quarta-feira, 11 de julho de 2012

Episódio 2: Beautiful Dangerous


EPISÓDIO 2 – SEXO, CRIME E VIDEO TAPE.


            Acomodadas na sala de vídeo no primeiro andar da casa, Fernanda, Letícia e Gisele aguardavam Dulce plugar sua câmera na TV de plasma gigantesca.

-- Não acredito que vocês vão me ver transando em 3D. Anos sem nos vermos, por que não um encontro casual, normal, uma festa de reencontro de turma, uma pizza, um café?! Mas não, tenho que reencontrar vocês em um episódio de CSI! - Gisele lamentava incrédula.

-- A câmera descarregou, essa TV tem leitor de cartão não tem Gi? – Dulce interrogou.

-- Deve ter.  – Gisele respondeu sem segurança.

-- Eu espero que essa câmera tenha descarregado só depois de ter filmado o assassino... - Fernanda pensou alto.

-- Pronto! - Dulce anunciou. – E ação!

            Dulce se acomodou na poltrona e tão atenta quanto as demais fixou os olhos na TV. As primeiras cenas exibiram Gisele e a vítima em momentos quentes de beijos e carícias picantes enquanto se desfaziam das peças de roupa.

            Letícia franzia o cenho, arregalava os olhos e ruborizava diante dos sons de gemidos e frases voluptuosas que Gisele e sua acompanhante deixavam escapar.

-- Você é deliciosa! Dá gostoso pra mim dá? – Gisele dizia entre gemidos.

-- Dou tudo! Já estou toda molhada, sente...

            A jovem posicionou a mão de Gisele entre suas pernas.

-- Delícia! Quero entrar aí, lamber tudinho...

            A sensualidade das imagens não deixou só Letícia acanhada. Gisele cobria o rosto envergonhada, Dulce apertava os olhos e mordia os lábios empolgada enquanto Fernanda parecia inquieta.

            A cama de Gisele estava a três degraus do resto do piso do quarto, tal detalhe diminuiu o campo de visão das imagens da câmera, e a partir do momento no qual o casal deitou-se ali, a visualização das cenas ficou mais difícil quando elas estavam deitadas. No entanto, as posições diversas que Gisele e a parceira fizeram durante o sexo permitiram em alguns momentos um excelente e constrangedor ângulo para a escritora.

-- Meu Deus como consegui fazer isso?! – Gisele deixou escapar.

-- Está em forma em amiga... Essa perna fica onde mesmo?!

 Dulce quis saber. Gisele baixava a cabeça sacudindo-a ao mesmo tempo. Fernanda e Letícia giravam o pescoço a fim de conseguir melhor campo de visão. A sequência de imagens durou cerca de uma hora, depois de muita insistência, Dulce adiantou alguns trechos das cenas tórridas para alívio de Gisele que agora parecia uma bisnaga gigante de cat-chup de tão corado que seu rosto estava.

Para a decepção das telespectadoras, depois de duas horas de vídeo, tudo que as imagens registraram do assassino foram suas costas quando este se aproximava na cama com uma seringa na mão e um lenço em outra.

-- O que aconteceu? Dulce? Adianta aí! – Fernanda pediu ansiosa.

-- Sinto muito gente, acho que a câmera descarregou aí nesse momento. Não tem mais nada.

-- O quê?! – Fernanda retrucou decepcionada.

-- É, a bateria dessa câmera não dura mais que três horas, eu devia ter imaginado... – Dulce lamentou.

-- Então não temos imagem do assassino, só um pornô estrelado por mim!

            Gisele se levantou com as mãos na cintura.


-- Calma Gisele. O vídeo já ajuda em alguma coisa. – Fernanda ponderou.

-- Ajuda em que Nanda? A aumentar meu fã clube na penitenciária? Ou a conquistar uma líder de pavilhão lá para ela me proteger? – Gisele dramatizou.

-- Agora temos uma prova de que realmente outra pessoa entrou na sua casa, temos uma terceira, ou melhor, uma quarta pessoa na cena do crime.

            Fernanda disse encarando Dulce.

-- Além do mais com alguns recursos tecnológicos, podemos buscar mais algum elemento nessas imagens, alguma marca, roupas, tudo ajuda. Além de sabermos a que horas o suposto assassino abordou a vítima, e a confirmação por dedução que ele de fato dopou a vítima.


            Letícia argumentou, acalmando Gisele.


-- A doutora tem razão Gi. Vamos levar essas imagens para o laboratório da perícia e tentar extrair o máximo que pudermos. Não se preocupe, eu acompanharei tudo, vamos editar essa fita tirando essas cenas quentes ok?

-- Ei! O cartão é meu! –Dulce contestou.

-- Ah jura? Que tal eu levar presa agora por invasão de domicílio? Gisele que tal um processo por invasão de privacidade também? Nas próximas três encarnações a Dulcinha termina de te pagar a indenização por danos morais também.

            Fernanda retrucou. Dulce bateu o pé feito criança emburrada.

