quarta-feira, 28 de março de 2012

Justificando...

Oi pessoal, só para justificar o atraso na postagem: ontem fiquei sem net por manutenção do meu servidor, então só agora consegui atualizar, desculpem.
Beijos e até sábado

LEIS DO DESTINO: 2ª FASE

2.33 Pro re nata
Segundo as circunstâncias. 

            O beijo foi longo o suficiente para dissipar qualquer vestígio de dúvida sobre a realidade da cena.


-- Adoro suas loucuras meu amor. Quem disse que eu estava aqui?


-- A Vanessa me salvou da ira da Marieta quando me estabaquei no chão do quintal da sua casa... Agora sou oficialmente uma “cadela” que escorregou pelo muro da sua casa... Então a Vanessa me disse que você estava estressada, e decidiu vir pro sitio dos seus avós, supus que você estaria aqui.


-- Vamos sair daqui, quero te levar a um lugar...


-- Você quer me levar pro meio do mato? Está escurecendo já Nat!


-- Você já está no meio do mato Di! Além do mais sei que você não veio a pé, a estradinha para lá passam carros, vamos?


            Seguiram para o carro que Diana alugara a fim de não chamar atenção quando chegasse à cidade, Natalia tomou as chaves da mão da namorada e anunciou:


-- A surpresa agora quem te faz sou eu...


            Diana sorriu e consentiu. Em poucos minutos, Natalia estacionou mantendo os faróis do carro acesos, indicando o local incrível em que estavam: uma cachoeira escondida.


-- Uau! – Diana exclamou.

-- Vamos antes que escureça de vez...

-- Vamos pra onde?


-- Tomar banho meu amor.


            Natalia disse descendo do carro e se despindo diante da luz dos faróis.


-- O que você está fazendo sua louca?! – Diana perguntou assustada.


-- Estou me preparando para tomar banho, vai me dizer que a moça da cidade toma banho de cachoeira vestida?


            Natalia disse exibindo seu corpo nu com as mãos na cintura provocando Diana.


-- É perigoso Nat! E se aparecer alguém ou algum bicho sei lá!


-- Você está mesmo dizendo isso pra alguém que já pulou de um carro em movimento, pra alguém que escapou de um atropelamento e de um atentado a bomba?! Está com medo Di? Vai mesmo perder isso tudo aqui?


            Diana ruborizou, meneou a cabeça e passou as mãos pelas pernas para enxugar o suor delas.


-- Não vem? Pois eu estou indo!


            Natalia disse antes de pular das pedras na água.


-- Amor você não vem mesmo?


            Diana se apressou em sair do carro e igualmente se desafazer das roupas e saltar ao encontro da namorada.

           
-- Ai que água gelada!


            Diana exclamou enquanto Natalia gargalhava.


-- Vem cá então que vou te esquentar.


            Natalia envolveu a cintura de Diana colando seus corpos.


-- Ui... – Diana deixou escapar.


-- Ainda não fizemos amor assim, tendo só a natureza como testemunha...


            Natalia sussurrou sensualmente, apertando aquele abraço encostando Diana em uma grande pedra próxima a cascata.

-- Quero você Di, me toca...


            Diana não hesitou, encaixou sua coxa entre as pernas da namorada, deslizou sua mão pelos seios de Natalia em seguida sugou-os com sofreguidão, à medida que se deliciava ali, a morena se enchia de volúpia cravando nas costas alvas de Diana suas unhas, deixando escapar gemidos e uma súplica:


-- Toma tudo meu amor, é tudo seu...


            Natalia puxou o corpo de Diana para mais perto do seu, roçando seu sexo na coxa de Diana em um movimento contínuo e sincronizado, inundando o sexo de ambas fazendo crescer a excitação que não demoraria a leva-las ao ápice.


            Ainda com os corpos trêmulos, abraçados, Diana como atraída pela abundância da umidade vinda do sexo de Natalia, deslizou seus dedos e a preencheu suavemente, mas de maneira precisa, deixou seu polegar livre para massagear o clitóris edemaciado da morena levando-a de novo a um orgasmo incontrolável.


-- Adorei esse contato com a natureza meu amor. – Diana disse ao ouvido de Natalia.


-- Coisas que só o interior pode dar...


