quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sociedade Secreta Lesbos: Capítulo 38

Capítulo 38


Amy saltou empolgada qual criança ia para um parque de diversões. Seguiram para um bar perto da universidade. De acordo com a descrição de Sandra, o mesmo que anos atrás fora cenário do primeiro encontro entre ela e Carmem.

Sentaram-se na mesa ao fundo, ficando bem próximas uma da outra, permaneceram de mãos dadas sem se preocupar com os olhares das pessoas. Alguns homens olhavam com tara, outros com despeito, enquanto as mulheres se dividiam entre desejo, desprezo e curiosidade. Enquanto esperavam ser servidas, Esther adiantou o assunto o qual motivara o mal estar entre elas no dia anterior.

-- Amy, você precisa saber algumas coisas sobre mim... aliás muitas coisas, mas por enquanto, vou te contar o porquê você me ver naquele estado no sábado...

A loirinha apenas balançou a cabeça positivamente apreensiva sobre o que ouviria a seguir.

-- Naquela noite, quando soube da prisão de meu avô, procurei uma pessoa que me presta muitos favores, em troca de... favores sexuais.

Esther baixou os olhos tomada de vergonha por revelar aquilo a Amy. A garota apertou as mãos da morena que suavam frio, dando-lhe segurança para prosseguir seu desabafo.

-- Essa pessoa me conhece há muitos anos, ajudou financeiramente a mim e a meu avô quando precisamos por várias vezes, especialmente para encobrir a permanência ilegal de meu abuelo neste país. No entanto, é uma pessoa doente, sádica, que... me usa, me mantém refém como quer, sob pena de me punir se eu não ceder ao desejos mais sórdidos dela, como aconteceu agora... meu avô foi preso por denúncia dela, em retaliação porque me recusei a fazer algumas vontades dela... a verdade é que desde que te conheci, o meu desejo de me libertar dela se intensificou... no começo... até era excitante, mas vem se tornando um martírio...

-- Quando você fala de pessoa... você fala de uma mulher?

-- Sim, é uma mulher.

O pedido do casal chegou interrompendo a conversa. Mesmo tensa e com milhões de perguntas ainda a fazer, Amy tentou descontrair Esther, brincando com a comida, arrancando alguns risos tímidos de Esther. Após o jantar, a morena prosseguiu.

-- Na noite de sábado Amy, procurei-a. Ela libertou meu avô da prisão, em retribuição, ordenou que eu ficasse com ela e mais três amigas, foi horrível Amy, fui espancada, elas estavam drogadas, bêbadas...

Esther pausou segurando o choro, demonstrando para Amy uma fragilidade desconhecida até então. A loirinha apertou forte as mãos de sua amada e acariciou seus cabelos sem conseguir dizer nada, chocada com o que ouvia, até Esther seguir com seu relato.

-- Eu fugi de lá no carro dela porque ela escondeu as chaves da minha moto, te encontrei ali linda no sofá, me deu uma sensação tão boa... mas aí...

-- Eu tive aquele surto de ciúmes não foi?

-- Mas você não podia imaginar... eu só não tive energias para ter aquele tipo de conversa, entende?

-- Claro meu amor, eu entendo, agora entendo... perdoe-me.

-- Você é que precisa me perdoar Amy, eu sou estranha, tenho meus segredos... mas aconteça o que acontecer, quero que você saiba, que gosto de verdade de você, nunca esqueça disso, mesmo que você duvide por algumas coisas que eu faça e venha a fazer... nunca gostei tanto de alguém como gosto de você.

Amy não resistiu àquela declaração de Esther, beijou-a ali mesmo em público e apaixonadamente, escandalizando alguns enquanto outros mais afoitos aplaudiam com palavras de incentivo. Saíram do bar de mãos dadas, e foram em direção a praia, onde permaneceram por algum tempo num clima de romance perfeito.

