quarta-feira, 30 de março de 2011

Aos órfãos do BBB post especial...rs, podem criticar, podem encher minha caixa de e-mails com crônicas e textos que menosprezam reality shows como esses, há quem dirija seus hipócritos discursos à Bial, nem ligo, assisto mesmo BBB, adoro discutir sim pessoas ora mais rs, sim é cultura inútil, mas diverte e quando ligo a TV na maioria das vezes é isso que procuro: diversão, entretenimento.

Falando em diversão, me diverti muito no chat com as meninas, analisando a final do BBB, e sim adorei Maria como vencedora! Adorei rever Nat e Diana, lindas!

Em um conglomerado qualquer rs encontrei essa reportagem, gostei e divido com vcs.



Diana e Natalia deixaram a festa de encerramento do Big Brother Brasil 11 de mãos dadas, na madrugada desta quarta-feira (30), na boate Teen Club, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. “Nesta noite, vou dormir com a Natalia de conchinha”, disse Diana.

As duas estavam com um vestido tomara-que-caia preto, deixando as pernas de fora. Por várias vezes, Natalia teve que puxar o braço de Diana que era questionada por alguns repórteres sobre o romance entre as duas.

domingo, 27 de março de 2011

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 21

CAPÍTULO 21: CAMILA TAMBEM TEM UM PASSADO


- Antes de chegarmos, minha linda, quero te dizer algumas coisas. Já conversamos sobre isso algumas vezes né, você sabe que tive muitas namoradas, mas todas sem importância, exceto por Giovanna, a qual também já te falei...

- Tudo bem minha querida, nunca imaginei que uma mulher como você tenha passado a vida inteira só me esperando, né? – beijei sua mão.

- Se eu soubesse que te encontraria, eu teria esperando Isa.

Nesse momento vi um brilho nos olhos de Camila que denunciavam uma verdade que mexia comigo, mas continuei a tal conversa preparatória.

- Você sempre galante né meu bem...

- Isa, estou te falando isso agora, porque apesar de Giovanna estar no meu passado, assim como Suzana está no seu, ela foi a única que amei de fato até encontrar você... E as minhas amigas que você vai conhecer hoje podem comentar algo...

- Espera um pouco, até me encontrar? Dra. Camila está confessando que me ama?

Camila ficou ruborizada, e desconversou, notei que ainda não era o momento para essas declarações, e a tranqüilizei:

- Você está me advertindo sobre as possíveis ex-namoradas suas que encontrarei hoje, e sobre os comentários sobre você e Giovanna?

- E’... Estou sendo boba né?

- Olha pra mim, meu bem – segurei seu queixo e a olhei fixamente. – Quero que todas as suas ex-namoradas, e suas amigas saibam que hoje você está comigo, que estamos felizes, e apaixonadas. Se alguém ousar melar nossa noite, te garanto que vai conhecer um lado mineiro muito mal educado, nada manso...

Camila gargalhou e me beijou, mas rapidamente parou, arregalou os olhos e disse:

- Isa, você está apaixonada por mim?

- Isso não está óbvio, Camilinha?

Estava mais que óbvio que estávamos nos apaixonando, Tia Sílvia comentara na sua visita que a sombra de tristeza que marcava meu olhar que voltara após o fim do meu noivado com Suzana sumira mais uma vez. Olívia e Bernardo se alegravam vendo o bem que Camila me fazia, então era mesmo óbvio.

Entramos na boate e logo fomos recebidas pelo casal protagonista da noite, Natália era a amiga de Camila, uma chef de cozinha de cabelo chanel loiro, da minha altura, muito simpática. Sua noiva, Roberta, tinha um jeito menos feminino, usava camisa de botões preta e jeans na mesma cor, tinha cabelos pretos curtos, mais alta e magra. Natália eu já conhecia, fomos apresentadas quando Camila me levou para jantar no restaurante onde ela era chef.


Enquanto procurávamos um lugar para nos sentarmos, caminhávamos pela boate e notava os olhares sobre nós. Camila segurava minha mão e não desviava a atenção de mim, como se quisesse transmitir a segurança que só eu importava pra ela naquele ambiente.

Camila foi abordada algumas vezes por mulheres que pareciam não me enxergar ao lado dela, até proposta de ménage a trois, recebemos por uma mais ousada, o que causou em nós uma crise de risos. Eu me sentia incomodada em pensar que todas aquelas mulheres foram beijadas e tocadas por Camila, mas não me sentia insegura a ponto de ter crise de ciúmes, ela me fazia sentir única, e isso me bastava.

Dançamos muito, assistimos a um show de stripper, e driblamos as cantadas que recebíamos das mais afoitas. A noite seguia tranqüila, até uma mulher com traços orientais se aproximar de nossa mesa, estávamos na companhia de Natália e Roberta que tentava nos convencer a viajar com elas no carnaval para Salvador. Natália já alterada pelo álcool soltou um sonoro:

- E. fudeu!

-Nat, Roberta, tinha que vir cumprimentar vocês queridas.

A oriental abraçou o casal com intimidade.

-Oi Camila.

-Oi Giovanna.

Meu coração acelerou. Aquela mulher era para Camila, o que Suzana era para mim, não pude evitar uma ponta de insegurança e ciúmes ao vê-la.

- Tudo bem com você? Faz tempo que não te vejo por aqui.

- Tudo ótimo, tenho trabalhado muito, e você, está morando aqui de novo?

- Estou passando um tempo, retiro para inspiração, sabe como preciso disso às vezes.

-Claro... Ah, Giovanna que cabeça a minha, essa é Isabela, minha namorada.

Camila não soltou minha mão nem por um instante, bem diferente do comportamento de Suzana ao ver sua ex-namorada, não pude deixar de lembrar isso nessa ocasião. Cumprimentei-a com um aperto de mãos.

- Muito prazer, como vai Isabela?

- Muito bem, obrigada, o prazer é meu Giovanna, quer sentar conosco?

- Não obrigada, vou falar com algumas amigas, dar uma circulada, vejo vocês por aí.

Acenou e se retirou de nossa presença com altivez, lançando um olhar fuzilante em Camila, isso sim me incomodou. Natália e Roberta saíram para participar de uma brincadeira preparada por amigas, nos deixando a sós, aproveitei para perguntar:

- Meu bem, porque vocês terminaram?

- Certeza que quer saber disso agora? – disse enquanto beijava meu pescoço.

- Não gostei do olhar dela para você.

- Ai que fofo, minha loirinha está com ciúmes?

- Pow, Camila... Ela é linda...

- Não mais que você, minha linda – beijou meus lábios e sorriu.

- Responde, vai...

- Tudo bem minha linda, respondo, não tenho nada a esconder de você. Giovanna é artista plástica, por isso mudou-se para New York depois de uma exposição de sucesso lá, achou melhor terminarmos porque não queria que nada atrapalhasse sua evolução artística, essas coisas de distrações, inspirações... Na opinião dela, a saudade, o sofrimento, era bom para seu trabalho.

- Ela preferiu o trabalho ao amor?

- Basicamente sim. Enquanto eu morava em Seattle, durante meu doutorado, nosso relacionamento a distância foi bom para ela, a conheci durante minhas férias aqui, mantivemos a relação, estávamos apaixonadas. Quando conclui o doutorado, um ano após começarmos a namorar, voltei ao Brasil e nossa relação começou a ter uma série de problemas de convivência.

- De que tipo?

- Artistas são muito complicados, Isa - riu fazendo careta.

- Mais que médicos?

- Nós somos loucos, Isa. Aartistas são excêntricos... Em nome da arte acham que podem tudo – sorriu. – Assim, Giovanna passava dias sem me procurar, sumia da cidade, participava de “festinhas” com meninas, experimentava drogas, apesar de não ser viciada.

- Nossa...

- E’... Comecei a descobrir essas coisas, mas como estava ainda envolvida na divulgação de minha pesquisa, viajava muito, acabei adiando essa situação. Com Giovanna eu me sentia perdida, porque ela fazia de mim o que queria, e eu sempre a aceitava de volta.

- Como isso acabou?

