessando as culpas dos crimes dele Di, nossos problemas agora é que vão começar.


            Diana silenciou descrente do temor do irmão.


-- Diana eu estou indo para a delegacia. Ligo para você depois.



            Natalia encarou Diana com compaixão, imaginando a decepção que a loirinha experimentava. A promotora reconhecia naquele momento o quanto as esperanças de Diana acerca da inocência do pai lhe animaram em uma possível reconciliação com ele, e quão frágil eram essas esperanças, desfeitas com aquela atitude surpreendente de Acrisio.


-- Acho que a magia acabou não é?

           
            Diana comentou baixando os olhos.


-- Como acabou? Estamos aqui juntas, é o nosso amor que é mágico Di.


            Natalia acariciou o rosto da namorada depositando um beijo suave nos seus lábios.


-- E afinal, você tinha razão. Acrisio Toledo estava só tentando me enganar.


-- Não precisamos falar disso meu amor. Vem cá...


            Natalia puxou Diana e a recostou em seu peito, beijando sua cabeça tentando minimizar com seu carinho a decepção que a loirinha sofrera.


            Diana permitiu ser cuidada e sem nada falar apenas abraçou a namorada, tentando se esquecer das esperanças que nasceram e abruptamente foram ceifadas. A frustração que sentia nublava seu julgamento sensato, o qual até Natalia que não tinha dúvidas da culpa de Acrisio, não compreendeu a atitude do fazendeiro. Acrisio não tinha motivos para confessar sua participação naqueles assassinatos, uma vez que sua implicação direta em tais crimes não tinha como ser comprovada.


            Entretanto, naquela noite as hipóteses e dúvidas sobre a confissão de Acrisio não foram compartilhadas pelo casal. A barreira, o ponto de tensão ainda estava lá entre elas, nem mesmo a magia do momento as aproximou naquela questão. Natalia ainda era a promotora que lutava para a condenação de um autêntico representante do coronelismo político enquanto Diana persistia no seu papel de filha decepcionada com o pai que lhe foi roubado pela ambição do poder.


            O acordo tácito foi firmado entre Natalia e Diana. Deixaram que a atmosfera de encanto arquitetada por Natalia as protegesse da sequência de eventos desgastantes que sucederiam aquele fato inesperado. E com o amor resguardado das complicações de outrem, deixaram que ele ditasse o clima do resto da noite.


-- Di? Ainda está acordada?


-- Sim meu amor.


-- Sabe o que acabei de perceber?


-- Que você continua de sapatos?


            Natalia gargalhou.


-- Não! Isso eu não tinha notado ainda! Por que estou nua de sapatos?


-- Não sei, pensei que era algum fetiche seu...



            Diana brincou erguendo o tronco para olhar Natalia.


-- Outro dia revelo meus fetiches a você... Com certeza eles não incluem sapatos. Percebi que não temos uma música. Não temos uma música nossa, que a gente escute e diga: “ah essa é nossa música!”.


-- Não temos?


-- Na verdade eu sempre me lembro da gente quando escuto Sandy e Junior, daquela vez que fui ao seu apartamento...


-- Ai não! Por favor! Sandy e Junior?! Eu me recuso a ter esses dois caipiras na nossa trilha sonora!


-- Muito tarde para isso! A caipirice está na sua vida e não sai mais... Você se esqueceu de quem eu sou?


-- Você é minha sina caipira! Mas música caipira não!


-- Bom, pois essa é nossa música...


-- Posso dar uma sugestão?


-- Poder pode, mas duvido que vença o ”thuru thuru quando você passa...”.


            Natalia sorriu com a careta de desagrado que Diana fez.


-- Vem, levanta.


            Natalia ficou de pé e as duas gargalharam ao olharem a morena ainda calçada com os sapatos altos.


-- Acho que não vou esquecer essa visão nunca... – Diana brincou mordendo os lábios.


-- Para Diana!


            Diana pegou seu celular dentro do casaco jogado em uma cadeira, conectou os fones, e posicionou um deles no seu ouvido e outro no ouvido de Natalia e convidou:


-- Dança comigo a nossa música?


-- Ainda não aceitei que ela seja nossa música.


-- Você vai concordar comigo...


            Diana acessou a playlist do seu celular e se aproximou ainda mais de Natalia, unindo seus corpos no movimento lento da canção.



