terça-feira, 17 de janeiro de 2012

LEIS DO DESTINO: 2ª FASE - Capítulo 14

2.14 Causa traditionis

No Direito: Causa da entrega. Razão da tradição das coisas entre os interessados. 


            Diana enfrentou o tratamento e em pouco tempo e com a ajuda dos amigos e o cuidado e companheirismo de Rosana, voltou ao trabalho em ritmo acelerado com a proximidade do aniversário de dez anos do atentado ao World Trade Center. Tal evento era a data marcada para a exposição do seu documentário fotográfico, por isso, a loirinha mergulhou nesse projeto sem reservas.

            Paralelamente, Diana cumpria seu papel de namorada leal e presente na carreira de Rosana, comemorando o sucesso da cantora que entrara em estúdio para a gravação do seu primeiro álbum.

            A excelente repercussão do seu trabalho rendeu-lhe ainda além do reconhecimento mundial do seu talento, a notícia de que aquela exposição seria itinerante pelas embaixadas dos Estados Unidos pelo mundo, e depois, quando terminado o museu erguido no antigo local das torres gêmeas, as fotos iam compor o acervo fixo do espaço cultural.

            Os dias de boas notícias acabaram com o telefonema de sua tia Alda.

- Oi tia! Pensei que a senhora viesse para a exposição, o que houve?

- Ah minha querida, eu tentei, mas coincidiu com o parto de sua prima, meu primeiro neto Diana, não podia ficar longe, perdoe-me.

- Ah tudo bem tia, está perdoada. Está tudo bem?

- Nem tudo está bem minha querida. Estou ligando por causa de seu irmão, Danilo.

- O que houve com ele?

- Sofreu um acidente.

- Como ele está? Foi grave?

- Ele está bem fisicamente, mas está transtornado. Insistiu para que eu falasse com você, dizendo que ele precisa te ver pessoalmente com urgência.

- Han? O que deu nele? Como assim precisa me ver com urgência?

- Ele não me falou, mas está completamente transtornado Diana. Venha minha querida.

- Tia eu não posso jogar tudo pro alto assim e me mandar pro Brasil por causa de um chilique do Danilo. Tenho mil compromissos agora com essa exposição...

- Venha ao menos conversar com ele como está pedindo, depois você retorna aos seus compromissos, coisa de dois dias Diana.

- Vou tentar tia Alda, tente tranquiliza-lo.
            A novidade de Diana sobre sua possível ida ao Brasil, coincidiu com notícia semelhante de Rosana.

- Meu amor adivinha? A gravadora quer que eu lance o CD também no Brasil! Já agendou uma pré-estreia, e adivinha, para a próxima semana!

            Diana arregalou os olhos, demorando a processar a informação.

- Nossa! Isso é bom não é?

- Claro que sim meu amor!

- Então vamos juntas!

- Você vai comigo amor?
           
Rosana perguntou empolgada.
- Sim, meu irmão está tendo um ataque de amor fraterno e quer me ver, sofreu um acidente, deve estar com estresse pós-traumático...
           
Diana fez piada.

- Ele está bem?

- Segundo minha tia sim. Não tinha certeza sobre minha ida, mas já que você vai, vou com você.

            E assim, um ano depois da sua última ida ao Brasil, Diana regressou com Rosana ao seu país.

********

            As investigações acerca dos crimes de Acrisio estacionaram até o momento em que Natalia e Lucas conseguiram processar Nilton Silva, o suposto presidente da cooperativa que contratara os trabalhadores para a fazenda Verdes Canaviais. O montante de acusações envolvidas no processo deixou o laranja de Acrisio em maus lençóis, dando a certeza para Natalia sobre sua condenação. Assim, a promotora tinha esperanças de conseguir um acordo com Nilton para minimizar sua pena desde que ele colaborasse nas denúncias contra seu patrão.
            A expectativa de Natalia começou a mudar quando Lucas lhe revelou que nos depoimentos Nilton não parecia nenhum pouco inclinado a delatar os crimes de Acrisio, não se intimidando quando o delegado antecipou as consequências de seu caso ir a julgamento e os muitos anos de prisão que poderia resultar disso.