-- Ai como eu sou sem sorte!

-- Sem sorte é a moça desconhecida que foi assassinada depois de gozar na cama de Catherine Morgan.

            Fernanda comentou deixando Gisele outra vez ruborizada. Nesse momento duas batidas na porta anunciaram Cida, a mulher do caseiro e empregada da casa.


-- Dona Gisele, o jantar está pronto. Posso servir?


-- Já estamos descendo Cida, obrigada. Vocês querem tomar um banho antes de jantarmos?


            Todas recusaram a oferta, e assim, desceram para jantar juntas.


-- Dulce e seus planos de ser modelo, atriz, apresentadora de TV? Não era bem isso que entendi em ser famosa. – Fernanda satirizou.


-- Pelo meu tamanho você pode imaginar que minha carreira de modelo de passarela só durou até meus dez anos de idade né? Depois na adolescência o bombardeio que sofri de espinhas no meu rosto as chances de fotografar foram para o vinagre... Não tenho bunda suficiente para virar mulher fruta, e nunca fui aceita no BBB, o jeito foi estudar, o mais perto que podia chegar das mídias era como jornalista.

-- Sei, você queria mesmo era ser a nova Fátima Bernardes não é? – Fernanda continuou a sátira.

-- É, mas está mais para Sônia Abraão! – Gisele deixou escapar.

-- Olha só, quando se termina a faculdade de jornalismo não existe um corredor secreto para Rede Globo sabia? O máximo que aparece é um cobertura do estadual série D! – Dulce comentou.

-- E você Nanda? Disse que se tornaria a melhor policial de todas, conseguiu não é? – Gisele indagou.

-- Devo ser...

            Fernanda sorriu divertida.

-- Vocês se conheceram no jardim de infância? – Letícia perguntou.


-- Sim. Estudamos juntas no primeiro grau, quer dizer, ensino fundamental... – Dulce se corrigiu.  Éramos as melhores amigas, mas mudamos de escola no ensino médio, perdemos contato. Gi, você ainda tem aquele probleminha de incontinência urinária quando fica nervosa?

            Dulce e Fernanda gargalharam. Gisele jogou uma torrada na direção das amigas.

-- Incontinência urinária? Nossa, isso é incomum em pacientes jovens! Qual é seu problema? Deficiência de estrógeno? Infecção? – Letícia indagou preocupada.

-- Não doutora, ela tinha a bexiga solta mesmo! – Dulce gargalhou.

-- Por isso o apelido dela: Gisele calça molhada. Ela não conseguia controlar esse reflexo quando ficava nervosa. Por causa disso, a mãe dela sempre me pedia para guardar uma calça reserva na minha mochila! Era certo ela precisar em dias de arguição oral da tabuada, - Fernanda completou.

-- Pior era antes das apresentações de balé, era meia, collant, sapatilha tudo “xixado”.

            Dulce gargalhou mais uma vez com Fernanda, enquanto Gisele fazia cara emburrada.

-- Quantos anos vocês ficaram sem se ver? – Letícia insistiu.

-- Ow não precisamos desses detalhes não é? – Fernanda interpelou. – Pare com esse interrogatório doutora.

            Leticia tentou falar mais alguma coisa, mas, foi novamente interrompida.

-- Estou pregada! Vamos dormir? – Fernanda disse bocejando.

-- Mandei preparar os quartos. Nanda você pode ficar no quarto vizinho ao meu. – Gisele disse.

-- Valeu Gi. Vou subindo então. Boa noite pra vocês.

*************

            Fernanda estava pronta para dormir. Jogou o casaco, a calça e a blusa manga ¾ na poltrona, ficando confortável em sua calcinha box, facilmente confundida com cuecas como seu chefe sugerira, e um top.

            Saindo do banheiro da suíte a policial foi surpreendida por Leticia.

-- Doutora Letícia! Não sabe bater em portas antes de entrar? Não te ensinaram que entrar sem bater é falta de educação?

-- Eu bati, acho que você não escutou agente Garcia.

            Letícia falou constrangida evitando a visão que tinha do corpo monumental e bronzeado da policial.

-- Então?!

            Fernanda disse com as mãos na cintura balançando a cabeça. Letícia sacudiu a cabeça ruborizada e deixou escapar:

-- Você malha muito não é?

-- Corro e jogo vôlei de praia. Mas você veio aqui pra admirar minha forma física?

-- Não... É que... Ouvi uns barulhos estranhos e pensei: e se o assassino ainda estiver aqui na casa?

            Fernanda franziu o cenho e disparou:

-- Doutora, você está com medo de dormir sozinha?

-- Eu? Medo? Não!

            Nesse momento um trovão ecoou e um relâmpago iluminou o quarto. Leticia fechou os olhos imediatamente como um reflexo de medo. Fernanda conteve o riso.

-- Claro que não... – Fernanda disse baixo. – Tem duas camas mesmo, fica por aí doutora cagona.

