quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ATUALIZAÇÕES

Olá queridas!
A pedidos de minhas queridas leitoras da comunidade Histórias e Desabafos no orkut, onde comecei a publicar meus romances em forma de webs novelas, aproveito o espaço para divulgar o chat que essas loucas criaram quando publiquei o conto "Aconteceu você" que atualmente está sendo postada no ABCLES.

Então quem quiser conhecer outras leitoras, trocar idéias, experiências, entrem no chat:

group1225836@groupsim.com

Bjo a todas

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 18

CAPÍTULO 18: MUNDO PEQUENO

Estávamos lá, a porta do chalé do vô Elias da Camila, lugarzinho charmoso, entramos logo após uma voz mansa autorizou: “Entre minha filha”. Não sei descrever a emoção que senti ao ver aquele velhinho tão simpático, era como estar mais perto de meus pais de novo, ele devia ter uns 90 anos, andava devagar com uma bengala, usava um óculos redondo, tinha barba branca e olhos claros como os de Camila.

- Olá minha filha, trouxe reforço para me convencer a ir pra festa? E’ uma moça linda, que vai perdoar a indisposição de um velho para essas festividades...

- Vôzinho... Essa é Isabela Bitencourt, residente de neurologia, trabalha comigo, e, ela é de Valença, os pais dela eram médicos também... E...

- Isabela? A filha de Álvaro e Fernanda?

- Sim senhor – respondi com os olhos marejados.

- Meu Deus... Que alegria... Meu Deus – aquele senhor parecia esperar aquele momento a vida toda. – Venha aqui meu anjo, me dê um abraço.

Ficamos abraçados por minutos que pareceram nem se passar, abracei aquele senhor como se abraçasse meus pais, surreal o que senti:

- Sente aqui do meu lado meu anjo, Camilinha, seu velho tá emocionado... Você nos traria um copo de água?

- Claro vôzinho, Isa você está bem?

- Ahan – respondi enxugando minhas lágrimas.

- Meu anjo, seus pais foram como filhos para mim, fui professor deles na faculdade em Valença, os acompanhei como preceptor na residência em Belo Horizonte, fui padrinho do casamento deles, só nos separamos quando eles foram convidados a trabalhar em Valença, mas nunca perdi a esperança de tê-los perto de mim de novo.

- O senhor tinha contato com eles? Não lembro do senhor em nossa casa.

- Na verdade não tivemos contato por um bom tempo, por quase dez anos, não os perdoei por deixarem Belo Horizonte, eu tinha grandes planos pra eles... Você devia ter uns cinco anos quando mudaram-se para Valença não?


- Isso... Mas porque tanto tempo sem falar com eles? A foto que vi foi pouco antes do acidente não foi?

- Fiquei muito magoado, Álvaro queria um lugar mais tranqüilo para morar, Fernanda estava grávida novamente e queria estar mais perto da família, e eu fui egoísta os queria perto de mim, meu único filho não quis seguir minha profissão, veio embora pra cá ainda jovem, eu depositava meus sonhos em Álvaro e Fernanda... Acabei perdendo a oportunidade de ver você crescer, o nascimento de sua irmã... E o principal... Perdi dez anos da vida deles...

- Mas vocês voltaram a se falar antes da morte deles?

- A foto que você viu, foi tirada quando eles foram me visitar em Belo Horizonte, eu estava me recuperando de um câncer, ao saber disso através de César, eles foram me visitar, e na volta...

- Sofreram o acidente... – completei.

Camila segurava minhas mãos como se quisesse dividir comigo a dor de relembrar a morte de meus pais e o senhor continuou emocionado:

- Durante todos esses anos me senti culpado pela morte deles, se eles não tivessem viajado para me ver não teriam sofrido o acidente, tentei acompanhar a vida de vocês, César sempre me manteve informado, até sua aprovação na residência, depois disso, minha Berenice adoeceu e me dediquei inteiramente a ela até o fim de seus dias.

- Foi um acidente, o senhor não teve culpa de nada...

- Foi um dia tão feliz... Eu iria no final de semana conhecer sua irmã e rever você... Contaram sobre as pesquisas que estavam desenvolvendo, eu explodia de orgulho deles...

Continuamos a conversar sobre meus pais, seu Elias me perguntava sobre Lívia, sobre a minha carreira, e aí Camila se metia se desfazendo em elogios a mim. Cerca de uma hora depois da conversa, pedi que nos acompanhasse a festa, gentilmente recusou, mas me fez prometer que voltaria sempre para vê- lo.

- Se Camila não me trouxer o senhor vai me buscar combinado? – dei- lhe um beijo na testa.

- Vou cobrar isso de Camila, não vou deixar minha neta se afastar de mim como fiz com os pais dela – acariciou meu rosto.


