domingo, 1 de abril de 2018

CAPÍTULO 29: LIÇÃO 25 – Seja refém apenas da sua felicidade



Naquela noite, após o almoço com Cris, a forte chuva de verão interrompeu nossos planos da famosa esticada, tão típica da minha amiga. O pensamento em Marcela só se intensificava, revivi nossa última conversa olhando pela varanda aquele temporal, bebericando o Cabernet de estimação.

O pensamento intenso, o desejo aceso pelo vinho, e minha covardia me fez procurar Marcela com minha máscara virtual.

-- Oi Marcela, está por aí?

-- Oi Lorena! Sobrevivendo ao temporal?

-- Uma chuva dessas deixa todo mundo de castigo, trancado em casa, em pleno sábado.

-- Bom seria se estivesse assim, mas acompanhada, não é mesmo Marcela?

-- Outra categoria aí! Quem dera curtir esse castigo acompanhada de uma certa pessoa do outro lado da cidade...

A última fala de Marcela me deixou insegura, e ao mesmo tempo intrigada. A outra pessoa seria eu? Precisava saber.

-- Essa pessoa do outro lado da cidade, seria uma certa professora?

-- Uma professora linda, que se deu ao trabalho de me seguir para descobrir onde estou morando, acredita? Bateu à minha porta.

-- Jura? Que bafo! Meio louco isso, não acha?

-- Seria, se fosse qualquer outra mulher do mundo, não ela. Achei fofo, vindo dela, foi fofo.

-- E por que você não retribui a visita? Poderia ficar de castigo bem acompanhada...

-- Ah Lorena! Com que desculpa eu chegaria em pleno sábado à noite na casa dela? Sem contar que eu nem tenho como chegar lá no meio dessa chuva, ônibus nem pensar...

-- Chama um uber! – Sugeri toda animada.

-- Está louca, Lorena? “Oi professora, estava nadando por aqui, e pensei se a senhora teria um remo sobrando para me emprestar”.

-- Inventa algo, vá atrás do que você quer, aliás, de quem você quer!

-- Você está maluca! Não posso correr o risco de assustar a professora, aparecer assim na porta dela, no meio de uma tempestade, especialmente depois do que já aconteceu entre nós.

-- Está perdendo tempo heim!

Eu digitei como um conselho a mim mesma. Fui tomada de uma vontade insana de ir ao encontro de Marcela, sim, eu estava perdendo tempo! Iniciei uma pequena maratona ridícula de escolha de melhor roupa, deveria ser o que menos me importava, entretanto, demorei quase uma hora para tomar uma decisão tão estúpida.

A garagem do prédio estava com água até a altura da metade dos pneus do carro, nem supunha como estaria nas ruas. O zelador do prédio ao me ver tentar sair com o carro advertiu:

-- Dona Luiza, está perigoso sair, estão falando que o centro está alagado.

Eu nem conseguia raciocinar direito, só pensava em chegar ao bairro universitário, e bater à porta de Marcela.

-- Mas é urgente, tenho que ir à universidade.

-- Tenho que abrir o portão para a senhora, está emperrado, o motor deve ter sido danificado pela água.

E o portão não abriu, parecia que o universo conspirava contra mim, ou me advertia quanto ao perigo de sair de casa. Teimosa, tentei à força junto com o zelador, abrir o portão da garagem, em vão.

-- Sinto muito dona Luiza, está emperrado.

Como se fosse minha última chance de ver Marcela, saí na chuva na esperança inocente de achar um táxi, e já encharcada, e obviamente sem sucesso nesse objetivo, fiquei ali, parada em frente ao meu prédio, tomada por um sentimento de perda inexplicável. Foi quando eu tive uma visão a qual nunca mais vou me esquecer.

Marcela estava ali, assim como eu, completamente encharcada, e linda! Os braços cruzados certamente por causa do frio, seus lábios tremiam, e mesmo assim, eles se abriram em um sorriso estonteante. Retribui o sorriso e isso parece ter sido suficiente para fazer Marcela abrir os braços e caminhar em minha direção e eu que até então estava inerte naquela calçada, fui ao seu encontro, como que hipnotizada pelo rosto desenhado pelo sorriso que se fazia não só nos lábios, mas também nos olhos dela.

-- O que você está fazendo aqui? – Perguntei para me assegurar que não estava sonhando ou delirando.

-- Eu... Vim ver você.

Minha vontade era de toma-la ali mesmo em um beijo de novela, mas, aquilo era vida real, os pingos densos da chuva, o frio, e os raios acompanhados de trovoadas alertavam sobre a necessidade de sair dali. Segurei sua mão e corremos para dentro do prédio, mal podia esperar por um teto para proteger Marcela. O hall de entrada estava cheio de moradores e visitantes se abrigando do temporal, tudo parecia adiar a hora de saciar minha sede em ter a boca de Marcela na minha. Não soltei sua mão, ansiosa para sentir o encaixe do nosso corpo todo, não só dos nossos dedos.

O elevador enfim se abriu, mas nossa sorte não nos acompanhou, outras pessoas entraram e a cada andar que ele parava, os segundos se transformavam em pedaços de eternidade até chegar ao nosso destino.

Dentro do meu apartamento enfim, a sós, pude contemplar com calma o rosto dela, aquele sorriso que me desestruturava, estava ali e aquecia minha alma.

-- Vou pegar uma toalha para secar você.

Avisei, mas, não consegui sair do canto. Marcela segurou minha mão e me puxou.

-- Não enfrentei essa chuva toda pra ficar seca...

Marcela me sorriu tímida depois de ver a volúpia que meus olhos expressaram. Puxei-a pela cintura e respirando bem perto da sua boca, não resisti quando ela sussurrou ofegante:

-- Te quero.

Foi o “play” para o sonho começar. Nossas bocas se encontraram em uma sincronia alucinante de desejo. Tudo estava quente: lábios, línguas, pele. Parecia o primeiro beijo pela ânsia de acontecer inteiro, mas, ao mesmo tempo era um encontro, aliás um reencontro, sabíamos o ritmo, a intensidade.

-- Também te quero muito, Marcela.

Ela abriu um sorriso diferente, nada tímido. Investiu em outro beijo cálido, mordiscou meus lábios, a guiei para meu quarto, diante da minha cama empurrei-a, e comecei a me despir diante dela.

-- Espera! – Marcela me pediu.

Ela ficou sentada na cama, e beijou minha barriga, me acendendo ainda mais, puxou minha calcinha com os dentes, e eu, praticamente rasguei suas roupas que estavam grudadas no seu corpo. Em meio a risos, espalhamos as peças de roupas pelo quarto, e deixei meu corpo cair sobre o dela, finalmente nossas peles se eriçavam juntas, roçando uma na outra, de maneira inteira.

Nossas bocas se devoravam, enquanto nossos quadris se remexiam, enchendo nosso sexo da volúpia ardente que escorria por nossas coxas. Raspei os dentes pelo seu pescoço, arrancando gemidos altos que me enlouqueciam ainda mais. Marcela era uma mulher pronta para se entregar, era óbvio que algumas sensações para ela eram novas, e fiz questão de não me apressar e dar ao corpo dela a cadência na medida certa para viver o que surgia de novo naquela entrega.

Suas mãos deslizavam nas minhas costas, algumas vezes senti suas unhas arranhar meus braços. Encaixei minha perna entre as suas, e gradualmente intensifiquei meus movimentos sobre seu sexo, ensandecida pelas expressões de prazer que seu rosto me dava, eu gozei junto com ela, me deliciando com nossos orgasmos acontecendo em sintonia. Aquela abundância de gozo no sexo de Marcela me entorpeceu, queria sentir mais, e delicadamente coloquei meus dedos sobre seu clitóris inchado e sorri com malícia.

Massageei sem demora, lendo as respostas do corpo de Marcela, até entrar com intensidade, explorando aquela cavidade encharcada, quente, arrancando mais alguns gemidos até um grito de prazer, vendo o ápice acontecer mais uma vez, ao sentir o tremor dos músculos dos nossos corpos se irradiar como uma grande onda.

Deixei meu corpo sobre o dela, e beijei seu rosto, me deliciando com os espasmos resultantes daqueles orgasmos. A respiração acelerada, e os corações igualmente descompassados anunciavam que o prazer ainda percorria nosso corpo.

-- Eu te amo, Luiza.

A declaração de amor foi sussurrada, e ela me surpreendeu, me deixando sem palavras. Não sei por que não respondi que também a amava, algo maior que eu, me impediu. Apenas sorri, e beijei sua testa.

-- Aceitaria um convite meu agora? – Tentei desviar o foco.

-- Não sei se nesse momento eu possa te negar qualquer coisa, mas não sinto minhas pernas, como levanto dessa cama?

Não resisti, gargalhamos.

-- Vem tomar banho comigo? – Convidei.

-- Eu e você? Juntas?

-- Sim, eu não quero desgrudar de você, nunca mais. E depois de tanta chuva, acho que precisamos de um banho quente.


Marcela ficou tímida de repente.

-- O que foi, Marcela? Não quer tomar banho comigo?

-- É que, eu nunca... Nunca tomei banho com ninguém...

-- Então, quer perder sua virgindade de banho comigo?

-- Quero... Quero tudo com você.

Preparei o banheiro, e voltei vestida em um roupão, estendi minha mão para Marcela e chamei:

-- Vem, minha menina?

Com o sorriso de menina tímida ela segurou minha mão aceitando o convite. Acionei minha playlist no celular, e para marcar aquele momento, tomamos banho, nos amando mais uma vez ao som de Anavitória.
Ô dengo, me fala tudo sobre o mundo
Que eu não consigo debater
Me apresenta tuas opiniões
Deixa eu lhe convencer
Que tu é o ser mais bonito
Que eu tive a sorte de conhecer
E agora que tá aqui comigo
Não vai mais não
Ô dengo, se tu prometer ficar
Te canto todos os dias
Todas as alegrias
Que você me presentear
Juro café da manhã preparar
Dar-te mil beijos pra te acordar
Me deixa cumprir
É só não ir
É que, dengo
Em você encontrei o meu melhor, e não
Consigo amarrar um outro nó com alguém
Além de ti, meu bem, não sei por que
Meu dengo
Eu consigo planejar todo um futuro
Do teu lado e parece tão seguro
Me envolver
E sentir
E querer
Teu dengo
Se tu não quiser ficar
Te canto todos os dias
Todas as alegrias
Que não vamos compartilhar
Juro não mais tentar te encontrar
Dar-te o espaço pra me apagar
Não me deixa cumprir
É só não ir
É que, dengo
Em você encontrei o meu melhor, e não
Consigo amarrar um outro nó com alguém
Além de ti, meu bem, não sei por que
Meu dengo
Eu consigo planejar todo um futuro
Do teu lado e parece tão seguro
Me envolver
E sentir
E querer
Teu dengo

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