-- Ui... Adoro seu interior... – Diana disse maliciosa.

 -- Você é muito safada Di...


-- Ué, não estou dizendo nenhuma safadeza. Acho que seu interior é acolhedor, quente... Bem diferente da sua mão gelada aqui nas minhas costas.


-- Minhas mãos estão na sua cintura meu amor...


-- Então o que é isso gelado nas minhas costas?


-- Ah... Uma bichinha...


-- Bicho? Ai ai, tira! Tira!


            Diana sacudiu o corpo, pulou na água tentando afastar a visitante indesejada, enquanto Natalia caía em uma crise de risos com a cena.


-- Saiu? Saiu o bicho?


-- Di, era só uma perereca... Uma pererequinha inofensiva...


            Natalia pausava para controlar o riso, encarando Diana que ainda se sacudia.


-- Quem diria... A corajosa e convicta lésbica Diana Toledo fugindo de uma perereca?!


-- Ah você está me zuando? Pow! Aquela coisa gelada nas minhas costas!


            Natalia não conseguia parar de rir, até Diana usar sua principal arma: atacou a cintura da namorada provocando cócegas, até caírem na água e se entregarem a um beijo intercalado com mordiscadas nos lábios e queixos.


-- Agora eu estou congelando, vamos sair daqui... – Natalia disse com os lábios roxos.



            Correram para o carro depois de se vestirem de qualquer jeito, pulando para driblar o frio.


-- Você vai deixar o carro onde estava, próximo aquela árvore. Vou deixar a janela do meu quarto aberta para você entrar, vai ter que ficar escondida, tudo bem?


-- Acho que quando nossa relação deixar de ser clandestina vai perder a graça.


-- Acha mesmo é?


-- Acho. Você sabe, adoro emoção...


-- Sei... Meu amor, depois de te ver saltitar com medo de uma perereca, sua coragem e seu espírito aventureiro estão seriamente comprometidos!


            Natalia gargalhou. Diana estreitou os olhos e respondeu:


-- É isso que se ganha sendo fiel...  A zuação da namorada!


-- Hã?


-- Eu só deixo uma perereca se apossar do meu corpo, expulso as outras, e você fica aí me zuando...


            Natalia gargalhou de novo.


-- Você não vai me dissuadir, por melhor que sejam seus argumentos, eu vou te zuar pelo resto da vida por isso!

**********


            De volta a São Paulo, Diana preparou outra surpresa para Natalia. Estava convencida de que a estabilidade da namorada em muito dependia da presença dela. Assim, quando Natalia chegou ao apartamento de Carla, encontrou a loirinha a sua espera.


-- Meu amor que coisa boa te encontrar aqui. Já está com saudades?


-- Claro! Mas, vim aqui pra te levar pra casa...


-- Casa? Amor eu sou uma sem teto agora. – Natalia brincou. – E por mais que eu queria, não posso ir para nosso apartamento.


-- Confia em mim?


-- Claro que sim.


-- Então venha comigo.



            Diana segurou a mão de Natalia a levou até o elevador, apertou o número de dois andares acima do que estavam e conduziu a namorada até um dos apartamentos daquele andar.


-- A Carla me disse que o dono desse apartamento estava locando por seis meses e mexemos nossos pauzinhos, e ela alugou no nome da irmã dela. Esse é nosso endereço por um tempo. Assim quando todos pensam que você continua morando com a Carla, na verdade você vai estar aqui, comigo.


-- Você é incrível sabia? Já disse que te amo?


            Diana fez pose e respondeu.


-- Sim e sim. Mas pode dizer de novo, eu mereço.

           
            Natalia pulou nos braços de Diana, caindo sobre ela no sofá da sala daquele apartamento estranho.


-- Que tal inaugurarmos nosso novo endereço? – Natalia disse descendo sua mão pela barriga de Diana, posicionando-a dentro da calça da loirinha.


-- Excelente ideia...


__*************

            Depois dos dias de descanso, com o processo correndo, e a audiência de instrução finalmente marcada, Natalia voltou ao trabalho. Pediu imediatamente a sua assistente a lista das testemunhas arroladas pela defesa a fim de presumir a linha de defesa que Pedro seguiria.

