quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Postagens

Olá my dears!
O que acharam da segunda fase de Leis do Destino?
Algumas comentaram, identifiquei algumas queridas do HD e até do ABCLES não é Val?
Fiquei feliz em receber os comentários de vocês, e como algumas perguntaram, quero esclarecer que não terei como postar um capítulo diariamente, o formato diferente  do orkut limita isso, uma vez que aqui posto capítulos inteiros, lá eu podia postar um pedacinho por dia.
Então, amanhã posto o segundo capítulo, a princípio, as postagens novas ficarão nas terças e quintas.
Beijos a todas e até amanhã!

Sociedade Secreta Lesbos: Capítulo 42

Capítulo 42

Esther ficou pensativa, durante o resto do dia não procurou Amy nem esta o fez. Ficaram entretidas com as obrigações da universidade e da fraternidade. No fim da tarde, Esther procurou o mesmo lugar quieto nos jardins do campus para continuar a leitura do diário de Carmem.

-- Michelle tem me assediado agora descaradamente, Sandra tinha razão. Na festa de ontem na fraternidade, ela usou de todas as armas para me levar para sua cama, inclusive com uma bebida exótica, segundo Rebeca, essa bebida contém ingredientes alucinógenos... e por falar em Rebeca, minha irmã guia me livrou de cair na sedução de Michelle. Minha permanência na fraternidade está ficando impossível, apesar da proteção de Rebeca, sinto-me perseguida por Michelle, e como ela sabe sobre o romance entre mim e Sandra, temo pelas consequências.

Cada página daquele diário transportava Esther para uma realidade que ela conhecia, uma realidade onde os personagens da vida de sua mãe se repetiam na sua própria vida.

-- Atraí a fúria de Michelle rejeitando-a noite passada. Não posso permanecer nessa casa. Não revelei isso à Sandra, minha loirinha está tensa demais, isso a deixaria ainda mais nervosa. Ela viaja amanhã para Nova Iorque, pedirá sua parte na herança de seu avô, para alugarmos um apartamento e sairmos das fraternidades, será melhor para nós. Vai ser difícil enfrentar esses dias sem ela por aqui... Carol será nossa mensageira, já que usar os telefones da Gama-Tau será impossível, Michelle me impede de todas as formas. Enfim esse pesadelo está chegando ao fim, em breve Sandra e eu estaremos juntas para sempre.

Enquanto isso, Amy tentava se concentrar nos estudos na biblioteca, ainda irritada pela discussão com Esther e intrigada com tal caderno com o nome de solteira de sua mãe. Nenhuma hipótese que ela formulasse fazia o menor sentido, os mistérios e o comportamento da namorada era para a loirinha completamente indecifráveis. Quando menos esperava, Amy foi surpreendida por uma voz pouco familiar.

-- Amy Anderson?

Ao virar-se em direção a voz, Amy estremeceu ao constatar de quem se tratava: Michelle Roberts. A jovem disfarçou seu espanto, e até certo medo, quando a viu, e respondeu educadamente:

-- Sim, pois não.

-- Preciso falar com vocês a sós, você pode me acompanhar?

A loirinha balançou a cabeça positivamente recolhendo seus livros da mesa e seguiu Michelle até uma sala no prédio da reitoria. Chegou a sentir calafrios ao ouvi-la trancar a porta. No tom arrogante de sempre após mandar que a loirinha sentasse, Michelle disparou:

-- Quero apenas lhe dar um aviso mocinha: afaste-se de Esther. Ela pode estar se dizendo apaixonada, tendo um romancezinho ridículo com você, mas ela não é dona de si. Esther é minha, para seu bem e para o bem dela, repito: fique longe dela.

Amy arregalou os olhos, engoliu seco, mas ouvir aquelas palavras despertou na loirinha uma raiva indescritível, encheu-se de coragem e respondeu:

-- Você acha mesmo, que pode vir aqui me ameaçar? Acredita mesmo que tem algo contra mim? Ora Sra. Roberts, não sou sua refém, não tenho medo do seu poder, do seu dinheiro. Minha família tem até mais poder e dinheiro do que você, então não me venha com esse ar de superioridade, não me intimida, Esther não é sua propriedade e nosso romance é real, não tem nada de ridículo.