-- Mas... Mas...

            Leticia tentou se defender, mas faltaram palavras. A médica se acomodou na cama vizinha a cama na qual Fernanda já ocupava, sem pressa retirou seu scarpan, abriu os primeiros botões da camisa de cetim, e quando se preparava para se desfazer da saia, olhou para o lado se deparando com os olhos de Fernanda.

            Pela pouca luz no quarto, a legista não tinha certeza sobre os olhos da policial estarem abertos ou fechados. Quanto a Fernanda, que observava Letícia despir-se delicadamente, fechou os olhos com força para fugir do flagrante da ruiva.

            Letícia voltou do banheiro envolta em uma toalha, no seu corpo apenas sua lingerie fina. Retirou a peça e agora na cama se envolveu com o cobertor. Fernanda acompanhou os movimentos da médica, agora era obrigada a concordar com sua amiga Carol: a legista era uma mulher linda.

            Mesmo com o cansaço e o clima tenso de todo o dia, nem Letícia, nem tampouco Fernanda encontraram o sono facilmente. Estavam perturbadas com a presença uma da outra. Hora as lembranças dos corpos quase despidos se propagavam em suas mentes, hora lutavam contra a ideia da razão verdadeira de tamanha perturbação.

*******

            Fernanda praticamente paralisou quando abriu os olhos e viu na cama vizinha, Leticia descoberta exibindo seu corpo vestido apenas com uma lingerie de renda delicada. Teve tempo de observar a pele clara e macia à luz do sol fraca que entrava no quarto, os seios ainda mais fartos pelo formato do sutiã meia-taça, os cabelos ruivos desalinhados cobrindo seu rosto de traços primorosos.

            O momento de admiração foi subitamente interrompido pela campainha do celular de Fernanda que acabou por despertar também Letícia do seu sono.

-- Bom dia chefinho! Acordou com as galinhas hoje?

-- Fernanda, eu posso saber que diabos está acontecendo? Acordei com uma ligação do secretário de segurança do estado, me dizendo que você interrogou a sobrinha dele que ainda estava em estado de choque e ainda recomendou que ela procurasse um advogado. E pior! Os jornais da manhã noticiaram o assassinato da namorada de Catherine Morgan em Itatiaia. O que diabos você entende quando falo SIGILO?! Você por acaso acusou a sobrinha dele de algo?

-- Han? Eu o quê?

-- O empresário, ou sei lá o que da escritora se queixou para o secretário de segurança do estado sobre uma policial intransigente que importunou a sobrinha dele, dona da casa a qual eu te enviei para investigar em sigilo um assassinato. Ao invés de cumprir minhas ordens você me deixa em maus lençóis com a maior autoridade em segurança do estado e ainda compromete as investigações deixando vazar essa notícia?

            Wellington berrava ao telefone.

-- Espera ai delegado, eu não saí daqui do local do assassinato ainda, não dei declaração nenhuma, não sei como isso vazou para a imprensa...

            Fernanda se cortou, e pensou alto tapando o microfone do celular.

-- Dulce! Eu vou matar aquela nanica!

            Wellington ainda berrava no telefone quando Fernanda o interrompeu.


-- Chefe eu não acusei ninguém de nada, o almofadinha inventou isso. Preciso desligar, conversamos aí na delegacia.

            Fernanda desligou aumentando a fúria de Welington.

-- Algum problema?

            Leticia perguntou puxando o cobertor, com voz de sono.

-- Nada demais, só que essa casa terá outro corpo de mulher daqui a pouco, porque eu vou matar a Dulce!

            Fernanda pegou um par de algemas, saiu do quarto do jeito que estava, de roupas íntimas, em direção ao quarto em frente, onde Dulce dormira, foi seguida por Letícia que se envolveu no lençol evitando a exposição.

-- Dulce abre essa porta já!

            A policial batia forte berrando.

-- Dulce abre agora!

            O estardalhaço acordou Gisele, que chegou ao corredor se deparando com a amiga naqueles trajes deixou escapar:

-- Nossa! Amiga você malha?

-- Ela corre e joga vôlei na praia. – Foi Letícia a responder.

-- E você doutora dormiu no quarto da Nanda?!

            Gisele mediu a médica de cima a baixo, maliciando os “trajes” da ruiva.

-- Ah eu não gosto de trovões... – Leticia disse sem graça.

-- Sei... – Gisele disse torcendo os lábios.

            Fernanda ignorou as outras com um gesto.

-- Dulce! Abre essa porta!

-- Ai que gritaria! Que diabos você quer essa hora Nanda?! Ui, tá malhando heim Nanda?

            Fernanda não respondeu, mas Gisele:

-- Ela corre e joga vôlei de praia.

-- Vamos para com esse papinho! Dulce você está presa!

-- O que? Como assim? Surtou Fernanda? – Dulce contestou.

-- Vou te levar presa por invasão de domicílio e suspeita de assassinato, quem sabe assim você aprende a não atrapalhar uma investigação policial!

