domingo, 10 de julho de 2011

1ª temporada: Porque sei que é amor: CAPÍTULO 28

CAPÍTULO 28: ARRUMANDO AS MALAS


Pedi rescisão do meu contrato do hospital para dedicar-me exclusivamente ao meu projeto da tese do mestrado e aos preparativos do meu casamento com Camila. Não voltei a procurar Suzana no hospital como prometi, Camila se encarregou de sua alta e assim ela poderia voltar para o Rio. Tratei de comunicar a tia Sílvia e Lívia sobre nossa decisão, minha irmã estava radiante com o resultado do concurso da procuradoria, rompera o namoro com Afonso, mas estava bem.

Passava todo meu dia em casa trabalhando no meu projeto, as folgas que Camila conseguia, aproveitávamos para ver detalhes da cerimônia simbólica de nosso casamento, aceitamos a sugestão de Carmem, e faríamos na chácara da família dela, Vô Elias se ofereceu para presidi-la, o que aceitamentos imediatamente. Vitor veio deixar as chaves do apartamento e agradeceu a hospitalidade, não perguntei nada de Suzana, apenas o abracei e desejei boa sorte a ele e a irmã.

No final de novembro, estava agendada minha entrevista na embaixada dos EUA para a concessão do visto o qual Camila já conseguira, a essa altura o meu projeto da tese já fora aceito pelo orientador de Camila, o fato de ter ligação com a pesquisa de Camila, influenciou muito na aceitação. Viajei então para São Paulo, Camila não pôde me acompanhar, mas lá, Olívia me faria companhia.

Olívia, não estava mais namorando Cláudia, e estava arrasada com isso, voltara a sair com rapazes, mas confessava não ter o mesmo prazer que sentiu com o relacionamento com sua ex. Já havia concluído também sua residência em oncologia, se preparava para o concurso do Instituto Nacional do Câncer. Levou-me até a embaixada, e almoçamos lá perto mesmo depois.

Chovia muito em São Paulo, tive medo de voltar dirigindo para Campinas, liguei para Camila e ela concordou que não era boa idéia pegar a estrada com o temporal. Resolvi então dormir na casa de Olivia e partir no dia seguinte.

Minha amiga convidou-me para conhecer um espaço cultural no centro de São Paulo, uma espécie de bar-café, entendi que o público era GLS, e fiquei curiosa para ver o comportamento de Olívia lá, uma vez que nunca a vi em um ambiente assim sóbria. Era de fato um cenário muito agradável, várias mesas redondas dispostas em frente a um pequeno palco, lateralmente um balcão expondo diversos pães e doces e uma sequência de máquinas de café ao fundo do balcão. Na outra lateral um pequeno espaço de leitura com poltronas e algumas estantes e dois computadores.

Sentamos em uma das mesas, engrenando um papo descontraído, falava dos preparativos para o meu casamento animada, Olívia ria do castigo que Camila me impusera de não fazermos amor até o casamento, Lili apelidava-me de mulher aranha, dizendo ter medo de ser atacada por mim logo mais na cama dela. E nesse clima ameno, vimos a noite chegar em São Paulo. Olivia flertava descaradamente com várias meninas, eu ria divertindo-me da “gula” da Lili.


Vi adentrar no lugar, um rosto conhecido, apertei os olhos a fim de confirmar minha impressão, quando me assustei com o suspiro alto de Olivia:

- Ai não acredito! Pata que o paréu!

A exclamação de Olívia confirmou minhas suspeitas, Suzana estava ali, e dessa vez acompanhada, quando tentava discernir o rosto familiar da mulher que estava ao seu lado, lembrei, era Pietra, a ex-namorada de Laila.

- O que essa mulher está fazendo aqui? – Olívia estava irritada com Suzana depois do que lhe contei sobre o quase rompimento com Camila.

- Calma Lili, isso aqui é um point GLS pelo que tô notando, normal ela aparecer...

-Ai Isabela me poupe, essa criatura não mora no Rio? E quem é essa que está com ela?

- Ah Olívia, deve ter seus motivos pra estar aqui, e aquela é Pietra, ela é fisioterapeuta, lembra da Laila? Namorou com ela.

- Ai que deusa! Ela tá solteira?

- Sei lá Lili. – ri do olhar faminto dela acompanhando Pietra sentar-se junto ao balcão uma vez que não tinham mais mesas.

Suzana notou minha presença, sorriu, cochichou algo no ouvido de Pietra e caminhou em direção a nossa mesa.

- Mundo pequeno em Isa, você foge de mim e o universo conspira para nos encontrarmos. Oi Olívia.

Olívia só meneou a cabeça, fazendo cara de poucos amigos, ainda mais com o cumprimento de Suzana comigo.

- Oi Suzana, como vai?

- Isso é um pergunta médica ou só um hábito educado? – sorriu

- Depende, você está precisando de uma médica?

