domingo, 28 de novembro de 2010

1ª temporada: Porque sei que é amor - CAPÍTULO 3

CAPITULO 3 : NOVAS SENSAÇ’ES


Enquanto o meu mais novo alvo de encantamento nos explicava a extensão das lesões da paciente e nos indagava como um de nossos preceptores a cerca do tratamento adequado, eu me aproximava dela pra ver o que ela mostrava nas imagens da tomografia. Não pude evitar de sentir seu perfume, não era doce, era quase amadeirado, quando ela girava o pescoço em direção a nós eu paralisava, não conseguia absorver uma só palavra que ela tão concentrada nos dirigia. Foi então que me encarando ela perguntou:

- Você concorda com seu colega Drª ..

-Isabella Bitencourt – completei. – Desculpe-me Dra, mas concordo com o que mesmo? – acabei confessando minha distração com tal pergunta.

Dudu não entendia o que se passava comigo, uma vez que não havia uma pergunta feita pelos preceptores que eu não saísse na frente com mil respostas e hipóteses... 

-Belinha, qualé, você ta bem? - cochichou sem graça.

-Ah desculpe-me estou meio atordoada ainda... Mas, Dra Suzana pode repetir a pergunta por favor?

- Perguntei qual seria a conduta para o edema cerebral da paciente- a linda médica falou olhando-me séria. – Seu colega sugeriu aliviar a pressão intracraniana cirurgicamente, você concorda?

- Não - voltei a meu estado racional costumeiro e concluí: - As imagens e a clínica da paciente não evidenciam PIC (pressão intracraniana) aumentada que justifiquem um procedimento invasivo tão arriscado, o edema pode ser monitorado através da administração de corticosteróides nas próximas vinte e quatro horas.

Ela me fitou admirada com a segurança da minha resposta, sorriu com o canto da boca e disse:

- Muito bem, Drª Isabella, você vai se encarregar de monitorá-la e me manter informada, ela acabou de sair do centro cirúrgico, a hemorragia do tórax foi contida, nos resta controlar o edema cerebral – falou com a segurança que estava me encantando ainda mais.

Saiu da sala, mas antes de fechar a porta, girou seu rosto pra trás, e me encarou por alguns segundos, o suficiente pra deixarem minhas pernas bambas, em seguida bateu a porta. Dudu, me cutucou com a ponta dos dedos dizendo:

- Que ‘mulé’ é essa! Que olhos, q boca... E ainda é chefe? Ai virou meu sonho de consumo! Já sei quem vai animar essa residência... Nem que seja nas minhas fantasias... 

Mal sabia o Dudu que ele estava exteriorizando meu pensamento... Mas me contive, dei-lhe um tapa nas costas e saí da sala em direção a UTI onde a Srª Fatima da Silva se recuperava da cirurgia. Segui à risca o pedido, ordem, orientação, seja lá o que fosse da Drª Suzana Andrade, e passei as vinte e quatro horas monitorando a evolução do edema cerebral da paciente. 

Na verdade não saí da UTI, exceto pra lanchar alguma coisa, não gastando mais de 20 minutos. O quadro da Srª Fatima evoluía bem, inclusive com a redução do edema cerebral, no fim das 24 horas mostrava sinais de saída do estado de coma.


Eu escrevia as prescrições no prontuário, me preparando pra deixar meu plantão, quando senti uma presença se aproximando atrás de mim no balcão da UTI, e me virei como no impulso, Drª Suzana sorriu assustada, me abordando:

- Não está na sua hora Drª? 

Retribuindo o sorriso, respondi:

- Provavelmente minha hora já passou há umas doze horas... Mmas não podia deixar de atender sua ordem de monitorar a paciente.

Mas que loucura era essa? Eu estava me derretendo pra uma mulher? E tire esse sorriso bobo da cara Isabella Bitencourt! O que ela vai pensar de você? Mas o que importa o que ela pensa de você? ‘Alou’ Isabella se situa! 

Enquanto eu surtava diante da imagem estonteante de Dra Suzana, ela me interrompeu os pensamentos, me interrogando sobre a evolução da Sra Fatima. Respondi tudo atentando pra cada detalhe numa tentativa ridícula de impressioná-la... Ela ouvia atentamente, ao final, tocou meu ombro, o que despertou em mim um arrepio de excitação em todo meu corpo. Ela disse:

-Drª Isabella, a paciente não poderia ter melhor tratamento, ou melhor médica pra acompanhá-la, estou impressionada, você será uma grande neurologista... 