-- O que?! Eu estou ajudando, não atrapalhando! Que brincadeira é essa? Nanda eu acho bom que essas algemas sejam usadas sexualmente e não para... – Fernanda fechou as algemas nos pulsos da jornalista – Ei! Nanda!

-- Nanda o que houve? – Gisele perguntou preocupada.

-- Nossa amigona aqui, fala pra ela o que você fez dona repórter oportunista! – Fernanda bradou indignada. – E você por que não me disse que era sobrinha do Francisco Mota?!

-- Eu me esqueci de mencionar isso Nanda... Mas que história é essa de repórter oportunista? Do que ela está falando Dulce? – Gisele insistiu.

-- Não faço a menor ideia! – Dulce retrucou.

-- Ah não faz? Vou refrescar sua memória: Dulce Gallardo deu o furo jornalístico para ascender na sua carreira! Traidora! Como você teve coragem?!

            Dulce ficou pálida.

-- A Dulce fez o que?! – Gisele indagou com os olhos arregalados.

-- Vendeu a notícia: “Namorada de Catherine Morgan é encontrada morta em Itatiaia”. – Fernanda dividiu sua dedução.

-- Não! Eu não fiz isso! – Dulce tentou se defender.

-- Ah não? Então como isso vazou para a imprensa? Quem mais além de nós sabia desses detalhes? – Fernanda interrogou.

-- As coisas não foram bem assim. Olha só Gi, eu não sabia que era você a Catherine Morgan. Meu editor sabia dessa minha tentativa de te fotografar, então quando eu estava presa no seu closet eu liguei pra ele e disse que logo teríamos imagens da escritora de romances policiais mais lida desde Sidney Sheldon e Agatha Cristhie.

            Dulce apelou, massageando o ego de Gisele.

-- Dulce não vem com enrolação! Como então a imprensa soube do assassinato? – Fernanda retrucou.

-- Eu posso ter mencionado o endereço de onde eu estava... – Dulce falou desconfiada. – Eu não sabia como ia sair dali gente! Precisava que alguém me tirasse dali...

-- Mas é mesmo um ímã de confusão! – Gisele desabafou.

            Como se precisasse, mais um elemento para apimentar aquela confusão, Erich apareceu de repente surpreendendo as meninas.

-- Mas que diabos está acontecendo aqui?! Sexo grupal lésbico? Gisele!

-- Erich calma! Não é nada disso que você está pensando! – Gisele disse puxando Erich.

-- Mas que diabos Gisele, te deixo por uma noite e o caos se instala? A imprensa do mundo todo está especulando a seu respeito e a respeito dessa morte aqui, tem um batalhão de jornalistas na frente da casa, e você aqui em um bacanal!


-- Erich Rezende pondere suas palavras! – Gisele disse firme. – Não aconteceu nada demais aqui, quer dizer, nada sexual.

            Gisele saiu puxando Erich que antes de descer as escadas conferiu o corpo de Fernanda que o encarou com fúria, fazendo com que o agente apressasse os passos.


-- Espero que a estrada tenha sido liberada, temos muito trabalho na delegacia doutora.

            Fernanda disse e Letícia acenou em acordo.

-- Ow Nandaaa... Não está se esquecendo de nada?

            Dulce disse levantando os punhos algemados.

-- Até que fica bem em você Dulcinha... - Fernanda brincou. – Você merece ser presa sabia?

-- Nanda juro que não fui eu, se eu soubesse que era a Gisele e desse assassinato, juro que não teria dito nada...

-- Não sei se acredito em você, mas, vou te dar uma chance, por que vou precisar de você nessa investigação.

-- Jura?!

-- Vou me arrepender disso, tenho certeza... Mas, sim, vou precisar de você.

            Fernanda tirou as algemas de Dulce.

-- Alguma chance de você me emprestar essas algemas um dia desses?  - Dulce perguntou.

-- Não abusa Dulce!

*******


-- O melhor que você faz é sair daqui Gi. As pessoas não te conhecem ainda, mas, se ficar aqui, existe outros repórteres mais loucos do que essa daqui... – Fernanda apontou com os olhos para Dulce. – E a segurança dessa casa é uma porcaria! Até a Dulcinha conseguiu burlar né?

            Dulce bufou engolindo as palavras.

-- Mas, eles seguirão qualquer carro que sair daqui, todos querem saber quem é Catherine Morgan! – Erich retrucou.

-- Seguirão os carrões importados que saírem daqui, se a Gisele sair escondida no banco de trás em um modesto carro de uma policial, eles perderão tempo seguindo você apenas!

            Fernanda explanou sua estratégia apoiada por Letícia e Gisele. O plano deu certo. Os repórteres seguiram o carro com Erich e Dulce.

            No Rio, depois de deixar Gisele em um apartamento em Copacabana, Fernanda provocou Leticia:

-- Vai ficar pela vizinhança também doutora?