- Natalia ele não vai abrir o bico. Acrisio deve ter lhe dado muitas garantias sobre sua absolvição, ou orientado sobre as manobras do nosso sistema. Para um pobre coitado como esse, o que são dois anos na cadeia se seu patrão assegurar o sustento de sua família? A gente sabe que por mais que ele seja condenado na melhor hipótese, com a redução de pena e todas as vantagens de réu primário e bom comportamento ele sairá em dois ou três anos.

- Lucas não é possível que Acrisio consiga nos deixar assim, de mãos e pés atados!

- Você soube do acidente do filho dele? O mais novo?

- O Danilo?

- Sim. Um acidente muito suspeito por sinal.

- Suspeito por quê?

- Isso é extraoficial. Por que o acidente sequer será investigado, ao menos em Mato Grosso do Sul, Acrisio tem total controle na polícia e de alguns juízes.

- O que há de suspeito no acidente?

- Danilo Toledo dirigia uma caminhonete em alta velocidade que saiu da estrada e capotou várias vezes nas terras do pai, na sua maior fazenda.

- O que há de suspeito nisso?

- Suspeito é que Douglas, o irmão dele o seguia em alta velocidade também. Dois empregados da fazenda testemunharam e relataram isso para bombeiro que fez o resgate de Danilo que ficou preso às ferragens. O mais suspeito, é que Douglas vinha atrás do irmão e não parou para socorrê-lo, simplesmente seguiu na estrada. Foram os empregados que ligaram para o corpo de bombeiros pedindo socorro.

- Mas isso já daria motivo para uma investigação!

- Os empregados negaram ter falado isso quando a polícia rodoviária chegou ao local, no exato momento em que Douglas chegava com uma ambulância de um hospital particular de Campo Grande.

- Muito estranho mesmo. Muito suspeito. Mas, Danilo está bem?

- Segundo o que foi divulgado, sim está bem, só algumas escoriações e o braço fraturado.

- Algo me diz que não devemos perder as esperanças Lucas. A hora de Acrisio Toledo vai chegar.

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            No Brasil, Rosana ficou em São Paulo para acertar os detalhes de sua apresentação com os agentes da sua gravadora no país, enquanto Diana seguiu para Campo Grande a fim de atender ao pedido do irmão.

            Alda levou a sobrinha até o hospital que Danilo permanecia internado.

- Estou aqui Danilo. Espero que o que você tem a me falar justifique uma viagem intercontinental.

- Obrigada por vir minha irmã. O que vou te dizer hoje é uma tentativa de me redimir por anos de omissão e é quase um pedido de socorro.

- Ok você já tem minha total atenção.

            Diana se sentou ao lado do irmão no sofá cama do quarto.

- Eu sei que desde sua adolescência você não pode contar comigo nos seus embates com o papai, eu poderia ter te apoiado, poderia ter feito meu papel de irmão assim como fazia quando éramos crianças...

- Danilo você está me apavorando. O que houve? Você está doente? Isso é um pedido de perdão no leito de morte?

- Calma Diana. Você vai entender quando eu explicar tudo.

- Estou esperando.

- Faz alguns meses que descobri algumas práticas do papai e do Douglas com as quais não concordei e tentei consertar as coisas, mas, como você pode imaginar, fracassei nessas tentativas.

- Você pode ser mais claro Danilo?

- Você conhece a investigação sobre a fazenda do papai, a Verdes Canaviais, que foi alvo das denúncias de trabalho escravo, cárcere privado, de assassinatos de trabalhadores?

- Sim. Até fui lá tentar sondar algo sobre a veracidade dessas denúncias, mas só o que consegui foi mais uma briga com o papai.

- Pois bem Diana. Descobri que são todas reais essas denúncias.

- Como assim você descobriu? Você não sabia de nada?

- Diana você pode não acreditar em mim, mas meu envolvimento com os negócios do papai não incluem formação de quadrilha e essa série de crimes hediondos os quais não foram provados contra ele. Minha função sempre foi mais ligada ao marketing dele, até mesmo pela minha formação de publicitário.

- Conta outra Danilo! Você agora quer posar de santo pra mim? Você sempre foi capacho do papai. Vai dizer agora que você era um inocente marqueteiro político?

- Nem tanto Diana. Cometi atos ilícitos e imorais para manter a imagem do papai intacta. Subornei, chantageei, intimidei, manipulei, acredite não me orgulho disso, mas para ser Toledo Campos, o senhor Acrisio deixa muito claro suas regras.

- E você nunca soube dos assassinatos dos quais o papai foi suspeito de ser o mandante?