Eu ainda estava me recuperando da excitação, olhando embevecida pra os olhos daquela mulher incrível, quando fui tomada por um novo arrepio acompanhado de um frio na barriga que parecia se espalhar, causando um tremor, no momento q ela suavemente tocou nos meus braços enquanto passava as pastas sob o balcão. 

Perdi completamente a compostura e derrubei os papéis que escrevia sobre o balcão. Notando o meu nervosismo, Dra Suzana apressou-se em abaixar-se pra ajudar-me a recolher tudo, enquanto fazia isso, foi inevitável que nossas mãos se tocassem acidentalmente, dessa vez não pude deixar de perceber que sua pele também se ouriçava, por alguns segundos nos olhamos, até que a enfermeira de plantão entrou pegando os papéis de nossas mãos, nos ajudando a organizar tudo no balcão.

Rapidamente me recompus, e pedi licença pra me trocar e em seguida voltar pra casa, confessando meu cansaço. Com um gesto de concordância ela me acompanhou enquanto eu me dirigia a sala de repouso médico, e com um ar tímido, discrepante da até então postura auto-confiante dela, ela parou à porta do repouso perguntando:

- Você já comeu alguma coisa hoje? 

-Tenho que confessar que não sei se comi hoje ou ontem, dentro dessa UTI é difícil distinguir dia e noite... – respondi sorrindo.

- Gostaria de me acompanhar em um café aqui mesmo na cantina? – convido-me num tom de voz mais baixo.

Não tinha como recusar o convite, descemos pelo elevador sem trocar uma palavra, me flagrei observando-a numa expressão de gula... Desconhecia completamente aquela sensação, tinha medo do que sentia, mas ao mesmo tempo ignorava meu cansaço, meus receios, só me bastava estar ali diante dela. 

Caminhamos em direção à cantina, e fomos interrompidas algumas vezes por funcionários que traziam papéis pra que ela assinasse, desculpava-se como se isso me ofendesse. Sentamos numa mesa do canto, que ficava de frente pra o jardim do pátio, enquanto tomávamos o café. 

Percebia que algumas pessoas nos olhavam, inclusive o Dudu e o Carlos. Lembrei-me imediatamente dos comentários do Dudu, sobre fantasiar com Suzana, e senti um ciúme irracional. Ela passeava a ponta dos dedos nas bordas da xícara, buscando algum assunto pra interromper nosso silêncio intimidador, até que lhe indaguei:

- Você me parece bastante jovem para assumir um cargo de tanta responsabilidade, deve ser uma profissional prodígio... 

- Prodígio? - sorriu relaxada. – E´um bom adjetivo doutora... E vou tomar como elogio o jovem, mas não sou nada prodígio, sou metida... Por isso me meti a ser chefe – continuou rindo. - Recebi a proposta depois de um ano como atendente, concluí aqui minha residência, e sempre tive boas referências dos meus superiores, e aceitei o desafio, mas confesso que estou apavorada com a responsabilidade.

Continuei interessada no que ela ia me revelando, e aos poucos ia me abrindo sobre minha história, fato raro com pessoas desconhecidas, diria até fato inédito. Quando nos demos conta, estávamos conversando há mais de uma hora, e seu celular não parava de tocar, quando me senti forçada a encerrar nosso papo deixando-a livre para seus compromissos. Mas a verdade é que eu não queria sair da sua companhia, e o desejo me parecia recíproco... Até que num ímpeto ao me levantar da mesa, perguntei-lhe:

- Você é daqui não é? 

-Sim, por quê? - respondeu curiosa.

- E´que... Bem... Estou morando aqui a quase quatro meses mas ainda não conheço nada da cidade, nem sequer o pão-de-açúcar... E você sabe que... Residente não tem muito tempo pra conhecer gente... E terei folga amanhã... 

- Você acabou de ganhar uma autêntica guia carioca! Felizmente também estarei de folga, faço questão de te mostrar essa cidade linda!