         O trabalho agora se concentrava em revisar os primeiros depoimentos, elaborar as melhores perguntas a fim de provar não só a culpa de Acrisio, mas também obter elementos que possam configurar a participação de Douglas nos crimes e remetê-los à Procuradoria Geral da República.

            Apesar de esta não ser sua principal preocupação, Natalia se sentia apreensiva quanto ao seu reencontro com Pedro. Desde que assumira no passado sua relação com Diana, a exemplo de Lucas, o rapaz cortou relações com ela e a fotógrafa.

**************


            Danilo acordou Diana com um telefonema.

-- Fotógrafo não trabalha? Essa hora ainda dormindo maninha?


-- Danilo ainda estou sofrendo com o “jet-lag”... O que houve?


-- Preciso saber notícias da minha mulher, você foi visita-la como me prometeu?


-- Ah, sim! Está com uma barriga enorme! Está linda e empolgada agora que a estufa ficou pronta.


-- Estou morrendo de saudades a ponto de fazer uma loucura e ir vê-la.


-- Calma, você não pode sair do país agora. Depois com autorização da justiça, quem sabe quando seu filho nascer você viaja.


-- É... Duro essa espera. Você já recebeu a intimação?


-- Não, eu intimada?


-- Foi intimada pela promotoria. Assim como eu.

            Diana silenciou. Esperava que Natalia tivesse lhe comunicado isso, mas mudou de assunto.


-- Ainda não recebi, mas eu não estava no Brasil.


-- Está lembrada que dia é hoje?


-- Nem sei que dia é hoje Dan...


-- Aniversário de morte da mamãe.


-- Nossa...


-- A tia Alda encomendou uma missa, vou no jatinho com o papai daqui a duas horas, vem conosco?


-- Sim. Encontro vocês no aeroporto.

********

            Acrisio não escondeu a satisfação ao ver Diana entrando no jatinho.


-- Que bom que veio conosco minha filha.


-- Não chegaria a tempo na missa se fosse em vôo comercial. Obrigada por me esperar. Oi Dan, toma, fiz essas fotos.


            Diana entregou um envelope com fotos da Lídia em Nova Iorque. Danilo abriu ansioso, se emocionou e mostrou ao pai o material.


-- Lídia se tornou uma mulher muito bonita mesmo meu filho e será uma boa mãe.


-- Sim papai. Tive tanto medo do senhor não aceita-la.


-- Não vou negar que fiquei chocado, tinha grandes planos com seu casamento com aquela menininha fresca, mas eram meus planos, não os seus, fiz planos demais para vocês e errei muito.


-- Pai, por falar em planos... Qual é mesmo seu plano para o Douglas? – Diana indagou.


-- Você checou o que eu pedi? As clínicas?


-- Sim, meu médico, quer dizer o médico que eu conheço, me indicou dois lugares e disse que podia acompanhar o caso e referenciá-lo.


-- Ótimo, vou providenciar isso com o doutor Carraro.

            Acrisio guardou o papel no bolso do terno.


-- Pai, o Danilo falou que fomos arrolados como testemunhas de acusação?


-- O advogado me disse. Eu já esperava.


-- O senhor sabe que não podemos mentir não é? – Danilo perguntou.


-- Eu sei e nunca pediria isso também.


-- Então o senhor sabe que entregarei o Douglas não é? Nossos testemunhos vão ser contraditórios. – Danilo comentou.


-- Não se preocupe meu filho, meu advogado vai saber o que fazer. Até esse julgamento acontecer, espero que seu irmão já esteja sendo tratado nos Estados Unidos.


-- Pai, o senhor não sabe com o que está lidando. Se o Douglas for de fato um psicopata ou portador de alguma neurose grave, ele representa um perigo, por melhor que seja o tratamento, ele continuará sendo um perigo... – Diana argumentou, mas, foi interrompida.


-- Seu irmão está desequilibrado, mas, logo vai estar melhor minha filha, não se preocupe.


            Acrisio cessou aquela discussão emendando outro assunto trivial, instalando um clima familiar entre os filhos, relembrando momentos cômicos da infância de ambos trazendo à tona aquele pai que Diana tanto sentia falta.


