terça-feira, 12 de junho de 2012


Enfim meninas o fim!
Ufa! Mais de um ano nessa web, praticamente E o vento levou lésbico!kkkkkkkkkkkkk
Sem brincadeira meninas, são quase 1500 paginas do word, uia!
Quero agradecer profundamente hoje a todas vocês que me seguiram fielmente por mais esse romance, e quem torceu, curtiu esse casal que aprendi a gostar por causa de vocês =).
Um agradecimento todo especial para a moita que em peso saiu da surdina para manifestar o carinho, todas que me seguiam no HD e migraram para cá. Não vou citar todos os nomes, mas, Lidy, Suh, Agatha, Alcione, Fê, Rô, Fernanda, Laila, Lala, Dama, Valdeneide, Ju, Cacá, Vivi, enfim todaaaaaaaaaaas.

Outro agradecimento especial para outra pessoa sem a qual esse conto não seria possível, ou pelo menos não sairia tão bom como ficou modéstia parte cof cof cof rsrs: Têmis muuuuuuuito obrigada! A melhor leitora beta de todos os tempos! Muito obrigada pela dedicação, paciência e por todas as opiniões que você deu, as quais segui (só que ao contrário kkkkkkkkkkkk).

E claro agradecer ao amor da minha vida, a minha namorada eterna, minha inspiração perfeita. Meu amor nosso primeiro dia dos namorados separadas fisicamente, mas meu coração está com você! Minha declaração de amor está aí, emprestei a Natalia, mas é tudo que quero para nós, te amo!

Queridas espero que me acompanhem no próximo projeto, que está montadinho na minha cabeça, espero meu ombro deixe eu colocar em prática, aguardem as novidades por aqui! Bjos a todas!

LEIS DO DESTINO - CAPÍTULO FINAL


2.40 Omnia vincit amor
O amor vence todas as coisas


            Diana vibrava com a nova proposta de trabalho que recebera. O projeto encabeçado por Julia envolvia grandes nomes do meio artístico em diversas atividades, na música, dança, artes plásticas, com um tema em comum: “Diversidade nas cidades, o amor em todas as formas”. O conceito envolvia o registro, a expressão de todas as formas de amor captadas pelas diferentes manifestações das artes nas grandes cidades, amores que transcendiam tabus de sexo, cultura, cor, religião, idade, entre homens e mulheres, famílias, enfim, todas as formas de amor.


-- Julia muito obrigada por ter me chamado para esse projeto, vai ser bom ocupar minha cabeça com trabalho agora.


-- Imagina! Eu é que tenho que te agradecer. Com você no projeto vai ser uma grande força para conseguirmos patrocínio, divulgação, você está bombando no circuito Diana!



-- Exagerada! Com os artistas que você está reunindo, eu sou mera coadjuvante.


-- Mas me fala loira, como você está?


-- I will survive! – Diana brincou.


-- Não tenho dúvidas disso.  Mas quero saber como você está com todo esse drama de novo te cercando.


-- É meio paradoxal pra mim Julia. Meu pai está preso depois de quase ser assassinado pelo meu irmão que tentava matar minha ex-namorada, e mesmo assim, é um dos melhores momentos da minha relação com ele, isso tudo trouxe meu pai de volta pra mim, ou eu voltei a ser filha dele...

-- E quanto a Natalia?


-- Natalia não é capaz de me amar como nossa relação precisa para sobreviver Julia, e eu não estou mais disposta a aceitar qualquer coisa, qualquer condição para ficar com ela. Depois de tudo que passamos, de toda tragédia que esteve de pano de fundo na nossa história, eu não quero nada menos do que tudo.


-- Pela primeira vez sou obrigada a me calar em um assunto seu. Não tenho argumentos, você está certa.



-- Mas... Só o que me interessa nesse momento é esse projeto. Quero iniciar imediatamente, e vou fazer uma parte no Brasil também.



-- Quando você pretende voltar ao Brasil?


-- Não marquei uma data, mas não quero ficar muito tempo longe do papai.


-- Então na próxima semana nos reunimos na Galaxys, vou explanar todo o projeto, os objetivos, as diretrizes, as linhas de abordagem conceitual, tudo, já confirmei a presença da maioria, conto com você não é?



-- Claro Julia.
************


            Danilo se surpreendeu quando Lídia lhe avisou sobre a visita que o aguardara:

-- Doutora Natalia? Que surpresa a senhora aqui! Aconteceu alguma coisa?

-- Olá Danilo. Você tem alguns minutos para mim?

-- Claro doutora, sente-se, por favor.

-- Estive com seu pai na semana passada, ele te disse?

-- Não, não comentou nada. Mas a senhora foi visitar meu pai? – Danilo perguntou franzindo a testa.

-- Eu devia um agradecimento ao seu pai, pelo ato de bravura que salvou minha vida.


-- Meu pai foi mesmo muito corajoso, felizmente não aconteceu o pior, mas por incrível que pareça doutora, eu não esperaria outra coisa do meu pai, ele faria qualquer coisa por nós, os filhos dele, eu acho que ele não suportaria o sofrimento da Diana se algo lhe acontecesse.


            Nitidamente desconcertada Natalia engasgou, desviou o olhar e disse:


-- De qualquer forma, foi um gesto heroico.

-- Então doutora, eu estou curioso, foi visitar meu pai na prisão, e aqui? O que veio fazer?

-- Fiquei sabendo que o  doutor Pedro recorreu da sentença.

-- É verdade. Foi complicado convencer meu pai, mas ele aceitou.

-- É por causa disso que estou aqui. Acho que o mais adequado é solicitar um novo julgamento para seu pai, considerando os novos fatos do caso, seu irmão confessou publicamente a culpa.


-- Mas meu pai também confessou, acha que a confissão do Douglas tem mais peso?


-- Acho que com um bom advogado, vocês conseguirão um julgamento mais justo, o depoimento de Nilton Silva tem muitas brechas para comprovar a confissão do Douglas.


-- Esse é outro problema, meu pai não vai aceitar que a defesa dele se baseie na culpa de Douglas. Ele não suportaria passar por um processo, um julgamento, enfim. Meu irmão está muito perturbado.


-- Seu irmão é doente Danilo, um parecer psiquiátrico pode declará-lo inimputável, e será encaminhado para um hospital de custódia para tratamento.


-- Você acha mesmo?


-- Tenho certeza disso. Mas o caminho que o doutor Pedro está tomando, pode ser o mais longo e o menos adequado.


-- Então está sugerindo que troquemos de advogado?


-- Vocês tem o direito de fazê-lo, a julgar pelo que ele fez naquele tribunal, expondo a sua família, utilizando uma linha de defesa completamente equivocada, não acredito que o doutor Pedro seja o melhor advogado nesse caso.

-- Talvez você esteja certa.

-- Esse é cartão de um colega de faculdade. Ele é muito ético e competente, Dr. Marcos Cavalcanti. Procure-o, e diga que estou a disposição extra-oficialmente é claro para ajudar, ele é meu amigo, vai saber ser discreto e honesto quanto a isso.


-- Espere um pouco, eu entendi direito? A senhora ajudar no caso do papai? Doutora Natalia eu entendo sua gratidão por meu pai, mas, você sabe que meu pai é culpado de muitos outros crimes que o Ministério Público não conseguiu processá-lo.


-- Eu sei, mas ele não estava sendo julgado por isso. Era minha obrigação como representante do Ministério Público, ser imparcial e contribuir para um julgamento justo, e eu não considerei a possibilidade da inocência de seu pai, me deixei levar por minha mágoa, se eu tivesse pensado ou agido diferente, mudaria os rumos daquele julgamento e quem sabe o resultado não fosse tão desastroso.


-- A mágoa do meu pai foi por ele ter te separado da minha irmã não é?


-- Isso não importa mais, por que eu mesma fui responsável por nossa separação definitiva...

            Natalia baixou os olhos evidenciando o tom triste da sua afirmativa.