Não podia acreditar que acabara de forçar um convite pra sair com a Dra Suzana Andrade... O que estava acontecendo comigo afinal? Nunca me considerei uma homofóbica, a convivência com Bernardo me fez ter horror a esses tipos de rótulos, entretanto nunca considerei a possibilidade de ficar com mulheres, pra mim isso fazia parte de outro mundo. 

A satisfação que eu sentia me imaginando um dia inteiro na companhia dela transpunha qualquer preconceito, aquele sentimento era novo mas eu ansiava por vivê-lo.

A volta pra casa foi tomada por pensamentos que centralizavam a voz de Suzana, o som de seu riso, seu perfume, não pensava em nada mais que não fosse nosso encontro no dia seguinte, ansiosa eu imaginava o que deveria vestir, fazia combinações de roupas na minha mente, supondo o que mais a agradaria... 

Era patético meu comportamento, mas eu não conseguia fugir daquilo. Toda aquela ansiedade atrapalhou meu descanso, não vi a hora de me reencontrar com Suzana, marcamos para as 10h daquele sábado, ela fez questão de ir me pegar em casa, dei-lhe meu endereço e as 8 da manhã eu já estava de pé provando várias peças do meu guarda-roupa sem conseguir me decidir por uma só.

O dia não podia ser mais perfeito, não chovia, o sol estava ameno, não teria problemas para escolher uma roupa confortável, mas eu queria mais, queria chamar atenção de Suzana, apesar de não entender ainda o que sentia por ela, nem muito menos o que ela esperava de mim... 

Acabei optando por uma calça corsário branca, com grandes bolsos nas pernas, uma camiseta justa com gola pólo rosa, e uma sandália rasteirinha. Não tinha costume de abrir mão do salto já que minha altura não era meu principal atributo, mas Suzana aconselhou que eu usasse algo bastante confortável porque iríamos caminhar bastante. 

Pontualmente para meu alívio, Suzana interfonou comunicando que me aguardava, Dona Lúcia estranhava minha saída, já que desde que estava trabalhando para mim, nunca me viu sair de casa que não fosse para o hospital. Chamei o elevador que durou uma eternidade para chegar, quando enfim cheguei à entrada do prédio, ao me deparar com Suzana, encostada no seu carro, meu coração acelerou ainda mais, não contive um largo sorriso e caminhei apressada em sua direção. 

Suzana usava short minúsculo, expondo suas pernas bem torneadas, uma camiseta regata, com um moleton amarrado no pescoço, e um tênis de atleta. Estava linda, absolutamente linda, aproximou-se para me cumprimentar com beijo de comadres, levantando o óculos de sol acomodando-o nos seus cabelos, em seguida olhou para meus trajes e comentou:

- Ora doutora, muito bem, está parecendo uma carioca... Mas sinto falta de alguns centímetros seus... Perdeu durante o sono?

- Primeiro, que tal esquecer o doutora, doutora, pelo menos hoje? Segundo, é um elogio ser carioca? E por fim, engraçadinha você heim? - respondi dando um tapa em seu braço.

- Primeiro, aiii... - retrucou esfregando a mão no seu braço. – Segundo, é um elogio sim, e terceiro, entre no carro Isabella, temos uma programação extensa hoje!

Seguimos pela linha vermelha saindo da Ilha, e ela me mostrava cada por menor das paisagens que passávamos, por diversas vezes me perdi em tanta informação que ela me passava, mas a culpa era do meu encantamento... 

Eu não conseguia fixar minha atenção nas informações por estar perdida no movimento de sua boca... No cheiro dos seus cabelos que me inundava quando ela os jogava de lado... ela tocava minha perna chamando minha atenção para algumas construções, esse gesto simples provocava em mim um furacão de sensações inéditas.

O dia foi de fato intenso, ela ansiava em me mostrar tudo, primeiro o Cristo Redentor, a paisagem daquela cidade era algo inexplicável, nunca havia visto algo parecido, a orla, a baía da Guanabara, e o mais importante, Suzana do meu lado falando perto do meu ouvido apontando para cada ponto daquele cenário, eu me sentia embriagada por aquele momento... 

Saímos dali em direção ao Pão-de-Açúcar, e mais uma vez as paisagens me encantaram, Suzana me segurava pela mão me puxando incansavelmente... a sensação de ter minha mão entre a sua era indescritível, parecia uma adolescente apaixonada... Passava das 14h e a fome começou a dar sinais, Suzana me levou pra um restaurante simples, mas charmoso em Copacabana, em seguida passeamos pelo calçadão, estava nublado e um vento frio nos fazia apertar nossos braços em volta do corpo.