            Em Campo Grande, instalaram-se na casa na qual Diana prometeu não mais colocar os pés, mas, a pedido do irmão, concordou em se acomodar até a missa marcada para as 16H. Tal espera naquela casa manteve vivas as lembranças despertas por Acrisio durante o vôo, provocando em Diana um sentimento discrepante de paz por enxergar de novo no pai o homem que ela amou e admirou, e um desconforto por se deixar seduzir por um homem sórdido que podia ter sido responsável pelo atentado contra sua amada.


            Talvez pela data, pelas memórias, pelo lugar, Diana sentia fortemente a presença de dona Alice perto dela, a sensação era estranha, mas, muito clara para a alma da fotógrafa: sua mãe estava feliz com o clima entre ela e Acrisio.

           
            A missa foi cuidadosamente organizada por Alda, e foi uma cerimônia emocionante para todos que admiravam Alice Toledo. Douglas retornou à Brasília imediatamente após a missa, estava envolvido em CPI que investigava denúncias contra um dos ministros do governo, assim, não podia se ausentar por mais tempo.


            Logo após a visita ao túmulo de Alice, Danilo e Diana seguiram com o pai de volta à casa da família, entretanto, no caminho, o Acrisio surpreendeu os filhos com um convite:


-- O que vocês acham de dormirmos na fazenda hoje?


-- Na fazenda?


-- Tenho que voltar a São Paulo hoje pai. – Diana respondeu.


-- Vocês se lembram das modas de viola que os peões faziam nessa época na fazenda? Sua mãe adorava, nem parecia moça da cidade no meio dos peões...


-- É verdade, a mamãe adorava, ela arrumava a gente com bota, jaqueta, xale, tudo! – Danilo comentou.


-- Verdade! Vocês chegavam tudo empacotadinho... – Acrisio gargalhou.


-- Ah maninha, vamos lá!  Amanhã cedo a gente volta pra São Paulo. Vai perder aquele churrasquinho?


-- Tá bom, vamos lá.


            Diana concordou, e os três seguiram para a fazenda de Acrisio, a pioneira do seu patrimônio. Lá o fazendeiro era tratado como um amigo dos funcionários, muitos Acrisio tratava como família, uma vez que o conhecia desde a juventude dele.

            O cenário parecia uma volta ao passado para Diana, vendo o pai ser recebido pelos peões com festa no rancho. Uma fogueira, os peões sentados em volta dela, dois violeiros, e uma grande mesa com acompanhamentos para o churrasco de fogo no chão de terra.


-- Patrão é assim que a gente se lembra de dona Alice, da alegria dela nas nossas modas, o senhor não entenda como falta de respeito não. Como o senhor pediu, teve missa na capela hoje, mas a roda de viola tinha que ter também. – O antigo administrador da fazenda disse.


-- Não se preocupe Jeremias, eu vim justamente esperando isso aqui, e trouxe meus filhos.


-- Mas a Diana está muito bonita! Parece demais com dona Alice seu Acrisio!


-- É verdade meu amigo...


            A atmosfera familiar provocou em Diana uma melancolia agradável. Tinha a impressão que se abrira uma fenda entre seu passado e presente e assim, ela pode reviver momentos da sua infância quando uma cena em paralelo se desenhava à sua frente quando rememorava seus pais dançando naquele terreiro ao som da cantoria simples daquela gente.

-- Você me daria a honra de dançar essa moda comigo minha filha?


            Acrisio estendeu a mão para Diana que hesitou por alguns segundos, mas, ao enxergar nele, o pai que ela tanto sentia saudades, a loirinha aceitou o convite, e desarmada, ousou se divertir com o pai naquela dança, quando se deu conta, já estava gargalhando com Acrisio quando erravam o compasso e acidentalmente pisavam no pé um do outro.


-- Agora eu me lembro por que te colocava sobre os meus pés quando dançávamos... Nós dois temos dois pés esquerdos pra dançar o bailão!


            Aquela noite, Diana teve a certeza que seu pai ainda estava ali, enxergou honestidade, captou verdade, e de uma forma inexplicável, viu crescer dentro de si a vontade de estar perto dele e concluiu em pensamento que Acrisio estava sendo honesto na tentativa de proteger os filhos à sua maneira e assim não podia ser culpado do atentado contra Natalia.