sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

SOCIEDADE SECRETA LESBOS - DÉCIMO QUARTO CAPÍTULO

Capítulo 14



Aquele momento de reflexão vazia rendeu a Amy uma decisão. Estava convencida a dar o troco a Esther, não se submeteria mais aos desmandos da morena. Não sabia como se livraria das tais obrigações de gratidão com sua irmã guia, mas estava certa que mudar sua postura com Esther seria prioridade nos próximos dias.

Levantou-se da cama, depois de um longo banho, vasculhou no guarda-roupa o traje condizente com sua nova condição. Já havia perdido aula naquele dia mesmo, então se arrumou sem pressa.

Esther chegou a casa com um humor terrível, reclamou da bagunça das meninas, o que deixou todas irritadas. Rachel até imaginara o que poderia ter acontecido, mas como sempre, respeitou o tempo da amiga, conversar naquele momento não seria o apropriado. Observou a morena pisar forte a escada em direção ao terceiro andar, e em poucos minutos descer com outra roupa, saindo pela porta sem olhar pra trás.

Esther caminhou pelo campus sem um rumo certo, tentou se concentrar na aula de artes, mas foi inútil, só tinha um pensamento: Amy. As lembranças da noite se confundiam com a decepção da loirinha diante de sua reação, sentiu medo e culpa. Medo do sentimento que via crescer por Amy e culpa por se esquecer de seus planos de vingança.

Na casa da fraternidade Gama-Tau, Amy descia as escadas com uma micro saia, camiseta colada no corpo, e um salto delicado, alongando e definindo mais suas belas pernas. Cabelos soltos, com as pontas cacheadas, e uma maquiagem discreta. Era a típica visão de parar o trânsito, e foi o que aconteceu no térreo da casa: as Gama-Tau, paradas, observando cada detalhe da produção da novata.

Poucas meninas estavam naquela hora assistindo aulas, as veteranas principalmente. Ellen fixou o olhar em cada descida de degrau da loirinha, comendo-a com os olhos, com o desejo evidente qual predadora diante de sua presa.

Laurel não teve boa sensação ao ver sua amiga com aquelas roupas. Rachel teve o mesmo sentimento, assim, achou que era momento de procurar Esther no campus a fim de saber da amiga o que acontecera de fato naquele barco. Laurel, por sua vez, aproximou-se da novata:

-- Precisamos conversar, Amy... Você tem um minuto?

-- Sim, tenho... Laurel, onde encontro o estatuto da fraternidade?

-- Na biblioteca, vamos, te mostro.

Lá Amy se concentrava lendo o que o estatuto falava sobre a escolhida da presidente, e comentou com Laurel:

-- As demais não podem me tocar né...? Mas não fala nada sobre quem eu posso...

-- Amy... O que está passando por sua cabeça?

-- Você vai saber, Laurel... Mas me diga, o que você quer conversar comigo, afinal?

-- Amy... Não gosto desse tom... E essas roupas?

-- O que tem minhas roupas?

-- Provocantes demais, Amy, você sabe!

-- Está se sentindo provocada, Laurel?

Laurel ficou ruborizada, mas logo desfez a timidez diante da intromissão de Ellen, que entrou na biblioteca:

-- Eu estou... Você sabe mesmo provocar...

-- Ellen, você não tinha que estar fazendo as compras da semana com a Lucy? -- perguntou Laurel, visivelmente incomodada com a presença da colega.

-- Vim perguntar se a Amy não gostaria de nos acompanhar...

Antes que Laurel impedisse algo, Amy já se adiantou em ficar ao lado de Ellen respondendo num tom tão provocativo quanto sua roupa:

-- Gostaria sim de acompanhar você, Ellen... Vamos?

-- Amy, a Esther...

-- Ela o que, Laurel? Acabei de ler o estatuto, nada me proíbe de sair com uma irmã para fazer compras para casa... O que ela vai reclamar?

Laurel não soube como argumentar uma vez que o timbre da voz de Amy chegava a intimidar tamanha a segurança que ela esboçava. Ellen em contrapartida tinha um sorriso vitorioso nos lábios. Saiu da casa seguida por Amy e mais duas irmãs com destino ao supermercado. Fez questão que a loirinha sentasse no banco do passageiro na frente, não disfarçava a satisfação de ter Amy ao seu lado. Esta, por sua vez, jogava os cabelos sedutoramente enquanto cruzava e descruzava as pernas expostas para o delírio de Ellen, que sorria maliciosa olhando com o canto do olho.