- Comecei a sair com outras pessoas, Giovanna soube, protagonizou escândalos homéricos, inclusive aqui nessa boate mesmo. Eu ficava derretida acreditando que ela me amava, por isso tanto ciúme, e voltava pra ela. Mas ela era muito instável, isso me fazia sofrer muito, até que ela foi para New York, viajei com ela para a exposição, estava tudo maravilhoso até ela se mudar pra lá. Visitei-a dois meses depois da mudança dela, e descobri que ela estava namorando a dona da galeria que ela estava expondo seus quadros. Voltei ao Brasil no mesmo dia, ela me ligou dizendo que quando voltasse ao Brasil ficaríamos juntas de novo, mas eu recusei, disse que estava apaixonada.

- E você estava?

- Foi quando te conheci, naquele bar no Rio. Desde a primeira vez que te vi, eu sabia que você mudaria minha vida... Depois de conhecer tantas mulheres nos seis meses que Giovanna esteva fora, nunca senti meu coração, acelerar tanto, meu estômago parecia ter dezenas de borboletas quando vi você sorrindo... Definitivamente não podia ficar presa a ninguém, precisava ter você...

- Não acredito, Camilinha... Você nunca me disse isso...

- Ah, fiquei sem graça de dizer que me apaixonei por você à primeira vista, parece meio piegas né?

- Não tem nada de piegas... E’ muito fofo meu bem... – beijei suas mãos.

- Pronto, agora você sabe da minha história com Giovanna, e do meu outro segredo, que sou caidinha por você desde que te vi pela primeira vez.

- Mas na boate, você me viu com Suzana e me paquerou descaradamente. Fiquei com uma impressão péssima de você, apesar de você ter sido a primeira mulher que prestei atenção depois de Suzana.

- Eu estava sorrindo pra você porque adorei saber que você gostava de mulheres, assim minhas chances aumentavam, oras! Ah... Ignorei mesmo Suzana, só conseguia ver você – sorriu.

Não posso negar que amei ouvir essa declaração de Camila, e estava mais tranqüila em relação à Giovanna, apesar de me sentir incomodada por ela o resto da noite. Ela olhava para Camila fixamente, sem se importar com minha presença nem com a indiferença de Camila, sentia que ela nos causaria problemas.

Antes de sairmos da boate, Camila pediu que eu pagasse a conta enquanto ela iria ao banheiro, alguém derrubou bebida nela enquanto estávamos na fila do caixa.

Passaram-se minutos e, após pagar a conta, procurei Camila no banheiro, deduzi que a fila estava grande, aprendi que banheiro em boate lésbica era um ponto de encontro... Vi saindo do banheiro, Giovanna, em seguida Camila, que limpava a boca com um papel toalha.

Giovanna passou por mim com um sorriso vitorioso, Camila ao me ver empalideceu, notei no canto de seus lábios um vestígio de sangue, logo juntei os sinais e concluí o que acontecera naquele banheiro.

- Isa, eu sei que isso pode soar como mentira deslavada, mas não é o que parece.

- Camila, eu não quero ouvir nada. Quero ir pra casa agora.

Não trocamos uma palavra durante o trajeto, na porta do meu prédio, Camila fez menção de descer comigo, impedi.

- Isa, por favor, não me deixa nessa aflição, eu preciso te explicar...

- Não Camila, hoje não.

- Meu bem, você está tirando conclusões precipitadas, me dá dez minutos.

- Tudo bem, vamos subir que aqui a essa hora é perigoso.

Subimos para meu apartamento, e sentei no sofá visivelmente decepcionada com o final de nossa noite.

- Giovanna armou pra mim, Isa. Mandou que aquela menina jogasse bebida em mim porque sabia que eu iria ao banheiro, me esperava lá e conseguiu me roubar um beijo, mordeu meus lábios de propósito pra deixar essa marca e você visse...

Fazia sentido, eu tinha que dar crédito a Camila, não tinha porque desconfiar dela. Lembrei que ela confiou em mim quando contei a visita de Suzana no nosso quarto de hotel, em Brasília.

Permiti que ela se aproximasse de mim e retribui o abraço, como que aceitando sua versão do episódio na boate.

SOCIEDADE SECRETA LESBOS - VIGÉSIMO CAPÍTULO

Capítulo 20



Amy e Esther voltaram para o depósito. Esther descobriu algumas poltronas envoltas por uma coberta e convidou Amy a sentar-se perto dela. Sem mencionar uma palavra sequer, a loirinha sentou-se demonstrando alguma ansiedade em estar mais uma vez tão próxima a Esther.

-- Seu namorado virá procurar por você, e ele se for esperto, deduzirá que não voltei para a festa... Enfim, uma hora sairemos daqui.

-- É... Virá, sim.

-- Ele parece ser um cara legal... Aliás, legal até demais pra um cara... Digo um hetero.

-- Você acha que não existem caras heteros legais? Isso me soa meio “heterofóbico.

Esther sorriu, balançando a cabeça positivamente, e continuou:

-- Você tem razão, acho que estou sendo preconceituosa, mas é que... Senti algo diferente nele e, enfim... Pode ser impressão minha apenas, deixa pra lá...

-- Você está procurando um defeito nele e não está encontrando, então, quer me colocar uma pulga atrás da orelha, não é?

-- Claro que não! Ninguém é perfeito, muito menos ele, logo sai do casulo, e...

-- Espera aí! Casulo?

-- Ah, loirinha, seu namorado está escondendo a purpurina, mas a mim ninguém engana... Ele estava louco pra ficar a sós com Jonh, por isso me trancou aqui...

-- Você está louca?

Amy fingiu cara de ofendida, mas Esther sorria com o canto da boca, enquanto desfazia o penteado dos seus longos cabelos negros, atitude que Amy não entendeu.

-- Esther, estou falando com você! E você está se desarrumando por quê?

-- Você ainda não percebeu que dificilmente a gente sai daqui hoje? Só virão nos destrancar amanhã, quando os funcionários vierem arrumar o salão. Estão todos mascarados, não sentirão nossa falta, exceto seu namorado, mas esse deve estar muito ocupado com Jonh...

-- Ai, Esther... Você me irrita!

Amy falou isso empurrando a morena pelo ombro, provocando risos em Esther, que tentava segurar as mãos da novata, até enfim conseguir puxar Amy para cima das suas pernas.

A loirinha teve suas mãos presas para trás por Esther, que colou sua boca no pescoço de Amy, respirando forte sentindo a pele da novata arrepiar. Não se conteve e deslizou seus lábios com a ponta da língua entre eles, despertando um gemido suave e sensual em Amy.

De mãos contidas, Amy reclinava seu pescoço pro lado a fim de dar espaço para o acesso da boca carnuda de Esther, que descia pelo seu colo desnudo evidenciado pelo decote. Os corpos de ambas queimavam tamanho desejo de se entregarem. As mãos de Esther antes ocupadas em segurar as de Amy, agora passeavam por baixo do longo vestido da loirinha. A qual, por sua vez, colocou suas mãos entre os cabelos de Esther soltando os últimos cachos presos no penteado da morena. A busca das mãos e bocas pelos corpos desejosos de paixão em pouco tempo tornou qualquer peça de roupa desnecessária. Os pomposos vestidos se perderam pelo chão empoeirado, enquanto Esther arrastava Amy para o sofá vizinho à poltrona que elas estavam.

Esther colou seu corpo praticamente nu sobre o corpo de Amy igualmente provido apenas com a calcinha, roçando com movimentos suaves intercalados com beijos embebidos numa volúpia incessante. A perna de Amy se encaixou entre as pernas da morena, a qual seguia com movimentos mais fortes aumentando mais a umidade no seu sexo.

No passeio das mãos de Esther, ela encontrou a última peça do corpo de Amy. Por dentro da calcinha, penetrou suavemente seus dedos no sexo encharcado e trêmulo, sorriu ao sentir Amy se contorcer, e não parou o toque entre os pequenos lábios, massageando o clitóris conforme a loirinha ditava sua entrega ao gozo.

