quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

LEIS DO DESTINO: 2ª FASE - Capítulo 25

2.25 Conditio juris
No Direito: Condição de direito. Condição, circunstância ou formalidade indispensável para a validade de um ato jurídico. 


           
            Diana sequer conseguia raciocinar direito quando ouviu o grito desesperado de Natalia no outro lado da linha pedindo socorro. Repetiu a ligação e sua angústia cresceu quando o celular de Natalia se encontrava desligado. Não havia outra coisa a fazer que não fosse voar até Miami, ensandecida entrou no elevador daquele hotel tentando achar a melhor estratégia para salvar a sua amada sem saber exatamente do que.

            Quando a porta do elevador se abriu, Diana se deparou com Daniela.

-- Dani!

-- Pode subir! Você vai ouvir poucas e boas agora de mim dona Diana!

-- Adoraria receber mais uma lição de moral agora minha amiga, mas estou um pouco apressada.

-- Pensa que vai se livrar assim de mim é? Não adianta você vai me escutar! Você me rouba a namorada e depois age como uma filha da mãe traindo-a! O mínimo que você merece é uma surra minha!

            Diana saiu apressada do elevador puxando a amiga pelo braço.

-- Você me esculachar? Ótimo! Vamos fazer isso no caminho, vou precisar mesmo de ajuda.

-- Caminho? Pra onde? Ajuda pra quê?

-- Salvar uma donzela em perigo em um castelo!

-- Ow Diana! Não acredito! Você teve uma recaída? O que você tá usando agora? Cogumelo na chapa?

-- Não estou usando nada Dani, ow para!


            No táxi, Diana resumiu para Daniela o que se passava, seguindo para o aeroporto.

-- Minha nossa! Mas qual é seu plano?

-- Não tem plano Dani, eu só preciso ir para Miami no primeiro voo.

-- Não queria te desanimar, mas você sabe que não é tão fácil assim embarcar no primeiro voo, você vai conseguir embarcar daqui a duas horas na melhor das hipóteses.

-- Então eu alugo um jatinho!

-- Minha amiga você sabe o quanto custa isso? Sinto informar, mas, a milionária é a outra, a Lancester, não você! A não ser que seu cartão de crédito seja sem limite, o que eu não acho que sua humilde condição de fotógrafa permita.

-- Gênio! Você é um gênio! Você conhece alguma empresa de taxi aéreo?

-- Conheço a empresa que presta serviço ao jornal, mas que banco você pretende roubar para pagar isso Diana?

-- Posso não ser uma Lancester, mas o cartão de crédito corporativo das empresas do papai é sem limite!


-- Você tem um cartão de credito desses e nunca me disse? Eu te odeio Diana!

-- Segui o conselho da mamãe e nunca o cancelei, ela sempre dizia, você pode precisar para uma emergência, mãe sempre sabe tudo não é?

-- Com certeza!

-- Vamos, rápido! Liga aí pra empresa que você conhece, deixe o avião pronto para partirmos imediatamente, pago qualquer taxa de urgência para isso.

           
            O cargo de Daniela lhe concedia prestígio para alguns favores delicados como esse. Assim, conseguiram embarcar imediatamente para Miami quando chegaram ao terminal de cargas do aeroporto de Nova Iorque.


-- Diana chegando à Miami qual o próximo passo? Recrutar a SWAT para invadir a mansão dos Lancester?


-- Você acha que eles aceitam cartão de crédito?


            Diana brincou disfarçando o nervosismo.

-- Minha querida eu adoro seu humor, mas você sabe que entrar naquela casa vai ser impossível não é?

-- Nada vai me impedir de tirar a Natalia de lá.

-- Vamos raciocinar... Uma família tradicional como a Lancester, abalada com a morte de Armando, não vai querer ser capa de um pasquim de escândalo... Podemos apelar para o poder da imprensa o que acha?

-- Acho que você deveria ganhar o prêmio Nobel da paz! Ou um de inteligência, existe um desses? Brilhante Dani!


            Dani sorriu divertida.

            Uma hora depois de partirem de Nova Iorque, desembarcaram em Miami, e depois de alguns telefonemas da jornalista, conseguiram o endereço dos Lancester na cidade, e partiram para lá sem pestanejar.