Durante as compras, Amy não só era atenciosa com Ellen, mas com as demais meninas também. As abraçava para o susto delas, usufruindo o direito de tocá-las como arma de sedução, já que as meninas não podiam retribuir. Amy abusava das provocações, o que rendeu muitos risos entre as meninas, assegurando um grau de intimidade nas compras. Ellen parecia mais do que encantada com a atitude da novata, parecia satisfeita e cheia de intenções. A tarde seguiu em um clima tão leve entre as irmãs Gama-Tau, que Amy por alguns momentos se esqueceu de sua manhã terrível.

Voltaram na mesma animação, dentro do carro, Amy passava as mãos pelos cabelos de Ellen em meio a sorrisos. A veterana chegava a ruborizar com tal gesto. As meninas descarregavam o carro em meio a brincadeiras, gargalhadas, nem notaram a presença da presidente da fraternidade na varanda, de braços cruzados fuzilando-as com o olhar vendo Amy esbanjar charme, em tapinhas no bumbum, mão no ombro...

Ao subir com as compras as meninas foram percebendo a presença de Esther com cara de poucos amigos. Ellen se desmanchava em sorrisos para Amy, mas involuntariamente os desfez ao encarar Esther. Amy, pelo contrário, não perdeu a compostura, manteve seu sorriso e ainda acrescentou:

-- Você devia sorrir mais, digníssima presidente, cara feia pra mim é fome...

Esther não esmiuçou uma reação, e Amy fingiu nem perceber a irritação estampada na face morena da presidente da fraternidade. Seguiu para dentro da casa, convocando as meninas que estavam desocupadas a ajudar na guarda das compras.

Esther permanecia de braços cruzados observando a movimentação, Rachel também, mas sua atenção era para amiga que evidenciava o mau humor com o silêncio.

Depois de algum tempo, vendo Amy se tornar a novata mais popular do momento, Esther fez menção de se dirigir a ela e repreender seus gestos de carinho com as demais Gamas-Tau, mas foi impedida por Rachel, que cochichou:

-- Ela leu o estatuto, e sabe que é proibido tocá-la, mas amiga, as meninas estão imóveis, é ela quem as está tocando...

A morena respirou profundamente e sentou-se no fundo da sala, mantendo o olhar na sua escolhida. Viu-a subir as escadas, ignorando seu olhar. Esther a seguiu até seu quarto, não permitindo que Amy fechasse a porta. Empurrou-a para dentro e vociferou:

-- O que você acha que está fazendo, hein?

-- Entrando no meu quarto, o qual você está invadindo...

-- Já te disse pra não me provocar...

-- Você pode me dizer o que eu fiz, digníssima presidente?

-- Olha aqui, ninguém me expõe assim, não...

Amy sorriu com a falta de argumentos de Esther, caminhou pelo quarto fazendo graça da cara irritada da morena. Foi tirando peça por peça de sua roupa enquanto caminhava, e olhou para Esther, com superioridade:

-- Se você me der licença, preciso de um banho...

Esther não conseguia desgrudar os olhos do corpo da loirinha, sua respiração começou a ficar descompassada enquanto Amy se deliciava com sua reação, se dirigia ao banheiro calmamente. Quando a morena avançou em sua direção:

-- Não dou licença, não...

Amy se afastou, mesmo sentindo-se atraída pelo desejo explícito no olhar de Esther. Encararam-se por segundos, e quando parecia impossível resistir, o celular da morena tocou, e mais uma vez, a novata viu a expressão de Esther se transformar como vira anteriormente em outro telefonema:

-- Agora não posso, você sabe que tenho aulas toda semana... Não, não é isso... Eu sei, sei que tenho que te atender... Mas... Ok, estou indo, no lugar de sempre, certo...

Amy sentiu vontade de perguntar algo, mas conteve-se, entrou no banheiro decepcionada, mas Esther ainda a seguiu, parou na porta e disse:

-- Nossa conversa ainda não acabou.

-- Não temos nada a conversar, se precisar de alguma orientação lhe procuro, e você, se precisar de favores, sabe onde me achar. Não quero conversas com você.