-- Como se atreve, sua fedelha?! Escute aqui, não vou permitir que você se intrometa entre mim e Esther, não desisto do que quero e não é um pirralha como você que vai me ameaçar.

-- Então você está se sentindo ameaçada?

-- Por você, uma pirralha? Nunca! Tenho total domínio sobre Esther.

-- Se você tivesse tanta certeza do seu “domínio” sobre Esther, não teria vindo tentar ameaçar a PIRRALHA aqui... Não te devo nada! E seu “poder” não é páreo para minha família, Sra. Roberts, então pense bem antes de vir com suas ameaças... E digo mais, Esther e eu estamos apaixonadas, e farei de tudo para livrá-la de você, sua doente!

-- Então você não tem medo de mim, não é? Vamos ver o que Esther vai achar quando ela sofrer as consequências da insolência da namoradinha dela... Vamos ver quem está no comando.

Michelle soltava faíscas de ódio pelos olhos, não esperava Amy enfrentá-la, mas as últimas frases deixaram a loirinha apavorada, temendo o que aquela mulher louca e sádica poderia fazer à sua amada. Arrependeu-se de não ter se controlado, mas não deu tempo se refazer, Michelle deixou a sala batendo a porta com toda força, desfilando pelos corredores da reitoria com sangue no olhar.

Esther passava em frente ao prédio da reitoria indo em direção da Gama-Tau, quando avistou Michelle sair de lá absolutamente transtornada, escondeu-se da sua visão, e em segundos viu Amy sair pela mesma porta, com a pele alva tomada de rubor. Conhecendo a loirinha, Esther sabia que isso era sinal do seu nervosismo e isso a deixou nervosa também. Esperou Michelle se afastar o suficiente e seguiu Amy pelo campus.

-- Amy? O que houve?

-- Esther?

-- Vem cá, você está pálida -- Esther abraçou Amy e sentiu o coração da loirinha descompassado, nem se lembraram que estavam brigadas, ficaram abraçadas, até Amy acalmar-se e então falar:

-- Esther, nem sei como dizer isso, mas Michelle Roberts me procurou agora...

-- Oh, Deus! Você está bem? Ela fez alguma coisa? O que ela queria com você, minha linda?

-- Calma, meu amor... Ela só quis me intimidar e exigiu que me afastasse de você.

-- Aquela vagabunda!

Voltou a abraçar Amy com carinho, como se quisesse protegê-la, mal sabia que a loirinha estava sim apavorada, mas não por ela mesma, mas pelo que Michelle poderia fazer a sua amada.

-- Esther, ela não me assustou... Eu até a enfrentei... Ela não sabe com quem está se metendo...

-- Não, Amy, não diga isso! Michelle é uma mulher perigosa, ela joga baixo, joga sujo, fique longe, eu me entendo com ela.

-- Mas tome cuidado... Temo que ela faça algo contra você porque eu a enfrentei. Ela fez ameaças...

-- Calma, eu sei lidar com ela... Não se angustie, vamos pra casa.

Na mansão, tudo pronto para a chegada das irmãs ilustres. Ellen e uma veterana que já fora affair de Esther, Vanessa, cochichavam pelos cantos da casa. Laurel que conhecia muito bem as armações de Ellen comentou com Rachel o comportamento estranho das veteranas. Rachel, no entanto, parecia mais preocupada com o resultado da conversa entre o casal Amy e Esther, que subiram para o estúdio assim que adentraram a mansão.

-- Eu queria te pedir desculpas pelas coisas que disse hoje de manhã -- Esther falou segurando as mãos de Amy.

-- Eu acho que também te devo desculpas, mas é que quero tanto te conhecer Esther... Às vezes me sinto tão próxima de você, seus olhos me dizem tanto. Mas outras vezes você se torna uma incógnita pra mim, fico perdida porque te amo tanto...