Os gemidos de Amy se propagavam, aumentando mais o prazer de Esther, a qual se enchia ainda mais de tesão, sentindo o gozo da loirinha se derramar entre seus dedos. Isto, para a morena, era quase imperativo. Desceu com sua boca até as pernas de Amy, mergulhando a língua naquele líquido quente, salgado, despertando em Amy mais do que um gemido, um grito de puro prazer, acompanhado de uma onda de tremores. A loirinha cravou as unhas nas costas de Esther, a qual se deliciava com o orgasmo de Amy.

Amy se jogou contra o sofá, sem forças, rendida, enquanto Esther repousava seu corpo nos seios eriçados da loirinha, acariciando a pele alva e suada, depositando pequenos beijos. Muita coisa precisava ser dita, Amy sentia isso, mas seu corpo parecia desprendido de qualquer racionalidade, queria mais de Esther, queria aquele corpo perfeito dentro dela, e, principalmente, queria fazer a morena sua, assim como ela se sentia dela naquele momento.

Aos poucos sentiu a dormência das suas mãos passarem, e se deu numa exploração urgente pelas curvas de Esther, a qual se entregava de olhos fechados. Em um movimento quase que sincronizado, ficou sobre Esther, deslizando suas mãos no corpo moreno e arrepiado, retirando sua minúscula calcinha, dando completo acesso ao pulsante e molhado sexo.

Não teve pressa em penetrá-lo. Com movimentos provocativos, colocou sua mão inteira sobre ele, os dedos se dividiam no toque em diferentes pontos, por vezes massageando o clitóris, outras, iniciando uma penetração lenta, deixando a morena enlouquecida com tais investidas.

A loirinha não se esquecia de provocar os volumosos seios intumescidos de Esther, a qual arqueava seu corpo diante das pequenas mordidas que recebia neles, enquanto a mão de Amy continuava a protelar o gozo inevitável, que aconteceu tão logo Amy intensificou os movimentos de seus dedos num compasso ritmado, absorto enfim numa sequência de gemidos e sussurros de significados indecifráveis culminando com a explosão do prazer de ambas.

A paixão ainda deu lugar a mais momentos de carícias quentes, mas principalmente a uma troca de carinhos inédita entre as duas, as quais pareciam estar num universo paralelo, no qual elas eram apenas um casal se entregando ao momento, sem jogos, sem interesses escusos ou segredos. Antes que adormecessem abraçadas, Esther falou ao ouvido de Amy suavemente:

-- Amy, eu... Preciso te dizer uma coisa... Mas... Tenho medo de que você entenda errado.

-- Adoro quando você me chama pelo nome... Me fala, se eu entender errado, você me explica, né?

-- Amy... Não gosto, não quero que você tenha um namorado. É isso...

-- Mas... Você me trata como um objeto descartável, e acha que tem direito de fazer exigências?

-- Não é uma exigência, é um desejo...

-- Mas, o que você quer de mim, afinal? Que eu esteja à sua disposição, do jeito que você bem entender? Você acha justo isso?

-- Não se trata de justiça... Eu quero você...

-- Você me quer...?

-- É, Amy... Quero você só pra mim!

Amy ficou por alguns minutos com os olhos fixos nos de Esther, tentando enxergar neles que tipo de sentimento estava naquele pedido. Desejou saber ler aqueles olhos, aquela expressão. Não sabia se Esther tinha apenas o sentimento de posse, se queria mostrar seu poder sobre ela, ou se existia ali o que seu coração queria que existisse, a sinceridade de Esther em querê-la como sua namorada, ou coisa parecida. Depois desse mergulho em interrogações vislumbrado no olhar que lhe fitava esperando alguma resposta, Amy baixou os olhos, balançou a cabeça negativamente, e indagou, encarando-a com firmeza:

-- Esther, quero muito entender como você me quer... Porque não deixei de cumprir minhas obrigações como sua escolhida, como uma irmã de fraternidade. Mas não acho que ser usada por você e depois descartada como eu suponho que você faça com outras meninas, constitua uma de minhas atribuições, portanto, preciso que você me fale claramente, numa linguagem que não permita dupla interpretação... Esther, sem jogos... Me quer só pra você em que condições?

Em um momento raro, Esther sentiu-se intimidada, não só pela firmeza evidente da novata, mas principalmente pelo sentimento implícito em cada palavra e nítido nos olhos verdes que cintilavam qual esmeraldas puras...

-- Amy, quero você pra mim, sem namorados, ou namoradas, quero você fique só comigo, seja mais que minha escolhida, seja minha... Na condição de minha...

-- Minha...? Minha o que, Esther?

-- Amy... Você entendeu... Facilita pra mim, vai...

Esther aproximou-se então dos lábios da loirinha, a qual continha um sorriso meio abobado, visivelmente tocada pelo pedido tímido da morena. Beijou-lhe suavemente a boca, provocando um suspiro de Amy, a qual não tardou em precipitar um beijo longo, quente e sedento, e mais uma vez se entregaram à paixão.

Exausta, mas com um sorriso nos lábios, Esther acariciou os cabelos finos e macios de Amy, a qual estava recostada no seu peito, e com a mesma timidez rara, voltou a perguntar:

-- Isso foi um sim, Amy?

-- Vai depender de quem você será no dia seguinte.

domingo, 20 de março de 2011

SOCIEDADE SECRETA LESBOS - DÉCIMO NONO CAPÍTULO

Capítulo 19



O casal seguiu para o salão. O universo outra vez conspirou a favor de Amy, a banda começou a tocar um tango, ela nem precisou se esforçar para convencer o amigo a protagonizar a cena hollywoodiana. Os dois tinham até número ensaiado, coisas do tempo de escola, quando imitavam a cena do filme Perfume de Mulher com Al Pacino. O cenário não poderia ser mais cinematográfico. Em pouco tempo, os demais casais no salão pararam de dançar, tornando-se público para o desempenho de Amy e Philip. Movimentos sincronizados, esbanjando sensualidade, olhares fixos, jogo de pernas, e ao final, um beijo ardente arrancando suspiros de quem assistia.

Aplausos foram puxados surpreendentemente por Jonh, Philip não podia deixar de jogar sedução naquele momento, curvou-se em direção ao rapaz como artista ao final do espetáculo. Amy fixou o olhar em Esther, que tomou a dose em um gole só da bebida que um garçom passou servindo. Encararam-se até outra música começar, e Philip a puxar pelo salão mais uma vez em direção ao bar.

-- Primeira parte do plano executada com maestria, né, amiga?

-- Pelo jeito, não foi só eu que tirei vantagem disso, né?

-- Qual o próximo passo?

-- Preciso falar com ela... Saber o que está pensando...

-- Tenho uma ideia pra isso, mas... Você tem que cumprir sua parte também, topa?

-- Claro...

Philip pediu uma bebida, e abraçou Amy por trás, cochichando em seu ouvido:

-- Você sabe onde fica a central de energia desse prédio?

-- Sim, eu estava na comissão de som e iluminação da festa, precisei saber detalhes do abastecimento de energia elétrica.

-- Ótimo... Vamos até lá agora, preciso conhecer o caminho...

Seguiram para o subsolo do Windson sorrateiramente, quem viu os dois se afastando de mãos dadas, só poderia pensar que estavam buscando ficar a sós para interesses mais íntimos... Inclusive Esther, que ignorava a presença de Michelle sempre próxima a ela. A morena só virava copos, visivelmente perturbada pelo casal Philip e Amy.

No caminho até o porão, Philip olhava atento para corredores, portas, a fim de bolar o plano perfeito que atendesse a sua necessidade, e ao pedido da amiga.

-- Ok, Amy, preste atenção no que vamos fazer: você vai até a central e quando eu cumprir minha parte te envio uma mensagem pro celular e aí você desliga a força, tudo bem?

-- Espera aí, Philip, isso vai acabar com a festa! Não posso fazer isso, é a festa da minha fraternidade, precisamos arrecadar fundos e...

-- Ei, calma! Não vai durar mais que cinco minutos sem luz, é o tempo suficiente para você sumir com Esther sem despertar a atenção de ninguém, muito menos sobre a veracidade de nossa paixão... E além do mais, assim posso sumir também com o quarter backer...