Engraçado, eu me sentia mesmo um pouco neta dele, aquela noite me deu mais do que momentos de intimidade com Camila, mas também outro avô, e fez eu me sentir mais próxima aos meus pais. Voltamos para a festa, contamos tudo aos pais de Camila que exigiu que os chamasse de tios a partir daquele momento, eu sentia uma sensação de familiaridade inexplicável, mas confortante entre eles. Conheci ainda as irmãs de Camila, seus sobrinhos, as irmãs fizeram questão de me tratar como cunhada, brincava com Camila dizendo que “amor de primo é pra sempre” parafraseando um personagem de novela das oito, deixando a mim e Camila ruborizadas.

Já era quase meia-noite, e Bernardo me apressava para voltarmos, ele teria plantão no dia seguinte, procurei Camila para me despedir, quando ela apareceu me chamando para ver algo segundo ela que eu nunca tinha visto. Levou- me para uma estufa, seu pai, era botânico, e tinha ali espécimes de flores, rosas e outras plantas muito raras. O aroma do ambiente era fantástico, pouca iluminação transformou aquele lugar numa atmosfera incrivelmente romântica.

- O que você quer me mostrar Camila? Preciso ir, Bernardo trabalha amanhã.

- Calma... Faltam alguns segundos para meia- noite.

Estávamos de frente para uma prateleira de pequenos jarros com botões de rosas com uma cor que até hoje não sei definir, tinha um tom azulado, mas não era azul... era quase lilás, depois descobri que o pai de Camila alterou sua cor por meio de experimentos com pigmentação. Exatamente a meia- noite, todos os botões de rosas daquela prateleira se abriram ao mesmo tempo, exalando um aroma inédito para mim... a cena parecia um efeito especial cinematográfico...

- Camila que coisa linda... E esse cheiro? Que coisa fantástica...

Ela não falou nada, tirou uma das rosas, e me entregou, aproximou- se dos meus lábios e beijou- me com suavidade como se sorvesse o sabor da minha boca, não havia pressa naquele beijo, pareceu- me a coisa mais natural, como se meu corpo agisse por contra própria, puxando pela cintura o corpo de Camila para mais perto de mim, deixando evidente nosso desejo no arrepio de nossas peles, pelos corações e respiração acelerados. Suas mãos percorreram meu corpo, mas se fixaram no meu pescoço, mantendo nossas bocas entregues uma a outra.

- Camila... Preciso ir...

- Eu sei... Mas... Não consigo parar de te beijar... Dorme aqui hoje... Bernardo vai no seu carro e te levo amanhã.

- Camila... Eu... Não posso, não ficaria a vontade... Acabei de conhecer sua família que já me trata como membro dela, e... Ficaria constrangida com a gente... Você sabe...

- Ei... quem disse que a gente dormiria juntas priminha? – fingiu estar ofendida.

- Bom... Não pensei bem em dormir... – acariciei seus lábios, mordendo os meus.

- Isabela você está me assediando? Que horror! – fez cara de espanto.

- Camilinha... E’ sério... mas podemos nos ver amanhã? - sorri amarelo.

- Ai Camilinha? Ai Isa... Se você não fosse tão gostosa e não tivesse um beijo tão incrível, eu te mataria agora por esse Camilinha... Mas, vamos nos ver sim, viajamos amanhã para Brasília, na segunda vamos tentar conseguir mais verbas para ampliar nosso projeto, devemos ficar uns três dias lá...

- Eu eu? Viajar com você? Quando você ia me dizer isso?

- Na cama hoje a noite... Mas já que você tem que ir embora... – sorriu maliciosa.

- Você é maluca sabia?

Despedimo-nos com um beijo demorado, combinando de nos encontrarmos no aeroporto. O vôo foi tranqüilo, Camila foi carinhosa o tempo todo, mas discretamente, cada vez mais eu me encantava por ela, antes de tudo, éramos amigas, até sobre Suzana nós conversávamos, em uma das vezes ela me aconselhou até a escutar Suzana pela última vez, ela sentia que eu tinha dúvidas em relação ao relacionamento de Suzana e Bárbara, eu nunca reconheci que ela tinha razão, sempre desconversava.

Chegamos a noite no hotel, localizado na asa norte de Brasília, Camila nos reservou quarto duplo, mas não de casal, tão logo entramos no quarto, serviu- me um copo de água alertando-me sobre o clima da cidade extremamente seco, assim deveríamos ingerir a todo instante líquidos, ela era muito atenciosa e cuidadosa comigo. Foi educada e esperou que eu tomasse banho para depois ir, convidou-me para jantar no hotel mesmo, nos arrumamos ambas com um vestido leve, e descemos até o restaurante.

Durante o jantar relatou-me de uma maneira divertida outras ocasiões que ela esteve em Brasília, na primeira vez, precisava apresentar um projeto câmara técnica do Ministério da Saúde, acabou sujando de sangue a mão do ministro, uma vez que não percebeu seu nariz sangrando, conseqüência do clima seco da cidade:

- Fiquei tão apavorada, imaginando que perdia ali mesmo o financiamento da pesquisa, que tratei de assegurar ao ministro que eu não tinha nenhuma DST, enquanto limpava a mão do ministro com o meu casaco.