-- Claro que não! Vou para a delegacia, tem um corpo esperando minha autópsia, está esquecida disso agente Garcia?

            Fernanda não escondeu sua surpresa, nem tampouco sua satisfação. Deu partida no carro e seguiram para a delegacia de homicídios. Mal entrou no departamento e a voz do delegado Wellington ecoou:


-- Agente Garcia! Na minha sala agora!

-- Pode ser mais tarde delegado?

            Fernanda tentou se esquivar, mas, foi inútil.

-- Agora!

            Wellington berrou.  Desconfiada e sem nenhuma pressa, Fernanda foi até a sala do chefe.

-- Olha só chefe, eu não tive culpa...

-- Não quero ouvir suas desculpas esfarrapadas Garcia! Confiei em você, na sua competência e você faz exatamente tudo ao contrário que eu pedi! Você está me sabotando Garcia é isso?!

-- O quê?! Surtou delegado? Acha mesmo que o mundo gira em torno do seu umbigo né?! Minha cara atrair a imprensa pra ferrar com uma investigação só pra te irritar né?!

-- Garcia não me irrite mais! Você está fora do caso!

-- Mas... – Fernanda tentou falar

-- Fora do caso!

            Wellington berrava batendo na mesa.

-- Com licença. – Letícia bateu à porta.

-- Doutora Letícia? – Wellington ajeitou a gravata e falou macio.

-- Bom dia doutor Wellington. Desculpe-me interromper.

-- Imagina, não interrompeu nada. Já terminei aqui, se manda Garcia.

-- Não mesmo! Não vou aceitar você me tirar desse caso assim! – Fernanda retrucou.

            Wellington encarou Fernanda cuspindo ódio.

-- Doutor Wellington, na verdade não tive como não ouvir isso aqui fora... Temo que o senhor esteja cometendo o equívoco tirando a agente Garcia do caso.

-- Doutora eu sei que disse que ela era nossa melhor investigadora, mas eu estava claramente enganado. Vou designar outro investigador para esse caso.
-- Acho que o senhor devia confiar nos seus instintos profissionais, um grande líder sabe reconhecer as qualidades dos seus liderados, e o senhor é um exemplo de liderança. Eu estava lá, vi a agente Garcia em ação, o fato de ter vazado para a imprensa é lamentável, mas não foi culpa dela. Ela é a melhor para esse caso delegado.

            Conhecendo a vaidade de homens como Wellington, Leticia apelou usando de seu charme pessoal para dissuadir o delegado da ideia de tirar Fernanda do caso.

-- Doutora Letícia, tem muita coisa em jogo nesse caso, é o primeiro de grande repercussão depois da inauguração dessa delegacia especializada, uma escritora famosa, sobrinha de Francisco Mota, eu não posso arriscar tanto, deixando a agente Garcia no comando das investigações. Não depois do que ela fez taxando a sobrinha do secretário de segurança de segurança como suspeita de assassinato!

-- Tenho certeza que isso foi um grande mal entendido, eu não vi isso em nenhum momento.

            Fernanda observava atenta e de braços cruzados a legista seduzir o delegado ao seu favor.


-- Tudo bem doutora Leticia, vou confiar em sua opinião. Olhe que estou me arriscando muito!

            Wellington disse se aproximando da médica.

-- O senhor não vai se arrepender, agora preciso ir, quero adiantar a autópsia para ajudar a agente Garcia nesse caso.

            Letícia se esquivou do assédio do delegado, encarou Fernanda com um sorriso vitorioso discreto e saiu da sala.

-- Veja se conserta essas merdas que você fez e descubra algo desse assassino! E saiba que você deve essa a doutora Letícia!

            Fernanda revirou os olhos e saiu da sala batendo a porta com força e correu para alcançar Leticia que entrava no elevador.


-- Segura a porta! – Fernanda berrou.

            Fernanda entrou ofegante no elevador ocupado pela escrivã e amiga Carol e Leticia.

-- Eu queria te agradecer por ter me defendido com o delegado. Valeu. – Fernanda disse sem graça.

-- Não precisa agradecer investigadora Garcia. Eu só disse a verdade. Você não acusou ninguém, não deixou nada vazar para a imprensa, e é realmente a melhor para o caso.


            Fernanda encarou Leticia com um sorriso no canto dos lábios.

-- Valeu mesmo.

            Fernanda visivelmente tímida desceu no segundo andar junto com Carol quando o elevador parou.

-- Pode limpar a baba descendo na boca Nanda, o elevador já subiu.

            Carol disse implicando com a amiga.

-- Que mané baba! Deixa de ser ridícula garota!

-- Conta aí tudo! Como foi a noite romântica na montanha? Quente? Essa ruiva deve ser caliente!

            Fernanda balançou a cabeça negativamente e rebateu:

-- Quente o quê! Estava tudo frio, e seria de muito mau gosto pedir pra acender a lareira...

-- Ah não esconde o jogo Nanda! Pensa que não vi os olhares de vocês no elevador? “Ui queria te agradecer... Ui você é a melhor para o caso”.