-- E qual será sua parte nisso?

-- Atrair nossas presas...

-- Você é horrível! Presas?

-- Isso... -- Philip sorriu malicioso. Preste atenção, como você é a responsável por essa parte na organização da festa, vou dizer a Esther que você desceu para resolver um problema com a eletricidade do salão e que ainda não voltou e que estou preocupado. Peço a Jonh para ir conosco procurar você, quando estiver a caminho, te envio o SMS, você desliga a força, aguarda três minutos, e religa.

-- Ótimo, como vou encontrar Esther no escuro?

-- Você está vendo aquela porta ali? Ela dá acesso a quê?

-- Vamos ver...

Abriram a porta e se depararam com um depósito de móveis antigos, tapeçarias, todos cobertos com plásticos e panos. Philip sorriu como se tivesse a certeza que o universo conspirava a favor deles naquela noite. A porta só se abria por fora, assim, estava perfeito para seu propósito.

-- Excelente, amiga... Trago Esther para cá e te mando a mensagem, com tudo escuro, digo a Esther para que fique lá enquanto vou com Jonh na central de energia. Você a religa em três minutos e vem para cá e encontra a Esther, a essa altura estarei longe... A sós com Jonh, e aí é comigo -- arqueou as sobrancelhas com ares de malícia.

Voltaram para o salão a fim de dar início ao plano. Esperaram alguns benfeitores anunciarem doações, e só aí Amy desceu para o porão. Como combinado, ao receber o SMS de Philip, desligou a chave da energia, contando no cronômetro do celular os três minutos que o amigo estipulara. Ao final desse prazo, religou a energia e se dirigiu até a tal porta do depósito.

De longe já se ouvia os gritos de Esther pedindo ajuda. Apressou-se notando um tom desesperado na voz da morena. Destrancou a porta rapidamente, ao se deparar com Amy, Esther a abraçou forte, trêmula, estava pálida. Amy se compadeceu vendo o estado daquela mulher sempre tão altiva. Parecia mais uma criança assustada naquele momento.

-- Ei, Esther, calma, já está tudo bem, estou aqui com você...

A morena continuou ali abraçada com Amy, até ir recuperando a calma aos poucos. A novata, por sua vez, esquecera de qualquer plano armado ao sentir o corpo de Esther aninhado no seu. Aquele perfume lhe envolvia de uma maneira quase que sobrenatural, uma vez que transportava Amy interiormente para um universo paralelo, no qual só existiam ela e Esther naquele depósito de quinquilharias, que num momento se transformara em um cenário cheio de romantismo.

Esther permitia aquele aconchego desejando que o contínuo espaço-tempo fosse quebrado e aquele instante se eternizasse. Ali, tão perto do colo de Amy, podia ouvir o coração da loirinha bater no mesmo ritmo que o seu. Esse som, esse clima, era o suficiente para esquecer qualquer jogo de intrigas, naquele momento só importava o que ela e Amy sentiam.

Aos poucos a morena se desvencilhou dos braços de Amy, encarando-a intensamente. A loirinha não fugiu daquele olhar, parecia bem mais que atraída pela faísca dele, estava hipnotizada, rendida aos olhos castanhos latinos de Esther.

A presidente da Gama-Tau baixou a cabeça e disse baixinho, evidenciando um toque de timidez por ter demonstrado tamanha fragilidade.

-- Desculpe-me, acho que tenho um certo pavor de escuro, de locais fechados... A aconteceu algo estranho...

-- Não precisa se desculpar, Esther, está tudo bem. E não se preocupe, sua imagem de mulher destemida está a salvo comigo -- Amy a interrompeu num tom de brincadeira extremamente doce.

-- Seu namorado está a sua procura e me pediu que mostrasse onde era a central de eletricidade... E me deixou aqui saindo com Jonh, não entendi nada... O que houve?

-- Fui informada sobre oscilações no fornecimento de energia em alguns pontos do Windson, quis averiguar antes que acontecesse algo para prejudicar a festa, era apenas um fusível com mau contato... Providenciei o reparo com o pessoal da manutenção, mas na hora da troca a energia caiu de vez...

Esther parecia confusa com a versão dos fatos segundo Amy, mas queria ignorar os fiapos soltos da história, a fim de aproveitar aquele instante a sós com a loirinha.

-- Que bom então que não estragou a festa... Seu namorado está com Jonh... Devem estar trocando impressões a seu respeito...

-- Philip é um cavalheiro, não fala de nossas intimidades com ninguém, especialmente com outro homem...

-- Se você diz... Deve conhecê-lo melhor que eu...

-- Com certeza... Melhor sairmos daqui, vou procurar meu namorado.

-- Espera, loirinha! Pra que a pressa? Medo de ficar a sós comigo?

-- Por que você insiste em não me chamar pelo nome? Você sabe que tenho um, não sabe? E a medrosa aqui não sou eu...

Esther não conteve o riso vendo a irritação de Amy. Ao notar um sorriso se desenhando nos lábios da morena, a novata também não conteve o sorriso, ambas baixaram a cabeça para que nenhuma fosse a culpada de dar o braço a torcer naquela discussão boba.

Alguns segundos de silêncio, e Esther paralisou olhando por cima dos ombros de Amy, sem fazer movimentos bruscos. Caminhou lentamente até ela, e disse quase que sussurrando:

-- Não se mova...

A orientação parecia surtir exatamente o efeito contrário, Amy deu um salto, e uma aranha enorme que descia de um dos móveis empoeirados caiu sobre seus ombros, provocando uma série de gritos, que só se assemelhavam aos berros do filme “Aracnofobia”.

Esther então, com um cabo de madeira, derrubou a aranha, empurrando um móvel pesado por cima do bicho, apressando-se em ir em direção a Amy para tentar acalmá-la.

-- Ei... Só uma arainha de nada, me deixa ver se no seu ataque aconteceu alguma coisa ao seu ombro...

Esther falou mansamente, deslizando as mãos nos ombros de Amy. O ombro esquerdo, nu, estava vermelho, provavelmente não por efeito do contato com o bicho, mas pelas excessivas batidas que a loirinha deferiu contra ela mesma enquanto se debatia com medo da tal aranha.

Amy não conseguia falar, respirava rápido, sentindo o toque suave das mãos de Esther na sua pele, que imediatamente começava a queimar, mas não pelo contato acidental do bicho, e sim pelo desejo que emanava de seu corpo por Esther.

A morena, por sua vez, estremecia diante da maciez da pele alva da novata. A vontade de tomá-la em seus braços era tanta, que o simples fato de ouvir a respiração acelerada de Amy, já lhe arrepiava inteira.

Em segundos a testa de uma já estava colada na outra... Roçaram suas faces, as peles se eriçaram, as bocas se procuraram famintas, até se encontrarem num beijo pleno, intenso, urgente e sem reservas.

À medida que as línguas se buscavam num movimento sincronizado das bocas, as mãos de Esther percorriam o decote do vestido de Amy, esta, puxava para si a morena pela cintura se deliciando nas curvas dela, ousando explorar cada centímetro que sua mão pudesse alcançar.

O beijo não cessava. A vontade contida, até aquele instante, não deixava brechas sequer para recuperar o fôlego, ambas pareciam querer mergulhar uma na outra.

Aquele momento foi interrompido com um barulho de alguém se aproximando pelos corredores do subterrâneo do Windson. Antes que Amy e Esther pudessem descobrir de quem se tratava, ouviram o barulho de portões rangendo, e o som característico de cadeados se fechando.

Entreolharam-se deduzindo o que acontecera, correram em direção à entrada do subterrâneo, mas foi em vão, os portões estavam trancados, e por mais que gritassem, não seriam ouvidas naquela altura.

Esther, visivelmente contrariada, exclamou:

-- Ótimo... Agora estamos trancadas nesse porão...

-- Calma, vou ligar para Philip...

-- Espera...

Não deu tempo de Esther concluir o raciocínio, Amy já estava com o celular nas mãos, discando.

-- Ai, não acredito! Estou sem bateria! Droga, descarregou...

-- É... Estamos presas aqui.