Conversamos amenidades, rimos, Suzana revelava um senso de humor inteligente, que se confundia com seu jeito descolado tão próprio dos cariocas. Sentamos em um banco observando uma partida de vôlei, quando uma fina garoa começou, Suzana num gesto delicado, percebendo meu desconforto com o frio, colocou seu moletom em volta dos meus ombros, dando uma piscadela com aqueles lindos olhos amendoados... 

Sorri num gesto de agradecimento e num impulso segurei sua mão a depositando sobre sua perna... estava arrepiada, mas fingi não notar, não era a primeira vez que tocava sua mão, mas desta vez mantive ali sob seu corpo sem nada dizer, mas percebi que ela ajeitava seus dedos entre os meus, me causando uma excitação profunda. 

Foi nesse momento que a chuva se tornou intensa, ela me puxou pela mão e corremos na direção do seu carro, entretanto, era uma distância considerável, por isso, paramos em baixo de uma barraca esperando a chuva amenizar para continuarmos, estávamos completamente encharcadas, sacudi meu cabelo que nesse momento ficou despenteado caindo sobre meus olhos, ela prestou atenção em cada movimento meu e não me contive:

- Algum problema, Suzana?

- Eh, não... é que seu cabelo sempre tão arrumadinho está bem diferente agora... - sorriu tímida.

- O seu não está tão diferente assim... E aaaatchimmm! – não contive o espirro.

- Acho melhor enfrentarmos a chuva e nos aquecer no carro, ficarmos aqui encharcadas não me parece muito prudente... - comentou preocupada. 

Concordei sem comentar com ela da minha fragilidade respiratória, temendo que aquela situação desencadeasse uma crise de asma. Chegamos ao seu carro e ela rapidamente ligou o aquecedor, pegando um casaco que estava no banco de trás do carro e colocou sobre mim... 

Há muito tempo não me sentia tão mimada por alguém... Tia Sílvia era bastante atenciosa comigo, mas eu não permitia ser paparicada e, no entanto, estava ali com alguém que conhecia há quatro dias, completamente a vontade me permitindo ser cuidada por ela... 

O choque de temperatura, acelerou minha crise, continuei espirrando, depois tossindo, em poucos minutos, sentia o ar faltar, Suzana olhava preocupada, parou o carro e me perguntou:

-Bella você tem asma? 

Eu só conseguia balançar a cabeça, enquanto procurava minha bombinha na bolsa, encontrando-a e inalando-a em seguida, eu começava a respirar com menos dificuldade e voltei-me para ela respondendo:

-Há algum tempo não tenho crise, mas... 

- Estou me sentindo culpada, era pra voltarmos para o carro assim que começou a neblina... - Suzana disse contrariada.

- Tudo bem Suzana, você não tinha como prever, nem ao menos sabia da minha asma, deixe-me em casa por favor, amanhã estarei melhor – afirmei segurando seu braço.

- De forma nenhuma, não conseguiria te deixar em casa sozinha assim, doente. Você vai para minha casa, e hoje cuido de você, passamos na farmácia e compramos um corticóide, e um broncodilatador, administro em você, só assim ficarei tranqüila – Suzana falou em tom imperativo.

Como eu gostava de ouvi-la falar nesse tom... Me lembrava de como a conheci, dando ordens segura de si. Não a contrariei, até mesmo porque seria inútil, continuei respirando rápido sem poder de argumentação. 

Suzana morava em Bonsucesso, seu apartamento parecia um estúdio, não tinha divisão entre sala e cozinha, só uma escada de uns cinco degraus largos que dava acesso a seu quarto, havia poucos móveis, mas os que haviam eram combinados em tom preto e branco, na sala alguns pufs e um sofá grande sobre um tapete branco felpudo, com uma estante com aparelhos de som com a TV dispostos em meio a alguns porta retratos. 

Mal entrei no seu apartamento e Suzana já se apressou em me dar roupas secas, toalhas, enquanto eu me secava e retirava o casaco, ela preparava um chá, me abordou:

- Pode subir até meu quarto se quiser se trocar, vou pedir um remédio por telefone e já te examino também... Seu chá fica pronto daqui a pouco.