            Carol provocou, fazendo caras e bocas.

-- Mas é muito idiotinha mesmo! A doutora salvou minha pele com aquele pulha que está todo derretido por ela.

-- Você pode culpa-lo por isso? Ela é uma gata!

-- Uma perua isso sim!

-- Pois eu tenho certeza que você adoraria fazer “glu-glu” com ela.

            Carol imitou o gesto de Sérgio Malandro.

-- Ow! Você nada melhor pra fazer não?!

            Fernanda disse irritada, se afastou de Carol indo em direção ao laboratório de imagem do setor de perícias.

**********

-- Aumenta o zoom aí Artur. Aí!

            Fernanda analisava as imagens do vídeo da câmera de Dulce junto com um colega.

-- Dá pra focar só nas mãos dele? – Fernanda indagou.

-- Com essa aparelhagem aqui, dá ate pra focar em um poro da pele...

-- Mas que diabos é isso?

            Fernanda apertou os olhos, observando a articulação da mão esquerda com deformidades.
-- A mão dele é torta? Ele é deficiente físico? – Artur indagou.

-- Os dedos dele são encurvados... A mão parece uma garra? – Fernanda pensou alto.

-- O assassino é o Capitão Gancho?!

            Intrigada, Fernanda pediu para Artur separar e melhorar aquelas imagens.

********

            O escândalo foi inevitável. Mesmo sem um rosto, Catherine Morgan era manchete nas paginas policiais do mundo todo. Astutamente, Erich achou uma forma de tirar proveito da situação, deixando escapar para a imprensa que o assassino reproduziu um crime de um dos livros da escritora.

            O golpe de Erich surtiu um efeito de marketing poderoso. Foi registrado um aumento fenomenal dos livros de Catherine Morgan mundialmente.

            Dulce desfrutava de um novo prestígio na revista, apesar de não revelar a identidade de Catherine Morgan. A notícia era policial, mas, a revelação da homossexualidade da escritora rendeu uma excelente pauta de fofocas.

            A identificação da vítima só foi possível graças ao seu celular encontrado por Benjamim no jardim da mansão de Gisele em Itatiaia.

-- Mariana Gonçalves Duchesi. Estudante de física. Estava em Resende há dois dias, iria começar um estágio em uma Fábrica de Combustível Nuclear, a FCN. Morava no Rio de Janeiro onde estudava, mas é mineira de Betim.

            Beto resumiu o que descobriu da vítima.

-- Bonita e inteligente. Física é um dos cursos que forma turmas de cinco, dez alunos no máximo, se ela já estava em estágio, sinal que estava perto de concluir o curso. – Leticia comentou com tom de lamentação.
-- Quem teria motivos para mata-la? – Ferreira indagou aos colegas.

-- A família relatou que Mariana sempre foi independente, que visitava a cidade natal nas férias, mantinha contato com os pais, irmãos, tudo normal, nada que nos dê algum indício do motivo do assassinato. – Beto informou.

-- E os amigos que estavam com ela no bar? – Fernanda interrogou.

-- Não eram amigos há muito tempo, conheceram-se em Rezende, estavam na mesma pousada, todos iniciariam esse estágio na FCN, mas em especialidades diferentes. – Ferreira respondeu.

-- Precisamos investigar essa pousada. – Fernanda disse. – Doutora Letícia, o laudo da autópsia tem mais algum dado que nos ajude?

-- Marquei nessas fotos algumas lesões que julguei intrigantes. Estão vendo esses hematomas na parte posterior do crânio? Pela extensão indica que essa área foi acometida mais de uma vez.

-- O assassino golpeou na cabeça dela para deixa-la inconsciente? – Beto perguntou.

-- Por que ele faria isso se ela já estava inconsciente? Ele a drogou não? Como no livro? – Fernanda interrogou.

-- Não agente Roberto, não, sim, sim agente Garcia. A lesão não é compatível com um hematoma causado por um instrumento ou arma, e sim com uma superfície sólida. Ela estava completamente inconsciente, sim ela foi drogada com a mesma substância citada no livro “A nova face do crime”. – Letícia explicou.

-- Que substância é essa? – Ferreira perguntou.

-- Uma mistura de ketamina com um tranquilizante injetável, o diazepan. A ketamina é um anestésico muito potente, paralisa a pessoa em segundos se injetado em alta dose e em alta concentração. Junto com o diazepan, relaxou o suficiente para leva-la a inconsciência, mas não imediatamente.

-- Espera um pouco doutora, você está me dizendo que a vítima estava paralisada, mas, consciente quando foi assassinada? – Fernanda quis saber.


-- Não, estou dizendo que ela primeiro ficou paralisada, depois inconsciente. O tempo que o assassino demorou para leva-la até o andar de baixo pode ter sido o tempo necessário para que a droga fizesse efeito.

-- Doutora e esses hematomas, do que se trata?- Fernanda seguiu perguntando.