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 20

CAPÍTULO 20: ESQUECENDO SUZANA


No fundo, Camila tinha razão, eu tinha que conversar com Suzana e por um ponto final naquela confusão que foi o fim de nosso noivado.

Por mais doloroso que tenha sido o reencontro, e toda a conversa, eu me convenci que Suzana não era a mesma pessoa pela qual me apaixonei. De certa forma, entendi o que ela se propôs a fazer por Bárbara.

O que eu não podia aceitar eram as condições que ela desenhou para que nossa história tivesse uma continuação. Nenhum relacionamento nesse contexto poderia ser saudável, o beijo que trocamos acendeu muita coisa além de desejo. Saudade de nossa convivência, de nossos planos... Mas nosso sentimento não resistiria ao peso de enganar e trair alguém no leito de morte.

Eu vi diante de mim duas opções: render-me ao sentimento ainda vivo por Suzana aceitando a condição de dividi-la secretamente com a mulher que ela amou e que me traíra, e pior: velando sua morte para concretizar nossos planos. Ou investir em um relacionamento cheio de expectativas, baseado em compreensão e amizade com uma mulher que me inspirava, me fazia bem.

Vesti uma camisola, me perfumei, esperando Camila, a mulher que escolhi para esquecer Suzana. Eu estava pronta para virar essa página da minha vida, e decidida a fazer Camila tão feliz como ela me fazia.

Em pouco mais de duas horas como prometera, Camila estava de volta, pulei em seu pescoço assim que a vi adentrando a porta, lhe cobrindo de beijos pela face, boca, queixo.

- Opa... Ow... Linda, calma... Pra que tanta pressa?

Apressava-me em jogar sua bolsa pelo chão, desabotoar seu terno e a arrastar para cama.

- Isa, meu bem, não é que eu... Não esteja gostando dessa sua disposição... Mas... Minha linda, eu sinto que aconteceu algo... Isa... – interrompia meus beijos para falar tentando se desvencilhar de mim.

- Ai Camila... Como que você já me conhece tão bem assim? – afastei-me, levantando da cama.

- Isa... Vem cá vem, senta aqui, e começa a me falar – fez sinal para que eu sentasse no colo dela.

- Camila, antes de qualquer coisa, eu preciso te dizer que não vou esconder nada, porque quero que não existam segredos entre nós, porque quero que nossa relação dê certo e...

- Isa, calma, respira, me fala devagar.

- Ok. Suzana esteve aqui, conversamos, nos beijamos, mas foi só isso, está tudo resolvido, nossa história acabou.

Camila respirou fundo, e me pediu detalhes. Narrei toda nossa conversa. Ao final, esperava qualquer coisa de Camila, exceto o que ouvi:

- Isabela, você quer dar um passeio pelo jardim do hotel? Notei que a lua está linda...

Sorri pra ela e beijei-a completamente encantada. Recusei a oferta, uma vez que já estava de camisola:

- Você acha que podemos ver essa lua daqui da varanda mesmo?

- Acho que sim.

Na varanda, duas cadeiras alcochoadas estavam dispostas, Camila sentou-se e me puxou para seu colo. Ficamos ali trocando beijos, afagos, sorrisos por quase uma hora, nem me lembro que lua tinha no céu, estava mais interessada nos olhos verdes de Camila, que me contemplavam como se eu fosse uma pintura rara.

Naquela noite nos amamos. Sim, nos amamos, não era simplesmente corpos se entregando ao desejo, eu abri minha alma à Camila, experimentava mais uma vez uma sensação de liberdade, de entrega, estava livre para começar uma nova história, deixando Suzana no meu passado.

Em nosso último dia em Brasília, recebemos boas respostas acerca do incentivo ao financiamento da pesquisa e ainda a perspectiva da agência internacional nos subsidiar também.

Voltamos à noite para Campinas, Camila finalmente conheceu meu apartamento, convidei-a para dormir comigo, já que era mais próximo do hospital. Acordar com Camila era uma sensação indescritível de “estar em casa”, eu adorava vê-la dormir e despertá-la com um beijo. Começando nossas manhãs com carícias que acabavam nos atrasando para o trabalho.

Os dias que se seguiram, consolidaram minha relação com Camila, passávamos o dia inteiro juntas e não precisávamos esconder nada. Nossa pesquisa decorria com sucesso, acompanhávamos oito pacientes, a primeira etapa do projeto estava praticamente concluída.

Quase todos os finais de semana, visitava com Camila o vô Elias, na casa da família dela. Todos sabiam a nosso respeito, e eu era tratada como membro da família, isso me dava um conforto inimaginável.

Quanto a Suzana, cada vez menos pensava nela, lembrar dela quando ouvia Ana Carolina era inevitável, mas a presença de Camila me preenchia, assim, estava convicta que estava esquecendo meu primeiro amor.

Assistindo o noticiário de esportes, fiquei sabendo da convocação de Laila para a seleção feminina de vôlei, no mesmo dia, recebi uma ligação dela, pedindo que fosse despedir-me dela em São Paulo, antes que embarcasse para Tóquio. Desculpou-se por não ter ligado antes, e eu recusei o convite, explicando-lhe minha condição atual com Camila.

Era outubro eu e Camila completávamos três meses juntas, era também mês do meu aniversário, Tia Sílvia e Lívia vieram passá-lo comigo. Camila preparou-me uma surpresa: auxiliada por Bernardo, alugou o espaço de jogos do shopping, o mesmo que nos desafiamos na primeira vez que saímos, convidou a equipe que trabalhava conosco, Olivia veio de São Paulo, os pais, irmãs e sobrinhos de Camila, assim como o Vô Elias, também estavam lá, todos devidamente fantasiados com roupa de criança.

Foi mesmo uma surpresa, ela combinou com Tia Sílvia e Lívia de que as encontraríamos no shopping para jantar em um restaurante novo, usava um, sobretudo que impedia que eu visse sua roupa, quando passamos em frente ao Play, pegou minha mão e disse:

- Minha linda, lembra do nosso primeiro encontro?

- Claro, meu bem, você me enganou direitinho...

- A propósito você ainda me deve a aposta lembra?

- Ai, não vai querer cobrar agora né? Estamos atrasadas...

- Quer revanche? Vem... – entrou me puxando pela mão, no local completamente escuro.

- Meu bem, estamos atrasadas, e acho que tá fechado ho...

As luzes se acenderam, e lá estavam todos, trajados a caráter. Olhei para Camila ainda sob efeito do susto, ela abriu seu sobretudo, exibindo um vestido curto de bolinhas, muito fofo e engraçado, na mão um pirulito redondo, colorido, enorme. O mais engraçado era Bernardo com roupas de Quico, personagem do Chaves. O Vô Elias de macacão vermelho e boné na mesma cor, Tia Silvia entrou junto com Lívia empurrando um bolo colorido, cheio de velas e todos cantavam parabéns a você. Primeiro sorri que nem uma boba olhando para todos com aqueles trajes, mas depois minhas lágrimas se misturaram ao meu sorriso emocionado, foi quando senti as mãos de Camila envolvendo minha cintura e dizendo baixinho ao meu ouvido:

- Feliz aniversário minha criança linda... O primeiro de muitos que quero passar com você.

Apaguei as velas do bolo, abracei Camila longamente, agradecendo aquela surpresa, depois recebi os abraços de todos. Camila entregou uma sacola com minha fantasia.

Camila providenciou tudo que uma festa infantil serve: muito brigadeiro, salgadinhos, além dos apetrechos tradicionais língua de sogra, chapeuzinhos... Bernardo e Márcia, a mãe de Camila, eram os mais animados, faziam qualquer um cair na risada com as performances deles na máquina que ditava movimentos de dança.

Naquela noite, todos entraram na brincadeira, além dos jogos eletrônicos, um videokê compunha a festa. Não saí perto de Camila por um instante, entramos no personagem, e nos esbaldamos. No final da festa, mais uma vez ela me surpreendeu, pegando o microfone, escolheu uma canção no videokê e me chamou:

- Isa, minha linda aniversariante, essa é pra você.