- Os únicos casos que tive a confirmação pelo próprio papai, foi da chamada solução definitiva dele, o sumiço de gente suja criminosa. Os métodos violentos do papai não eram segredo para mim, no entanto eu preferia só não me envolver, me omitindo na maioria das vezes.

- Você foi cúmplice do mesmo jeito. Por piores que fossem as pessoas que o papai aplicou sua solução definitiva para cala-las, isso foi assassinato, sem contar em ocultação de cadáver e tudo mais.

- Você tem razão. Eu não tenho a sua integridade minha irmã, mas não sou a mente criminosa por trás dos atos do papai.

- Disso não tenho dúvidas! O papai tem falta de escrúpulos o suficiente para se fazer criminoso sozinho.

- E se eu te disser que nosso irmão é pior do que o papai?

- O Douglas pior que o papai? Para com isso Danilo.

- O Douglas é sádico Diana. Ele é cruel, comete os crimes não por uma necessidade como o papai se justifica, ele os comete por prazer, com satisfação. Ele tortura pessoalmente os inimigos do papai. Foi isso o que descobri, testemunhei.

- O que exatamente você viu?

- Como te disse eu não me envolvia nessas armações violentas do papai com o Douglas e os capangas deles. Fui cúmplice por que chegava para eles e simplesmente expunha o problema, alguém que precisava ser calado, ser neutralizado, quando não cediam aos meus métodos mais sutis e ainda denunciava aqueles que não colaboravam, pouco tempo depois essas pessoas sumiam ou apareciam mortas em assaltos ou acidentes.

- E você não desconfiava de nada? Ai Danilo deixa de ser hipócrita!

- Claro que desconfiava, tinha certeza na verdade. Mas, me omitia. Lavava minhas mãos. Mas agora não posso mais me omitir Diana.

- Por quê? Por que testemunhou o Douglas matar alguém na fazenda e isso te traumatizou? Danilo não dá pra acreditar nisso.

- Não foi só um assassinato que testemunhei. Depois que vi a primeira morte de um trabalhador que estava tentando fugir das terras, fiquei abalado com o sadismo do Douglas, ele é doente Diana, completamente doente. Tanto que ao notar meu abalo ele começou a me levar para ver todas as vezes como ele resolvia as coisas, mais uma atitude sádica dele, me testando me provocando. Diana debaixo das terras da Verdes Canaviais tem um verdadeiro cemitério, provavelmente alguns corpos será difícil até o reconhecimento dada a crueldade com os quais foram mortos: amputações, esfolamentos, alguns foram completamente queimados vivos!

- Que horror! Para Danilo!

- O papai não conhece essa face do Douglas. Muitos desses assassinatos ele sequer tem conhecimento, nosso irmão está fora de controle, especialmente depois da morte da mamãe, desde então, o papai está mais ausente dos negócios, deixando tudo nas mãos do Douglas.

- Mas isso está acontecendo desde antes da morte da mamãe. O papai não é um inocente nisso.

- Não, não é. Mas não na dimensão que esse massacre tem.

- Ok, então conte a ele o que você viu.

- Fui isso o que tentei fazer depois de uma discussão que tive com Douglas na fazenda em Campo Grande, mas foi quando ele manifestou seu total descontrole, ele me seguiu enlouquecido, e me atirou fora da estrada.

- O quê?!

- Isso mesmo que ouviu.
- Danilo o que você está esperando para contar tudo ao papai?

- Esse é o problema Diana, por isso eu chamei você aqui. Preciso de você.

- Precisa de mim exatamente para que?

- Para me ajudar a proteger alguém muito especial para mim e depois disso, frear as insanidades do Douglas.

- Espera um pouco... Proteger alguém especial para você? Quem?

- Minha mulher.

- Han?! Sua o quê?

- Casei-me em segredo há cerca de dois anos Di.

- Mas... Como? Por quê? Você não namora a filha do rei da laranja? Por que casaram em segredo?

- Por que não me casei com Heloísa. Casei-me com Lídia.

- Lídia?

- Lídia, a filha de Bernadete, nossa cozinheira.

- O quê?! A Lídia, aquela menininha que brincava conosco? Danilo você ficou louco!