Esther se emocionou com a declaração de Amy, segurou o impulso de dizer que também amava a loirinha, abraçou-a e disse:

-- Espero um dia poder revelar todos os meus segredos a você Amy, sem te afastar de mim... Sobre o caderno que você viu mais cedo comigo, bem, é o diário de minha mãe.

-- Sua mãe? Mas por que o nome de minha mãe estava escrito nele? Pessoas ou nomes iguais?

-- Isso acho melhor você perguntar à sua mãe, minha linda...

Mesmo tomada de curiosidade, Amy concordou para não brigar de novo com Esther. A morena, por sua vez, esperou a loirinha dormir e voltou a ler o diário de Carmem, notando que os relatos da mãe ali começaram a ficar mais espaçados. Percebeu que o momento mais triste da história de Carmem se aproximava.

-- Esse é o dia que por mais que eu queira esquecê-lo vai me acompanhar para sempre, me trazendo toda dor desse momento. Sandra Williams me destruiu, todo amor que eu tinha por essa mulher tenho que matá-lo assim como ela fez à minha alma... Ela me fez acreditar que estava indo resolver nossa vida em Nova Iorque, mas era tudo parte de um plano para me humilhar diante da fraternidade dela e do campus. Faz uma semana que ela viajou, não me mandou um recado sequer, apesar de todos que mandei para ela por Carol. Hoje no banheiro ouvi a conversa de Carol com outras meninas da Beta-lo na qual ela dizia: “Meninas, a Sandra conseguiu! A latina da Gama-Tau está na mão dela, toda apaixonada confiando que a Sandra deixará a fraternidade para morar com ela. Ontem mesmo ela me falou sobre o casamento dela com Wiliam, acertaram tudo no jantar na casa dos pais dela... Ai, o amor não é lindo? Wiliam entendeu porque Sandra usou aquela aberração para darmos uma lição nessas Gama-Tau. A última parte do plano se aproxima... Como ela foi ingênua! Acreditar que Sandra é doente como elas...” Não pude acreditar nisso... Até ver no jornal da universidade a matéria falando sobre o jantar para marcação da data do casamento de Sandra com Wiliam, e para me humilhar ainda mais, as beta-lo espalharam pelo campus panfletos fazendo piada da minha relação com Sandra com frases que só ela e eu dissemos uma pra outra. Como ela pôde fazer isso comigo? Se ela pensa que isso vai ficar assim, ela se prepare, porque a volta dela e do noivinho será um grande evento para mim...

Esther leu aquilo não mais tomada de revolta, mas procurando detalhes para investigar a possibilidade de tudo não ter passado de uma grande armação com o dedo de Michelle no meio. Depois desse relato, os que se seguiram foram escassos, algumas frases narrando o sofrimento que ela enfrentava, a revolta e a saudade de Sandra, crises de consciência, poemas, nada que acrescentasse na busca por respostas de Esther. Depois de ler as revelações de sua própria mãe, convenceu-se que tinha que dar à Sandra ao menos o benefício da dúvida para não ser obrigada a ferir seu grande amor: Amy.

Aconteceu Você : Sétimo capítulo

Capítulo 7: Que mulher é essa?


Marisa saiu da sala antes que eu pudesse me desculpar ou relutar qualquer coisa. Percebi o quão mal educada e desagradável eu estava sendo, ao voltar para o ambulatório, não encontrei Marisa me esperando, outro médico me informou que os exames não revelaram qualquer fratura, orientou que eu mantivesse repouso, prescreveu um analgésico e me liberou.

-- Então vamos sardenta! Hoje nós dormimos com você, vamos cuidar dessa paciente. – Disse Daniel.

-- Não é necessário Dan...

-- Claro que é! Você vai ficar sob nossa observação. – Afirmou Diego.

Ainda frustrada por não rever Marisa, saí do ambulatório procurando entre as pessoas transitando no hospital, a médica que me atendeu, em vão, Marisa parecia ter evaporado dali. Beto e Luisa nos acompanharam até minha casa, o Leandro já estava nos esperando, sempre divertido, preparou um cartaz de boas vindas todo enfeitado com a foto de um cavalo e o colou na porta do meu quarto.