- No momento estou em reabilitação – apontou para Pietra.

- Bom que você esteja se recuperando, fico feliz.

- Camila como está?

- Bem obrigada.

- Já acertaram o casamento?

- Sim, será próximo mês antes de nos mudarmos para Boston.

- Que bom então... Cheio aqui hoje não é Olívia?

- Dias de quinta-feira o happy hour é sempre bem freqüentado, ficaram sem mesa não é?

- E’, chegamos tarde, com essa chuva o trânsito está pior.

Interessada em conhecer Pietra, Lili convidou Suzana para senta-se conosco, pelo jeito não entendeu o duplo sentido do comentário dela quando apontou para a fisioterapeuta, falando em reabilitação.

Pietra foi educada, mas demonstrou contrariedade por sentar na mesma mesa que eu, tentei ignorar sendo simpática, o que não adiantou em nada o clima embaraçoso. Na mesma mesa minha ex noiva que supostamente estava com a ex da minha ex... -Céus que *&&¨%$% é o mundo lésbico!- não sabia se a antipatia de Pietra era por causa de Laila, ou de Suzana, e viajando na maionese nisso tudo a faminta Lili, se insinuando para a fisioterapeuta sisuda.

- O que faz em São Paulo Isa?

- Entrevista na embaixada americana e você?

- Vim acompanhar a Pietra em uma conferência.

Só aí a Lili percebeu que as duas estavam juntas, a cara de decepção dela foi até cômica. Todo tempo ficava olhando pro meu celular, Camila me ligaria quando chegasse em casa, notei que celular novo de Suzana era igual ao meu quando os colocamos juntos na mesa. O papo estava animado, Suzana parecia relaxada na minha presença e eu na dela, não existia a tensão sexual que sempre regeu nossos encontros, parecíamos duas velhas conhecidas atualizando o papo, nem lembrei da promessa que fiz a Camila de não ter mais contato com ela, mas aquilo foi um acaso, não havia porque me sentir culpada. Pietra se entendia com Olívia, tanto que foram várias vezes ao balcão juntas, Lili estava de flerte com uma menina que estava sentada lá. A sós na mesa, Suzana puxou assunto:

- Isa eu não tive oportunidade de te pedir desculpas pelo que fiz no nosso último encontro, me excedi, sinto muito pelo que possa ter causado entre você e Camila.

- Não te dei oportunidade para se desculpar também Suzana, mas deixe isso no passado, ambas estamos seguindo caminhos diferentes, o importante é que você está viva, bem, agora tem que se cuidar viu doutora!

- Claro doutora, claro. De coração espero que você e Camila sejam muito felizes, percebi naquele beijo que o que nos restou até aquele momento foi uma atração, saudade de uma história mal resolvida...vocês se amam, isso está estampado, tive que reconhecer isso para seguir em frente, e ficarei bem.

Foi um alívio ter essa conversa rápida e tranqüila com Suzana, não havia mais cobranças nem mágoas entre nós. Estávamos todos de volta a mesa, quando um celular toca, reflexivamente Suzana atendeu:

- Alô, Suzana falando... Alô? Alô?

Suzana fez cara de interrogação, e disse:

- Estranho, tinha alguém do outro lado da linha, mas ninguém falou...

Senti um aperto no peito, olhei para o celular que Suzana colocava sobre a mesa...em segundos as peças se juntaram, coloquei minhas mãos sobre a cabeça, e as minhas lágrimas já davam sinais de surgir na minha face. Peguei o celular e vi a ligação, era Camila. Peguei o telefone imediatamente:

- Suzana, você atendeu meu telefone, era Camila!

- Isa desculpa não tive intenção... E...

Não esperei Suzana terminar a frase, levantei da mesa num supetão, afastando-me do barulho para ligar pra Camila. Não me atendeu como eu supunha. Voltei para a mesa catando minha bolsa, a avisei:

- Estou indo, Olivia preciso voltar pra Campinas agora!

- Isa pelo amor de Deus, é tarde, a chuva não parou, está mais perigosa ainda a estrada...

- Não adianta Olivia, estou indo.

A visibilidade da estrada estava péssima, parei várias vezes no acostamento, mas a possibilidade de ter mais uma vez estragado tudo com Camila me cegava mais. Demorei quase três horas, mas cheguei a Campinas, subi com o coração na boca, imaginando o que Camila estaria pensando de mim.

O apartamento estava vazio, nenhum sinal de Camila... Minha angústia só piorou, não esperei o elevador, desci as escadas correndo, nem sei dizer no que pensava eu só precisava encontrá-la.

Chovia torrencialmente em Campinas, mas nem me dei conta disso. Sabia que andando a pé pelo quarteirão não a encontraria, mas eu estava desnorteada, andei até uma loja de conveniências 24h, ensopada, parei diante da prateleira de chocolates, buscando lembrar qual sabor ainda não tinha dado a Camila, na minha cabeça se eu descobrisse o sabor preferido dela, era um sinal que tudo ficaria bem.