***********


            Natalia abriu os olhos com dificuldade, a visão embaçada denotava sua fraqueza. Ao tentar se mexer na cama despertou a atenção de Eduarda que saltou da poltrona aflita.

-- Graças a Deus! Já estava preocupada. Meu amor me perdoe, não sei o que deu em mim, eu me descontrolei.


            Eduarda se ajoelhou no chão segurando as mãos de Natalia.

-- Eu estava prestes a chamar um médico, você demorou a acordar...

-- Eduarda eu quero ir embora. Você nunca mais ouse encostar suas mãos em mim!


            Natalia puxou as mãos e fez menção de se levantar, mas Eduarda a impediu.

-- Eu sei que errei, mas, não tinha intenção de te ferir, mas fiquei transtornada ao te ver falando daquela mulher... Não posso deixar que você saia daqui pensando que sou uma louca...


-- Ok Eduarda não vou pensar isso, mas, me solte, por favor.

-- Você está com medo de mim não é? Não precisa meu amor. Eu não sou louca.

-- Eu sei que você não é louca. Eduarda me deixe ir embora.


            Natalia insistia visivelmente tensa, enquanto Eduarda a mantinha presa segurando seu corpo.

-- Não posso te deixar ir embora meu amor.

-- Eduarda por Deus me solte, você está me deixando apavorada. Vou começar a gritar e sua família vai escutar.

-- Não precisa ter medo de mim, nem gritar meu amor, sou eu a sua noiva que está aqui.

            A expressão de Eduarda era completamente serena, dando a impressão a Natalia de que a ex-namorada estava separada da realidade. O pouco que se lembrava de psiquiatria forense fez a promotora reconhecer claros sinais de um surto emocional em Eduarda para não classificar em um transtorno mental pior.

-- Além do mais, essas paredes são á prova de som, sempre quis que minhas namoradas se sentissem à vontade para enfim, fazer o quanto barulho quisessem. Por falar nisso... Estou com saudade de ouvir seus gritinhos... Seus gemidos...


            Eduarda desceu sua mão entre as pernas de Natalia que institivamente contraiu os músculos repugnando aquela investida, tal atitude provocou a irritação de Eduarda.


-- O que é isso? Está me rejeitando?


            Natalia não conseguiu responder. Um choro silencioso sufocou o peito da morena, sentindo seu corpo ser violado quando Eduarda ignorou a repulsa dela, se desfez dos botões da blusa da promotora e abriu o zíper da sua calça bruscamente para penetrar os dedos no sexo de Natalia.

-- Não Eduarda, por favor, não...


-- Você é minha mulher, abre essas pernas pra mim vai!


            O nojo que sentia de Eduarda, junto com seu medo por aquela situação, detonou as forças de Natalia. A promotora ficou imóvel, o único vestígio de movimento eram suas lágrimas escorrendo lentamente.


            Eduarda como se desperta de um transe, encarou a postura da morena e cessou aquela investida. Sentou-se na cama e aos soluços deixou escapar:

-- Meu Deus o que estou fazendo?!

            Natalia abraçou o próprio corpo, ainda abalada com a violência que sofrera quando Eduarda se aproximou dela:

-- Natalia eu não sei o que está acontecendo comigo. Fique tranquila não vou te machucar. Meu Deus você está tremendo! Vou pegar uma água para você.


            Atordoada Eduarda saiu do quarto, mas se certificou de levar a chave, deixando Natalia trancada ali.

**********

-- Tem certeza que é aqui? – Diana cochichou.


-- Pelo endereço é aqui, mas certeza eu não tenho, o GPS não disse: mansão dos Lancester vire à esquerda!

-- Alguma ideia de como vamos conseguir entrar?

-- Você quer que eu pense em tudo?

-- Você é o cérebro da operação Dani!

-- Que tal se tentarmos pelo jeito mais fácil?

-- Pulando o muro?

-- Não Diana, você quer morrer eletrocutada?! Eu estava falando de tocar o interfone!


-- Ah sim... Vamos dizer o que?

-- Deixa comigo, se eu deixar por sua conta, sairemos daqui presas...