Eu estava tímida diante dos seus cuidados, mas subi as escadas, acompanhada pelo olhar de Suzana, a fim de seguir suas orientações e trocar de roupa. Vesti o pijama de flanela com estampas de ursinhos, meio infantil até, que ela me deu, prendi meus cabelos após secá-los, e desci ao encontro de Suzana que me aguardava com uma caneca decorada com o chá de ervas com limão que me preparou. 

Puxou um banco da bancada da cozinha e mandou que eu me sentasse enquanto colocava o estetoscópio no meu peito, depois de pedir licença abrindo dois botões do pijama que usava. 

Se minha asma não tivesse acelerado meus batimentos cardíacos nem tampouco minha respiração, a mão de Suzana próxima ao meus seios o faria sem o menor esforço. Ela se esforçava para manter uma postura profissional, quando eu tossi e perguntei:

- Tenho quanto tempo de vida doutora?

- Bom ouvir sua voz, pensei que não ouviria mais hoje... E pelo seu humor, você está melhor não? - respondeu com aspecto de alívio.

Sorri e tomei um gole do chá, voltei meus olhos para ela e disse-lhe com ar de advertência:

- Você também tem que trocar de roupas doutora, não quero ser responsável pelo mal estar da chefe... vamos lá, você vai se trocar agora mesmo!

Tirei o estetoscópio da mão dela e segui em direção ao seu quarto a empurrando pelas costas. Ela ria-se da situação, mas fez a minha vontade, sentei-me em uma poltrona próxima a uma grande janela no seu quarto observando-a escolher uma roupa em seu armário. 

Seus cabelos já estavam secos, ela os prendeu em forma de coque, puxou da gaveta uma camisola de seda estampada, e começou a despir-se parecendo não se importar que eu estivesse ali, nesse momento tive medo de ter outra crise de asma tamanha minha emoção ao ver aquela barriga tão bem definida, seus seios firmes, e aquelas curvas... Ela usava um calcinha de algodão com laços na lateral, aquilo pra mim surgia como uma referência de sensualidade incomum. Deixou a camisola ajustar-se ao seu corpo, e me olhou, eu estava completamente absorta com aquela imagem, e temo que não soube disfarçar meu prazer de vê-la daquele jeito.

- Pronto, doutora, está do seu agrado? - falou colocando as mãos na cintura esperando uma resposta.

- Sssim... Sim, bem melhor assim – gaguejei mas ainda pensava, bem melhor seria só com aquela calcinha fofa... 

Levantei-me da poltrona e me dirigi às escadas, quando senti as mãos de Suzana envolvendo meus braços, aquelas mãos me desestruturavam, parei de andar, e joguei meu pescoço pra trás procurando o corpo de Suzana, que se aproximava do meu. Foi quando senti que sua boca chegava a minha nuca, seus lábios roçavam nos meus cabelos presos, eu estava completamente envolvida, fora de mim, não ligava que aquele corpo que causava todas aquelas sensações fosse um corpo feminino, e que corpo! Foi então que a campainha tocou, e fomos arrancadas daquele momento... Era a entrega da farmácia... Maldita hora pra meu remédio chegar... 

Suzana desceu rapidamente, recebeu a medicação e se dirigiu ao sofá onde eu estava sentada, recuperando meu fôlego, sentou-se ao meu lado e disse:

- Vou preparar algo pra comermos, em seguida você toma a medicação, tudo bem?

- Ahan... - respondi baixando a cabeça.

Ambas não conseguimos tocar no assunto acerca daquele momento no seu quarto, liguei a TV enquanto Suzana preparou um macarrão. Ela me chamou para cozinha, não trocamos uma palavra, exceto quando elogiei a massa e ela agradeceu a gentileza. 

A chuva não deu trégua naquela noite, e o frio se intensificava. Ao terminar o jantar, ajudei-a com a louça a contragosto dela que insistia que eu descansasse após tomar a medicação. 

Sentamos no sofá com canecas de café, na TV, começava um filme de suspense, ficamos caladas assistindo comentando esporadicamente alguma cena, até uma em especial, na qual a protagonista é surpreendida pelo psicopata, foi quando segurei a perna de Suzana como num impulso, ela sorriu e comentou me fitando:

- Não tenha medo minha Bella, eu te protejo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário