segunda-feira, 7 de março de 2011

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 19

CAPÍTULO 19: O REENCONTRO COM SUZANA


Camila olhou na mesma direção que eu e entendeu minha palidez:

- Isa? Você quer ir lá falar com ela?

Saí do meu transe, e respondi:

- Não, não é necessário. Podemos esquecer a sobremesa e subir agora?

- Tudo bem, como você quiser minha linda.

Camila chamou o garçom, enquanto eu observava Suzana sentar no balcão do bar de costas para nós, com certeza não nos viu. Levantamos e caminhamos em direção a saída. Não havia outro trajeto senão o que passava pelo bar, Camila caminhou à minha frente.

Ao chegar perto de Suzana, senti seu perfume quando ela jogava para trás seus cabelos, levantou-se no exato momento que passei atrás dela. Meu nervosismo me traiu de novo e a Isabela trapalhona tropeçou nas próprias pernas, caindo nos braços de Suzana.

Suzana visivelmente perturbada com nossa proximidade, não deixou de me segurar com força impedindo minha queda, permaneceu com os olhos fixos nos meus e com os lábios bem próximos dos meus também. Foram segundos de trocas de olhares, respirações curtas, até Camila me segurar pela cintura tirando-me dos braços de Suzana.

- Machucou-se meu bem? – Camila franzia a testa como se quisesse me trazer de volta a razão.

- Não, estou bem, vamos? – puxei Camila pela mão, procurando a segurança dela para me tirar dali.

Suzana não disse uma só palavra, ficou estática enquanto eu saía com Camila do restaurante. Eu continuava nervosa, Camila não disse nada, apenas me abraçou forte, beijando minha testa ternamente.

- Isa, você quer conversar?

Balancei a cabeça negativamente, enquanto me sentava na cama, retirando minhas sandálias. Ainda pensando em Suzana segurando-me, olhando-me... Queria saber o que ela fazia ali.

Que raios de brincadeira de mau gosto foi essa do destino que trouxe Suzana pra perto de mim quando eu começava uma relação maravilhosa com Camila?

- Isa, que tal então vestir uma coisa mais confortável? – voltou do banheiro numa lingerie deliciosa, perguntou-me já mexendo nas minhas coisas procurando algo para eu vestir.

- Camila... Eu... Desculpa...

- Ei minha querida, você não tem que se desculpar por nada...

- Mas, Camila, essa minha reação é ridícula...

- Isa, aquela mulher não foi só um caso, eu entendo isso. Quero muito que um dia eu também seja mais que isso pra você, mas por enquanto, quero que saiba que estou aqui se precisar desabafar com uma amiga tudo bem?

Sorri para ela e deixei que ela me despisse e vestisse uma camisola em mim, ela, estava de roupão, não me olhava com malícia, mas com cuidado e carinho. Eu me sentia segura do lado de Camila, sentia que ela era confiável e sincera comigo todo tempo.

Naquela noite não transamos, perguntou-me se gostaria de dormir sozinha na cama, eu recusei, dormi recostada em seu colo após muitos cafunés dela. Acordei antes de Camila, observei-a dormindo, me punindo por ainda me abalar tanto pela presença de alguém que me machucou profundamente quando eu tinha do meu lado uma mulher como aquela que além de linda, se desdobrava em compreensão e carinho comigo.

- Bom dia, Camilinha... – beijei-lhe com suavidade.

- Bom dia, minha linda... Dormiu bem?

- Nos seus braços e depois de tanto cafuné, impossível não dormir bem.

- Que bom... Você quer falar sobre ontem?

Sentei-me na cama, continuei fazendo carinho nos cabelos de Camila que retribuía a carícia e respondi:

- Camila... Não entendo como a presença de Suzana ainda me afeta tanto, não perdôo deslealdade, tenho nojo da relação doente dela com aquela Bárbara, ela não é mesma pessoa que me apaixonei, enganei-me com ela...

- Entendo, mas você acha que ela está com a tal Bárbara?

- Acho que sim, mas honestamente, não me interessa mais, ela me disse que faria de tudo para me reconquistar, e a única coisa que ela fez até hoje foi seguir como capacho da Bárbara, pelo menos é o que dizem as más línguas.

Eu sabia que Suzana continuava sendo vista pelo hospital com Bárbara, porque Lurdes e Letícia comentavam comigo quando nos falávamos pelo telefone. Jéssica disse em uma das vezes que nos falamos que elas estavam morando juntas, segundo boatos das enfermeiras.

Desde que mudei para Campinas, Suzana ligou-me apenas duas vezes nas primeiras semanas quando eu ainda morava com Bernardo, e nas duas vezes, ele atendeu a meu pedido, mentindo sobre eu não estar em casa.

- Isa... Você ainda a ama?

- Honestamente, Camila, não sei o que sinto por ela. Só sei que essa Suzana que se revelou pra mim com a volta de Bárbara, não, eu não amo, nunca amaria.

Camila escutava-me atentamente, não me julgava não me censurava, por ela, eu não temia me apaixonar. Ela se permitia conhecer, não havia mistérios, me fazia crescer profissionalmente, era calmo, tranqüilo estar com ela, até sua família eu já conhecia, e como me acolheram bem... Até laços encontrei lá.

Não existia aquela paixão avassaladora como senti por Suzana, nem muito menos aquele sentimento inédito, intenso, que me preenchia inteira, não tinha como comparar, mas o que Suzana me fez eu não era capaz de esquecer, nem muito menos entender porque ela estava com Bárbara e desistiu de mim.

Definitivamente, estava decidida a esquecer Suzana e apostar no meu relacionamento com Camila.

- Escuta Isa, que tal a mocinha tirar essa ruguinha da testa, tomar um banho bem gostoso... Eu preparo a banheira pra você... Exorciza esses pensamentos com os sais de banho... E depois eu quero te fazer um convite...

Camila levantou-se até o banheiro, em minutos voltou e me tirou da cama, e me empurrou para o banheiro, abraçando-me por trás beijando minha nuca, minhas costas, despiu-me e mandou que eu entrasse na banheira.

Segui suas ordens, devo ter passado uma meia hora na banheira, me dei ao luxo de não pensar em nada, exceto nos gestos amáveis que Camila me dedicava. De volta ao quarto, a mesa estava repleta, Camila pediu o café da manhã no quarto, talvez para evitar um novo encontro com Suzana, sobre a cama que não dormimos um short jeans e uma camiseta minha:

- Oi minha linda, o banho foi bom? – beijou meus lábios.

- Hurrum, maravilhoso – retribui o beijo.

- O cheiro da sua pele... Delícia! – passou seu nariz pelo meu pescoço, arrepiei.

- Tudo pra você... Temos tempo antes de sair? – cochichei maliciosamente.

- Temos todo tempo, porque hoje vamos conhecer a cidade, só amanhã temos os resultados de nossas reuniões de ontem.

- Opa, vamos fazer turismo hoje?

- Isso... Separei uma roupa bem leve pra você, se quiser tomar café na frente tudo bem... Vou tomar uma ducha bem rápido.

- Não... Eu espero pra tomarmos café juntas.

Camila entrou no banheiro, e eu fiquei ali contemplando o quarto, e o todo cenário que ela me preparou, eu não podia perder a oportunidade de fazer dar certo minha história com ela.

Entrei no banheiro ainda de roupão, e vi aquele corpo sob o chuveiro, não tardei em me aproximar, deixando cair o roupão pelo chão, olhando fixamente para Camila que sorria pra mim.

Entrei no box, e beijei Camila com toda a vontade desperta em mim pela mulher incrível que ela se revelava para mim. Ela me empurrou contra a parede, levantou uma de minhas pernas, tocou-me com paixão me suspendendo do chão nas estocadas que repetia no meu sexo. Eu arranhava suas costas, mordia sua boca, lambia seu pescoço como se quisesse provar de todo seu sabor, ouvi Camila gemer no meu ouvido, e eu queria que naquele momento nossos corpos se fundissem tamanho era o desejo de que aquilo não acabasse:

- Fica aí dentro de mim, Camila... Fica...

Repetia, não me referindo só a condição física, mas também a esperança, para que Camila ocupasse na minha vida, na minha alma o lugar que Suzana tinha posse. Não sei se ela entendeu ou não, mas continuou dentro de mim, e sugava minha boca ardentemente, subia pelo pescoço, deixando sua marca, eu que odiava isso, nem me importei, queria que Camila usasse de mim como ela bem quisesse, não queria amarras, queria ser dela e queria que ela fosse minha também, enterrando de uma vez por todas o que sentia por Suzana.