-AVELÃ! E’ isso! A cor dos cabelos de Camila!

Voltei para nosso apartamento, a um quarteirão de casa, andando pela chuva, ouvi o barulho de um carro se aproximando, parou do meu lado: Camila. Quando me dei conta, ela estava ali, na minha frente, na chuva, como eu.

- Cami... Eu vim pra te explicar... Não foi nada do que você possa estar pensando...

- Você não sabe o que estou pensando... Você é louca de vir dirigindo de São Paulo pra cá num temporal desses?

- Não podia deixar você pensar...

Meu ar começou a se travar no meu peito... Minha asma... Minha voz não saía mais, não lembro de mais nada, só dos braços de Camila me segurando quando caí sobre ela. Acordei no hospital, com uma máscara de oxigênio, e Camila dormindo ainda com os cabelos úmidos segurando minha mão.

- Cami...

Assustada, Camila acordou, ajeitando os cabelos, levantou e foi logo conferir meus sinais vitais.

- Cami...

- Shi... Fica quieta Isa, você tem que descansar.

- Mas... Cami eu...


- Isa... Descanse... Agora não é hora de conversarmos.

Não consegui decifrar o que o olhar e as palavras nas entrelinhas que Camila me direcionava... Só consegui enxergar a preocupação dela, o cuidado comigo. Durante a madrugada acordei várias vezes e Camila estava ali, do meu lado, em uma poltrona, e eu a olhava dormindo como sempre gostei de ver.

Ao amanhecer, não encontrei Camila na poltrona, ao invés dela, Bernardo estava de frente pra mim:

- Você não se emenda né Isabela cara de remela!

- Ai Bê... Cadê meu amor?

- Ela foi em casa, falou algo sobre ajeitar malas, sei lá, deve ter ido pegar roupas pra você.

- Ai meu Deus! Bernardo ela vai arrumar as malas pra ir embora! Ela vai me deixar!

- Ow Isabela, o que você roubou do carrinho de medicação? Quanto de morfina? Ou por acaso alguém te trouxe chá de cogumelo?

- Bê, a Suzana atendeu meu celular e...

- Quem? Isabela, estou com medo de você, acho que você injetou na veia coisa pesada!

- Bernardo me ajuda, me tira daqui, tenho que ir atrás dela, impedir que ela viaje sem mim...

- Aí cabou... Menina vocês se casam em dez dias, como que ela vai viajar sem você criatura?

- Cala a boca Bê! Vai me ajudar ou vou ter que carregar esse tubo de soro mostrando minha bunda nessa camisola pelo hospital?

Bernardo se assustou, apressando-se em atender minhas ordens, ficou por ali procurando uma roupa para que eu vestisse, mas não podia esperar mais, enfiei minha mão no bolso do jaleco dele pegando as chaves do seu carro, com uma mão segurei por trás a minha própria camisola e saí correndo pelo hospital em direção ao estacionamento. Nem me importei com todos os olhares para mim dos pacientes, colegas e funcionários, nem dei tempo aos seguranças me alcançarem, nem sei como minha asma não me atacou de novo, Bernardo corria atrás de mim, deixando escapar nos seus movimentos uma pluma, espalhando purpurina...no nervosismo ele deixava vir a tona sua identidade secreta...

Entrei no carro de Bernardo com a agilidade de um fugitivo de filme policial americano, mas como era de se esperar a trapalhona deixou as chaves caírem no piso do carro, assim acabei ficando com o bumbum na janela do carro pro espanto de Bernardo que chegava com os bofes pra fora, ouvi as batidas no vidro da janela, ao me virar vi o coitado se apoiando no carro para ninguém mais ver aquela cena decadente:

- Bicha dá pra tirar esses glúteos da janela do MEU carro, e me dar uma explicação decente pra essa cena de gaiola das loucas?

- Bê te juro que conto tudo, mas agora preciso que você me leve pra casa!

Bernardo não questionou, fez sinal pra que eu me afastasse, pro banco do carona, com cara de nojo pra mim e dirigiu para minha casa. Ele andava atrás de mim mais preocupado com meu bumbum exposto do que eu. Bati na porta ansiosa, já que não tinha minhas chaves. Nossa diarista Selma atendeu assombrada com minha pressa em adentrar em casa exibindo meu bumbum pela abertura da camisola.

- Selma a Camila está aqui?

- Não doutora, ela foi pra chácara da mãe, disse que tinha algo a fazer lá.

- Bernardo, vamos pra chácara.

- Isaaaa alouuu, você vai desse jeito? Não há tempo, deixa de ser puritano, até parece que você nunca viu minha bunda!