-- Pela quantidade de fios do carpete encontrados na pele da vítima, suponho que o assassino a arrastou até o andar de baixo. Esses hematomas confirmam minha tese, uma vez que os hematomas são compatíveis com o choque repetido nos degraus da escada.

-- Talvez por que o assassino não teve forças para leva-la nos braços? – Fernanda especulou.

-- É uma possibilidade. – Leticia disse.

-- Doutora Leticia, você se incomoda em analisar uma imagem daquele vídeo comigo?

-- Aquele vídeo? Analisar? – Leticia ruborizou imediatamente.

-- É. Sei que não é sua função, mas, preciso de uma opinião médica...

-- Agente Garcia eu acho que não sou a pessoa mais qualificada para analisar aquelas imagens... E mesmo como médica eu não conheço aquela prática para emitir um parecer...

            O rosto de Leticia parecia adquirir a mesma cor dos seus cabelos, se atrapalhando com as palavras, quando Fernanda com ar de riso a interrompeu:

-- Doutora, eu estou me referindo as imagens do assassino.

-- Ah! Claro! As imagens do assassino...

            Fernanda colocou a mão na boca escondendo o sorriso ao perceber que a médica continuava sem graça.

-- Então, vamos?

            Letícia colocou as mãos dentro do jaleco e acenou em acordo.

**********

-- Tive o cuidado de eu mesma apagar as cenas de sexo explícito, prometi isso a Gisele.

            Leticia balançou a cabeça positivamente. A proximidade das duas cadeiras diante da mesa de controle de vídeo provocava o roçar acidental das peles, o cheiro do perfume doce da ruiva exalava suavemente quando esta mexia nos seus cabelos, chamando a atenção da morena que se policiava para não se perder naquele aroma e naquela visão.

-- O que exatamente você quer que eu analise agente Garcia? Agente Garcia? Fernanda?

            Fernanda parecia contemplativa observando cada traço do rosto delicado e alvo de Letícia quando foi desperta pela própria.

-- Está tudo bem investigadora?

-- Sim. Veja doutora, olhe as mãos dele. Que tipo de deformidade é essa?

            Leticia franziu o cenho, ajeitou os óculos no rosto e observou atentamente o vídeo. Os gestos e expressões da legista apesar de naturais se desenhavam para Fernanda em câmera lenta com uma conotação sensual que surpreendeu a policial.

-- Afirmar só por essas imagens é complicado, existem diagnósticos diferenciais que posso citar: artrite reumatoide, Síndrome de Guyon conhecida como mão em garra, que também pode ser uma sequela de hanseníase.

-- Mão em garra?

-- Pelos espaços entre as falanges, e principalmente a forma como ele pega a seringa, veja, ele não tem capacidade do reflexo de preensão, ou seja, de pinçar – Leticia mexeu dois dedos exibindo o movimento a que se referia - Isso me levar a apostar em uma lesão neural provocada por Hanseníase. Esse tipo de lesão é também chamada de "garra cubital", é a expressão morfológica mais característica da paralisia ulnar, correspondendo à hiperextensão das articulações metacarpo falangeanas do quarto e quinto dedos, com flexão de suas interfalangeanas. Pela falta de musculatura intrínseca, estabilizando as articulações metacarpofalangeanas, temos o esgotamento do poder de tração dos tendões extensores ao nível destas articulações, impedindo que as articulações mais distais se estendam.

-- Doutora, português, por favor?

-- Desculpe-me, o que acontece é que há uma hipotrofia dos músculos da mão e esses dedos – apontou para a imagem – ficam dobrados, não estendem, dando essa aparência de uma garra.


-- Entendi. Não é uma deficiência física então?

-- Não deixa de ser. Mas se está me perguntando se ele nasceu com isso, a resposta é não. Mas é uma deficiência, o paciente tem diminuição da força, há também uma diminuição da sensibilidade.

-- Mas, hanseníase não é uma doença de pele?

-- Também. Mas, ela acomete os nervos também, especialmente os periféricos, ou seja, mãos, pés... No caso dele, descobriu a hanseníase em estagio avançado, com incapacidade já, irreversível uma lesão neural desse tipo, a fisioterapia ou uma cirurgia diminuiria a extensão da lesão, mas não reverteria completamente o quadro.

-- Isso embasa sua teoria sobre ele ter arrastado Mariana pelas escadas, ele não tinha forças para carrega-la não é?

-- Certamente que não, o acometimento é no nervo ulnar, que se estende pelo úmero, cotovelo e ulna, ou seja, uma ramificação do plexo braquial, uma lesão desse tipo incapacita mesmo o braço acometido.


-- Então nosso assassino é mesmo o Capitão Gancho... – Fernanda pensou alto.

-- Se está se referindo ao vilão do clássico das histórias infantis, do menino que não queria crescer, Peter Pan que habitava a terra do nunca, não é uma apologia completamente correta uma vez que o personagem em questão não possuía mão, porque esta foi comida por um crocodilo.