-- Essa mulher que te chantageia... é a tal Sra. Roberts?

-- Sim, é ela.

-- Meu amor, me deixa ajudar a se libertar dela, meu pai é um advogado influente, tem amigos no senado, posso falar com ele e facilmente conseguir um greencard para seu avô, você não precisará se submeter aos desmandos dessa louca...

-Não, Amy! Já disse que não quero nada de sua família... e não quero que você se envolva nisso. Michelle é uma mulher muito perigosa, não vai gostar de saber que você está se intrometendo nisso e não vou aguentar se ela fizer algo contra você.

-- Ela não pode fazer nada contra mim, minha família também tem poder. E por que você se recusa a aceitar a ajuda de minha família? Sei que minha mãe não foi muito educada com você, mas tenta compreender a situação dela...

-- Amy, por favor, já disse não. Não quero nada da sua família, encontrarei uma forma de me livrar de Michelle, agora vamos embora, que esse assunto estragou o clima.

Durante o percurso de volta, o casal não trocou uma só palavra, na mansão o conselho da Gama-Tau aguardava sua presidente para uma reunião extraordinária. Amy subiu para seu quarto enquanto Esther seguiu para a biblioteca com os demais membros do conselho da fraternidade.

-- Então, do que se trata essa reunião? -- indagou Esther.

-- Hoje à tarde recebemos o comunicado que a representante nacional da nossa fraternidade nos visitará na próxima semana para uma visita de inspeção e avaliação. E virá acompanhada de um membro honorário importante. Pelo que deduzi, talvez um dos membros mais importantes da história da Gama-Tau: Rebeca Travis -- disse Nicole.

O frisson se instalou entre as meninas na reunião, Rebeca Travis foi uma das irmãs gama-tau de mais influência na história da fraternidade, e atualmente era uma importante secretária de governo em Washington. Esther ficou curiosa para saber o motivo pelo qual a unidade de Prescott fora escolhida para tal inspeção.

-- Nicole, algo foi adiantado do por que nossa casa será visitada?

-- Não, Esther. Só informaram que o conselho seria convocado para uma reunião secreta. Não acho que se trate de medidas disciplinares, nosso balanço semestral está ótimo no recrutamento, nas atividade curriculares e extracurriculares...

-- Então, meninas, vamos organizar a casa para nossas visitas, primeiro na arrumação, tudo tem que estar impecável. Sharon, você faz as escalas com todas as garotas. Deixem nossos quarto de hóspedes prontos, acredito que ambas ficarão aqui conosco. Betsy, organize a recepção, escolha algumas meninas para ajudar. Rachel e Laurel, vamos deixar os relatórios prontos, arquivos e tudo mais. Qualquer intercorrência me comuniquem.

Em seu quarto, Esther se pegou mais uma vez às voltas com o diário de sua mãe, sendo interrompida mais uma vez por Amy batendo levemente à porta.

-- Posso falar com você?

-- Claro... entre Amy.

-- Esther, não quero que fique chateada comigo... só quero ajudar...

-- Ok Amy, se não me quer chateada, então não fale mais nisso de pedir ajuda a sua família em meu favor, já disse que não quero... receberemos a visita de uma antiga gama-tau que trabalha no governo, vou pedir a ela pelo abuelo...

-- Jura? Vou ficar torcendo então!

-- Agora vem cá, vai... me dá um beijo que estou com saudades da sua boca...

Amy fez o que sua amada pediu e lhe tomou a boca num beijo intenso, mas cheio de cuidados com os machucados nos lábios de Esther. Amy adormeceu nos braços da morena, que não conseguiu pregar o olho pensando no diário de sua mãe, agora na gaveta do criado mudo. Desvencilhou-se delicadamente do corpo da loirinha, foi para a sacada do quarto e finalmente teve coragem de abrir o caderno de folhas amareladas. Emocionou-se de imediato ao ver a caligrafia de sua mãe.

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