segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

1ª TEMPORADA: PORQUE SEI QUE É AMOR - capítulo 7

Capítulo 7: Realidade mais uma vez


Passamos o fim de semana juntas. Durante o domingo, Suzana me levou ao Aterro do Flamengo e à Lagoa Rodrigo de Freitas, paisagens maravilhosas, mas não mais perfeitas que a imagem de Suzana com seu corpo perfeito, e seu sorriso arrebatador.

Eu me mantinha tímida quanto a andar de mãos dadas com ela, mesmo isso parecendo ser normal. Entretanto, quando ela se aproximava de mim, parecia que nada mais tinha importância, muito menos as convenções.

Sentamos na areia, tomando água de coco. Algumas vezes ela acariciava meu rosto, tirando dele meus cabelos revoltos com o vento. Eu sentia uma paz, uma calma quando estava perto dela, que me surpreendia, mas não me deixava ansiosa, a sensação era de estar com alguém que estava predestinada desde sempre pra mim.

No começo da noite de domingo, jantamos juntas em um rodízio de pizza perto do meu apartamento, Suzana era uma mulher muito interessante, chamava atenção por onde passava, eu percebia isso e ficava louca de ciúmes, mas me continha. Durante o jantar, ousei perguntar sobre a condição de nossa relação, já que no dia seguinte voltaríamos à rotina e eu não sabia como me portar com ela dali pra frente:

- Su... Posso te perguntar uma coisa?

- Claro, Isa, manda aí.

- O que nós temos, afinal? – falei timidamente, como se temesse a resposta.

- Isa, eu estava pensando se você teria essa resposta a me dar...

- Ah... Eu não sei, nunca estive com mulheres antes, na verdade nunca tive um relacionamento sério... Quer dizer, não que eu ache que tenhamos um relacionamento sério... Ai...Tô confusa, né? – fiz um careta como se confirmasse que nem eu me entendia, mas depois que falei em relacionamento sério me dei conta que não podia ser tão afoita assim, nos conhecíamos a menos de um mês.

- Calma, Isa... – falou segurando minha mão. – Eu só disse que esperava que você me desse essa resposta, porque quero te fazer uma pergunta, bobinha – sorriu apertando minha bochecha.

- Pergunta? Que pergunta?

- Isabela Bitencourt, você quer namorar comigo?

Fiquei gelada, ruborizada, mas com os olhos fixos naquele olhar amendoado não hesitei:

- Sim! Eu quero sim!

Minha vontade era de pular no pescoço dela e beijá-la ali mesmo, na frente de todos, mas tinha que me controlar, dei-lhe meu melhor sorriso, apertei sua mão, não deixando dúvidas da minha certeza naquela decisão. Não pensei no que as pessoas pensariam, não calculei o que me esperava, se tinha que ser secreto, eu só queria estar com ela, e sendo sua namorada então, estava mais que perfeito.

Voltei para o meu apartamento, depois de Suzana me deixar, se despedindo com um beijo suave, mas apaixonado. Nem precisaria de elevador pra chegar ao oitavo andar, eu estava flutuando! No meu quarto, achei um moletom meu que Suzana usara na noite anterior, tinha seu cheiro, dormir agarrada a ele, depois de ligar a ela para assegurar que chegara em segurança em casa, e trocarmos palavras carinhosas de boa noite.

Na manhã seguinte, acordei cedo, estava ansiosa pra rever Suzana, mesmo que tivéssemos que ser discretas no hospital, só de vê-la meu dia estaria completo. Dona Lúcia já estava na cozinha com a mesa posta, me deu apenas um bom dia, eu, ainda sem graça pela cena que ela testemunhara na sexta, apenas respondi, apressando-me para sair daquele silêncio constrangedor.

O hospital estava tranqüilo, atípico para uma segunda-feira, Dr, Roger designou a mim e Jessica para acompanhar os casos pós-operatórios, coisa de rotina, não nos tomaria muito tempo. Por mais que eu tentasse disfarçar, Jessica percebeu meu estado de felicidade:

-Ei... Tem gente que viu passarinho verde hoje...

Apenas sorri, e segui pela ronda a fim de ficar livre para descer ao pronto socorro ver MINHA NAMORADA. Nossa, que estranho isso... Minha namorada! Estranho nada, era maravilhoso! Minha namorada era a mulher mais linda e interessante do mundo, queria mesmo gritar aos quatro cantos que Dra. Suzana Andrade era minha namorada!

Terminando a ronda, não era mais de nove da manhã, dei uma desculpa qualquer a Jessica e desci em direção ao pronto socorro. Como de costume, estava tumultuado, meus olhos buscavam a mais nova dona do meu coração, mas sem sucesso. Encostei-me no balcão e cumprimentei a enfermeira que ali estava, a fim de disfarçar com algum assunto até perguntar por Suzana.

- Então, Lourdes... Viu a Dra. Suzana por aqui hoje?

Lourdes, sorriu e nada disse, foi quando ouvi atrás de mim aquela voz suave que me arrepiava inteira:

- Procurando por mim, Dra. Isabela?

- Su... Eh... Dra Suzana, estava sim, é sobre aquele caso... Da... – gaguejei buscando uma desculpa para falar com ela.

- Dona Fátima? – segurando o riso por me ver tão nervosa Suzana completou.