            Daniela tentou usar todo seu poder de persuasão para convencer os seguranças de que era uma amiga de Eduarda, que estava ali para prestar solidariedade, mas, as ordens expressas da família restringiam as visitas, uma vez que os amigos e familiares mais próximos permaneciam no interior da mansão.

-- E agora? – Daniela perguntou decepcionada.

-- Qual a chance de convencermos esses seguranças que somos duas heteros gostosas perdidas por aqui loucas por um par de bíceps fortes exalando testosterona para uma ménage a trois?


            Daniela fez cara de nojo.


-- Menos 100%! Chance zero! Urgh.


            As duas riram e notaram ao mesmo tempo uma van de serviço de buffet se aproximar e seguir para os fundos da mansão.

-- É nossa chance! Vamos!

            Diana puxou Daniela que correu se equilibrando em seu salto XV. Aproveitou a distração do motorista se identificando junto aos empregados e entrou no veículo lotado de pratos prontos devidamente embalados.


-- Que sorte a nossa essa porta estar aberta! – Daniela cochichou.

            Diana e Daniela foram rápidas quando a van estacionou no jardim. Antes que o motorista alcançasse a porta, saltaram e seguiram pela lateral da casa até encontrarem uma porta, pela qual entraram.

-- Os quartos devem ser no primeiro andar, precisamos subir.

-- Diana você já considerou a possibilidade da Natalia não estar aqui?

-- Não! Ela tem que estar, faz apenas três horas do telefonema, a Eduarda não sairia com a casa cheia de gente assim... Ou sairia?

-- Se ela está surtada mesmo...

           
            Ainda mais angustiada, Diana percorreu a casa sendo acompanhada por Daniela, até encontrarem um rapaz saindo do lavabo.


-- Oi? Vocês eu não conheço...

            Daniela teve calma o suficiente para disfarçar o susto e se apresentou:

-- Daniela Foster, muito prazer, e você?

-- Daniela Foster? Esse nome não é estranho...

-- Sou colunista do New York Times, se você o ler com frequência, deve reconhecer de lá o nome.

-- Claro! Isso mesmo! Já li sim, várias vezes antes de ir a Nova Iorque, dicas excelentes! Sou Henry Lancester.

-- Ow... Parente do senhor Lancester, sinto muito sua perda.

-- Era meu tio. E sua amiga?

-- Diana Toledo.

            Diana disse tensa.

-- Muito prazer. Vocês chegaram agora? Não as vi no cerimonial...

-- Nosso voo atrasou. Somos amigas de Eduarda, enfim, só conseguimos chegar agora.


            A presença de espírito de Daniela as salvou do flagrante constrangedor. Reticentes aceitaram o convite do jovem educado e simpático para se juntarem aos demais convidados na sala.

-- Onde está a Eduarda Henry?

-- Subiu para o quarto dela logo após o sepultamento, está com a noiva dela, vocês a conhecem?

-- Ah sim, claro. A Natalia não é?

-- Isso. Linda ela, que desperdício... Quer dizer... Ai que inconveniente sou... Vocês também são...

-- Gays? – Daniela completou.

-- Sim.  – Daniela respondeu sorrindo – Mas, não se preocupe, não foi inconveniente.

            Propositalmente, Daniela foi simpática atraindo a atenção do rapaz. Tendo a confirmação de que Natalia estava ali e de que o quarto de Eduarda era no primeiro andar da casa, Diana se esquivou para subir as escadas.

            Ao ouvir passos no corredor se escondeu em um dos quartos que encontrou aberto. Eduarda passou rapidamente para o térreo enquanto Diana seguiu para o quarto do qual a empresária saíra, se desesperando ao encontrar a porta trancada.

            O barulho da porta chamou a atenção de Natalia até então em estado de choque pelo ataque sofrido.

-- Nat você está aí?

            Diana batia na porta chamando pela namorada que imediatamente se pôs de pé perto da porta. Entretanto, a promotora não podia ser ouvida por Diana, assim Natalia só podia se manifestar movendo a maçaneta de maneira enérgica.


-- Meu amor é você?


             Natalia respondeu com um giro suave na maçaneta na esperança que se fizesse entender. Diana abriu um sorriso aliviado, suspirou e disse:

-- Vamos embora daqui, abre essa porta. Que idiota que eu sou! Lógico que você não tem a chave, mas não se preocupe, eu vou te tirar daí.

            Enquanto Diana tentava em vão forçar a porta, Eduarda andava entre as visitas que se serviam do buffet recém servido, quando Henry a chamou:

-- Eduarda venha ver quem acabou de chegar de Nova Iorque, sua amiga Daniela Foster!


            Daniela ficou pálida e engasgou com a salada que comia. Eduarda se aproximou e olhou com estranheza para a jornalista que desconcertada fingia simpatia.

-- Estávamos à sua procura, o voo da Daniela atrasou e ela só conseguiu chegar agora pouco.

            Henry falava inocente, Eduarda por sua vez encarava Daniela nervosa, apertando os olhos tentando identifica-la até seu primo interrompê-la:

-- A Diana veio com ela também, é Diana o nome dela não é? Aliás, cadê ela mesmo Daniela?

            Eduarda arregalou os olhos e indagou irritada:

-- Quem é você?! Ela está aqui? Aquela vagabunda está aqui na minha casa?!

            A jornalista jogou o prato na mesa e fez menção de correr dali, assustada com a expressão furiosa da empresária, mas lembrou-se da amiga, assim, não podia deixa-la assim sozinha. Olhou na direção das escadas e a dedução de Eduarda foi automática. Ambas correram para o primeiro andar a despeito dos olhares curiosos despertos pelos que estavam naquela sala.

           

-- Dianaaa!


            Daniela berrou no corredor para chamar atenção da amiga.  Diana não se afastou da porta, estava disposta a enfrentar a insanidade de Eduarda.


-- Saia agora da minha casa! – Eduarda gritou, caminhando rapidamente até Diana.


-- Eu só saio daqui com a Natalia, trate de abrir essa porta, antes que eu arranque essa chave de você da pior forma!


            Eduarda sorriu sarcástica.


-- Olha seu tamanho garota! Acha mesmo que vai conseguir tirar algo de mim?


-- Somos duas esqueceu?


            Diana apontou para Daniela, que tinha uma expressão apavorada mesmo assim se colocou ao lado da loirinha e cochichou:


-- Qual é mesmo a pior forma de tirar isso dela? – Daniela sussurrou.


-- Cócegas? – Diana brincou nervosa.


-- Vou dar dois minutos para vocês duas saírem daqui pelas próprias pernas.


-- Não adianta Eduarda, eu não saio daqui sem a minha namorada.


            Diana não arredou o pé. Eduarda estreitou os olhos e insistiu:


-- Sinto muito, mas sua namorada não está aqui. Minha noiva está no meu quarto, não acredito que seja da mesma pessoa que estamos falando.


-- Ok minha mãe sempre me falou para não contrariar doido, mas como nunca fui modelo de obediência, vamos esclarecer uma coisa: a Natalia não é mais nada sua! Estamos juntas, nós nos amamos e eu não vou sair daqui sem ela.



-- Você pediu por isso Diana. Vou chamar a policia, vocês serão presas por invasão de domicílio.


-- Correção: você será processada por cárcere privado. Vai ficar lindo a estampa nos jornais: herdeira do grupo Lancester aprisiona ex-namorada em surto histérico no seu próprio quarto.

            Diana enfrentou Eduarda que se enchia de ódio irracional pela fotógrafa.


-- Ponha-se para fora da minha casa agora sua vagabunda!


            Eduarda segurou o braço de Diana empurrando-a, e nem assim a loirinha se intimidou fazendo crescer a ira da empresária. E quando a luta física entre as duas parecia inevitável, a voz de Izabel Lancester ecoou no longo corredor da mansão:


-- Mas o que está acontecendo aqui?! Maria Eduarda que gritaria é essa? Quem são essas mulheres?


-- Duas marginais que invadiram nossa casa mãe. Chame a segurança e a polícia!


-- Opa! Respeito aí sua desequilibrada! Marginal não!  Senhora Lancester sou Daniela Foster, colunista do New York Times, sua filha está descontrolada, mantendo a ex-noiva presa aqui nesse quarto. É melhor que a senhora tome o controle da situação se não quiser que com uma ligação sua família seja manchete por dois dias seguidos onde trabalho e infelizmente não será pela perda do seu marido o assunto.