- Diana na adolescência, eu e Lídia namoramos, éramos completamente apaixonados, mas sei que o papai nunca aceitaria esse namoro, não tive coragem de enfrenta-lo, foi quando fui embora de Campo Grande para Brasília cursar minha faculdade, e Lídia foi morar com um tio no nordeste, lá ela fez faculdade também e há quatro anos voltou para Campo Grande e nos reencontramos e desde então estamos juntos. Há dois anos nos casamos, a mamãe sabia de tudo e prometeu me ajudar a contar tudo ao papai, mas logo em seguida ela adoeceu depois de uma briga que teve com Douglas.

- Briga com o Douglas? Foi por causa dele que a mamãe adoeceu?

- Diana o coração da mamãe já era muito frágil, não podemos culpar ninguém por isso.

            Diana levantou-se atordoada com a quantidade de revelações que o irmão despejara.

- Como você espera que eu te ajude a proteger a Lídia?

- Quero que você a tire do país Diana, estou pedindo isso a você porque o Douglas vai me vigiar todo tempo agora, ele descobriu sobre o meu casamento e está me chantageando, mas não vou retroceder, mas para isso, preciso que Lídia esteja a salvo com nosso filho que ela está carregando.

- Filho?

- É, ela está grávida de pouco mais de oito semanas. – Danilo falou emocionado.

- Meu Deus! Você está tão ferrado meu irmão... Você vai acabar com os planos do papai de fundir o açúcar dele com a laranja do pai da Heloísa...

            Danilo não segurou o riso.

- Diana, quero desbaratar essa quadrilha que o Douglas lidera.

- Você está ciente que o líder é o nosso pai? Que fatalmente isso também vai respingar em você? Nos crimes que você também cometeu?

- Bom, eu também conto com seu apoio para isso. O delegado das investigações é seu amigo, a promotora é sua ex-namorada. Quero fazer um acordo, usar a delação premiada como benefício.

- Danilo isso é muito corajoso de sua parte, mas não sei se é a saída mais inteligente. Parecerá um complô nosso contra o papai e o Douglas...

- Diana escute-me – Danilo interrompeu. – Eu quero estar vivo e ao lado do meu filho quando ele nascer, quando ele crescer, ser o pai que não tivemos. Quero que ele sinta orgulho do pai que tem, não quero que ele cresça e descubra que o pai é um covarde e criminoso. O papai cometeu muitos erros e crimes, mas na prática, há muito pouco a se provar contra ele, mas o Douglas vem deixando um rastro de mortes que será muito difícil ocultar.

- Não consigo enxergar diferenças entre o papai e o Douglas.

- Acredite em mim Diana, o Douglas é muito pior. Ele não tem só a malícia e a sede de poder do papai, ele tem a crueldade, inteligência e, sobretudo o prazer em ostentar seu poder, seus atos violentos como uma qualidade. O papai nunca faria algo contra nossa integridade física, o Douglas tentou me matar!

- Ai eu não sei Danilo.

- Diana eu conheço o papai, e conheço nosso irmão. O papai tem essa moral própria dele, a ética dele é completamente questionável, isso é verdade. Mas ele não cometeria as atrocidades que o Douglas tem praticado esses anos. Ele acredita estar fazendo justiça, acredita estar protegendo a família, que isso tudo que faz é parte de um grande legado a nos deixar...

- Pode parar Danilo! Só falta você me dizer que o papai é um grande homem exemplar!

- Para algumas pessoas sim! Um homem que veio do nada, tudo que tinha era a herança do avô de um punhado de terra, e construiu um império. Diana, nosso pai não recebeu uma educação convencional, os valores eram outros, ele protegia seus bens como podia, o campo era terra sem lei.

- Não posso aceitar esse conceito assim Danilo. O fato do papai ter vindo do nada, aprendido a ler e escrever quando conheceu a mamãe, e toda história dele na política não o exime das culpas pelos crimes que ele cometeu nesse percurso, logo ele que vivia lendo sobre leis, até falava em latim! Passar por cima dessas leis, e por cima de todos que tentam cumpri-la é injustificável, inaceitável!

- Diana!  O papai só suborna, compra sentenças por que tem gente disposto a se vender, a se corromper!

- Essa discussão não vai nos levar a nada. Sua defesa não vai mudar o que penso sobre o papai. Se você está mesmo disposto a levar esse seu plano adiante, saiba que terá que expor também tudo que o papai fez pelo menos o que puder ser provado e se preparar também para pagar pelo que você fez.
- Você está do meu lado nesse plano?
- Não sei se estou disposta a me tornar uma justiceira contra Acrisio Toledo, e agora contra o Douglas também. Penso na mamãe sabe? Como ela ficaria se estivesse viva nos vendo assim: unidos contra nosso pai e nosso irmão.

- Minha irmã, sente-se aqui.

            Danilo segurou a mão de Diana e prosseguiu:

- Você sabe que foi justamente essa avalanche de escândalos, crimes e sujeiras que fragilizou nossa mãe. Até o papai reconhece isso. Isso tem que parar minha irmã. Além do mais, você tem outro motivo para aceitar meu pedido.

- Que motivo?

- É a única forma de proteger a Natalia de qualquer mal que o papai ou Douglas possam cometer contra ela. Eles não fizeram nada até agora, por que já faz um tempo que ela não consegue nada contra eles, mas a qualquer hora a bomba vai explodir. Os trabalhadores estão revoltados, se eles se organizarem e lutarem contra os capangas da fazenda, a Verdes Canaviais vai protagonizar outro massacre e aí o caos vai estar instalado e a polícia e o Ministério Público vai ter munição suficiente, mas a custa de muitas vidas, pra se livrar da condenação nem o papai, nem o Douglas vão poupar esforços, e Natalia estará na mira deles.

            Diana ficou pensativa por alguns segundos, antevendo as consequências daqueles fatos que o irmão previu, e encheu-se de temor pela vida de Natalia, além de imaginar a tragédia que poderia acontecer a trabalhadores inocentes.

- Tudo bem meu irmão. Estou com você nessa. Hoje mesmo vou ligar para um amigo meu em Nova Iorque, ele é muito bem relacionado, vamos encontrar algum sítio, alguma propriedade afastada dos grandes centros dos Estados Unidos, mas que ofereça conforto e segurança para Lídia.

- Ótimo. A Bernadete vai com ela e um segurança que trabalha comigo, de total confiança. Assim que ela estiver fora do país, começaremos a agir, o primeiro passo é uma conversa com a promotora Natalia Ferronato.

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            O show da pré-estreia do CD de Rosana, agora Miss Flower, foi dirigido para um público seleto de convidados da gravadora. Pessoas influentes no meio comercial fonográfico, mídia, celebridades e empresários ligados ao ramo cultural. A casa estava cheia, o que obviamente deixou Rosana além de feliz, muito nervosa.
            Diana estava ao lado dela todo tempo, compartilhando as emoções da namorada que vislumbrava um salto na sua carreira também no Brasil, tantos anos depois de partir do seu país de origem com poucas expectativas para sua carreira artística.
- Meu bem, será um sucesso, tenho certeza.

- Obrigada por estar aqui comigo meu amor. – Rosana falou segurando as mãos de Diana.

- Se alguém aqui merece gratidão é você, a minha gratidão, por não ter desistido de mim, eu não poderia estar em outro lugar que não fosse ao seu lado compartilhando sua felicidade. Não poderia e nem ia querer também! Estou muito orgulhosa de você.

            As palavras honestas de Diana emocionaram Rosana, e mais que isso lhe deu uma motivação a mais para brilhar naquele palco, e foi o que ela fez. A cantora conquistou o público com sua voz inigualável e seu carisma tão brasileiro. Além do ritmo envolvente das suas composições, Rosana incluiu sucessos populares da “world music”, imprimindo seu talento nas versões.

            Na plateia, uma admiradora do seu trabalho, desde que viu sua apresentação em Nova Iorque aplaudia empolgada o show de Rosana, ignorando a ironia do destino que as unia. Eduarda era uma das patrocinadoras da vinda de Miss Flower ao Brasil naquela pré-estreia, e já era fã incondicional do trabalho dela, tanto que insistiu com Natalia para acompanha-la ao espetáculo. No entanto, a promotora exatamente naquele dia, ficou presa em uma audiência e não pode estar com Eduarda no show. Durante a apresentação a empresária insistia com a namorada:

- Meu amor ainda não acabou essa audiência?

- Sim, já acabou. Mas não estou vestida para ir a um show Duda. E mesmo que eu fosse já teria acabado quando eu chegasse aí.

- Então vá para a Lances, convidei a cantora e alguns produtores para jantarmos lá.

- Tudo bem eu estou indo para lá.