I’m not Angel – Eu não sou um anjo

If you gave me just a coin for every time we say goodbye 
Well I'd be rich beyond my dreams, I'm sorry for my weary life 
I know I'm not perfect but I can smile 
and I hope that you see this heart behind my tired eyes 

Se você me desse apenas uma moeda 
Por cada vez q dissemos adeus. 
Bem, eu seria rica além dos meus sonhos! 
Desculpe-me pela minha vida deprimente. 
Eu sei que não sou perfeita, 
Mas eu posso sorrir. 
E eu espero que veja esse meu coração 
Por trás de meus olhos cansados. 


If you tell me that I can't, I will, I will, I'll try all night 
and if I say I'm coming home, I'll probably be out all night 
I know I can be afraid but I'm alive 
and I hope that you trust this heart behind my tired eyes 

Se me disser que eu não posso 
Eu tentarei, eu tentarei, eu tentarei a noite toda. 
E se eu disser que estarei voltando pra casa 
Eu provavelmente sairei noite toda. 
Eu sei que posso estar assustada, 
Mas eu estou viva 
E eu espero que acredite nesse meu coração 
Através de meus olhos cansados
 

cause I'm no angel, but please don't think that I won't try and try 
I'm no angel, but does that mean that I can't live my life 
I'm no angel, but please don't think that I can't cry oh 
I'm no angel, but does that mean that I won't fly 

Não sou um anjo, mas, por favor, não pense que eu não tentarei e tentarei. 
Não sou um anjo, mas isso significa que não posso viver minha vida? 
Não sou um anjo, mas, por favor, não pense que não irei chorar. 
Não sou um anjo, mas isso significa que eu não irei voar? 



I know I'm not around each night 
and I know I always think I'm right 
and I can believe that you might look around 

Eu sei que não posso estar por ai toda noite 
E eu sei que não estou sempre certa 
Eu gosto de acreditar que você estará à procura 


cause I'm no angel, but please don't think that I won't try and try 
I'm no angel, but does that mean that I can't live my life 
I'm no angel, but please don't think that I can't cry oh 
I'm no angel, but does that mean that I won't fly. 


Não sou um anjo, mas, por favor, não pense que eu não tentarei e tentarei. 
Não sou um anjo, mas isso significa que não posso viver minha vida? 
Não sou um anjo, mas, por favor, não pense q não irei chorar. 
Não sou um anjo, mas isso significa que eu não irei voar?

(Dido)



            Natalia não conseguiu controlar a emoção. Compreendendo e imaginando Diana repetir isso todas as vezes que se separaram e todas as vezes que pensaram uma na outra, e todas as vezes que se reconciliaram, lembrando-se da personalidade protetora da sua amada na história delas, Natalia reviveu os momentos que tornaram aquela música uma declaração de amor verdadeira de Diana para ela e se rendeu deixando as lágrimas confirmarem a verdade daquela letra na trilha sonora delas.  A resposta emocionada de Diana foi instantânea. Uniram as testas naquele ritmo calmo da música, e no refrão Diana ousou cantar junto.


            Ao final da música, mesmo sem melodia, continuaram a dançar no mesmo ritmo, querendo prolongar aquela chama de magia.


-- Amor, a música acabou... – Diana sussurrou.


-- E por que ainda estou ouvindo esse som me embalando? – Natalia cochichou.


-- Deve ser o eco da minha voz na sua mente, repetindo que te amo...


-- Não tinha isso na música...


-- Acabei de acrescentar, não acredita em magia?

-- Sim... Mas... Mesmo assim... Essa música não ganhou de “thuru thuru”...


             Diana arregalou os olhos e Natalia gargalhou repetindo:


-- Não adianta! Aceite! É o destino! Você ama uma caipira, a nossa musica é caipira também!


            Diana tentou argumentar, mas, não conseguiu desconcertada com as risadas de Natalia.


-- Para de rir! Estou falando sério! Tenho mais sugestões aqui na playlist.


-- “Esse thuru thuru thuru vem me atormentar...” – Natalia respondeu cantando.


-- Vai zuar né? Agora vou te dar motivos pra rir mesmo!


            Diana atacou a cintura de Natalia fazendo cócegas até caírem ao chão. A brincadeira só cessou quando tomou ares de sensualidade com Diana mexendo os quadris sobre o corpo de Natalia atiçando o desejo o qual se concretizou em toda sua plenitude levando ambas ao êxtase e a e ao fim de suas forças. Deram lugar ao sono tranquilo com os corpos unidos como se fosse um só.

*************


       Não era dia de expediente para Natalia. Mas, dadas as circunstâncias, a promotora procurou Lucas na delegacia a fim de tomar conhecimento dos detalhes da surpreendente confissão de Acrisio no dia anterior.


-- O que houve afinal Lucas? Por que Acrisio fez isso?


-- Não sei Natalia. Com essa confissão tenho que encerrar o inquérito, apesar de não estar totalmente convencido da participação de Acrisio nesses assassinatos.


-- Se você não está convencido, não encerre! Continue as investigações. Foram encontrados todos os corpos dos trabalhadores desaparecidos?


-- Não, mas, se Danilo falou a verdade, o verdadeiro assassino continuará solto, e pior gozando de certos privilégios por ser um parlamentar.


-- Lucas, ainda há um longo caminho até o julgamento. O processo instaurado não implica necessariamente em concluirmos a busca da verdade.


-- Do que você está falando Nat? Eu não sei quanto a você, mas eu tenho muito trabalho naquela delegacia, não posso me dedicar só a esse caso, especialmente quando ele oficialmente está encerrado no que diz respeito a polícia.


-- Alguma coisa me diz que o decorrer desse processo ainda nos trará algumas surpresas...


-- Não gosto desse seu tom misterioso Natalia. Não vá se meter em encrenca. Acrisio ou Douglas, seja lá quem for o culpado por esse massacre, ambos são perigosos, e apesar de acusado nesse processo, não ficará preso, portanto...


-- Eu sei. Ainda estamos na mira dele...


-- Agora o alvo está na sua testa mais do que nunca.


-- Por isso ainda posso contar com meu salvador profissional de donzelas em perigo não é?


            Natalia brincou arrancando um sorriso do delegado.


-- Doutora você é um perigo!


            Natalia sorriu e comunicou:


-- Vou oferecer denúncia ao juiz, agora a bola está comigo delegado.

*************


            Danilo levou o pai para sua chácara, seguro de que lá, nem a imprensa, nem seu irmão poderia importuná-los.


-- Pai o que deu no senhor? Por que essa confissão?


-- Danilo eu preciso assegurar o melhor tratamento para seu irmão. Ele enfrentar um processo, a exposição à mídia, e tudo mais pode leva-lo a um surto. Conversei com o psiquiatra que está acompanhando Douglas, ele recomendou uma internação para Douglas, mas por enquanto ele sequer aceita que é doente, imagine o que seria se ele fosse denunciado. E se fosse condenado, mesmo se fosse declarado incapaz de ser responsabilizado pelos crimes, você sabe o que são essas casas de custódia? Não posso permitir que seu irmão seja mandado para lá!


-- Pai quem o denunciaria?


-- Os antigos capangas dele. Tentaram me chantagear, ameaçaram denunciar o Douglas...


-- Pai o senhor tinha meios pra lidar com esse tipo de coisa sem precisar confessar crimes que o senhor não cometeu!


-- O que está sugerindo Danilo? Que eu desse para esses capangas outra “solução definitiva”? Mais mortes meu filho? Eu já acumulei muitas esses anos todos e o que isso evitou? Nada! Só piorei as coisas, até pela morte de sua mãe eu fui culpado, Diana tem razão! Assumindo esses crimes pago por aqueles os quais não posso mais ser condenado, e protejo você e Diana também de por ventura serem envolvidos nos meus crimes como cúmplices...


-- Pai! Como isso vai nos proteger? O que o senhor vai fazer para explicar essas mortes? Gente que o senhor sequer conhecia! Por enquanto o senhor escapou dos detalhes no depoimento, mas daqui para frente como será? O senhor vai a júri, como vai falar dessas mortes? Vai entregar os seguranças do Douglas, e o que vai garantir que eles vão compactuar com a versão do senhor?


-- Oferecerei vantagens a eles, assim como a Nilton.


-- O senhor não está raciocinando... Não estranho que o advogado aja como agiu... Como defender o senhor assim? A propósito, precisamos de outro advogado, ele se recusa a continuar defendendo o senhor.


-- Ofereça mais dinheiro, ele vai aceitar.