Esther ficou desorientada com a segurança que Amy expressava nas palavras, algo em seu olhar havia mudado, mas não podia prolongar aquela discussão, tinha obrigações a cumprir. Desceu rapidamente com a imagem da loirinha despida em sua frente. Ardendo de desejo, vestiu seu casaco de couro e montou sua moto deixando a fraternidade para um destino novamente desconhecido por Amy.

Mesmo contra sua própria vontade, Amy não conseguiu dormir até ouvir o barulho da moto de Esther se aproximar da casa. Ficou de pé perto da janela vendo a morena descer da moto e adentrar. Antes de entrar, Esther viu um vulto se movimentando perto da cortina do quarto da loirinha, engoliu a seco toda a vontade de entrar em seu quarto e tomar seu corpo mais uma vez e dormir abraçada à sua paz... Não podia fazer tal coisa, sempre voltava desses encontros misteriosos sentindo nojo de si mesma, sentia-se suja, violada, desejando apenas um longo banho antes de mergulhar em suas lembranças que a mantinha firme em seus propósitos de vingança.

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 15

CAPÍTULO 15: NÃO SÓ DE TRABALHO VIVE UMA MÉDICA


Empolgado com os pulos e gritos de Olivia, Bernardo começou a pular também, me arrastando pra um “abraço coletivo”, nem deu tempo colocar o papo em dia, Bernardo já nos apressava para nos aprontarmos pra balada, iríamos enfim conhecer o tal bofe dele.

Enquanto me arrumava no quarto de Olivia, acabei contando pra ela como Camila me tratava, pro espanto dela, que achava que ao trabalhar comigo ela ia cair matando em mim.

Chegamos ao barzinho, onde Fabrício, o bofe do Bernardo nos esperava em uma mesa lotada, de homens e mulheres, todos muito animados. Ele foi muito simpático conosco, nos tecendo muitos elogios, notava que ele se esforçava pra nos agradar, sabia da nossa importância para Bernardo. Logicamente não me recordo de todos os nomes das pessoas que estavam naquela mesa, mas Fabrício nos apresentou a todos.

A noite foi muito divertida, relaxei de verdade, não se tratava de um ambiente GLS, acabei me dando conta que eu não tinha o tal “gaydar” aguçado, as mulheres que eu julgava estar flertando comigo, acabaram a noite num amasso com carinhas da mesa, enquanto Fabrício me mostrava mulheres que me paqueravam, as quais eu sequer notei a presença.

Não achei nenhum homem interessante ao contrário do que Olivia tentava me convencer, mas fui assediada por alguns. A turma do Fabrício era muito alto astral, bebemos, rimos, até meia-noite e pouco, não podíamos esticar mais tempo porque no dia seguinte Fabrício trabalharia na liga feminina de vôlei, por isso, Bernardo também não foi pra casa dele, uma vez que seu namorado teria que dormir no clube onde o time estava hospedado.

Voltamos pro apartamento de Olivia, e só ali ela bebeu, como estava dirigindo optou por não beber no bar, ligou o som, e ao som do ABBA “you can dance...”, uma diva transformista baixou no Bernardo, dançamos como protagonistas de um musical da Broadway, cena memorável diga-se de passagem, pena que não temos registros ao menos fotográficos disso.

Acordamos os três na sala ainda, eu jogada no sofá com os pés de Olivia na minha cara, e Bernardo ainda fantasiado de diva, dormindo no tapete. Era a visão da decadência. Quando nos vimos naquela situação, o riso veio fácil, apesar da dor de cabeça que já nos dava sinais do exagero na bebida na madrugada.

Respeitando o nosso “time” de ressaca, nos arrumamos para cumprir a promessa que fizemos a Fabrício de assistir o time que ele trabalhava jogar as finais, o jogo começaria às 15h, saímos mais cedo para almoçar em algum lugar, já que café-da-manhã àquela hora estava fora de cogitação.

Tínhamos ingressos pras cadeiras especiais, assim acompanhamos de perto o jogo entre Rio de Janeiro e Osasco. Chegamos no segundo set, Osasco, o time do Fabrício estava na frente. Identifiquei na quadra sentada no banco do Osasco um rosto conhecido, apertei os olhos a fim de visualizar melhor, e lembrei, era Laila, certamente tinha deixado o time antigo, estava jogando no Osasco.