            Aquela mulher elegante e altiva engoliu seco encarando a filha nitidamente transtornada. Henry se aproximou ficando ao lado da tia cochichando algo inaudível para as demais.


-- Minha filha abra a porta desse quarto agora.


-- Não mãe. A Natalia está abalada, cansada, está repousando. Tranquei a porta para que ninguém a incomode. Essas mulheres são apenas oportunistas querendo subir na carreira de jornalista espalhando fofocas em um momento tão triste como o nosso.

            Do lado de dentro do quarto, como não podia ser ouvida, Natalia apenas forçava a maçaneta vigorosamente indicando estar trancada contra sua vontade. Deduzindo o que poderia estar acontecendo e a fim de evitar escândalos, Izabel apenas fez um gesto positivo com a cabeça baixa para Henry que caminhou devagar na direção da prima.


-- Henry chame os seguranças, tire essas mulheres daqui!


            Eduarda remoía sua ira pedindo ao primo que intercedesse a seu favor. Entretanto, a aproximação de Henry tinha outro intuito. O rapaz simpático e educado da família Lancester era médico, e ao notar o descontrole da prima se muniu de uma medicação intramuscular para injetar em Eduarda, a fim de sedá-la, reconhecendo a necessidade de tratar a prima daquela crise emocional.
-- Mas o que é isso? O que você fez Henry? – Eduarda perguntou indignada.


-- Desculpe-me prima, mas você está precisando repousar um pouco.


            O calmante administrado naturalmente não faria efeito imediato, no entanto, o fato de sua família não acreditar na sua versão deixou Eduarda mais frágil, e o seu tom de voz menos firme já denotava que a situação caminhava para o controle.


-- Será que ninguém entende? A Natalia é minha... Minha noiva... Só quero cuidar dela, só quero ficar do lado dela... Ninguém a ama mais do que eu... Eu nunca a abandonaria ao contrário de você Diana, que já a deixou!


            Diana chegou a sentir pena de Eduarda. Não respondeu à acusação, apenas observou Henry envolver os braços nos ombros da prima, que aos poucos sentia seu corpo desfalecer.


            Izabel se aproximou da filha oferecendo seu apoio, e com calma retirou a chave do quarto do bolso do casaco de Eduarda, repassando para Diana.


            Eduarda não demorou mais a se entregar ao efeito do sedativo aplicado, assim caiu sobre os braços de Henry que a colocou no colo levando-a para o quarto dos pais.


            Izabel foi enfática encarando Diana e Daniela antes de seguir para o quarto no qual a filha era acomodada:


-- Peguem essa roceira que não merece minha filha e sumam daqui sem alarde e me façam a delicadeza de esquecer o que aconteceu aqui, respeitem a dor da minha família e despareçam daqui imediatamente!


-- A senhora não precisa dizer duas vezes.

           
            Daniela respondeu escondendo o sarcasmo, enquanto Diana abria apressada a porta do quarto.

            Diana encontrou Natalia sentada no chão, perto da porta. O rosto banhado de lágrimas tinha também um hematoma perto do olho esquerdo. Aquela imagem de sofrimento da sua amada ascendeu a fúria de Diana contra Eduarda, mas, mais ainda despertou o sentimento de alivio por poder trazer Natalia junto a seu peito protegendo-a de qualquer mal que se levantasse contra ela.


-- Meu amor!


            Natalia disse com a voz fraca, deixando o pranto agora de alivio tomar conta da sua face.


            A loirinha se jogou no chão abraçando o corpo da promotora expressando todo mitigo e alento que seu amor podia promover.


-- Você está aqui... – Natalia sussurrou segurando o rosto de Diana.


-- Eu te disse que viria te buscar se você não voltasse em dois dias não disse?


            Diana brincou com os olhos marejados, arrancando um sorriso discreto de Natalia.


-- Mas não vai me arrastar pelos cabelos não é?

-- Não meu amor, vou te conduzir pela minha mão.


            Trocaram um beijo apaixonado antes de serem interrompidas por Daniela:


-- Está tudo muito lindo, muito romântico, mas a cavalheira aí pode apressar nossa fuga da torre? Daqui a pouco a guarda do castelo nos manda à forca!


            Diana e Natalia sorriram e partiram dali com Daniela de volta para Nova Iorque na mesma noite.