Meus novos amigos foram super atenciosos e fofos comigo, Leandro preparou o jantar e comemos todos juntos no meu quarto. Diego e Dan ficaram para dormir comigo depois que os outros foram embora, demorei a pegar no sono lembrando o meu reencontro com Marisa, não só pelo meu comportamento infantil, mas também por que a imagem dela linda, cuidando de mim, a lembrança do seu cheiro, da sua voz, tiravam minha paz de uma maneira inexplicável e inédita para mim.

A noite foi longa, meu corpo doía sofrendo os efeitos da queda acordei com o café na cama trazido por Diego, e com um convite do Dan:

-- Está se sentindo bem?

-- Sim meu amigo, estou bem, vocês dois são enfermeiros maravilhosos!

-- Então ótimo, vamos sair um pouco e aproveitar o sol que abriu hoje. – Convidou Dan

-- Mas vamos pra onde Dandan?

-- A minha sala está promovendo um churrasco no clube da cidade, para arrecadar uma graninha para nossa festa de formatura, vai ter uma banda de pop rock, outra de pagode, enfim, vai ser legal. – Esclareceu Diego.

Não havia como recusar o convite do meu casal de amigos. Pouco antes do almoço, saímos com destino ao clube da cidade.

O clube estava lotado, a banda de pagode já animava os convidados. Diego muito popular me apresentou a vários colegas, a maioria não era de Nova Esperança, a cidade universitária, atraía gente de todos os estados. Estava tudo muito tranqüilo para mim, apesar de ainda experimentar dores no meu corpo conseqüentes da queda no dia anterior. Para sacudir minha auto-estima, ouvi boas cantadas dos acadêmicos de medicina, entretanto, eu sequer dei importância, eles inexplicavelmente não despertavam meu interesse.

Duas horas depois de chegar à festa, fui até o banheiro, cheio de acadêmicas de medicina retocando a maquiagem, algumas já bem animadas pelo álcool, trocavam suas impressões sobre a festa e os meninos de lá. O chão escorregadio contribuía para esbarrões na saída dos boxes, em um desses incidentes a porta do box veio direto na minha cara e junto com ela uma mulher tropeçando caindo nos meus braços.

Nem pude acreditar quem estava ali mais uma vez face a face comigo, os mesmos olhos hipnotizantes, o perfume cítrico: Marisa.

-- Quem é mesmo que tem um ímã para mim?

Eu disse arrancando um sorriso tímido de Marisa. Os segundos de troca de olhares foram interrompidos por uma garota indagando:

-- Dra. Marisa desculpe-me escorreguei e empurrei a porta, machuquei a senhora?

-- Não machucou não graças a cobertura da imprensa...

Sorri com a brincadeira de Marisa, enquanto observava o olhar cheio de volúpia da tal garota para Marisa. Não sei por que aquele olhar da garota me incomodou, a tal ponto que dessa vez fui eu a interromper:

-- … melhor você ter mais cuidado, poderia ter causado um acidente desagradável.

-- Claro, mais uma vez, desculpe-me professora.

A garota saiu do banheiro deixando a sós eu e Marisa:

-- Então doutora, será que nossos papéis estão se invertendo e agora sou eu a lhe salvar de quedas?

-- Se você não estiver montando um cavalo...

Fiz careta para ela o que despertou um sorriso descontraído, deixando-a ainda mais linda.

-- Então, como você está se sentindo? Alguma dor?

-- Sinto dor no corpo, especialmente nas costas, mas nada insuportável.

-- Então você foi bem tratada suponho.

-- … os médicos de Nova Esperança parecem ser competentes...

Marisa sorriu balançando a cabeça positivamente, mais meninas foram entrando no banheiro quebrando aquele clima, disfarcei indo até a pia lavando minhas mãos sob o olhar atento da médica.

Pelo espelho continuei fitando o olhar de Marisa, notando a popularidade dela entre as meninas que entravam no banheiro, algumas a cumprimentavam até com um grau de intimidade maior, mas todas demonstravam respeito com ela.