A sirene tocou, substituição no time paulista, Laila Rangel entrava para sacar. Tenho que dar o braço a torcer, ela estava linda, o shortinho minúsculo apertado, exibindo as longas pernas, e o bumbum arrebitado, a preparação para o movimento ajeitando os cachos que se soltavam da liga, seu jeito de jogar a bola pro alto e acertá-la com uma força fenomenal em direção a quadra adversária provocou uma excitação inédita em mim, nunca havia me excitado assim só de olhar pra uma mulher que não fosse Suzana. Devia mesmo estar a perigo, como diria Bernardo: “batendo palminha”, pra minha sexualidade estar assim a flor da pele, aliás nem pele, a flor da vista mesmo.

O jogo foi difícil, mas o Osasco venceu por 3 sets a 0, se consagrando campeão da liga. Fabrício foi nos cumprimentar, eu observava Laila enxugando o suor, jogando água na nuca, depois atendendo repórteres, fãs, comissão técnica e colegas de time que chegavam para abraçá-la, Laila fez uma partida incrível, sendo a sacadora que mais pontuou na partida, com 100% de aproveitamento nos saques. Ficamos ali nas cadeiras, esperando a premiação quando notei Laila vindo em nossa direção sorrindo. Estávamos há três fileiras da quadra, ela se aproximou e logo os fãs das primeiras fileiras correram com máquinas fotográficas e cadernos de autógrafos.

Atendeu a todos, mas manteve-se olhando para mim com um sorriso de satisfação nos lábios, fez sinal para que eu descesse, atendi seu pedido, estando mais próxima, ela segurou na grade de proteção abriu os braços para me abraçar:

- Sei que to suada, mas quero um abraço seu, posso?

Sorri e abracei-lhe, tinha um cheiro maravilhoso, nada me incomodava seu suor, pelo contrário, aumentava minha excitação:

- Parabéns! Pelo título e pela partida, não sabia que você era tão boa assim.

- Jura que não sabia que eu era boa? Achei que fosse evidente... – sorriu mordendo os lábios.

- Não conhecia sua modéstia também...

- Só fico assim quando to nervosa e sempre fico perto de você, veio do Rio só me assistir jogar mesmo?

- Nossa, tá se achando heim? Tenho que te decepcionar, estou morando em Campinas, vim a convite do Fabrício, namorado do meu amigo Bernardo, nem sabia que você estava jogando nesse time.

- Ah... Que decepção doutora... Mas disso tudo que você me falou tem uma compensação: saber que os boatos são verdadeiros, você tá solteira né? Do contrário não estaria morando longe do Rio... – olhou minhas mãos a procura da aliança.

- …... Estou solteira sim... – baixei meus olhos.

- Escuta... Tem compromisso hoje?

- Ah devo ter, meus amigos querem me dar um fim de semana de diversão, tenho trabalhado sem parar há um mês... Mas ainda não me falaram dos planos pra hoje, por quê?

- … que depois da premiação e todas as nossas obrigações a galera toda vai comemorar em um restaurante, depois vamos esticar um pouco, dançar quem sabe... Tá afim?

-Ah pode ser, mas não to sozinha, estou com amigos.

- Ah relaxa, o Fabrício já ia levar mesmo o namorado, você e sua amiga são minhas convidadas de honra.

- Então eu topo.

- Beleza, o Fabrício sabe onde é o restaurante, nos encontramos lá em... Deixa eu ver... Três horas?

- Aham, combinado.

Subiu na grade de proteção mais uma vez e beijou-me o rosto. Voltei em direção a Olívia e Bernardo que estavam atônitos com o assédio evidente de Laila. Falei sobre o convite, e eles adoraram o programa. Depois da premiação, voltamos para o apartamento para nos arrumarmos.

Fomos em dois carros, eu seguindo o carro de Fabrício, obviamente ele e Bernardo dormiriam juntos naquela noite, por isso os dois carros.

O restaurante fora fechado só para a comemoração do Osasco, era uma casa de massas, além do time e comissão técnica e alguns familiares, patrocinadores, a imprensa esportista também estava no lugar.

Sentamos à mesa onde estavam os membros da equipe médica, eram as pessoas mais chegadas de Fabrício logicamente. Procurava Laila perto do balcão do bar, quando a vi caminhando em minha direção. Estava maravilhosa, um jeans colado, blusa justa, que não cobria por inteiro a barriga, deixando evidente sua forma física perfeita, os cabelos estavam soltos, a maquiagem discreta realçava o castanho de seus olhos e sua boca delicada.