“E no meio de tanta gente eu encontrei você, entre tanta gente chata sem nenhuma graça, você veio, e eu que pensava que não ia me apaixonar, nunca mais, na vida. Eu podia ficar feio só perdido, mas com você eu fico muito mais bonito, mais desperto, e podia estar dando tudo errado pra mim, mas com você, dá certo...”.
A canção de Marisa Monte nunca me foi tão graciosa, Camila além de escolher uma música perfeita, tinha uma voz maravilhosa, eu fiquei ainda mais encantada como se pudesse caber mais encantamento por ela nos meus olhos. Tia Sílvia e minha irmã ficaram fascinadas por Camila, assim como pela família dela, Vô Elias era todo elogios a Lívia, que segundo ele, era a representação de minha mãe quando ele a conheceu como aluna.

A decisão que tomei em me entregar ao relacionamento com Camila, esquecendo Suzana, evidenciava-se como a mais acertada. Eventualmente continuava lembrando-me de Suzana, Lourdes me ligou no meu aniversário, comentou que Bárbara não saía mais de casa com freqüência, Suzana contratara dois técnicos de enfermagem para ajudar nos cuidados, estava sempre abatida.

Confesso que senti um aperto no peito imaginando o sofrimento de Suzana, mas ao mesmo tempo me convencia que eu não seria capaz de suportar o que ela propusera algumas vezes me senti egoísta, questionei meu amor por ela. Outras vezes, me limitava a sentir saudades de alguns gestos dela e me interrogar como ela podia manifestar tantas personalidades diferentes.

Camila não se cansava em se desdobrar em delicadezas, durante o dia quando não podíamos estar juntas por causa de obrigações profissionais distintas, ela deixava bilhetes carinhosos no meu jaleco, pedia a Elisa para me mandar lanches, quando eu não podia acompanhá-la em viagens, na volta me cobria de presentes, zelava por minha saúde, por minha carreira, sempre me apresentando a pessoas influentes no meio científico e médico.

Eu tentava retribuir os gestos dela, deixava na sua mesa do consultório um doce, uma rosa, bilhetes no pára-brisa do carro dela no estacionamento do hospital e nunca, deixei de buscá-la no aeroporto nas voltas de suas viagens, sempre com um de chocolate, não conseguia acertar o predileto dela, então estava sempre arriscando novas combinações, ela se divertia com minha obstinação nessa busca.

Saíamos sempre para jantar, para o cinema, mas nunca para ambientes GLS, mas eu não sentia falta, Camila sempre me dizia que não suportaria um monte de mulheres me assediando, mas eu sabia que o assédio maior seria para ela, e sendo assim, preferia mesmo não ir a esses lugares.

Mas chegou o dia que tivemos que enfrentar uma noite em uma boate GLS da cidade, era despedida de solteira de uma amiga de Camila, e por mais que ela tenha se esforçado para fugir da ocasião, sua amiga Natália não deixou alternativa, uma vez que a declarara madrinha do casamento. Sábado à noite, devidamente arrumadas, seguimos para a tal boate “Delas”.

segunda-feira, 7 de março de 2011

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 19

CAPÍTULO 19: O REENCONTRO COM SUZANA


Camila olhou na mesma direção que eu e entendeu minha palidez:

- Isa? Você quer ir lá falar com ela?

Saí do meu transe, e respondi:

- Não, não é necessário. Podemos esquecer a sobremesa e subir agora?

- Tudo bem, como você quiser minha linda.

Camila chamou o garçom, enquanto eu observava Suzana sentar no balcão do bar de costas para nós, com certeza não nos viu. Levantamos e caminhamos em direção a saída. Não havia outro trajeto senão o que passava pelo bar, Camila caminhou à minha frente.

Ao chegar perto de Suzana, senti seu perfume quando ela jogava para trás seus cabelos, levantou-se no exato momento que passei atrás dela. Meu nervosismo me traiu de novo e a Isabela trapalhona tropeçou nas próprias pernas, caindo nos braços de Suzana.

Suzana visivelmente perturbada com nossa proximidade, não deixou de me segurar com força impedindo minha queda, permaneceu com os olhos fixos nos meus e com os lábios bem próximos dos meus também. Foram segundos de trocas de olhares, respirações curtas, até Camila me segurar pela cintura tirando-me dos braços de Suzana.

- Machucou-se meu bem? – Camila franzia a testa como se quisesse me trazer de volta a razão.

- Não, estou bem, vamos? – puxei Camila pela mão, procurando a segurança dela para me tirar dali.

Suzana não disse uma só palavra, ficou estática enquanto eu saía com Camila do restaurante. Eu continuava nervosa, Camila não disse nada, apenas me abraçou forte, beijando minha testa ternamente.

- Isa, você quer conversar?

Balancei a cabeça negativamente, enquanto me sentava na cama, retirando minhas sandálias. Ainda pensando em Suzana segurando-me, olhando-me... Queria saber o que ela fazia ali.

Que raios de brincadeira de mau gosto foi essa do destino que trouxe Suzana pra perto de mim quando eu começava uma relação maravilhosa com Camila?

- Isa, que tal então vestir uma coisa mais confortável? – voltou do banheiro numa lingerie deliciosa, perguntou-me já mexendo nas minhas coisas procurando algo para eu vestir.

- Camila... Eu... Desculpa...

- Ei minha querida, você não tem que se desculpar por nada...

- Mas, Camila, essa minha reação é ridícula...

- Isa, aquela mulher não foi só um caso, eu entendo isso. Quero muito que um dia eu também seja mais que isso pra você, mas por enquanto, quero que saiba que estou aqui se precisar desabafar com uma amiga tudo bem?

Sorri para ela e deixei que ela me despisse e vestisse uma camisola em mim, ela, estava de roupão, não me olhava com malícia, mas com cuidado e carinho. Eu me sentia segura do lado de Camila, sentia que ela era confiável e sincera comigo todo tempo.

Naquela noite não transamos, perguntou-me se gostaria de dormir sozinha na cama, eu recusei, dormi recostada em seu colo após muitos cafunés dela. Acordei antes de Camila, observei-a dormindo, me punindo por ainda me abalar tanto pela presença de alguém que me machucou profundamente quando eu tinha do meu lado uma mulher como aquela que além de linda, se desdobrava em compreensão e carinho comigo.

- Bom dia, Camilinha... – beijei-lhe com suavidade.

- Bom dia, minha linda... Dormiu bem?

- Nos seus braços e depois de tanto cafuné, impossível não dormir bem.

- Que bom... Você quer falar sobre ontem?

Sentei-me na cama, continuei fazendo carinho nos cabelos de Camila que retribuía a carícia e respondi:

- Camila... Não entendo como a presença de Suzana ainda me afeta tanto, não perdôo deslealdade, tenho nojo da relação doente dela com aquela Bárbara, ela não é mesma pessoa que me apaixonei, enganei-me com ela...

- Entendo, mas você acha que ela está com a tal Bárbara?

- Acho que sim, mas honestamente, não me interessa mais, ela me disse que faria de tudo para me reconquistar, e a única coisa que ela fez até hoje foi seguir como capacho da Bárbara, pelo menos é o que dizem as más línguas.

Eu sabia que Suzana continuava sendo vista pelo hospital com Bárbara, porque Lurdes e Letícia comentavam comigo quando nos falávamos pelo telefone. Jéssica disse em uma das vezes que nos falamos que elas estavam morando juntas, segundo boatos das enfermeiras.

Desde que mudei para Campinas, Suzana ligou-me apenas duas vezes nas primeiras semanas quando eu ainda morava com Bernardo, e nas duas vezes, ele atendeu a meu pedido, mentindo sobre eu não estar em casa.

- Isa... Você ainda a ama?

- Honestamente, Camila, não sei o que sinto por ela. Só sei que essa Suzana que se revelou pra mim com a volta de Bárbara, não, eu não amo, nunca amaria.

Camila escutava-me atentamente, não me julgava não me censurava, por ela, eu não temia me apaixonar. Ela se permitia conhecer, não havia mistérios, me fazia crescer profissionalmente, era calmo, tranqüilo estar com ela, até sua família eu já conhecia, e como me acolheram bem... Até laços encontrei lá.