-- Acho que o senhor está com personalidade dupla, só pode! Uma hora quer agir como um herói burro, outra hora como o poderoso Acrisio que corrompe e resolve tudo do seu jeito... Será que o senhor não vê que o senhor não pode resolver tudo do jeito do senhor? Não se trata só desses assassinatos... O Douglas é doente pai, o julgamento, a prisão do senhor vai afetá-lo do mesmo jeito!


            Acrisio calou. A reflexão de Danilo era pertinente, e na sua impulsividade para proteger os filhos não raciocinara daquela forma.


-- Pai, como o senhor vai nos proteger do nosso próprio irmão?


            Outra vez Acrisio ficou sem resposta.


-- Vá descansar um pouco papai. Vou tratar de encontrar outro advogado para o senhor.


-- Meu filho, eu vou dar um jeito em tudo, não se preocupem, nada de mal acontecerá com nenhum de vocês, eu darei minha vida por isso.


*************

            Diana evitou até mesmo os telefonemas de Danilo, numa atitude de autodefesa procurou ficar alheia até mesmo às notícias vinculadas nos meios de imprensa. Preocupada com tal comportamento da namorada, Natalia se sentiu obrigada a tocar naquele assunto quase proibido entre elas nas últimas semanas:


-- Di, eu tenho notícias sobre o caso do seu pai. Na verdade, nem eu e nem o Lucas temos total certeza da culpa dele nesses assassinatos, eu prometo me empenhar para trazer a verdade á tona, seja ela qual for.


-- Agora você acha Acrisio Toledo é inocente?


-- Não é tão simples assim Di...


-- Natalia eu não estou assistindo TV, sequer acessando as redes sociais para não ter que ouvir todas as especulações acerca desse assunto, eu não quero também que você seja minha fonte de informações. Só me envolvi nisso para proteger você e ajudar meu irmão, já fiz minha parte, não quero mais falar nesse assunto.


            Diana foi enfática, mas em cada palavra Natalia captou a dimensão dos sentimentos de decepção e mágoa que ressurgiram na relação entre a loirinha e seu pai, assim, preferiu lhe dar o espaço necessário para processar aqueles acontecimentos segundo seu tempo, compreendendo que aquela suposta fuga seria passageira.


            Coube a Natalia ajudar a fotógrafa a encontrar o mínimo de tranquilidade nos dias que antecederam a sua primeira exposição no Brasil.

            O nervosismo, a expectativa pela repercussão do evento elevou a vulnerabilidade da fotógrafa, que se viu ainda mais ansiosa considerando que naquele momento tão importante não teria o apoio de ninguém mais próximo a ela. Os amigos mais chegados no Brasil eram Lucas e Carla, ambos envolvidos no processo do seu pai, os antigos amigos da faculdade ela não manteve contato.

            Notando o quão carente Diana estava naqueles dias, Natalia tomou a iniciativa de ligar para Alda, irmã de Alice, convidando-a para a exposição, para a decepção da promotora, a tia de Diana não poderia comparecer no Vernissage. Assim, Natalia arquitetou outra forma de apoiar sua amada naquele momento especial.


           

************

            Diana conseguiu uma cobertura da imprensa não desejada uma vez que seu sobrenome não foi dissociado dos escândalos envolvendo Acrisio Toledo, tal fato deu um tom desagradável a um momento que deveria ser unicamente de realização profissional.


            O visual caprichado, e toda produção daquele saguão transformado em uma galeria, os flashes descontrolados e as dezenas de pessoas cercando Diana, agravavam a sensação de solidão que a loirinha sentia em meio a cochichos, sorrisos falsos e elogios verdadeiros da crítica e mídia especializada.


            Apesar da aparente calma e simpatia que Diana transparecia, estranhamente, a fotógrafa se entristecia, ao se dar conta que não podia compartilhar aquele sucesso com quem ela realmente se importava.


            Quando o desânimo ameaçou lhe abater, afastou-se nas rodas de conversa que aquela altura parecia discutir em um idioma estranho para ela, e se refugiou na ultima coluna daquele salão onde uma de suas fotos estava exposta e nela se deteve em uma atitude quase contemplativa quando uma voz familiar lhe chamou a atenção:

-- Até que essa fotografa tem talento não é?


            Diana virou-se imediatamente para a ruiva de cabelos cacheados que estava ao seu lado. Estreitou os olhos tentando confirmar o que seus ouvidos concluíram.


-- Natalia?!

-- Oi meu amor.