-- Doutora Natalia eu não sei o que aconteceu entre minha irmã e você, mas, Diana é a pessoa mais generosa que eu conheço, chega a ser boba de tão mole que é o coração dela, desde criança até nossa adolescência eu, Douglas e até nossos primos nos aproveitamos dessa bondade dela, aprontávamos, ela ficava possessa de raiva, mas dez minutos depois já esquecia tudo e estava de novo fazendo tudo que pedíamos nas brincadeiras. Eu não tenho a menor dúvida de que o coração dela está pronto para perdoar sempre, ela é a melhor de todos nós nessa família, igualzinha a mamãe, apesar de mais corajosa.

            Natalia sorriu timidamente e se despediu de Danilo, reforçando sua disposição em ajudar no caso de Acrisio. No seu coração a esperança de reconquistar seu amor recebia mais uma chama para motivá-la em seus planos ousados.

********

-- Oi Julia, já ia te ligar para confirmar a hora da reunião. 17h não é?

-- Sim, mas o local mudou. A Galaxys entrou em reforma, está um caos por lá. Será no antigo estudo da Virgin, a Rosana está ensaiando lá, conseguiu o espaço para a reunião.


-- Mas isso é na Times Square!

-- Algum problema?

-- Não é que... Estou do outro lado da cidade... Ok, eu vou me apressar aqui, até mais.

            Atrasada, Diana chegou ao local da reunião. Dezenas de artistas, patrocinadores e apoiadores do projeto estavam discutindo ideias, sugerindo atividades quando a fotógrafa se juntou a eles, sentando perto de Gerard que parecia entediado.

-- Perdi muita coisa? – Diana cochichou.


-- Oh sério? Essa reunião é praticamente uma DR coletiva! Gays são artistas incríveis, inteligentes, sensíveis, mas, são também os mais chatos para decidir qualquer questão, a mais banal que seja se transforma na mais nova polêmica da causa! Estamos há 40minutos discutindo a cor das letras da logomarca na mídia!


-- Pelo menos já temos a logomarca... A Júlia não soltou aquele berro dela para encerrar discussão de vez?

-- A Julia? Você está brincando? Ela é a pior de todas! Ela tem um conceito diferente para tom de verde! Você pode imaginar o que já saiu por aqui não é?


-- Ow... Alguém está de TPM hoje...  – Diana brincou.

-- Estou de ressaca isso sim... Sua ex-namorada está incontrolável, me lembre de não sair mais sozinho com ela, por favor!


-- Então quer dizer que Daniela voltou a sapatear por Nova Iorque?


-- Sapatear? Ela está sambando minha querida! Está um nível acima das sapas de plantão. Sabe que eu acreditava em vocês? Ela estava tão sossegada, dedicada a você... Arriscaria dizer que estava apaixonada!


-- Acho que você não está de ressaca, está de porre ainda! A Dani apaixonada por mim? Ela é uma grande amiga, sempre foi dedicada a mim, nosso namoro não funcionaria muito tempo, nossos egos são grandes demais.


-- Sabe por que não daria certo? Por que ela não é a Natalia!


-- Se só dá certo com a Natalia, eu estou ferrada meu amigo, por que com ela é que não funcionou mesmo! Olha que não foi por falta de tentativas.


 -- Então por que você não tenta com a Dani? E por falar nela...


            Daniela chegava com as roupas amassadas, as mesmas que usava na noite anterior quando saiu com o amigo.


-- E aí? Estou muito atrasada? – Dani cochichou fazendo careta.


-- Não, pelo que entendi, ainda estamos na paleta de cores...



            Diana brincou enquanto Daniela fazia cara de interrogação.


-- Credo Gerard, você está péssimo! O que houve?



-- Ah eu estou péssimo? Olha só quem fala! Você está com a mesma roupa de ontem e com hálito de chulé!


-- Sério? Está tão ruim assim?


            Daniela expirou perto de Diana.

-- Ai Dani! Sai pra lá! Está ruim sim, mas bem menos amargo do que o humor do nosso amigo aqui...


-- Sabe o que é isso? Crise da meia-idade gay. Perda de cabelos, mau humor crônico, insônia, queda na virilidade - Dani fez um gesto cômico com a mão inclinando-a e assobiando ao mesmo tempo - Li um artigo esses dias, há uma nova pesquisa em fase experimental já, para tratar a andropausa, que tal Gerard?


            Diana segurou o riso enquanto Dani encarava Gerard furioso.


-- Olha quer saber? Cansei de vocês, dessas piadinhas, desse monte de viado e sapa falando de verde musgo, verde esperança, verde lima, verde chá, verde oliva, verde jade, verde mar, verde turquesa... Aahhh! Eu vou embora, depois procuro a Julia para ver no que posso ajudar.



-- Ei espera! Fica, desculpa vai. Você vai se arrepender se for embora agora.


            Dani fez bico, segurando a mão do amigo que se rendeu, mais por vergonha de estar chamando atenção de quem estava perto, do que pelo apelo de Dani. A reunião avançou até a noite, Daniela estava visivelmente ansiosa, gesticulando para Julia por várias vezes acabou por chamar atenção não só da artista plástica, mas também dos seus amigos Diana e Gerard.


-- Dani você está querendo apressar a Julia? Tenho que te dizer que você não está sendo nem um pouco discreta. – Diana cochichou.



            Com o avançado da hora, Julia resolveu encerrar a reunião. Dani levantou-se apressada, alcançando imediatamente seu celular afastando-se dos amigos.

-- Que pressa heim?! Deve ser mais um rolo dela, ou o mesmo da noite passada. – Gerard supôs.



-- E você ainda acha que meu namoro com ela funcionaria?


            Gerard deixou escapar um sorriso amarelo.



-- Oi, e aí vamos jantar? – Dani convidou. – Estou faminta!



            Junto com Julia e Rosana, Diana, Dani e Gerard saíram do prédio em direção a um conhecido restaurante perto da Brodway.



            Os letreiros da Times Square  de repente começaram a exibir a mesma mensagem, fato que fez Julia chamar a atenção dos amigos:

-- Gente estou alucinando ou todos os letreiros estão pedindo para Diana olhar pra cima?

-- Han?!

Diana se assustou quando olhou os letreiros que diziam:



--“DIANA OLHE PARA CIMA, TENHO UMA MENSAGEM PARA VOCÊ”.


-- Oh my God! – Julia exclamou boquiaberta.



Os letreiros começaram a exibir a mensagem destinada a Diana, de forma sincronizada nos diversos painéis no topo dos altos prédios luminosos da avenida mais famosa de Nova Iorque:












Nesse momento um mímico mascarado, artista comum nas ruas de Nova Iorque surgiu diante de Diana de joelhos com uma linda rosa, semelhante às que apareciam nos telões.

            Praticamente em choque, com os olhos marejados Diana deu as costas ao mímico e saiu correndo pela calçada, mas, parou imediatamente ao ouvir a voz doce e familiar de sua amada gritando:


-- Não me diga não Di.


            O suposto mimico mascarado jogou a máscara no chão. Natalia com alguma timidez se vendo cercada de pessoas desconhecidas, atentas aos seus passos curtos e voz trêmula, insistiu:


-- Eu não quero mais minha vida, eu quero a nossa vida. Quero passar todos os dias te amando por que foi exatamente isso que fiz desde que te conheci. Quando te vi pela primeira vez Di eu sabia que minha vida mudaria, quando você me beijou pela primeira vez eu tive certeza que não conseguiria não me apaixonar por você... Quando nos amamos, eu senti que minha felicidade estava ali personificada nesses olhos que parecem entrar na minha alma quando me encara assim, nesse rosto que sempre habita meus sonhos, meus melhores pensamentos de desejo e saudade... É o seu corpo que eu quero perto do meu antes de dormir e ao acordar, é o seu sorriso que eu quero ver no final do meu dia, é a sua voz que eu quero escutar quando o resto do mundo quer me derrubar, é de você que eu quero cuidar, quero mimar, cobrir de carinho, mesmo que você tenha essa aparência de forte e inabalável. É ao seu lado que eu quero estar para me orgulhar do seu talento, celebrar suas vitórias, e segurar sua mão, te dar meu colo quando nem tudo for festa... Di eu quero tudo com você. Sem condições, sem segredos, sem imposições. Quero as disputas de vídeo game, quero a cozinha bagunçada por causa de simples achocolatado, quero as roupas espalhadas pela sala pela pressa de nos amar, quero as briguinhas infantis só para roubar as pazes com seu beijo, quero as cócegas, quero seus clicks abusados e inusitados pelo nosso apartamento, quero tudo isso e não vou desistir desse amor porque eu aprendi com um homem muito sábio que no fim de tudo, só o que importa é o quanto amamos e você é o amor da minha vida, e só isso me importa agora.

            Diana ainda muda, enxugou o rosto banhado em lágrimas, balançou a cabeça negativamente para o desespero de Natalia que deixando-se apossar ainda mais pela emoção, continuou:


-- Diana eu sei que não te mereço, que no fundo ainda sou aquela caipira insegura e ingênua morrendo de medo de ser exposta ao ridículo para todo o mundo, aqui a quilômetros de distância da minha casa, da minha zona de segurança, no meio de estranhos arriscando o que eu achava que era o mais importante: minha tranquilidade, minha paz de espírito. Eu demorei a perceber que assumir que te amo que assumir que sou sua não é me expor ao ridículo, e sim é estampar minha felicidade e que minha paz está em você. Eu demorei a confiar em você e enxergar meus erros por puro medo de te ver partir de novo e não conseguir sobreviver. Não me diz que demorei tanto a ponto de ser tarde demais para nós.

            A expectativa dos que assistiam a cena só não podia ser comparada à ansiedade de Natalia. A morena sentia o descompasso do seu coração acelerado, seus músculos tremerem, praticamente à beira de um colapso, quando Diana caminhou lentamente em sua direção.


-- Você tem noção do que acabou de fazer doutora? Você promoveu uma exibição a poucos metros da avenina que concentra os maiores espetáculos do mundo e praticamente parou a Times Square? Precisava mesmo de tudo isso? Tem noção do quanto me expôs e do quanto se expôs também? Tem ideia de que daqui a alguns minutos essa loucura que você fez vai estar nas redes sociais e em segundos o mundo todo vai assistir isso?


-- Eu... Eu só queria te provar que sou capaz sim, capaz de qualquer coisa por você.

-- Por que eu te desafiei?

-- Não claro que não...

            Natalia visivelmente desconcertada, demonstrando seu desespero com a frieza de Diana não conseguia responder à altura quando Diana a interrompeu:

-- Como você pode fazer tudo isso pra me pedir em casamento?

-- Eu...

-- E não me traz um anel decente de noivado?

-- Han?

-- É doutora Natalia! Você parou a maior avenida da maior metrópole do mundo, acabou de se tornar a caipira mais famosa do Youtube e me aparece aqui com uma mísera rosa para me propor ser sua esposa? Eu também quero tudo com você inclusive um anel de noivado!

            Natalia cambaleou tamanho era seu nervosismo e o tremor de suas pernas e foi amparada pelos braços de sua amada que delicadamente soltou os cabelos presos da morena que compunham seu disfarce de mímico, e assim quase abraçadas as duas se olharam apaixonadamente, permitindo a transparência de sentimentos há muito tempo nublada entre elas.

-- Eu não esqueci o anel. – Natalia praticamente sussurrou.


-- Jura?

            Diana indagou surpresa. Natalia apenas acenou positivamente. Ainda trêmula, a morena sacou do bolso da calça uma pequena caixa com duas alianças. Emocionada, notando os nomes delas gravados nas joias, Diana perguntou:

-- O que você ia fazer se eu respondesse não? Acha que a joalheria aceitaria de volta?

-- Não pensei nisso, se eu calculasse o prejuízo desistiria de casar com você.


            Diana sorriu.


-- Então Diana Toledo, você aceita ser minha mulher oficialmente?


-- Seria uma decepção pra esse público todo se eu dissesse não... – Diana brincou




-- Diana!



 Daniela berrou impaciente arrancando outro sorriso do casal.



-- É claro que eu aceito meu amor.



            Sob os aplausos das dezenas de pessoas que assistiam a cena, Diana e Natalia trocaram as alianças de noivado e selaram o compromisso com um beijo apaixonado. Os telões da Times Square que mostraram a declaração de amor de Natalia, agora exibiam animações de corações, estouro de champanhe e fogos, coroando o ar cinematográfico e romântico daquele importante passo do casal.



            Passado o momento de euforia, agora demonstrando alguma timidez, Diana e Natalia sorriram para os amigos que se aproximaram abraçando as duas enquanto a pequena multidão se dispersava.



-- Estávamos de saída para jantar, vamos comemorar o noivado de vocês? – Julia convidou.


            A noite então acabou se tornando uma celebração. Apesar disso, Natalia não estava à vontade na presença de Rosana, e tal constrangimento era recíproco. Ainda assim, Dani e Diana foram responsáveis por amenizar o clima estranho durante o jantar.


-- Natalia me diga, estou curiosa, como você conseguiu isso? Deve ter custado uma fortuna esses minutos nos telões da Times! – Gerard deixou escapar.


-- Deve ser mesmo... Mas, quem deve saber o preço é a Dani, devo tudo a ela.



-- Dani? – Diana retrucou surpresa.—Eu não posso acreditar que ela abriu a mão para patrocinar meu pedido de casamento!



-- Digamos que eu abri sim minha mão, valeu a pena.



            Dani estampou uma expressão maliciosa arrancando sorrisos dos demais na mesa.




-- Não estou acreditando nisso, fala Daniela o que você aprontou para conseguir isso? Sei que você é influente e tal, mas, parar a Times Square? – Lisa indagou.


-- Meu preço por isso acabou de chegar...



            Todos da mesa olharam imediatamente para a moça de traços orientais que caminhava na direção de Daniela com um largo sorriso.



-- Eu devia ter adivinhado isso... – Gerard bufou.



-- Gente essa é a Liu, ela é design gráfica, e trabalha na empresa que administra e faz manutenção nos principais telões da Times Square.


            Um coro quase ensaiado na mesa deixou escapar:

--Aaaah...



            Os risos vieram em seguida, especialmente com as caras e bocas maliciosas de Daniela observando a oriental. Entre Diana e Natalia a troca de olhares de encantamento despertava o lado romântico de quem as cercava. Por várias vezes Natalia flagrou Diana contemplando sua mão direita, com os olhos fixos na aliança de noivado colocada por Natalia horas atrás em seu dedo.



-- Parece um sonho pra mim. – Natalia disse ao ouvido de sua noiva.


-- Não quero acordar nunca mais então...



-- Eu morreria se você me dissesse não sabia? Naquela hora que você deu as costas eu achei que estava tudo perdido, nem sei de onde tirei coragem para gritar todas aquelas coisas...



-- Eu não te dei as costas sua boba, nem sabia que aquele mímico era você. Não imaginei que você fosse aparecer na frente de todos...


-- Você não estava me dando as costas?



-- Claro que não. Estava indo te procurar em algum daqueles prédios, ligar para você, algo assim... Precisava dizer sim ao pedido não é?



-- Então eu paguei aquele mico por nada? Você aceitaria meu pedido de casamento que fiz no telão? Não precisava berrar aquelas coisas para todos?


-- Hunrrum... Mas você começou a falar aquelas coisas lindas... Não resisti, estava toda derretida ouvindo você...



            Diana respondeu segurando o riso. Natalia balançou a cabeça negativamente, incrédula.



-- Que tal a gente sair daqui para comemorar nosso noivado mais intimamente...



            Diana sussurrou com malícia, despertando o arrepio na pele de Natalia que só acenou em acordo, mordendo os lábios.



            O trajeto no taxi até o apartamento de Diana foi um exercício de autocontrole para o casal. Por diversas vezes Diana precisou ser contida por Natalia que insistia em afagos voluptuosos na parte interna das coxas da noiva.

-- Amor para, o taxista está olhando... – Natalia dizia ofegante e excitada.



-- Estou louca pra sacramentar nosso noivado sabia? Preencher seu sexo molhadinho com essa mão aqui...




            Diana cochichou ruborizada de tesão exibiu a mão direita adornada com o anel de noivado.



-- Amor para... – Natalia sorria quase cedendo às investidas de Diana.


-- Aqui está bom senhor pode parar! - Diana disse ao taxista. – Chegaremos mais rápido se formos a pé.



            Diana declarou puxando Natalia pela mão. Não suportaram esperar para chegar ao apartamento. No elevador, Natalia pressionou o corpo da noiva contra o espelho e desceu com sua língua pelo pescoço da loirinha, intercalando com mordiscadas, despertando um vulcão de libido na fotógrafa.



            Os beijos famintos não cessaram até a entrada do apartamento, com dificuldade Diana encontrou a chave, as mãos nervosas de Natalia percorreram o corpo da sua noiva, se desafazendo das muitas peças de roupa que ainda cobriam Diana, empurrando-a para o quarto.



            Tomada de excitação, Natalia jogou Diana na cama, e sob olhos de desejo da loirinha, se despiu lentamente, exibiu suas deliciosas curvas e se aproximou da noiva retirando as últimas peças de roupa que lhe faltavam e só depois sentou-se sobre as pernas de Diana com as suas encaixadas na cintura dela, oferecendo seus mamilos eriçados à boca da fotógrafa que praticamente salivava como se estivesse diante de uma apetitosa iguaria.



            Sugou aqueles seios com urgência, apertou-os em suas mãos enquanto sua língua se deliciava cálida naquele volume. Natalia por sua vez, requebrava seus quadris no sexo encharcado da loirinha, sentindo a onda crescente de tesão apossar-se de cada centímetro de sua pele deixando-a a beira do gozo precoce.



            A intensidade daquele desejo gradualmente cresceu a ponto de derrubá-las  deitadas na cama, Natalia ainda sobre Diana, continuou a movimentar-se emparelhando seus sexos, roçando-os em um movimento contínuo, ritmado, quente, delicioso que arrancavam gemidos intermitentes, edemaciando os clitóris massageados simultaneamente, anunciando o ápice, configurado no tronco arqueado de Natalia e nos espasmos do corpo de Diana extasiada.

            A dimensão da saudade e da felicidade de ambas ficou estampada no sorriso bobo, enquanto se encaravam deitadas uma ao lado da outra.


-- Eu quero isso todo dia viu? – Diana determinou.



-- Pois não minha senhora. Só uma vez por dia?


-- Antes de levantar e antes de dormir, duas vezes está de bom tamanho.


-- Assim será minha senhora.



-- Sua senhora o que? Ainda falta um pequeno detalhe, está pensando que vai me engabelar assim? Só serei sua senhora quando essa aliança aqui estiver nesse outro dedo! Está achando que é só assim? Parar a Times Square, me dizer meia dúzia de palavras bonitas, se declarar publicamente e pronto? Naaão, falta o principal: casar!

-- Pois bem SENHORITA, eu sei que aqui em Nova Iorque o casamento gay é legal, podemos marcar para quando você quiser.  Mas... Você me desafiou a levantar a bandeira, lutar pelo nosso casamento, assim, eu acredito que tenhamos que esperar um pouco mais para fazê-lo no Brasil, porque precisaremos de uma medida judicial para isso.



-- Você está falando sério? Quer casar comigo no Brasil?



-- Claro que sim. Quero casar com você em qualquer e em todos os lugares que você quiser! É só você me dizer onde.


-- Você casaria comigo aqui? Moraria comigo aqui também?


-- Moraria onde minha mulher morasse, onde você mora?



-- Meu amor nós vamos ter que nos dividir entre São Paulo e Nova Iorque, meu trabalho é basicamente aqui, mas não quero ficar longe do meu pai... Eu sei que você tem seu trabalho e por mais que eu me sinta tentada a te arrastar comigo, eu sei o quanto significa para você exercer sua profissão. Mas não quero demorar muito tempo para casar com você, se é mais simples aqui, façamos aqui.



-- Então vamos providenciar tudo amanhã mesmo.


            Os planos do casal esbarraram na burocracia do sistema americano, adiando por três meses a união legal das duas. Quanto aos planos da festa de casamento, estes foram frustrados pela lista de espera nos buffets e dos principais salões e locais de festa da cidade.


-- Meu amor, vamos fazer algo simples, o que importa é nos casarmos, o que são três meses? Esperamos mais de dez anos separadas, agora estamos juntas. – Natalia disse.


-- Meu amor eu sei que só isso importa, mas eu queria que fosse especial, já perdemos tanta coisa nesse tempo, foram tantos desencontros, acho que nosso amor merece uma celebração.


-- Teremos muito tempo para celebrar muitas outras coisas. Eu te prometo.



            Natalia abraçou Diana que se abrigou no colo da noiva, trocaram carícias singelas, compartilharam notícias cotidianas, deixando uma a outra a par de suas vidas, quando o telefone de Diana tocou.


-- Oi Danilo, tudo bem?



-- Tudo ótimo mana, estou te ligando para dar uma ótima notícia.


-- O que aconteceu? Eu também tenho uma ótima noticia.

-- Foi marcado um novo julgamento pro papai. Dessa vez será diferente, ele mudará o depoimento dele, do Nilton, temos novas testemunhas, o advogado está empolgado, acho que o papai será absolvido dos assassinatos, mas terá que pagar por obstrução da justiça essas coisas...


-- Isso é ótimo meu irmão! Mas o Pedro com aquela linha de defesa dele... Sei não viu Dan... Sei que o escritório que ele trabalha é o maior de São Paulo, mas mesmo assim, eu já teria pedido outro advogado.


-- Esqueci de te falar! O doutor Pedro não é mais o advogado do papai. Aceitei a sugestão da doutora Natalia, ela me advertiu isso também, e indicou outro advogado, ela mesma orientou-o sobre o embasamento para conseguir novo julgamento.

-- A doutora Natalia? – Diana perguntou surpresa encarando a noiva.



-- Isso mesmo. Ela me procurou aqui na chácara há dois meses, sugeriu e eu aceitei, inclusive no caso do Douglas, o mesmo advogado está nos orientando.



-- Então nós devemos um agradecimento a ela... – Diana falou sorrindo.



-- Ela disse que estava fazendo isso para ser justa, e por gratidão por que nosso pai a salvou, imagine que ela foi a Tremembé visitar o papai?



-- Foi?



-- Sim. Mas me conte você a noticia boa mana.



-- Ah, vou me casar!



-- Sério? Quando? Com quem?



-- Daqui a três meses. Com o amor da minha vida...



-- Perdi alguma coisa? Como assim? Mas... É a doutora Natalia não é?



-- Claro que sim Dan! Pode deixar que eu agradeço pessoalmente a ela pela ajuda no caso do papai, eu te envio os convites pro nosso casamento!



            Diana desligou apressada, e indagou imediatamente:



-- Por que você não me disse isso?



-- O que? Eu precisava dizer isso? Fui visitar meu futuro sogro, só isso, como seremos da mesma família, era minha obrigação ajudar.



-- Você foi visitar meu pai na cadeia? Não teve medo do que as pessoas falariam? Sua reputação? O que foi fazer lá?


-- Eu tinha que agradecer pelo que fez por mim e... Agora vou ter que voltar lá, para pedir a mão da filha dele em casamento... Ops, acho que pulamos essa etapa, bom, então vou ter que voltar lá para convidá-lo não é?


-- Meu amor, você fez isso mesmo? Eu não posso acreditar... E ainda está ajudando no caso dele? Eu te amo sabia?



            Diana beijou Natalia que ficou pensativa.



-- O que foi? Que cara é essa meu amor? – Diana perguntou.



-- Estou aqui pensando... Eu te pedi em casamento, falei com seu pai... E você Diana Toledo? Quando vai pedir a minha mão aos meus pais?



-- Você está brincando não é? No interior? Seu pai me bota pra correr com uma 12!




                        As duas gargalharam.

-- Falando sério, eu quero que você venha comigo ao Brasil, vou te apresentar como minha futura mulher, chega de meias palavras, do dito pelo não dito, chega de disfarces da realidade. Quero chegar na casa deles na condição de noiva da mulher da minha vida, se eles aceitarem e me apoiarem será maravilhoso, se não, terei que aprender a conviver com isso, mas quero a verdade, nada mais de segredos.



--Eu estarei ao seu lado, com muito orgulho de ser a futura mulher da filha deles, pronta para acolhida ou desprezada... Não é isso que é casamento? Na alegria e na tristeza?



            Natalia sorriu emocionada e beijou delicadamente os lábios de Diana.



-- Você pode vir comigo ao Brasil? Minha passagem está marcada para depois de amanhã, não posso me ausentar mais, estou em estágio probatório, você sabe...


-- Eu vou sim, posso trabalhar no Brasil nesse projeto, vou comprar minha passagem.



            Como combinado, três dias depois desembarcavam em São Paulo.



-- Meu amor, eu preciso ir direto para o fórum, nos encontramos em casa?



 -- Quando você diz casa, diz, nosso apartamento não é?


-- Não sei... Tenho minha casa ainda, não acho certo morarmos juntas antes de casarmos...



-- Natalia Ferronato! Esqueceu-se daquela corda que amarrei em você?




-- Meu amor eu que te amarrei! – Natalia exibiu as alianças. – Não se preocupe não nos perderemos mais.




             Natalia beijou o rosto da noiva e entrou no primeiro taxi. Durante o resto do dia, Diana se deteve em preparar um jantar para surpreender a noiva, que para decepção da fotógrafa, só retornou ao apartamento da loirinha no final da noite.



            A juíza encontrou Diana dormindo no sofá, a mesa posta, as velas que possivelmente estavam acesas á sua espera já não guardavam chama. Natalia fez uma careta de arrependimento, evidenciando seu peso na consciência por ter frustrado a surpresa da noiva. Espiou e cozinha e sorriu quando confirmou o que suspeitara: a bagunça beirando um campo de guerra traduzia que a noiva cozinhara aquela noite. Silenciosamente depositou sua pasta no chão, tirou o blazer elegante de camurça que trajava e sentou-se na ponta do sofá, afagou o rosto plácido e alvo da sua amada despertando-a. Apertando os olhos Diana indagou:

-- Que horas são?



-- Quase meia-noite. Meu amor me perdoe. Eu tinha pilhas de trabalho acumulados, se eu soubesse que você tinha preparado jantar, eu teria vindo antes, mas perdi a hora...

-- Eu cozinhei para você, o único prato que aprendi até hoje...

-- A cozinha me disse isso... – Natalia disse segurando o riso.

-- Não tenho culpa, estou cumprindo sua vontade, você disse que queria isso...

            Natalia sorriu e roubou um beijo da fotógrafa.

-- Estou com fome, o que a mais nova chef vai me servir?

-- Olha não vem me zuar não viu? Meu talharim ao molho de camarão é espetacular!

-- Olha que fina!

-- Meritíssima, estás a fazer chacota dos meus dotes culinários?


            Natalia gargalhou se esquivando das mãos de Diana que já anunciavam o alvo: sua cintura.

-- Não Di... Não!

            Os apelos de Natalia foram inúteis, Diana foi ágil, derrubando a noiva no chão fazendo cócegas em sua cintura, toda pose da mais nova integrante do judiciário, rolando no chão com sua fina blusa de cetim, às gargalhadas como uma criança pré-escolar.

            Ao menos naquela noite o atraso de Natalia foi contornado. Todavia, as noites seguintes foram de sucessivas esperas intermináveis para Diana. Até mesmo os programas que agendava com amigos como Carla e Lucas eram desmarcados pela juíza, sempre com a desculpa do trabalho.

            Diana passava a maior parte do tempo sozinha, as constantes ausências de Natalia serviram apenas para a fotógrafa adiantar boa parte do seu trabalho, entretanto isso não a consolava, a ponto de provocar a primeira discussão no noivado, quase duas semanas após a chegada delas ao Brasil.

-- Amor? Você está em casa?

            Natalia entrou no apartamento chamando.

-- Amor? Di você já está em casa?

            Natalia abriu a porta do quarto e Diana estava sentada na cama, de braços cruzados, sobre a cama um pedaço de torta de nozes envolta em papel filme:

-- A Lídia te mandou, já que você não apareceu no jantar que ela preparou. - Diana disse se levantando.

-- Meu amor... Sei que está chateada, com razão, mas eu prometo que vou te compensar, é que esses dias tem sido muito corridos, perdoe-me...

-- Você me disse isso semana passada Natalia! Poxa eu entendo que você ame seu trabalho novo, adore essa carreira, que tem serviço acumulado, que você é irritantemente competente e perfeccionista, mas será sempre assim? Estarei sempre aqui sozinha esperando uma vaguinha na sua agenda? Será assim nosso casamento?

-- Meu amor, calma, claro que não será assim... Eu só estou me organizando...

-- Será que isso tudo é porque você está fugindo de aparecer em público comigo? – Diana perguntou em tom magoado.

-- Ah não Diana! Como você pode me perguntar isso?  Estou conhecida no tribunal como a juíza apaixonada do Youtube! E quer saber, não neguei, até ri quando ouvi isso, por que sinceramente estou me lixando para o que os outros falam ou pensam de mim. Só me importo com o que você pensa de mim, e me machuca saber que você pense isso depois do que fiz pra te provar o que sou capaz por nós!

            Diana colocou as duas mãos no casaco que vestia, suspirou fechando os olhos e falou baixo:

-- Desculpa, eu não pensei isso de verdade, só fiquei aqui na companhia da minha imaginação fértil, e essa hipóteses passaram assim de relance na minha cabeça.

            Natalia relaxou e abraçou Diana.

-- Eu te prometo que não será assim... Meus dias serão pra te fazer feliz.

            Natalia se esforçava, mas o tempo com Diana era curto e a loirinha não escondia insatisfação. Mesmo em casa, se afastava para atender telefonemas, acordava no meio da noite para fuçar algo na internet, o que acabava por entristecer a noiva.

            Numa manhã de sexta-feira, Natalia surpreendeu Diana revelando:

-- Não vou trabalhar, estou indisposta hoje. Quero passar o dia com você, te compensar por esses dias que trabalhei muito.

-- Está falando sério?

-- Claro que sim! Preciso só deixar uns papéis no tribunal, vem comigo? Depois nós saímos pra almoçar na serra que tal?

-- Ir com você no seu trabalho? Jura?

-- Ué, todo mundo já sabe quem é você pelo Youtube mesmo... Vamos?

            Diana saltou da cama animada como uma criança que iria ao parque.

-- Amor, vista algo mais sério tá? Vamos ao tribunal, não quero que falem mal das roupas da minha noiva.

-- Visto o que você quiser!

            Diana berrou do closet.

-- Vou preparar nosso café da manhã.

********

            Natalia estacionou e Diana estranhou:

-- Ué, aqui não é o fórum é?

-- Vem Di, é rápido.

            Mesmo sem saber ao certo onde ia, Diana a seguiu, entrou no prédio que abrigava vários escritórios, entrou no elevador e cochichou:

-- Amor onde vamos?