Não existia aquela paixão avassaladora como senti por Suzana, nem muito menos aquele sentimento inédito, intenso, que me preenchia inteira, não tinha como comparar, mas o que Suzana me fez eu não era capaz de esquecer, nem muito menos entender porque ela estava com Bárbara e desistiu de mim.

Definitivamente, estava decidida a esquecer Suzana e apostar no meu relacionamento com Camila.

- Escuta Isa, que tal a mocinha tirar essa ruguinha da testa, tomar um banho bem gostoso... Eu preparo a banheira pra você... Exorciza esses pensamentos com os sais de banho... E depois eu quero te fazer um convite...

Camila levantou-se até o banheiro, em minutos voltou e me tirou da cama, e me empurrou para o banheiro, abraçando-me por trás beijando minha nuca, minhas costas, despiu-me e mandou que eu entrasse na banheira.

Segui suas ordens, devo ter passado uma meia hora na banheira, me dei ao luxo de não pensar em nada, exceto nos gestos amáveis que Camila me dedicava. De volta ao quarto, a mesa estava repleta, Camila pediu o café da manhã no quarto, talvez para evitar um novo encontro com Suzana, sobre a cama que não dormimos um short jeans e uma camiseta minha:

- Oi minha linda, o banho foi bom? – beijou meus lábios.

- Hurrum, maravilhoso – retribui o beijo.

- O cheiro da sua pele... Delícia! – passou seu nariz pelo meu pescoço, arrepiei.

- Tudo pra você... Temos tempo antes de sair? – cochichei maliciosamente.

- Temos todo tempo, porque hoje vamos conhecer a cidade, só amanhã temos os resultados de nossas reuniões de ontem.

- Opa, vamos fazer turismo hoje?

- Isso... Separei uma roupa bem leve pra você, se quiser tomar café na frente tudo bem... Vou tomar uma ducha bem rápido.

- Não... Eu espero pra tomarmos café juntas.

Camila entrou no banheiro, e eu fiquei ali contemplando o quarto, e o todo cenário que ela me preparou, eu não podia perder a oportunidade de fazer dar certo minha história com ela.

Entrei no banheiro ainda de roupão, e vi aquele corpo sob o chuveiro, não tardei em me aproximar, deixando cair o roupão pelo chão, olhando fixamente para Camila que sorria pra mim.

Entrei no box, e beijei Camila com toda a vontade desperta em mim pela mulher incrível que ela se revelava para mim. Ela me empurrou contra a parede, levantou uma de minhas pernas, tocou-me com paixão me suspendendo do chão nas estocadas que repetia no meu sexo. Eu arranhava suas costas, mordia sua boca, lambia seu pescoço como se quisesse provar de todo seu sabor, ouvi Camila gemer no meu ouvido, e eu queria que naquele momento nossos corpos se fundissem tamanho era o desejo de que aquilo não acabasse:

- Fica aí dentro de mim, Camila... Fica...

Repetia, não me referindo só a condição física, mas também a esperança, para que Camila ocupasse na minha vida, na minha alma o lugar que Suzana tinha posse. Não sei se ela entendeu ou não, mas continuou dentro de mim, e sugava minha boca ardentemente, subia pelo pescoço, deixando sua marca, eu que odiava isso, nem me importei, queria que Camila usasse de mim como ela bem quisesse, não queria amarras, queria ser dela e queria que ela fosse minha também, enterrando de uma vez por todas o que sentia por Suzana.

Tomamos café juntas, eu no colo de Camila, dando comida na sua boca, brincando com seus lábios, com suas bochechas... Queria aquele momento se repetindo sempre, podia ser feliz com Camila, comecei a acreditar nisso.

Conhecemos os lugares mais famosos da cidade, fotografamos tudo, Camila sempre com garrafas de água na bolsa não se cansava de me receitar mais goles. Visitamos o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional, o Senado, o Palácio da Alvorada, o Palácio da Justiça, o Museu JK, e outros pontos da cidade. Não era uma cidade empolgante como o Rio de Janeiro, mas a companhia de Camila deixava tudo mais bonito, mais agradável. Voltamos no fim da tarde para o hotel, completamente exaustas.

Havia um recado na recepção do hotel para Camila, ela teria que encontrar um dos representantes de uma famosa financiadora de projetos de pesquisa, em um restaurante na Asa Sul da cidade. Tratamos de nos arrumar, enquanto Camila terminava o banho, não resisti ao cansaço e caí no sono ainda de toalha.

- Ei Isa... – acordei e vi Camila já vestida e maquiada sentada ao meu lado na cama.

- Ué, você já está pronta? Espera 10 minutos que me apronto... Por que não me acordou meu bem?

- Você estava tão linda dormindo que tive pena de acordar...

- Que fofa que você é... - acariciei seus cabelos.

- Escuta, é um jantar chato, você está cansadinha, vou pedir um jantarzinho leve aqui no quarto mesmo, e você fica descansando, no máximo em duas horas estarei de volta.

- Mas eu quero te acompanhar, e você linda assim, os caras vão cair matando em você...

- Até parece que tem alguém no mundo que seja concorrência pra você... Mas não se preocupe, volto pra você rapidinho, nem vai dar tempo você sentir minha falta...

- Nem que fosse um minuto, eu já sentiria sua falta...

- Isa... Não faz assim comigo que eu me apaixono...

- Seria tão ruim assim?

- Não... Desde que você também se apaixonasse, mas é cedo pra isso. Só não é cedo pra o jantar, vou me atrasar se conseguirmos esse financiamento posso até pensar em um aumento pra equipe, já pensou?

- Ah, então vai meu bem... E volta logo... Mas certeza que não quer que eu vá?

- Querer eu quero, mas agora não dá mais tempo – sorriu e me beijou se despedindo.

Não sei por quanto tempo eu dormi se foram dez ou quarenta minutos, acordei com batidas na porta, imaginei que fosse o jantar que Camila pediu pra mim, e do jeito que eu estava só de toalha atendi a porta.

Ao abrir, me deparei com os olhos amendoados de Suzana me fitando como se quisesse tirar só com o desejo aquele pano felpudo que me envolvia.

- Posso entrar?

- O que você quer aqui, Suzana?

- Se você me deixar entrar, posso dizer.

- Nada que você tenha a me dizer me interessa.

- Se não me deixar entrar eu falo daqui mesmo e se fechar a porta na minha cara, fico berrando daqui do corredor até dizer tudo que tenho a falar.

Eu sabia que Suzana era capaz disso, lembrei de quando ela desceu na chuva e começou a berrar comigo na calçada perto do prédio quando encontrei Bárbara na sua casa, para evitar o escândalo, deixei que ela entrasse.

- Fala rápido Suzana, não quero que Camila te encontre aqui.

- Ela acabou de entrar em um táxi, por isso aproveitei a oportunidade que o destino está nos dando para esclarecer as coisas.

- Estou escutando, fala – cruzei os braços, nem a mandei sentar definindo minha pressa de me livrar dela.

- Tentei falar com você várias vezes, mas você não permitiu que eu me aproximasse...

- E’ porque não quero falar com você Suzana... A última vez que nos falamos, sua dona te arrastou e você nem lutou contra isso... Patético Suzana, aliás, como você está aqui sem ela? Ela te colocou um cinto de castidade?

- Ela não é minha dona, que droga Isabela!

- Não é o que parece Suzana, estão até morando juntas né?

- Sim estamos, mas...

- Quer saber não me interessa... – ouvir a confirmação disso foi doloroso.

- Isa, eu sinto sua falta, eu te amo...

- Você é doente Suzana... Como você me diz que está morando com a mulher com a qual você me traiu, a mulher que te controla, e em seguida diz que me ama?

- Por que é a verdade. Em todo esse tempo não parei de pensar em você um dia sequer, estava sempre procurando um jeito de saber notícias suas, tenho acompanhado seu sucesso na pesquisa, e tentando achar um jeito de te trazer de volta pra mim...

- Você tem pensado nesse jeito dormindo com Bárbara? Você precisa de tratamento Suzana.