- Isso! Podemos conversar?

- Claro, vamos até meu consultório.

Ela foi na minha frente pelo corredor, enquanto eu acompanhava o seu rebolado... Nossa, que bumbum que ela tinha... A cintura... Nossa, o jaleco justinho deixava tudo bem definido. Ela estava de cabelos presos, deixando a mostra um pedaço da tatuagem com uma inscrição oriental, que até então eu não tinha notado, que distraída que eu fui! Como não vi isso aí antes? O que significaria aquela inscrição? Chegamos ao seu consultório, ela abriu a porta pra que eu passasse na frente, em seguida trancou a porta:

- Então, Dra. Isabela, pode falar – segurando um sorriso safado ela falou.

Sorri tímida e me aproximei dela, que segurou meu queixo, beijou-me suave sussurrando:

- Bom dia, namorada...

Com aquele carinho tão singelo, eu senti um frio subindo na barriga... Minhas pernas ficavam bambas... Sorri e respondi beijando-lhe mais uma vez:

- Bom dia, namorada.

Puxou-me pela mão até sua cadeira, sentou-se e em seguida puxou-me para seu colo. Envolvi meus braços no seu pescoço enquanto ela beijava o meu, eu desviava meu pescoço para o lado indicando o caminho para que ela continuasse aquela carícia, até nossos lábios se encontrarem num beijo lento, permiti que ela explorasse minha boca, minha língua sem pressa:

- Pensei a noite toda em você, sonhei com você... Acordei pensando em você... O que você fez comigo heim, Isabela?

- Exatamente o mesmo que você fez comigo... Por que também não parei de pensar em você... Até dormi com seu cheiro no meu moletom – falei baixando os olhos com vergonha.

- Mas que bonitinho... Não tive moletom com seu cheiro mas não precisava disso, seu cheiro está na minha memória... Não sai de mim.

Nesse momento, ela passou seu nariz pelo meu rosto, cabelos, pescoço, sentia sua respiração forte, o que eriçava minha pele inteira. Ficamos alguns minutos ali naquela troca de carícias, até o Pager dela tocar.

- Minha Bela... O dever me chama, tenho que ir... Almoça comigo?

- Claro, namorada! Que horas?

- Hum... Lá pelas 13h, pode ser?

- Encontro você no estacionamento então.

Sabia que o máximo que evitássemos estar juntas no hospital era mais sensato, por isso almoçar na cantina não era boa opção. Almoçamos em um restaurante no shopping perto do hospital. Durante o almoço falamos amenidades, Suzana observava minhas manias na organização do prato, já que optamos por um self service, eu separava em cada canto do prato a salada, arroz e a carne, meus trejeitos com os talheres... De fato eu era mesmo cheia de manias, mas não por ser fresca, mas por hábito, era assim desde pequena por orientação de meus pais, depois por orientação de Tia Sílvia.

- Caraca, você é muito certinha Isa!

- Por que diz isso? Fala como se fosse defeito... – falei desconfiada.

- Não é defeito, é fofo... Mas sabe que adoro quando a certinha perde as estribeiras... – sorriu maliciosa.

- Você ainda não viu nada...

Durante os dias seguintes foi sempre assim, almoçávamos juntas quando os plantões permitiam, saíamos juntas do hospital no fim do expediente, as vezes ela ia pro meu apartamento, outras vezes eu ia pro apartamento dela, por algumas vezes mudávamos a escala de plantões nos fins de semana para ficarmos juntas.

Nossos olhares apaixonados e sorrisos pelos corredores, no elevador, na cantina, nos denunciavam, ouvia uns cochichos, especialmente do Dudu com a Jessica, mas nunca tiveram coragem de me abordar diretamente, o que pra mim era ótimo.

Chegamos a visitar aquela sala do almoxarifado algumas vezes no meio do expediente, ela me mandava mensagem de texto provocativa e marcava nosso encontro lá... Nosso desejo não cessava, eu que me habituava a solidão desde a adolescência, não conseguia mais ficar longe de Suzana, mas isso não era sacrifício.

Naquele dia, não trabalhei de tarde, combinei com Suzana de jantarmos no meu apartamento, estávamos fazendo um mês de namoro, ajudei Dona Lúcia com o jantar, fiz questão de escolher um dos pratos favoritos de Suzana, risoto de camarão. A essa altura Dona Lúcia já estava acostumada com a presença de Suzana em casa, sempre encontrava roupas, lingerie dela no meu quarto, mas não me perguntava nada, e eu não me sentia no dever de explicar qualquer coisa. Escolhi um vestido sensual, um sandália de salto agulha, por baixo uma lingerie de renda, um cinta liga...queria surpreender Suzana que sempre me acusava de ser certinha demais. A mesa estava posta e a iluminação lógico era à luz de velas.

Pouco antes do horário marcado o porteiro interfonou avisando que tinha gente chegando, Suzana já estava íntima da porteiro, flagrei os dois certa vez assistindo futebol na mini TV da recepção do prédio enquanto eu chegava do supermercado, assim deduzi que fosse ela chegando adiantada.

A campainha tocou e corri para abrir, nem me importei de confirmar que era ela pelo olho mágico, abri rapidamente, posando sensualmente com um braço na porta exibindo meu vestido quando ouvi os gritos:

- SURPRESAAAAAAA!!!

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