- Ow bicha baixa... A essa altura Campinas inteira já viu nem tem mais graça...

No caminho até a chácara, fui contando tudo a Bernardo, que me dizia:

- Bicha... Tu colou chicle na mesa da santa ceia, só pode...eita encosto...chuta que é macumba!

Passamos em frente a uma doceria e eu gritei:

- Páraaaaa Bernardo!


Meu amigo freou num reflexo instantâneo, fazendo os pneus cantarem, marcando o asfalto, gritou com um agudo engraçado:

- Que foi bicha? Quem morreu?

- Bê, desce aí, compra um chocolate com avelã pra mim é urgente!

- Tá desejando Isa? Como que Camila conseguiu te engravidar? Pior, sem sexo né? – zombou de mim ganhando um tapa seguro nos ombros.

Mas não titubeou, obedeceu-me. E continuamos nosso trajeto. Carmem estava no jardim da frente, e logicamente arregalou os olhos ao me ver com os cabelos bagunçados e vestida naqueles trajes, qualquer um pensaria que eu era fugitiva de uma clínica psiquiátrica.

- Carmem... Cadê Camila?


- Minha filha o que aconteceu com você? – Carmem olhava para Bernardo com uma interrogação na testa.

- Carmem, a Camila, onde ela está?

- Calma Isabela, ela passou direto pra estufa, nem falou comigo.

Saí correndo pela grama, em direção à estufa, cheguei ofegante, procurando Camila em meio aquelas centenas de espécies de plantas, flores, rosas. Avistei os cabelos cor de avelã de Camila, ao fundo, estava agachada, mexendo em um jarro. No canto da prateleira nosso anel, gelei, imaginando: “pronto, ela vai terminar tudo”. Aproximei-me, e abaixei-me onde ela estava agachada, atravessando seu corpo, depositei ali no jarro, que ela mexia, o chocolate de avelã que pedi a Bernardo para comprar.

- Avelã...é esse o seu preferido não é?

Camila virou-se imediatamente, sorriu discretamente, e balançou a cabeça positivamente.

- Cami você não entendeu nada, o telefonema... Foi por acaso, a Suzana estava até com a namorada dela lá, a Pietra, que namorou a Laila, ai, você nem lembra quem é Laila né? Mas é, nossos celulares, são iguais, ai tô misturando tudo... Não me deixa por favor meu amor, pega esse anel daí pelo amor de Deus não me deixa, juro que não fiz nada...
Camila deixou escapar um sorriso me interrompendo daquela avalanche de palavras desconexas:

- O que você está fazendo aqui sua louca? Isabela você fugiu do hospital? Como que você chegou aqui?

- E’ que Bernardo falou que você ia fazer as malas, e saiu sem se despedir de mim, não tava em casa, e chego aqui o anel fora de sua mão...

- Ei menina! Calma... Acho que te deram medicação que não autorizei...

- Cami... Por favor... Não me deixa...

- Isa... Tirei o anel, pra não correr o risco de perdê-lo na terra, ele está folgado esqueceu? Não te deixei, liguei pra Bernardo pedido que ele ficasse com você, porque precisava mexer cedo nessas mudas aqui.

- Mas e ontem...?

- Eu realmente fiquei chocada quando Suzana atendeu seu telefone, imaginei mil coisas, mas eu ia esperar você chegar para ouvir de você as explicações, e antes que eu pensasse qualquer outra coisa, a própria Suzana me ligou, explicando tudo, agradeceu-me por salvar a vida dela, e por isso não ia deixar que eu estragasse a minha com um grande mal entendido...

- Mas porque você não me falou nada ontem a noite?

- Eu fui te tirar da chuva sua doida! Fui em casa não te encontrei mas vi seu carro na garagem, saí dirigindo preocupada quando o porteiro falou que você tinha saído a pé! E aí quando te encontrei, você já chegou falando coisas sem nexo, só pude te segurar e levar pro hospital!

- Cami... Eu não acredito...

Sorri sem graça pensando em todo papelão que prestei...quando fui tomada de susto por um grito de Camila:

- ISABELA BITENCOURT VOCÊ VEIO DESFILANDO SUA BUNDA ATE’ AQUI?

Não resisti caí no riso, recuperando meu fôlego, enquanto Camila me abraçava, limpando as mãos sujas de terra na minha camisola.

- Onde é que eu vou amarrar meu burro? Vou casar com uma doida de pedra, atrapalhada, asmática, e uma tentadora do pudor!

Sorriu divertida, enquanto me beijava os lábios, andou dois passos atrás ainda me segurando, pegou nosso anel na prateleira, o beijou e recolocou no seu dedo.

- Agora vamos minha criança maluquete... Vestir uma roupa decente antes que minha família me interdite por eu casar com você... E ah! Parabéns, acertou meu chocolate... Já pode mesmo ser minha mulher!