-- Eu sei que você gosta dos banheiros de Nova Esperança, mas você ainda vai passar muito tempo por aqui? – perguntou Marisa.

-- Se a medicina não der certo, definitivamente você deveria tentar a carreira de humorista.

-- Você nem imagina quantos talentos uma boa médica tem que ter...

Fui me afastando em direção à porta de saída, enquanto Marisa me seguia:

-- Vou voltar para festa, meus amigos devem estar preocupados, achando que caí de novo.

-- Posso acompanhar você? Cuidados médicos... Só uma precaução, no caso de algum cavalo ou amontoado de ração aparecer pelo caminho...

-- Tudo bem doutora, só por isso...

Saímos do banheiro e caminhamos pelo clube, meio tímidas, pelo percurso Marisa parou diversas vezes para cumprimentar alunos, até encontrarmos Diego e Dan:

-- Dra. Marisa! Sabia que a madrinha de nossa turma ia aparecer! – Exclamou Diego.

-- Claro Diego faz parte das minhas obrigações.

-- Viu que cuidamos direitinho da Alex? Do jeito que a senhora pediu! – Diego disse inocente.

Estranhei a colocação do Diego, especialmente quando notei o Dan apertando a mão do namorado enquanto Marisa arregalava os olhos. Fingi nada ter percebido, deixando que eles se confiassem na minha famosa distração.

-- Então doutora há algum problema se eu beber uma cervejinha? – Perguntei.

-- Claro que não Alexandra. Mas não exagere...

-- Então eu vou pegar pra você sardenta! Vamos Diego. – Disse Dan.

Fiquei na companhia de Marisa, enquanto o casal se afastava, e o assédio das alunas dela me incomodava de uma maneira insana. Minha cara de poucos amigos foi notada pela própria Marisa:

-- Aconteceu alguma coisa Alexandra?

-- Não, por quê?

-- Esse bico aí... Roubaram seu doce?

Não sabia sequer o que responder a Marisa, ainda bem que Diego e Daniel apareceram de volta com as cervejas me salvando daquela saia justa. Manter-me perto de Marisa o resto do dia foi difícil, ela era requisitada constantemente nas rodinhas dos alunos, até mesmo para dançar com alguns deles. Meu humor ficou tão alterado que no meio da tarde pedi ao Dan que me deixasse em casa.

-- Mas sardenta, por quê?

-- Estou com dor no corpo Dan, quero descansar.

-- Tudo bem então... Vou avisar ao Diego que estou indo te deixar, vai pro carro e me espera lá.

Sai do clube em direção ao estacionamento, buscando no olhar a localização de Marisa, para minha tristeza não a encontrei. Encostei-me no carro do Dan aguardando-o, quando o meu celular tocou, era a Renatinha. Fofocamos por um tempo colocando os assuntos em dia, naturalmente não deixei de contar minha aventura eqüina, distraí-me no papo e nem notei o tempo passar, nem muito menos estranhei a demora do Daniel, ao desligar o telefone ouvi a voz tão familiar nos últimos dias:

-- Fugindo moça?

Era Marisa, me surpreendendo ao meu lado, com um sorriso diferente, igualmente lindo, mas seu olhar tinha um brilho incomum, ao notar a aproximação dela percebi o forte hálito de álcool, logo deduzi que a respeitada médica já tinha bebido demais.

-- Não estou fugindo não doutora, estou indo para casa descansar, esse churrasco está me deixando exausta.

-- Mas a festa está apenas começando Alexandra...

O brilho do olhar de Marisa tinha um quê de malícia, me dando a certeza que a abordagem dela era um flerte descarado o que provocou em mim reações confusas de medo e satisfação.

-- Para você está mesmo animada a festa... Mas para mim, não estou vendo nada muito interessante.

-- Jura que não está vendo nada interessante?

Inesperadamente, Marisa colocou-se de frente para mim, encostando suas mãos no carro, envolvendo-me entre seus braços. Nervosa com a proximidade do corpo de Marisa, eu gaguejei para responder:

-- Eu... Eu quis dizer que... Que... Não estou me divertindo tanto quanto você.