Tomamos café juntas, eu no colo de Camila, dando comida na sua boca, brincando com seus lábios, com suas bochechas... Queria aquele momento se repetindo sempre, podia ser feliz com Camila, comecei a acreditar nisso.

Conhecemos os lugares mais famosos da cidade, fotografamos tudo, Camila sempre com garrafas de água na bolsa não se cansava de me receitar mais goles. Visitamos o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional, o Senado, o Palácio da Alvorada, o Palácio da Justiça, o Museu JK, e outros pontos da cidade. Não era uma cidade empolgante como o Rio de Janeiro, mas a companhia de Camila deixava tudo mais bonito, mais agradável. Voltamos no fim da tarde para o hotel, completamente exaustas.

Havia um recado na recepção do hotel para Camila, ela teria que encontrar um dos representantes de uma famosa financiadora de projetos de pesquisa, em um restaurante na Asa Sul da cidade. Tratamos de nos arrumar, enquanto Camila terminava o banho, não resisti ao cansaço e caí no sono ainda de toalha.

- Ei Isa... – acordei e vi Camila já vestida e maquiada sentada ao meu lado na cama.

- Ué, você já está pronta? Espera 10 minutos que me apronto... Por que não me acordou meu bem?

- Você estava tão linda dormindo que tive pena de acordar...

- Que fofa que você é... - acariciei seus cabelos.

- Escuta, é um jantar chato, você está cansadinha, vou pedir um jantarzinho leve aqui no quarto mesmo, e você fica descansando, no máximo em duas horas estarei de volta.

- Mas eu quero te acompanhar, e você linda assim, os caras vão cair matando em você...

- Até parece que tem alguém no mundo que seja concorrência pra você... Mas não se preocupe, volto pra você rapidinho, nem vai dar tempo você sentir minha falta...

- Nem que fosse um minuto, eu já sentiria sua falta...

- Isa... Não faz assim comigo que eu me apaixono...

- Seria tão ruim assim?

- Não... Desde que você também se apaixonasse, mas é cedo pra isso. Só não é cedo pra o jantar, vou me atrasar se conseguirmos esse financiamento posso até pensar em um aumento pra equipe, já pensou?

- Ah, então vai meu bem... E volta logo... Mas certeza que não quer que eu vá?

- Querer eu quero, mas agora não dá mais tempo – sorriu e me beijou se despedindo.

Não sei por quanto tempo eu dormi se foram dez ou quarenta minutos, acordei com batidas na porta, imaginei que fosse o jantar que Camila pediu pra mim, e do jeito que eu estava só de toalha atendi a porta.

Ao abrir, me deparei com os olhos amendoados de Suzana me fitando como se quisesse tirar só com o desejo aquele pano felpudo que me envolvia.

- Posso entrar?

- O que você quer aqui, Suzana?

- Se você me deixar entrar, posso dizer.

- Nada que você tenha a me dizer me interessa.

- Se não me deixar entrar eu falo daqui mesmo e se fechar a porta na minha cara, fico berrando daqui do corredor até dizer tudo que tenho a falar.

Eu sabia que Suzana era capaz disso, lembrei de quando ela desceu na chuva e começou a berrar comigo na calçada perto do prédio quando encontrei Bárbara na sua casa, para evitar o escândalo, deixei que ela entrasse.

- Fala rápido Suzana, não quero que Camila te encontre aqui.

- Ela acabou de entrar em um táxi, por isso aproveitei a oportunidade que o destino está nos dando para esclarecer as coisas.

- Estou escutando, fala – cruzei os braços, nem a mandei sentar definindo minha pressa de me livrar dela.

- Tentei falar com você várias vezes, mas você não permitiu que eu me aproximasse...

- E’ porque não quero falar com você Suzana... A última vez que nos falamos, sua dona te arrastou e você nem lutou contra isso... Patético Suzana, aliás, como você está aqui sem ela? Ela te colocou um cinto de castidade?

- Ela não é minha dona, que droga Isabela!

- Não é o que parece Suzana, estão até morando juntas né?

- Sim estamos, mas...

- Quer saber não me interessa... – ouvir a confirmação disso foi doloroso.

- Isa, eu sinto sua falta, eu te amo...