- Que droga eu e Bárbara não estamos juntas Isabela! Não estou com ninguém! Ao contrário de você que está passando de mão em mão... Primeiro Laila, depois essa Camila.

- Eu não admito que você me julgue assim!

- Quem me garante que você e Laila não tiveram algo no carnaval que eu não flagrei? E com essa Camila... Aquela história afinal foi mesmo verdade, quantas vezes você me chifrou com ela?

Não contive meus movimentos, com os olhos tomado de lágrimas de raiva, desferi um tapa na face de Suzana que virou o rosto e revidou imediatamente. Quando eu tentei lhe devolver com a outra mão o gesto, ela segurou minhas duas mãos e se lançou sobre mim com toda força, roubando-me um beijo ardente, violento o qual não demorei em retribuir, com sua mão soltou a toalha do meu corpo e passeou com suas mãos pelo meu corpo nu. Pensei em Camila e tentei afastá-la sem sucesso, batidas na porta me livraram dela finalmente.

- Serviço de quarto, senhorita!

Apressei-me em recolocar a toalha que estava no chão, e abrir a porta, enquanto Suzana sorria com o canto da boca ajeitando os cabelos. O garçom entrou com aquele carrinho sofisticado com algumas bandejas de inox, estacionando próximo a mesa, perguntou se gostaria que ele servisse, recusei, dei-lhe uma gorjeta e ele deixou o quarto discretamente.

- Sai daqui Suzana!

- Isa eu senti no seu beijo que você ainda me ama me quer... não vou sair daqui.

- Suzana sai, por favor. Esse beijo não significou nada, não mudou em nada nossa situação.

- Significou muito, você lembra que sempre dizia isso? Que um beijo era muita coisa? Acabei de descobrir o porquê, seu beijo te denunciou, você me ama!

- Nada mudou, você me traiu e continua com a mulher com a qual você me traiu...

- Isabela! Quantas vezes tenho que repetir? Não estou com Bárbara!

- E está morando com ela por quê? Foi expulsa de casa de novo e está sem teto?

- Isa, estou cuidando de Bárbara, ela está doente.

- Doente? Você cuidando dela? Mas que história é essa?

- Bárbara descobriu ainda na Espanha, um tumor cerebral, inoperável, com metástases pelo pulmão, fígado... Como não tinha tratamento eficaz, optou por evitar o desgaste de quimioterapias, está sob cuidados paliativos para dor, mas em breve deverá parar de andar, falar e também perderá progressivamente o controle sobre suas necessidades... Sua memória, isso se alguma doença oportunista nos outros órgãos lesados não a matarem primeiro.

- Mas porque você está cuidando dela? Ela pode contratar as melhores equipes, e a família dela?

- Isabela, eu devo isso a Bárbara. Se não fosse por ela, eu não seria a médica que sou hoje. Ela voltou ao Brasil para terminar os dias comigo, eu sou a família dela, os pais dela já morreram, não tem irmãos, tem primos e tios que moram na Europa, mas nunca foram muito chegados a ela.

- Mas Suzana e o filho dela? Não veio com ela?

- Veio, mas já está com o pai, Bárbara já sente os efeitos da doença, ela não quis que o filho testemunhasse o sofrimento que ela vai enfrentar.

- Porque você não me disse isso antes? Como ninguém sabe disso?

- Bárbara é uma mulher orgulhosa, me fez prometer que não revelaria a ninguém, a primeira pessoa que estou falando é para você. Ela já se afastou do cargo no hospital, você é neurologista Isabela, sabe o que um tumor desses pode causar.

- Mas que tipo de relação vocês tem Suzana? Ela te trata como propriedade dela!

- Isa tenta entender, Bárbara quer terminar os dias dela comigo, ela sabe o quanto te amo, ela se sente ameaçada por você... Escuta, tudo que ela me pediu foi que eu a amasse até sua morte... Queria se sentir importante para a única pessoa que ela amou de verdade.

-Jeito estranho ela tem de amar... Mas você então está com ela!

- Isabela, não é como você pensa, ela está sozinha, eu cuido dela, estou retribuindo o que ela fez por mim... Mesmo que ela tenha me humilhado, magoado, ela também me amou do jeito dela...

- Então quando ela voltou já foi despejando essa bomba em você? Você transou com ela por pena?

- Não! Ela só me disse sobre a doença, quando você terminou comigo, voltei para o apartamento naquele dia, e ela me consolou, aconselhou-me a lutar por você já que eu te amava tanto, mas os dias se passaram você não me atendia, me ignorava no hospital, ela então pediu que eu lhe desse a oportunidade de me compensar pelo que me fez sofrer...

- Então vocês voltaram.

- Não foi tão simples, eu soube de sua inscrição pro programa de intercâmbio, te procurei na neurologia, e escutei uma conversa entre Bárbara e o Jorge, seu preceptor, era uma consulta na verdade, e Jorge lhe confirmava o que os médicos de Madrid diagnosticaram. Foi então, que ela acabou me contando tudo.

- E ela pediu que você cuidasse dela?

- Isa, toda aquela empáfia de Bárbara caiu na minha frente, ela estava vulnerável, disse que Lucas estava voltando para Madrid a pedido dela, que revelou tudo ao ex-marido, e tudo que queria era passar seus últimos dias comigo, que precisava se sentir querida, e só comigo ela se sentia assim, depois de sua morte eu estava livre pra reconquistar você...

- Espera aí... Mas já que você aceitou isso, porque você pediu que eu ficasse com você antes de minha mudança para Campinas? Porque você está aqui Suzana dizendo que me ama?

- Por que é a verdade, eu te amo, só estou te pedindo pra que você tenha paciência e fique comigo... Depois que Bárbara...

- Calma aí, você está me pedindo para ser sua amante enquanto sua namorada moribunda padece? Está pedindo que eu espere ela morrer para retomarmos nossos planos? Que tipo de pessoa você é Suzana?

- O tipo de pessoa que está desesperada por perder a mulher que ama, mas que não pode abandonar perto da morte uma mulher que ela tanto amou e que tanto fez por ela...

Suzana começou a chorar copiosamente, eu, não sabia o que pensar, não sabia o que dizer, porque Suzana tinha que ser tão complicada?

- Suzana, é demais pra mim... Como você acha que eu me sentiria, desejando a morte de alguém para enfim ficar com você? E como poderia participar disso, sendo sua amante, você a traindo para estar comigo, enganando-a... Não Suzana isso é imoral, mórbido...

- Isa, por favor, eu não posso te perder, mas não posso trair também meus princípios, ela só pode contar comigo.

- Suzana, você me traiu com ela antes de saber dessa doença dela e mesmo que soubesse não mudaria nada o fato de você ter me traído... Você foi e está sendo mais leal a ela do que a mim... Guardando o segredo dela, ficando ao lado dela me pedindo um absurdo desses, não, não quero participar disso.

- Mas Isa... Eu te amo tanto... Me espera?
- Esperar? Suzana, você tá vendo esse jantar aqui? A mulher que você viu entrando naquele táxi, não é só linda, inteligente, é também a criatura mais doce e atenciosa que eu já convivi, é transparente, compreensiva, não me esconde nada, me trata como uma rainha... Você acha mesmo que é justo me pedir pra esperar você enterrar sua namorada pra ficar comigo ignorando sua traição e seu comportamento, no mínimo esquisito, ao invés de estar com essa mulher que só me faz bem?

-E’ você tá mudada... Até marca no pescoço você está exibindo... Transou com a Laila, cara... Não sei se amo essa Isabela, e essa Isabela não pode mesmo esperar um mulher que ela diz amar, tem que ocupar logo o espaço da cama vazia...

- Suzana, chega! Vai embora! Você não vai me ofender, você não tem moral pra isso. Volte pra sua namorada, continue sua obra de caridade, seja lá o que for isso, me deixa em paz, não me magoe ainda mais.

Com o rosto banhado em lágrimas, abri a porta para Suzana sair, ela visivelmente abalada, também com lágrimas nos olhos, parou diante de mim e vociferou:

- Nossa história ainda não acabou Isa.