Marisa não se intimidou com meu sarcasmo atrapalhado, manteve-se perto de mim deixando-me com a respiração ofegante e o coração acelerado. Minhas pernas tremiam, e não conseguia desviar meu olhar do dela.

-- Acho que podemos deixar as coisas mais justas e você se divertir um pouco mais, você está precisando... Vem comigo?

Ela fez um movimento com a cabeça e puxou minha mão gelada:

-- Eu não posso, o Dan vai ficar preocupado, ele vai me deixar em casa.

-- Não se preocupe, já avisei ao Daniel que eu te levaria em casa.

Não contestei em segui-la, exceto quando notei Marisa cambalear ao andar:

-- Tenho uma exigência doutora...

-- Estava demorando... Pois não donzela!

-- As chaves do carro! Eu dirijo você não está em condições de dirigir.

-- Mas você não sabe o caminho!

-- O caminho você pode ensinar...

-- Adoro ensinar...

A malícia na voz suave de Marisa, agora tinha um teor absurdamente sensual que me arrepiava inteira. Entramos no carro, trocando olhares, o meu tímido, o de Marisa era quase indecente.

-- Siga a estrada principal, na primeira bifurcação dobre a esquerda. – orientou Marisa.

Apenas balancei a cabeça positivamente e segui a orientação de Marisa que me olhava fixamente, me deixando mais nervosa:

-- O que foi Marisa?

-- O que foi o que?

-- Está me olhando assim... Está com medo de que eu bata seu carro?

-- A minha menor preocupação nesse momento é com meu carro...

Nesse momento, Marisa tinha um sorriso arrebatador, com muito sacrifício mantive minha concentração no volante, mas quando ela roçou o dorso de sua mão macia no meu braço, senti meu corpo estremecer. Ruborizei, respirei fundo, que espécie de energia tinha aquela mulher que deixava minha sensibilidade tão evidente?

-- Está tudo bem Alexandra?

-- Han?

-- Perguntei se está tudo bem... Você parece nervosa...

-- … que... Sou fraca...

Marisa sorriu discretamente, como se saboreasse uma pequena vitória e avisou:

-- Dobre aí à esquerda e siga pela trilha da estrada de terra.

Dirigi por alguns minutos pela estrada de terra, até encontrar um portão de madeira.

-- Pare aqui, esta é minha casa.

Marisa desceu do carro e abriu o portão. Entrei com o carro avistando uma casa de campo requintada, com um alpendre espaçoso, à frente um jardim muito bem cuidado, e toda propriedade era cercada de árvores frondosas. Desci do carro encantada com a paisagem, ainda sem saber o que eu fazia ali.

-- Venha Alexandra, entre na minha humilde residência.

Tímida, coloquei minhas mãos nos bolsos de frente da calça e segui Marisa até o interior de sua casa. Contemplei a decoração rústica, mas elegante. Marisa convidou-me a sentar no sofá espaçoso e confortável e sentou-se ao meu lado.

Notei Marisa se aproximar de mim, e fiquei apavorada. Quando ela passou a mão pelo meu cabelo e deixou sua boca quase colada na minha, inventei de sentir sede... Se bem que minha boca estava mesmo seca, sedenta de algo que nunca desejei tanto: os lábios de uma mulher.

-- Quero água! Você pode me dar água?

Meio frustrada Marisa se afastou e respondeu:

-- Claro.


Marisa levantou, e eu a segui até a cozinha, bebi o copo d’água com uma voracidade desconcertante. A dona da casa não só me observava, ela me devorava com os olhos. Não tardou mais concretizar o desejo evidente. Marisa se aproximou de mim, pressionando-me contra o balcão da cozinha, acariciou meus cabelos, e tomou minha boca com sofreguidão, me deixando sem forças, sem qualquer defesa no beijo mais excitante que experimentei em toda minha vida.

Seus lábios eram os mais quentes que me beijaram até aquele dia. Um beijo perfeito, na intensidade, na velocidade... Nem muito molhado, nem seco, sua língua parecia massagear minha libido tamanha era a excitação despertada naquele momento.