“Sr Ministro, eu sinto tanto, mas não se preocupe, fiz exames essa semana, não tenho sífilis, nem hepatite, nem AIDS...”.

Quase me engasguei imaginando a cena, depois relatou como acabou desmaiando no meio de uma mesa redonda onde ela presidia uma conferência, quando o cerimonialista anunciou seu currículo e o tema da palestra, ela estava com metade do corpo caído sobre a mesa e ouvia ao longe:

- Dra Camila Drumond? Dra? Dra?

Foi levada ao ambulatório com desidratação.

- Resumindo minha querida, Brasília para mim, é mico em potencial, portanto sua função é me poupar de um “King Kong”... E por isso insisto tanto pra que você beba tanta água, para que minha maldição não passe pra você.

Terminamos o jantar e voltamos ao quarto, até aquele momento, Camila me tratava como uma amiga, eu retribuía o tratamento, nem mencionamos nossos beijos na noite anterior. No quarto, fiz algumas ligações, como todo domingo ligava para Lívia e Tia Silvia, elas estranhariam se eu não o fizesse. Camila me olhava atentamente, enquanto mexia em sua pasta, organizando alguns papéis.

- Está livre pra mim agora?- perguntou sentando- se ao meu lado na cama.

- Depende do que você quer de mim... – perguntei com minhas mãos subindo por suas pernas torneadas em baixo do vestido.

- Doutora Isabela... como você é assanhada! – roçou seu nariz no meu pescoço, e soltou meus cabelos presos por uma fivela.

Tomou-me em um beijo urgente, com o peso de seu corpo deitou-me na cama, ficando de joelhos abertos em volta da minha cintura. Beijou-me desde a boca, descendo pelo queixo, pescoço, intercalando com pequenas mordidas, desabotoou meu vestido, contemplou meus seios e sorriu enquanto os tocava, eu apertava seus glúteos, suas coxas, como se autorizasse ela continuar a explorar meu corpo.

Aos poucos despimos uma a outra, invertemos posições, sentindo nossos corpos nus se entregando um a outro naturalmente, nem parecia que era nossa primeira vez juntas, Camila parecia saber onde me tocar, minhas mãos e minha boca entendiam o que os sinais que o corpo dela enviava.

Acordamos abraçadas, apertadas naquela cama de solteiro, olhei para o rosto de Camila, tão sereno desenhado naquela manhã nublada, seus cachos grandes avermelhados cobriam metade de seu rosto, passei a face de minhas mãos na sua pele aveludada, despertando- a com um sorriso largo, sincero.

- Bom dia, linda... - Camila disse espreguiçando-se.

- Bom dia meu bem... – reclinei-me beijando seus lábios.

- Banho?

- Vamos juntas?

- Adorei... – puxou-me para a cama fazendo cócegas.

Tomamos banho juntas, enquanto trocávamos carinhos. Tínhamos uma afinidade incrível, pela primeira vez em seis meses, acordei não pensando em Suzana, estaria finalmente esquecendo-a com Camila?

No café-da-manhã, Camila detalhou nossas atividades do dia, enquanto devorava vários itens do buffet.

- Que fome heim, Camilinha!

- Você acabou comigo ontem priminha... Essa carinha de anjo... Esconde um furacão heim...

Seguimos de táxi para a Esplanada dos Ministérios, nos reunimos com várias comissões durante o dia, algumas pessoas eram conhecidas dela e se derramaram em discursos admirados sobre o trabalho de Camila, que se transformava quando estava defendendo seu projeto, algumas vezes pedia minha intervenção na descrição dos casos que estávamos acompanhando.

Ao final do dia depois de ingerir uns três litros de água com a insistência vivaz de Camila, e andar por várias salas do Ministério da Saúde, voltamos ao hotel completamente pregadas de cansaço, o clima exigia muito mais do nosso corpo. Mais uma vez jantamos no hotel, Camila além de cuidar de mim, era todo tempo gentil, sempre me arrancava um sorriso com um aperto na minha cintura, um comentário jocoso sobre alguém que passava perto de nós, ou simplesmente com um afago doce.

Estávamos esperando a sobremesa, quando vi entrar pelo restaurante, alguém que eu não estava preparada para ver, aqueles cabelos lisos, castanhos, corpo impecavelmente vestido num tailer preto, e aqueles olhos amendoados, que preenchia minhas lembranças, que fazia eu derreter diante deles, não podia ser... Só podia ser alucinação... Mas não, não era, Suzana estava ali, a poucos metros de mim, o sangue fugiu do meu rosto, minhas mãos tremiam e suavam, Camila as segurou:

- Isa? O que houve?