- Procurando alguém doutora?

-Sim...Viu a Fernanda Venturini por aí?

- Time errado doutora, em todos os sentidos, ela tá amargando a derrota, e joga no time das meninas que gostam de meninos... Sua procura não terá sucesso.

- Mas quem disse que a procuro com segundas intenções?

- Vestida assim, com um decote desses, e uma saia dessas, as intenções que pressinto são as piores...

- Estou procurando-a pra saber se ela achou as bolas que uma certa sacadora atirou pra cima dela...

Soltou uma gargalhada e beijou meu rosto, segurando minha cintura. Arrepiei. Bebemos um drink ali mesmo no balcão, perguntei sobre Pietra, ela me revelou que a mesma não concordou com uma relação à distância, já que ela permaneceu no Rio, e hoje eram só amigas.

Nosso papo foi interrompido por uma assessora de imprensa do time, a chamando pra fotografar junto com as demais meninas. Durante o jantar, ela insistia para que eu sentasse perto dela, mas fiquei tímida, ela então deixou a mesa das atletas e sentou-se ao meu lado.

- Você não consegue ficar longe dos médicos, né? Eita que vício que você tem pela medicina.

- Não quero te atrapalhar, pode ficar lá com suas companheiras de time.

- Não quer minha companhia? – fez um bico.

Segurei suas mãos e respondi:

- Imagina Laila, estou adorando sua companhia.

Finalmente eu “saía do casulo” que me enfiei depois que terminei com Suzana, estava flertando naturalmente com Laila, nem me lembrava que aquela mulher me beijara a força, na verdade gostaria de saborear daquela boca num beijo longo e quente. Ficamos no restaurante até as 23h depois, Laila foi comigo e Olivia para uma boate que mais três meninas do time, bem como Fabrício e Bernardo também iriam.

Como suspeitava, era uma boate GLS, enorme, com três ambientes, naquela noite um DJ europeu fazia o som, como diriam os cariocas, estava bombando, muita gente bonita de todos os estilos, até mesmo Olívia adorou o local, jurava que encontraria um homem hetero ou bissexual em meio a tantos com corpos definidos e másculos.

Recebemos um passe vip dos patrocinadores do Osasco, a área vip era realmente vip, muita bebida, um Buffet farto, garçons e garçonetes lindos, Laila e as demais jogadoras não beberam, afirmavam que se tratava de uma promessa, todas esperavam ser convocadas para a seleção brasileira de vôlei, e não podiam arriscar com um escândalo o qual elas já protagonizaram depois de muita bebida em outras ocasiões, mas isso não impediu a diversão delas.

Laila me tirou pra dançar e dançamos juntas por sei lá quanto tempo, ela juntava seu corpo no meu, descendo suas mãos pelas minhas costas, fixando se na minha cintura, como era bem mais alta que eu, ela se curvava para roçar sua boca no meu pescoço, me provocando um arrepio e um frio na barriga incontrolável. Eu não a tocava, deixava que ela dominasse a situação, sentindo que isso lhe satisfazia.

Laila me chamou para outro ambiente da boate, era mais calmo e romântico segundo ela, e de fato era, a iluminação não piscava com as batidas da música como no ambiente que estávamos, sentamos uma mesa no canto, com uma luminária discreta, o ambiente era decorado com tecidos brancos, aconchegante o local.

Laila foi até o bar, me trouxe uma bebida e pra ela uma água tônica. Aproximou-se de mim, e eu não sei por que me senti intimidada com sua presença, na pista de dança eu estava mais a vontade, mas naquele clima intimista, fiquei perdida.

- Gostou daqui?

- Sim Laila, é de muito bom gosto, vem aqui sempre?

- E’ venho sim, conheço os donos da boate...

- Sempre traz uma mulher aqui também? – apontei pra mesa que sentávamos.

- O que você tá pensando? Que aqui é meu matadouro?

- Você age como uma caçadora... Sou sua presa hoje? – falei mexendo da azeitona da taça.

- Presa? Nossa Isabela... Você tem um julgamento muito equivocado sobre mim... Acho que te deixei uma péssima impressão no carnaval né?

- Na verdade você me deixou mais que impressão, né Laila... Você me beijou a força... Com minha noiva na época há poucos metros dali...