- Você é doente Suzana... Como você me diz que está morando com a mulher com a qual você me traiu, a mulher que te controla, e em seguida diz que me ama?

- Por que é a verdade. Em todo esse tempo não parei de pensar em você um dia sequer, estava sempre procurando um jeito de saber notícias suas, tenho acompanhado seu sucesso na pesquisa, e tentando achar um jeito de te trazer de volta pra mim...

- Você tem pensado nesse jeito dormindo com Bárbara? Você precisa de tratamento Suzana.

- Que droga eu e Bárbara não estamos juntas Isabela! Não estou com ninguém! Ao contrário de você que está passando de mão em mão... Primeiro Laila, depois essa Camila.

- Eu não admito que você me julgue assim!

- Quem me garante que você e Laila não tiveram algo no carnaval que eu não flagrei? E com essa Camila... Aquela história afinal foi mesmo verdade, quantas vezes você me chifrou com ela?

Não contive meus movimentos, com os olhos tomado de lágrimas de raiva, desferi um tapa na face de Suzana que virou o rosto e revidou imediatamente. Quando eu tentei lhe devolver com a outra mão o gesto, ela segurou minhas duas mãos e se lançou sobre mim com toda força, roubando-me um beijo ardente, violento o qual não demorei em retribuir, com sua mão soltou a toalha do meu corpo e passeou com suas mãos pelo meu corpo nu. Pensei em Camila e tentei afastá-la sem sucesso, batidas na porta me livraram dela finalmente.

- Serviço de quarto, senhorita!

Apressei-me em recolocar a toalha que estava no chão, e abrir a porta, enquanto Suzana sorria com o canto da boca ajeitando os cabelos. O garçom entrou com aquele carrinho sofisticado com algumas bandejas de inox, estacionando próximo a mesa, perguntou se gostaria que ele servisse, recusei, dei-lhe uma gorjeta e ele deixou o quarto discretamente.

- Sai daqui Suzana!

- Isa eu senti no seu beijo que você ainda me ama me quer... não vou sair daqui.

- Suzana sai, por favor. Esse beijo não significou nada, não mudou em nada nossa situação.

- Significou muito, você lembra que sempre dizia isso? Que um beijo era muita coisa? Acabei de descobrir o porquê, seu beijo te denunciou, você me ama!

- Nada mudou, você me traiu e continua com a mulher com a qual você me traiu...

- Isabela! Quantas vezes tenho que repetir? Não estou com Bárbara!

- E está morando com ela por quê? Foi expulsa de casa de novo e está sem teto?

- Isa, estou cuidando de Bárbara, ela está doente.

- Doente? Você cuidando dela? Mas que história é essa?

- Bárbara descobriu ainda na Espanha, um tumor cerebral, inoperável, com metástases pelo pulmão, fígado... Como não tinha tratamento eficaz, optou por evitar o desgaste de quimioterapias, está sob cuidados paliativos para dor, mas em breve deverá parar de andar, falar e também perderá progressivamente o controle sobre suas necessidades... Sua memória, isso se alguma doença oportunista nos outros órgãos lesados não a matarem primeiro.

- Mas porque você está cuidando dela? Ela pode contratar as melhores equipes, e a família dela?

- Isabela, eu devo isso a Bárbara. Se não fosse por ela, eu não seria a médica que sou hoje. Ela voltou ao Brasil para terminar os dias comigo, eu sou a família dela, os pais dela já morreram, não tem irmãos, tem primos e tios que moram na Europa, mas nunca foram muito chegados a ela.

- Mas Suzana e o filho dela? Não veio com ela?

- Veio, mas já está com o pai, Bárbara já sente os efeitos da doença, ela não quis que o filho testemunhasse o sofrimento que ela vai enfrentar.

- Porque você não me disse isso antes? Como ninguém sabe disso?

- Bárbara é uma mulher orgulhosa, me fez prometer que não revelaria a ninguém, a primeira pessoa que estou falando é para você. Ela já se afastou do cargo no hospital, você é neurologista Isabela, sabe o que um tumor desses pode causar.

- Mas que tipo de relação vocês tem Suzana? Ela te trata como propriedade dela!

- Isa tenta entender, Bárbara quer terminar os dias dela comigo, ela sabe o quanto te amo, ela se sente ameaçada por você... Escuta, tudo que ela me pediu foi que eu a amasse até sua morte... Queria se sentir importante para a única pessoa que ela amou de verdade.