Nossos lábios se afastaram lentamente, minhas pernas tremiam, e minhas mãos suavam, a respiração quente de Marisa na minha pele provocava em mim uma sensação indescritível de ansiedade misturada a um desejo incontrolável de me jogar nos braços dela e me perder outra vez na sua boca. E como se entendesse o que meu corpo clamava, Marisa segurou minha nuca puxando minha boca para perto da sua, beijando-me com volúpia.

O beijo não deixava espaço para qualquer reflexão, palavras, me entreguei como se fosse o último momento da minha vida. Marisa me conduziu pela casa sem cessar o beijo, me jogou no sofá, e sua língua roçou pelo meu pescoço, colo, despertando meu gemido. Minhas mãos pareciam cumprir a obrigação de explorar aquele corpo tão quente e delicioso. A maciez da pele de uma mulher para mim nunca me inspirou sensualidade, mas os movimentos de Marisa sobre mim roçando nossas peles era o momento mais prazeroso na minha vida até então.

As mãos de Marisa por baixo da minha roupa eriçavam cada pedaço do meu corpo, e nossos beijos eram cada vez mais intensos, e eu não podia acreditar que estava nos braços de uma mulher me derretendo de tesão.


Mas meu famoso talento para confusão deu seu ar de sua graça finalmente... O zíper da minha calça ficou preso no cinto da Marisa, e tentando me desvencilhar, acabei provocando nossa queda no chão.

-- …... Estava demorando... Nós duas juntas e nenhuma queda... – Disse Marisa esfregando a mão na cintura.

Sorri escondendo meu rosto entre minhas mãos:

-- Desculpa Marisa, eu sou muito desastrada mesmo...

Marisa abriu aquele sorriso que me desestruturava... Aproximou-se mais uma vez de meus lábios, beijando-me suavemente:

-- Onde foi mesmo que paramos?

A voz de Marisa bem perto do meu ouvido era suficiente para acender meu desejo, quando estava me entregando em outro beijo, senti minha perna tremer sem parar:

-- Alexandra... Está vibrando...

-- Está sim... Está tudo vibrando mesmo...

-- Alexandra estou falando do seu celular no bolso, está vibrando...

-- Ah!

Sorri sem jeito, pegando meu celular no bolso, era Daniel, tinha que atender.

-- Oi Dan.

-- Alex, onde você está?

-- …... Estou... Estou...

-- Você está com a Marisa?

-- Sim...

-- Amiga preciso dela, o Diego bebeu demais, passou mal, mas não posso levá-lo para o hospital, o pai dele está de plantão hoje.

-- Onde vocês estão?

-- Na minha casa, venham logo!

-- Estamos indo.

Expliquei a situação a Marisa, que se apressou em pegar sua maleta, e seguimos para a casa do Dan, a fim de atender seu namorado. No percurso não trocamos nenhuma palavra, mas meu corpo ainda queimava de desejo olhando para Marisa concentrada mexendo nos itens da sua maleta de médica.

Chegamos à casa do Dan, Diego estava desmaiado, depois de examiná-lo constatou que não era nada grave, Marisa administrou uma ampola de glicose, em minutos Diego já dava sinais de consciência, nos tranqüilizando.

Deixamos a casa do Dan, eu um pouco constrangida, pelo olhar do meu amigo para nós duas. Marisa me deixou em casa, e na porta me senti como uma adolescente que saía com um carinha pela primeira vez, em dúvida sobre como me despedir dela, na verdade, queria mesmo era convidá-la para entrar, e naquele silêncio dentro do carro, falamos ao mesmo tempo:

-- Boa noite.

Fiz menção de sair do carro, mas, minha vontade de beijá-la foi mais forte. Quando me aproximei dela, senti sua mão nos meus lábios:

-- Não faça isso...

Estranhei e não nego, me irritei com o gesto dela, deduzindo que ela poderia estar arrependida pelo que aconteceu mais cedo entre nós. Não esperei justificativas, desci do carro furiosa, batendo forte a porta, deixando Marisa com cara de interrogação.