-- Só preciso resolver umas coisas aqui meu amor.

            Misteriosa, Natalia apertou o botão do quarto andar, chegando ao andar pretendido seguiu para o balcão, entregando para a funcionária uma pasta com papéis.

-- Terceira porta à esquerda senhorita.

            Natalia segurou a mão de Diana e seguiu pelo caminho indicado pela funcionária.

-- Nat isso... Isso... Isso é um cartório?! – Diana perguntou gaguejando.

            Natalia abriu a porta da sala indicada que se tratava de um pequeno auditório utilizado para celebrações de casamento. Lá estavam Danilo e Lídia, Carla e Lucas, Julia, Daniela, Gerard e Lisa, Vanessa sua irmã acompanhada do marido, Dona Alda e seus filhos os primos de Diana.

-- Meu amor o que é isso?! – Diana perguntou com a voz embargada e as mãos trêmulas.

-- Eu estive ausente todos esses dias batalhando por isso, conseguir judicialmente o nosso direito de nos casarmos como qualquer outro casal, não sei se algum colega vai embargar essa autorização, mas nós teremos aqui no nosso país nosso casamento, esse cartório aceitou realiza-lo e estamos aqui. Vamos nos casar?


-- Mas... Eu... eu...

            Diana tremia, não conseguindo se quer sorrir sem sentir os músculos de sua face tremerem tamanha era sua emoção.

-- O cartório vai nos casar de verdade? – Diana conseguiu perguntar.

-- É, descobri que a dona é militante da causa, além do mais, sabe aquela coisa do mundo gay, todo mundo se conhece... A mulher dela nos conhece, a propósito ela será nossa juíza de paz. Ah! Acabou de chegar.

            Natalia também visivelmente emocionada com a reação da noiva, segurando suas mãos, apontou com os olhos a juíza de paz entrando pela sala.

-- Madimbu?!

            Lucas e Carla foram os únicos a entender a exclamação de Diana e contiveram a gargalhada com um riso discreto. A antiga professora e perseguidora de Diana, Dorothea Gonçalves se aproximou do casal cumprimentando-as:

-- Então, estão prontas?

-- Sim meritíssima. – Natalia respondeu, enquanto Diana permanecia boquiaberta.

-- Ora doutora Natalia, vamos dispensar essas formalidades entre colegas não é?

            Dorothea parecia outra pessoa, ao menos no que diz respeito ao humor, apesar do peso ter reduzido visivelmente, conservava suas volumosas bochechas rosadas que lhe rendera o apelido dado por Diana. Entretanto, seu semblante estava menos tenso, percebia-se até mesmo um brilho diferente nos olhos, algo que só mesmo o amor poderia provocar.


-- Como vai Diana?

-- Be... Bem.

            Foi tudo que Diana conseguiu balbuciar.

-- Então vamos dar inicio a cerimônia, hoje o dia está cheio por aqui.

            Dorothea seguiu até a grande mesa de carvalho envernizado no centro da sala enquanto Natalia tentava trazer Diana de volta do seu estado de choque.

-- Ainda aceita casar comigo ou está se preparando para fugir?

            Diana pareceu relaxar, deixou um sorriso escapar, limpou o rosto das lágrimas de emoção, segurou a mão de Natalia e sob os olhares emocionados dos amigos e família ficaram diante da juíza de paz, de mãos dadas.

-- Estamos aqui hoje para garantir mais do que um direito de qualquer cidadão, estamos aqui hoje para celebrar o destino. Há quem chame de sorte, outros chamam de acaso ou conspiração do universo, mas o fato é que algo sobrenatural ou cósmico permite o encontro de duas pessoas, e o que é isso se não for destino? Destino é o fim de uma caminhada, ponto final de uma jornada, resultado de uma busca, penso que somos destinados ao amor, e quando o encontramos tudo muda: nossos planos, nossos conceitos, nossas barreiras interiores... O amor tem sua própria lei, que vence as leis da física porque dois corpos por instantes mágicos passam a ocupar um mesmo lugar no espaço, desafia as leis da matemática quando um mais um continua sendo um... Desafia qualquer lei de incompatibilidade quando une dois seres opostos, seja nas afinidades, seja na cor, na religião, na cultura... O amor desafia sobretudo as leis da conveniência, respeitando apenas as leis do destino, quando um ser está destinado a outro e ultrapassam os riscos dos encontros e a decepção dos desencontros para fazer valer a maior verdade de todos os tempos: amor sempre vence no final. Portanto hoje Diana e Natalia, e todos que estão aqui testemunhando essa união, vamos agradecer ao destino por mostrar sua força através do amor que hoje vocês vem afirmar em mais esse desafio às leis humanas. É com muita emoção e satisfação que celebro a união de casais do mesmo sexo porque é um prova que amar é sempre um desafio e admiro quem consolida essa luta em uma instituição declarada pela maioria como falida. O casamento não é uma instituição falida, é sim um dos desafios do amor nos dias modernos, eu tenho certeza que este vocês vencerão sem dificuldades.

            O discurso de Dorothea precedeu os protocolos frios daquele momento a ponto de tornar os termos técnicos igualmente emocionantes para todos ali presentes. Logo após assinarem os papéis, Dorothea foi cumprimentar o novo casal:

-- Meus parabéns, de todo meu coração desejo que vocês sejam muito felizes, assim como eu e minha esposa.

            Dorothea acenou para uma senhora de meia idade que entrava na sala. Segurou a mão dela e apresentou-a às ex-alunas.

-- Eu não sei o que dizer professora. Estou surpresa em rever a senhora assim, nessas circunstâncias.

            Diana tinha dificuldades em escolher as palavras mais adequadas.

-- Diana não precisa ficar constrangida. Não tivemos um passado muito bom não é? Não facilitei nem um pouco sua vida acadêmica e nem você a minha docência. Você era a aluna mais irritante que eu já tive! Para não utilizar outro adjetivo...

            Diana e Natalia não seguraram o riso.

-- Mas... Eu descontava em você a revolta que eu tinha do seu pai, eu o culpava por não ter conseguido ser a primeira mulher a ocupar uma cadeira no Supremo, por causa do seu pai, encerrei minha carreira na magistratura conhecida como a desembargadora que Acrisio Toledo desmoralizou, nunca consegui leva-lo a julgamento com todos os mandados que expedi nos inquéritos que chegavam a mim, fiquei obcecada em enquadrá-lo, leva-lo a julgamento, esse feito me colocaria no topo e eu marcaria a história da justiça brasileira... Enfim descarreguei minha frustração em você e fui muito injusta. O amor abrandou meu coração, me fez uma nova mulher, eu precisava dessa oportunidade para aliviar esse peso da minha consciência, quando Natalia procurou esse cartório, de pronto me ofereci para realizar o casamento de vocês.

-- E até usou da influência dela para conseguirmos a autorização da justiça para o nosso casamento civil.

            Natalia complementou. Diana arregalou os olhos incrédula.

-- Não foi nada, você teria conseguido sem mim também, só demoraria um pouco mais.

-- Professora, muito obrigada pelo que fez, pelas palavras, de certa forma, a senhora foi usada pelo destino para nos unir, afinal foi na disciplina da senhora, a qual cursei cinco vezes que conheci a Natalia.

            As três sorriram relembrando os momentos daquele semestre na disciplina de IED. Depois disso se despediram com um abraço sincero.

-- Meu amor eu não sei o que dizer, você me fez a mulher mais feliz do mundo hoje. Essa surpresa... E eu briguei tanto com você esses dias por causa de sua ausência e você...

            Diana não conseguiu concluir se entregando ao choro. Natalia segurou o rosto de sua mulher entre as mãos e disse:

-- Seu pai me disse que me salvou para sua felicidade, é minha missão honrar o que ele fez te fazendo a mulher mais feliz do mundo.

            Natalia beijou Diana mais uma vez, e disse:

-- Vamos agora? Temos uma festa nos esperando.

-- Festa?

-- Claro! Já viu casamento sem festa?

-- Você preparou uma festa?

            Diana beijou Natalia e seguiram para o local reservado para a festa. Uma bela propriedade afastada do centro da cidade foi o cenário para a festa com poucos convidados. Em um dos quartos da casa, Natalia preparou um lindo vestido branco para Diana usar, tão bonito quanto o dela. Para decepção da juíza, seus pais não compareceram, Vanessa e o marido foram os únicos da sua família a comparecer. No entanto, foi surpreendida pela chegada das amigas de infância e de muitas outras da república, as quais Carla se comprometeu a convidar.

            A felicidade das duas estava estampada. Dançaram juntas a primeira dança da festa, com a música que Natalia elegera como perfeita pra elas, depois trocando beijos e carícias delicadas ouviram os aplausos dos amigos envolvidos naquele clima de puro romantismo.



Mas o pior não é não conseguir
É desistir de tentar
Não acredite no que eles dizem
Perceba o medo de amar
Eu cresci ouvindo anedotas, clichês e
Chacotas
Frustrações
Sobre amasiar, se casar
Se entregar seria fraquejar
Te amo, te amo, te amo
E se o tempo levar você
E um dia eu te olhar e não te reconhecer
E se o romance se desconstruir
Perder o sentido
E eu me esquecer por ai
Mas nós somos um quadro de Klimt
"O Beijo" para sempre fagulhando em cores
Resistindo a tudo seremos
Dois velhos felizes
De mãos dadas numa  tarde de sol
Pra sempre
Te amo, te amo, te amo
(Vanessa da Mata)

E quando Diana achou que não podia mais ser surpreendida por sua mulher, Natalia cochichou:

-- Eu sei que você está pensando na sua mãe, queria que ela estivesse aqui... Não posso trazer sua mãe aqui, mas outra pessoa eu posso...

            Natalia apontou para a entrada do salão, Lucas trazia Acrisio devidamente vestido como pai da noiva, com o detalhe das algemas que foram retirada por Lucas com alguma pressa.

-- Mas... Como? Nat...

-- Seu pai precisava de uma pequena cirurgia ambulatorial, a gente deu um jeito de agendar para hoje e a caminho de volta para o presídio dar uma paradinha aqui com a escolta que Lucas se prontificou a reforçar, claro que tudo extra-oficialmente...

-- Justo você doutora Natalia Ferronato? Está dando um jeitinho na lei?

-- Antes de juíza, sou sua mulher, acho que você merece essa dança com seu pai no seu casamento.

            Diana profundamente emocionada não conseguiu responder, as lágrimas que corriam fácil pelo seu rosto expressavam o que se passava naquele momento. Acrisio se aproximou da filha, igualmente emocionado e perguntou:


-- Doutora Natalia, me permite dançar essa música com a noiva?

-- Claro senhor Acrisio.

            Natalia beijou a mão de Diana e a entregou ao seu sogro. Pai e filha dançaram sem trocar uma palavra, seus olhos diziam tudo.



Never Gonna Be Alone - Nunca Vai Estar Sozinha

 

Time, is going by
So much faster than I
And I'm starting to regret not spending all of it with you
Now I'm wondering why, I've kept this bottled inside
So I'm starting to regret not telling all of it to you
So if I haven't yet I've gotta let you know

O tempo está passando
Muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não passá-lo com você
Agora eu estou imaginando porque deixei isso preso dentro de mim
Então, estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você
Então, se eu ainda não o fiz, tenho que deixar você saber

You're never gonna be alone
From this moment on
If you ever feel like letting go
I won't let you fall
You're never gonna be alone
I'll hold you 'till the hurt is gone

Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Você nunca vai estar sozinha
Vou te abraçar até a dor passar

And now as long as I can
I'm holding on with both hands
Cause forever I believe
That there's nothing I could need but you
So if I haven't yet,
I've gotta let you know

E agora, enquanto eu puder
Estarei te segurando com ambas as mãos
Pois sempre acreditei
Que não há nada que eu precise a não ser você
Então, se eu ainda não o fiz,
Tenho que deixar você saber

You're never gonna be alone
From this moment on
If you ever feel like letting go
I won't let you fall
When all I hope is gone
I know that you can carry on
We're gonna see the world on
I'll hold you till the hurt is gone

Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Quando toda a esperança tiver desaparecida
Eu sei que você pode continuar
Vamos ver o mundo sozinhos
Vou te abraçar até a dor passar

Ooooh!
You've gotta live every single day
Like it's the only one
What if tomorrow never comes?
Don't let it slip away, could be our only one
You know it's only just begun
Every single day, may be our only one
What if tomorrow never comes?
Tomorrow never comes

Ooooh!
Você tem que viver cada dia
Como se fosse o único
E se o amanhã nunca chegar?
Não o deixe escapar, poderia ser a nosso único dia
Você sabe que apenas começou
Cada dia, pode ser nosso único
E se o amanhã nunca chegar?
Amanhã nunca vai chegar?

Time, is going by
So much faster than I
And I'm starting to regret not telling all of this to you

O tempo, está passando
Muito mais rápido do que eu
Estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você

You're never gonna be alone
From this moment on
If you ever feel like letting go
I won't let you fall
When all I hope is gone
I know that you can carry on
We're gonna take the world on
I'll hold you till the hurt is gone

Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Quando toda a esperança se for
Eu sei que você pode continuar
Vamos ver o mundo sozinhos
Vou te abraçar até a dor passar

I'm gonna be there all of the way
I won't be missing one more day
I'm gonna be there all of the way
I won't be missing one more day

Eu estarei lá de qualquer forma
Não vou desperdiçar mais nenhum dia
Eu estarei lá de qualquer forma
Não vou desperdiçar mais nenhum dia


            Após a música, Diana abraçou o pai demoradamente. Ao notar Lucas se aproximar Natalia pediu:

-- Só mais um minuto Luc, por favor.

            Lucas assentiu com um gesto e recuou. Natalia então se aproximou de sua esposa e seu sogro e disse:

-- Seu pai precisa ir agora meu amor.

-- Mas, já? – Diana retrucou triste.

-- Eu nem poderia estar aqui minha querida, foi um presente de sua noiva, quero dizer sua mulher não é? Presente mais para mim do que para você...

-- Ela não poderia me dar um presente melhor.

            Diana disse com os olhos cintilando a comoção verdadeira daquele momento.

-- Eu desejo do fundo do meu coração toda felicidade do mundo para vocês. Minha filha não poderia ter escolhido pessoa melhor para amar e casar-se.

            Foi a vez de Acrisio abraçar Natalia. Com algum constrangimento, mas de coração aberto Natalia retribuiu ao gesto encerrando definitivamente o ciclo de mágoas entre eles.

            Já era noite quando os convidados começaram a se dispersar. Danilo se aproximou da irmã para se despedir:

-- Mana, esse é o presente do papai para vocês, espero que vocês aproveitem. O jatinho está a disposição para quando vocês marcarem a viagem.

            Danilo entregou a Diana um bilhete escrito por Acrisio.

-- Ele disse que você entenderia.

--“Prometi a você que te levaria para conhecer um palácio de verdade, mais bonito do que os das fazendas dos contos de fada que eu improvisava quando você era criança. Agora você vai conhecê-lo junto com a sua princesa, aproveite. Amo você.”


            Diana sorriu enquanto uma lágrima descia solitária por sua face:

-- Não é possível, vocês vão acabar comigo hoje...

            Aos soluços Diana desabafou sorrindo.

-- O que foi meu amor?

-- Meu pai nos presenteou com uma viagem de lua-de-mel.

-- Sério? Aonde vamos?

-- Leste Europeu, quando todos pediam para ir a Disney quando era criança, eu queria conhecer os castelos em Praga e Budapeste.

            Diana disse despertando as gargalhadas de Danilo e Natalia.
******
            A viagem de lua-de-mel de Natalia e Diana teve todos os elementos românticos que o amor delas merecia. Em Praga e Budapeste, viram a riqueza de palácios e monumentos que remetiam a um passado de encantamento, enquanto em Viena se deliciaram com a cidade da música e das artes. Edifícios em art nouveau, palácios e pontes barrocas foram o cenário da renovação das promessas de amor eterno entre as duas, às margens dos rios Danúbio e Vltava, passearam de mãos dadas assim como nas incansáveis caminhadas pelas cidades mágicas e permeadas de deslumbramento nas quais Diana aproveitou para fazer as fotografias mais inspiradas de sua carreira.
           
            Apesar do clima de romance perfeito, como não podia deixar de ser entre elas, a viagem também reservou bons momentos de risadas e situações inusitadas. Especialmente quando flagradas em caricias ousadas pelos castelos tradicionais da Rússia. Na Rússia também, o frio as colocou em circunstâncias nada agradáveis.

-- Amor desculpa, mas não consigo assim... Não dá pra tirar o gorro e as meias?

            Diana disse fazendo careta.

-- Não. Se quiser fazer amor comigo hoje, vai ter que ser assim.

            Natalia disse beijando o pescoço da mulher.

-- Ah é? Então não vou tirar as luvas, deixe-me escolher, aquelas de lã!

            Apontou para o par de luvas sob a poltrona.

-- Não mesmo! Enlouqueceu?

-- Ué por que não? Encare as luvas como uma camisinha oras...
            Diana fez graça para Natalia que apertava os olhos.

-- Não vai tirar esse gorro e essas meias? Isso é broxante!

-- Não. Estou com frio meu amor! Esse aquecedor não está ajudando!

-- Claro que está, está fazendo 5 graus negativos lá fora meu amor!

-- Mas estou com frio!

-- Então vem cá que te aqueço, minha luva é quentinha...

            Diana exibiu suas mãos calçadas com as luvas de lã, o que fez Natalia recuar na cama.

-- Não, sai pra lá!

            O alvo de Diana foi alcançado, sobre o corpo da esposa, a loirinha atacou sua cintura fazendo cócegas.

-- Isso é golpe baixo Di!

            Natalia gargalhava enquanto Diana insistia nas cócegas até conseguir se desfazer primeiro do gorro, depois das meias da sua mulher.

-- Pronto, agora sim...

            Diana decretou pouco antes de envolver o corpo da namorada com o seu próprio corpo nu, roçando pela pele morena da sua esposa.

-- Eu te aqueço meu amor... – Diana sussurrou.

            Arrancou as luvas com os dentes e desceu com seus dedos pelo sexo de Natalia que se encharcava à medida que era tocado por Diana. Excitada pela umidade abundante se esvaindo pelas coxas de Natalia, Diana se deliciou naquele gozo com sua língua, levando sua mulher a alcançar o ápice quente, cessando qualquer sensação de frio do seu corpo.

            Obrigadas pelos compromissos de trabalho, o casal retornou ao Brasil uma semana após o casamento, prazo para a licença de casamento concedida a Natalia. Como combinado, Diana só retornaria a Nova Iorque para passar o tempo necessário para cumprir suas obrigações de trabalho.

            No final daquele mesmo ano, Acrisio fora submetido a novo julgamento, no qual foi absolvido das acusações de assassinato, como já cumprira quase um ano de pena, permaneceria por cerca de mais um ano pelos outros crimes dos quais fora acusado, como por exemplo, de obstrução da justiça. Quanto a Douglas, este foi considerado inimputável, e foi recolhido a um hospital de custódia.

            A única tristeza que ainda abatia o casal estava no fato do sofrimento de Natalia em não aceitar seu casamento. Esporadicamente falava com sua mãe, ou com seu pai, que mudavam de assunto quando Natalia mencionava visita-los com Diana. Dessa forma, Natalia decidiu simplesmente deixar que o destino se encarregasse de abrandar e tocar o coração dos seus pais, e se reservou ao direito de não visita-los sozinha, deixou muito claro para ambos que só os visitaria se pudesse levar Diana com ela e manteve as portas do apartamento delas abertas caso resolvessem visita-las.

            No recesso das festas de fim de ano, Natalia foi a Nova Iorque para o lançamento do projeto Diversity of Cities, no qual sua mulher estrelaria a composição fotográfica da campanha.

            A Galaxys estava lotada, a ampla divulgação da campanha foi um sucesso. A exposição de artes plásticas no segundo piso abrigou uma rica coleção de arte de Julia e Marco. No primeiro piso, as fotos de Diana estavam dispostas levantando boas críticas sobre o novo trabalho da fotógrafa.

            Natalia mais à vontade no meio social e artísticos da sua mulher, se orgulhava do talento de Diana. Convidada a fazer um discurso de abertura da sua exposição Diana subiu ao pequeno palco da galeria pedindo a atenção de todos.

-- Fico muito feliz que essa noite coroe o sucesso de um projeto sensível e profundamente rico em sua proposta. Diversidade nas cidades exibe não só todas as formas de amor encontradas pelas maiores metrópoles do mundo é também um chamado à tolerância e, sobretudo, sublinha a força do amor em sua diversidade. Quando fui convidada por Julia a compor a arte fotográfica dessa campanha fiquei profundamente honrada por fotografar tamanha causa, mas me preocupei pela responsabilidade, como um artista, eu também preciso de inspiração, e naquele momento do convite o amor não me inspirava. Absurdo dizer isso não é? Como o amor não pode me inspirar? Vejam: eu fui muito amada, amei muito também, mas naquele momento eu me via descrente do amor. Mas as cidades meus caros não reservam só um poço de diversidade, reservam também esperança inesperada, a acaso premeditado e todas essas contraditórias surpresas que tornam nossa vida um conto de fadas moderno para quem assim acreditar.

            Nesse momento, atrás de Diana, uma projeção se iniciava na parede, com fotos dela com Natalia.

-- Eu posso dizer que o amor que preenche minha vida hoje tem todos os elementos de um conto de fadas, mas o principal deles é a minha princesa encantada. Enfrentamos dragões juntas, vencemos as bruxas más disfarçadas de pessoas amarguradas, e transformamos com magia as adversidades que tentaram nos separar. Pelas florestas e castelos que passamos, foram muitas as ciladas que caímos nos prenderam em torres altas, distantes uma da outra, precisamos de bravura, sacrifícios e heroísmo para o beijo nos despertar para nossa felicidade.

            As fotos exibidas eram como um retrospecto da história das duas, entretanto, mais produzidas e sincronizadas com as falas da loirinha. Natalia profundamente emocionada sorria encantada enquanto as lágrimas cobriam sua face corada.

-- Escolhi essas fotos para também compor essa exposição porque nada expressa melhor para mim todas as formas do amor do que a minha historia de amor com a minha princesa. Com ela tive amor de amiga, amor de cama, amor de riso, amor de choro, amor de saudade, amor de luta e de paz, amor de arte, amor de brincadeira, de encontro e os muitos desencontros, amor de rotina, amor colorido e em preto e branco, amor de uma noite e meu amor pra vida toda.

            As cores se intercalavam nas fotos de acordo com a descrição deita por Diana, a transição das fotos eram passadas qual livro de contos de fadas.

-- Nosso era uma vez recomeçou várias vezes, mas o nosso felizes para sempre é um só. Nat você é minha vida, eu amo você.

            Se foi o destino que uniu Natalia e Diana pouco importava, mas sim o que as manteve juntas no emaranhado de caminhos que se desviaram, nas partidas que foram obrigadas a protagonizar e nos obstáculos que se ergueram contra seus sentimentos. Se as Leis do Destino brincaram com a vida das duas, o amor se encarregou de encerrar os pormenores e fazer valer o amor de pais e filhos, o amor de amigos, o amor de Natalia e Diana e consolidá-las como destino final uma da outra.

Fim