-- Quê? – Fernanda arqueou uma das sobrancelhas.



-- O personagem que você falou o Capitão Gancho. Não é um codinome adequado.



            Fernanda fez um gesto qualquer ignorando a legista que apertou os olhos ignorando a reação da policial.


-- Agora temos uma informação sobre o assassino, que ele tem hanseníase, será que tem algum registro desses pacientes? – Fernanda indagou.


-- Correção, ele não tem hanseníase necessariamente, pode já estar curado, o tratamento é de no máximo um ano. Ele tem sequelas da doença, não quer dizer que ainda tenha a doença. E sim, há um registro desses pacientes, existe um sistema de informação nacional chamando SINAN, no qual agravos são notificados compulsoriamente, hanseníase está entre esses agravos. Se ele tratou ou está tratando a doença o caso tem que ter sido notificado, a notificação nos dará todos os dados do paciente, inclusive endereço.


-- Isso é excelente! Como conseguimos esses dados?


-- Tenho uma amiga enfermeira que trabalha na vigilância epidemiológica do estado, posso pedir a ela um relatório dos casos notificados com grau de incapacidade avançado nos últimos dez anos. Antes dessa data acho que será mais difícil.


-- Você faria isso?


-- Claro, não me custa nada.


            Fernanda sorriu e segurou o ombro da médica dizendo:


-- Valeu mesmo doutora.


            Leticia sentiu seu corpo se arrepiar com o simples toque de Fernanda. Por segundos trocaram um olhar diferente, os olhos negros da policial brilharam ao encontrar aquelas esmeraldas cintilantes. Desviaram os olhares ao mesmo tempo, perturbadas.


-- Aguardo então notícias suas. – Fernanda disse com as mãos no casaco.


-- Hurrum.


            Desconcertadas, se despediram. As imagens do rosto de cada uma ficaram impressas nos pensamentos uma da outra. O cheiro de Leticia parecia ter ficado entranhado nas narinas de Fernanda, a policial sentiu aquele perfume perto dela o resto do dia. Quanto a ruiva, a perturbação em seu corpo e em sua mente tomou proporções inimagináveis para a médica centrada e de emoções contidas.



            Leticia reviveu o toque de Fernanda, ressentiu a suavidade da ponta dos dedos da morena, o calor que emanou da sua pele, e tais pensamentos distraiu-na completamente.

********


            Fernanda se surpreendeu com a chamada de um numero desconhecido no seu celular.

-- Alo?


-- Nanda, oi sou eu, Gisele, você me disse que eu poderia te ligar se eu me lembrasse de alguma coisa...


-- Oi Gi, o que houve?


-- Benjamim encontrou algo na minha casa de Itatiaia.


-- Benjamim?


-- Sim, o filho do caseiro. Ele guardou em um saquinho, ele adora assistir CSI.


-- É, o pai dele comentou. O que ele achou?


-- Uma ponta de cigarro, perto da piscina. Não é de nenhum empregado ninguém aqui fuma.


-- Excelente, é mais uma pista, posso pegar com você?


-- Sim, Valdeci veio entregar, está aqui comigo.


-- Vou passar aí para pegar.



            Fernanda saia da delegacia quando reencontrou Leticia.


-- Agente Garcia, eu estou indo na Vigilância Epidemiológica, quer ir comigo?


-- Preciso pegar uma evidência na casa de Gisele... Mas, vamos, depois passo lá.


********


            Era quase noite quando Leticia e Fernanda chegaram ao luxuoso flat em Copacabana onde Gisele estava hospedada.


-- Entrem por favor.


            Gisele disse ao abrir a porta.


-- Dulce?! O que está fazendo aqui? Gisele eu não acredito que você vai dar entrevista a ela! – Fernanda disse.


-- A Dulcinha foi demitida Nanda, por que se recusou a revelar minha identidade.


            Fernanda fez uma careta com a notícia.


-- Algum avanço nas investigações?



-- Estamos avançando. – Fernanda foi sucinta.


-- Se demorar muito, o assassino logo fará uma nova vítima. – Dulce disse.


-- Ainda não consideramos um assassino em série. – Fernanda explicou.


-- Mas, se estamos falando de um assassino em serie que caça mulheres como no livro de Catherine Morgan, temos uma vantagem: o livro. – Leticia concluiu.


-- Não vamos viajar nessa teoria ok? Não sabemos se o cara é surtado o suficiente para continuar seguindo esse padrão...


            Antes que Fernanda concluísse sua explanação, seu celular tocou, era Beto.


-- Oi Beto, o que houve?


-- Outro corpo de uma mulher foi encontrado Fernanda, dessa vez em um prédio abandonado na Zona Leopoldina, tem a mesma marca no peito do símbolo da seita que você falou, encontrada no corpo de Mariana Duchesi. O Capitão Gancho atacou novamente.


-- Estou indo para aí. – Fernanda desligou o celular. – Temos um assassino em série e ele fez mais uma vítima.