- Foi uma atitude infeliz, Isabela, me arrependi no mesmo momento, mas, fui sincera, eu estava louca por você.

- Estava? Passado imperfeito?

Sorriu maliciosa, aproximou-se do meu rosto, deixou seu nariz roçando na minha face, senti seu doce cheiro, e minha pele eriçou inteira:

- Estou... Presente urgente...

Tomou minha boca e me beijou vorazmente, e que beijo... Laila parecia beber o desejo da minha boca e se apossar dele, pela primeira vez acreditei na história de gozar só com um beijo. Se alguém podia fazer isso era Laila.

Envolvi meus dedos nos seus cabelos e a puxei pra mais perto de mim, praticamente forçando minha inclinação no sofá de canto que estávamos. Laila percebeu o movimento e logo me trouxe de volta a posição, puxando-me pela cintura, mas uma das mãos escapava subindo pelas minhas pernas atingindo meu sexo molhado, já que eu estava de mini-saia, era um ambiente público ela não podia ser alvo de escândalos por isso ela tratou de frear os impulsos.

Afastamos nossas bocas lentamente, olhava pra ela com um desejo evidente, Laila era a primeira mulher que beijava depois de Suzana, eu sequer me considerava lésbica, uma vez que só tinha me apaixonado por uma mulher, mas Laila despertou o desejo em mim mais uma vez. Ela ficou ali respirando ofegante perto do meu pescoço, e eu absorta naquele cheiro, ansiando beijá-la mais uma, duas, três, vezes e quantas mais fosse possível.

- Isabela, sua boca é simplesmente a melhor boca que já beijei... Olha que não foram poucas...

- Se-seu beijo é INCRÍVEL...

Dessa vez eu a beijei, segurando seu rosto com as minhas duas mãos, senti as mãos de Laila nos meus seios, gemi...

- Laila... Ah...

- Isa... Eu não moro aqui em São Paulo... Estou hospedada no clube, na concentração e... Isa... Preciso ficar a sós com você... Você se incomoda se formos pra... Um... – Laila falava com respiração curta entre um beijo e outro.

- Vou pra onde você quiser Laila...

Pedi a Bernardo que levasse Olivia pra casa, a essa altura, Olivia estava atracada com uma das companheiras de time de Laila, acho que ela não encontrou o tal homem hetero que ela procurava.

Entreguei as chaves do meu carro a Laila, e ela nos levou a um motel. Era luxuoso, a típica cama redonda com espelhos no teto era coberta por lençóis acetinados, a frente, uma mesa elegante com dois lugares, sobre ela uma garrafa de Prosseco em um balde de gelo, um jardim de inverno e a frente dele, uma banheira de hidromassagem. Estávamos ambas sem graça, certamente pela pouca intimidade que tínhamos, e eu pelo menos nunca estive antes em um local do tipo.

Andei pelo quarto observando tudo e mexendo em tudo também, nas dezenas de funções dos controles remotos, nas coisas do frigobar, olhava com estranheza uns acessórios que encontrei numa prateleira, Laila sorria testemunhando meu primeiro contato evidente com um quarto de motel.

- Isabela, me desculpe perguntar, mas você nunca esteve em um motel antes?

- E’ tão óbvio assim? – falei arqueando uma das sombracelhas.

- Ahan... Mas me encanta... E fico feliz que eu esteja te mostrando uma coisa nova... – falou se aproximando de mim.

- Acredite, você me mostrou coisas novas desde a boate...

- Ah é? Posso te mostrar mais...

- Estou esperando por isso...

Laila não tardou minha ansiedade, beijou-me com todo desejo que sentia, colocando por terra o suposto desconforto com o ambiente, minhas pernas estavam bambas, Laila desceu suas mãos pelas minhas pernas e as suspendeu, envolvi minhas pernas em sua cintura e assim ela me jogou na cama. Despiu-me entre beijos pelo meu corpo, sua língua quente em minha pele, provocava uma onda de calor e arrepios que rapidamente me deixaram molhada. Laila desceu com sua língua entre as minhas pernas e embebedou-se em minha excitação cumprindo sua promessa em me mostrar coisas novas, uma vez que nunca experimentara tão rapidamente um gozo como Laila me proporcionara. Fiquei sobre ela e com dificuldade tirei sua calça jeans justa demonstrando minha ansiedade em senti-la despida, ela sorriu com meu jeito atrapalhado, mas permitiu que eu continuasse, beijei-a lentamente enquanto minhas mãos apertavam seus seios, deliciosos por sinal, retribui o prazer que Laila me deu, tomando com fervor seu sexo encharcado, Laila gemia alto, me excitando ainda mais, num movimento rápido, ela segurou meus braços acima da minha cabeça, e roçou seu sexo no meu, enquanto lambia meu pescoço e mordiscava minha orelha, mais uma vez o inevitável aconteceu, gozamos juntas.