-Jeito estranho ela tem de amar... Mas você então está com ela!

- Isabela, não é como você pensa, ela está sozinha, eu cuido dela, estou retribuindo o que ela fez por mim... Mesmo que ela tenha me humilhado, magoado, ela também me amou do jeito dela...

- Então quando ela voltou já foi despejando essa bomba em você? Você transou com ela por pena?

- Não! Ela só me disse sobre a doença, quando você terminou comigo, voltei para o apartamento naquele dia, e ela me consolou, aconselhou-me a lutar por você já que eu te amava tanto, mas os dias se passaram você não me atendia, me ignorava no hospital, ela então pediu que eu lhe desse a oportunidade de me compensar pelo que me fez sofrer...

- Então vocês voltaram.

- Não foi tão simples, eu soube de sua inscrição pro programa de intercâmbio, te procurei na neurologia, e escutei uma conversa entre Bárbara e o Jorge, seu preceptor, era uma consulta na verdade, e Jorge lhe confirmava o que os médicos de Madrid diagnosticaram. Foi então, que ela acabou me contando tudo.

- E ela pediu que você cuidasse dela?

- Isa, toda aquela empáfia de Bárbara caiu na minha frente, ela estava vulnerável, disse que Lucas estava voltando para Madrid a pedido dela, que revelou tudo ao ex-marido, e tudo que queria era passar seus últimos dias comigo, que precisava se sentir querida, e só comigo ela se sentia assim, depois de sua morte eu estava livre pra reconquistar você...

- Espera aí... Mas já que você aceitou isso, porque você pediu que eu ficasse com você antes de minha mudança para Campinas? Porque você está aqui Suzana dizendo que me ama?

- Por que é a verdade, eu te amo, só estou te pedindo pra que você tenha paciência e fique comigo... Depois que Bárbara...

- Calma aí, você está me pedindo para ser sua amante enquanto sua namorada moribunda padece? Está pedindo que eu espere ela morrer para retomarmos nossos planos? Que tipo de pessoa você é Suzana?

- O tipo de pessoa que está desesperada por perder a mulher que ama, mas que não pode abandonar perto da morte uma mulher que ela tanto amou e que tanto fez por ela...

Suzana começou a chorar copiosamente, eu, não sabia o que pensar, não sabia o que dizer, porque Suzana tinha que ser tão complicada?

- Suzana, é demais pra mim... Como você acha que eu me sentiria, desejando a morte de alguém para enfim ficar com você? E como poderia participar disso, sendo sua amante, você a traindo para estar comigo, enganando-a... Não Suzana isso é imoral, mórbido...

- Isa, por favor, eu não posso te perder, mas não posso trair também meus princípios, ela só pode contar comigo.

- Suzana, você me traiu com ela antes de saber dessa doença dela e mesmo que soubesse não mudaria nada o fato de você ter me traído... Você foi e está sendo mais leal a ela do que a mim... Guardando o segredo dela, ficando ao lado dela me pedindo um absurdo desses, não, não quero participar disso.

- Mas Isa... Eu te amo tanto... Me espera?
- Esperar? Suzana, você tá vendo esse jantar aqui? A mulher que você viu entrando naquele táxi, não é só linda, inteligente, é também a criatura mais doce e atenciosa que eu já convivi, é transparente, compreensiva, não me esconde nada, me trata como uma rainha... Você acha mesmo que é justo me pedir pra esperar você enterrar sua namorada pra ficar comigo ignorando sua traição e seu comportamento, no mínimo esquisito, ao invés de estar com essa mulher que só me faz bem?

-E’ você tá mudada... Até marca no pescoço você está exibindo... Transou com a Laila, cara... Não sei se amo essa Isabela, e essa Isabela não pode mesmo esperar um mulher que ela diz amar, tem que ocupar logo o espaço da cama vazia...

- Suzana, chega! Vai embora! Você não vai me ofender, você não tem moral pra isso. Volte pra sua namorada, continue sua obra de caridade, seja lá o que for isso, me deixa em paz, não me magoe ainda mais.

Com o rosto banhado em lágrimas, abri a porta para Suzana sair, ela visivelmente abalada, também com lágrimas nos olhos, parou diante de mim e vociferou:

- Nossa história ainda não acabou Isa.