Não vimos o tempo passar, nos entregamos ao desejo, sem muitas pausas, Laila ainda penetrou dois, depois três dedos, não sei o que ela fazia mas meu corpo tinha espasmos tamanha era a sensação de prazer que eu não conseguia me controlar.

Era quase manhã, não dormimos, e permanecíamos ali abraçadas, até que Laila me convidou para ir ao clube onde ela estava hospedada, ela precisava trocar de roupa, estava decidida a não me largar o resto do dia, convidou-me também para ir com ela ao sítio dos pais de uma das meninas do time, a cerca de cinquenta minutos de São Paulo, os pais estavam promovendo um churrasco ainda em comemoração ao título do time.

Seguimos para o clube, quando chegamos o sol já estava alto, Laila não demorou mais de vinte minutos para aparecer de volta ao carro com outra roupa, usava um short curto, camiseta pólo, tênis, e um boné rosa da mesma cor da camiseta e uma mochila nas costas. Continuou dirigindo até o apartamento de Olivia, já que eu não conhecia o caminho.

No percurso, Laila acariciava meu rosto, contava piadas, estava descobrindo que Laila não era só um furacão na cama, era também carinhosa, engraçada e atenciosa, bem diferente da mulher que conheci no carnaval. Passamos perto de uma feira livre, ela me perguntou:

- Já comeu pastel do chinês, Isa?

- Que chinês?

Ela sorriu da minha pergunta:

- Qualquer chinês criatura! E’ tradicional aqui nas feiras livres de São Paulo, tá afim ou tem problemas com esse tipo de comida saudável?

- Eu? Imagina... Sou uma amante de porcarias... Claro que tô a fim.

- Porcaria não, doutora, você vai comer o melhor pastel da sua vida! Se tiver coragem, ainda um caldo de cana!

Laila parou o carro e fomos até uma barraca do tal chinês, ela me trouxe o tal pastel sensacional, com um copo de caldo de cana, sentamos em dois banquinhos de plástico ali bem próximos mesmo, e eu tenho que confessar, era mesmo delicioso. Me lambuzei toda no recheio, o que despertou risos em Laila, que gentilmente limpou com um guardanapo fazendo piada do meu jeito atrapalhado até nisso.

Seguimos para o apartamento de Olivia, qual não foi nossa surpresa, ao ver só de camiseta e calcinha, uma mulher de seus 1,90 de altura, saindo do quarto de Olívia, era Cláudia, amiga do time de Laila, deduzi que minha amiga perdera sua virgindade homossexual naquela noite. Enquanto Laila combinava com Cláudia a ida ao sítio, o som da voz de Olivia se aproximava da cozinha onde estávamos:

- Cacau... Onde você está gata?

Olivia surgiu na porta da cozinha completamente nua, ao nos ver soltou seu grito tão peculiar, procurando mais mãos para se cobrir, pegou um pano de prato, deixou cair, alcançou um avental, mas desistiu e saiu correndo pro quarto. Diante disso, só nos restou uma crise de risos. Estava sentada no colo de Laila ainda na cozinha, quando Olivia voltou de roupão. Laila foi a primeira a quebrar o silêncio:

- Tá com tudo em cima em Olivia... – dei um tapa nos braços de Laila, indignada com sua observação. – Ai Isa... Minha linda, prefiro você... Ui...

- Então Lili... Bem vinda ao clube amiga... E tenho que te dizer, provou, viciou!

Caímos na gargalhada, Olivia continuava ruborizada, até Cláudia a puxar pra perto dela, dando-lhe um beijo suave na face:

- Liga não minha pequena...

Fomos as quatro para o sítio, Bernardo e Fabrício seguiram em outro carro, chegando lá na hora do almoço somente. O sítio era aconchegante, a casa cercada por um grande alpendre com redes armadas, com muitas plantas em volta, muitas árvores nas redondezas, na lateral, a área de churrasco, todo time de vôlei do Osasco estava lá, tocava uns pagodes irritantes, pelo menos para mim.

Estava frio, assim, qualquer passeio seria uma tortura, Laila já estava de moletom e eu também, conversamos amenidades com as outras meninas, todas muito simpáticas exceto por uma que me olhava visivelmente irritada, depois Claudia acabou por deixar escapar que se tratava de um ex-caso de Laila, nunca foi nada sério pelo menos pra Laila, mas a talzinha insistia em considerá-la como namorada.

Após o almoço, bateu o sono, depois de um showzinho de samba carioca que Laila deu dançando no meio de todos, levei-a para uma das redes armadas, e nos deitamos abraçadas, cochilamos por quase duas horas depois de trocarmos carinhos.

Fomos acordadas por Bernardo, me apressando para voltar para São Paulo, já que teríamos que pegar estrada a noite para Campinas. O tal ex-caso de Laila, ainda promoveu uma cena deplorável. Eu e Laila nos despedíamos de todos, agradecendo aos donos da casa pelo churrasco, quando senti por trás, uma mão puxando meus cabelos bruscamente, me atirando na grama. Era ela, o ex-caso de Laila, Miriam, imediatamente Laila segurou seus braços por trás antes que ela me alcançasse no chão, Olivia e Bernardo já correram para me levantar, ou para enfrentar a grandona, enquanto Laila a segurava forte esbravejando:

- Tá louca Miriam? Você tem noção do papelão que você tá fazendo? Heim?

- Você tinha que trazer essa piranha pra passar na minha cara, Lá?

- Lave sua boca pra falar dessa menina, sua doente! Eu não devo satisfações nenhuma a você. Você tá me entendendo? Agora você some das minhas vistas, antes que eu te quebre inteira, porque Isabela não é piranha, mas eu sei ser, sai daqui sua biscate!

Laila soltou os braços de Miriam a empurrando pra frente, indo em minha direção, eu estava envolta entre os braços de Bernardo e Olivia. Abraçou-me com carinho, pedindo desculpas, não consegui dizer muita coisa, exceto “tudo bem, estou bem”, pegou minha mão e fomos caminhando de mãos dadas até o carro, seguidas de Bernardo, Fabrício, Claudia e Olivia. Já no carro, pra quebrar o silêncio eu brinquei:

- Laila, se você não tivesse segurado ela, eu ia dar uma lição naquela grandona, olha meus músculos – exibi meu bíceps fazendo cara de brava.

Todos no carro riram, e Laila continuou brincando:

- Tenho certeza que sim minha linda, mas preferi poupar suas mãozinhas delicadas, elas tem melhor uso pra outra coisa... – sorriu maliciosa enquanto passava a mão na minha perna.

Deixamos Laila e Cláudia no clube, elas partiriam na mesma noite para Osasco. Antes de nos despedirmos, Laila me levou para um banco no jardim, sentamos e ela falou num tom tímido:
-Isa, eu sei que não posso ter expectativas em relação a você, que não nos conhecemos direito, mas... Eu queria manter contato com você... Quem sabe a gente não dá certo? Estou pedindo muito? Sendo precipitada? – falou apertando os olhos como se estivesse envergonhada.

Achei muito fofa a atitude dela, Laila estava se revelando uma pessoa incrível, sua companhia era maravilhosa, sentia-me bem com ela, enquanto estava com ela nem lembrava de Suzana. Mas sabia que não podia me deixar envolver tão rapidamente, ainda me ressentia pelo que sofri com Suzana, mas arrisquei:

- Laila, muito fofa você, viu... Você não está pedindo muito, quero te conhecer melhor também, espero que nos vejamos em breve... – beijei-lhe os lábios lentamente.

Eu e Bernardo voltamos como previsto na mesma noite, ele não parava de falar em Fabrício e de me fazer perguntas sobre Laila. Ao chegar no meu apartamento, mandei um torpedo para Laila avisando sobre minha chegada tranqüila a Campinas, imediatamente ela respondeu que estava indo para Osasco e que me ligaria na semana.

Enquanto tomava banho, lembrava de Laila e de todo fim de semana, ouvi um barulho estranho da minha barriga, que me transportou a um momento com Suzana, quando ela falava dos verminhos que ela criava...

Não suportei a saudade que senti naquele momento e chorei a falta de Suzana até adormecer na cama.
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