terça-feira, 30 de novembro de 2010

2ª temporada: Porque sei que é amor - QUINTO CAPÍTULO

CAPÍTULO 5 : DE VOLTA A REALIDADE


-Alô. Ok, estou a caminho - respondeu Suzana friamente.

- Alô, sou eu, pois não... Sim, chego em alguns minutos – ao mesmo tempo atendi.

Vesti o mesmo corsário que a essa altura já estava seco, Suzana emprestou-me uma camiseta, nos trocamos juntas rapidamente e nos dirigimos ao hospital.Muitos médicos foram chamados para atender as vítimas de um desabamento ocorrido por causa da forte chuva no morro do Alemão, eram muitos os feridos. 

Durante o trajeto não conversamos sobre o que acabara de acontecer conosco, ao chegarmos no estacionamento, enquanto desconectava o cinto de segurança, Suzana, me disse:

- Isabella, eu gostaria que você fosse discreta sobre o que aconteceu hoje... Quero evitar fofocas, você entende?

- Não se preocupe, doutora, eu entendo – respondi irritada, saindo do carro.

Caminhei pelo estacionamento até a entrada do hospital com passos apressados, experimentando pela primeira vez uma raiva desproporcional por Suzana. Como ela poderia ser tão insensível? O que ela pensava? Que eu sairia espalhando pelo hospital que transei com a chefe da urgência? Que tipo de pessoa ela achava que eu era? 

No fundo, o maior motivo da minha irritação era outro, desejava que Suzana se despedisse com um beijo, me dissesse algo como: nos falamos mais tarde... Como se me assegurasse que aquela noite tinha sido mais do que sexo pra ela... Porque eu tinha certeza que para mim isso era verdade. O medo de me apegar e ser decepcionada aumentava em mim aquele sentimento de mágoa diante daquele comentário de Suzana, uma vez que eu já me sentia envolvida por aquela mulher.

Entramos pela madrugada atendendo aos feridos, Jessica atendeu comigo os pacientes com problemas neurológicos, evitei ao máximo descer ao Pronto Socorro para não encontrar Drª Suzana. 

Por volta das três da manhã desci para a cantina com Jéssica e, qual não foi meu susto, ao dar de cara com Drª Suzana no balcão. 

Jessica a cumprimentou, eu desviei meus olhos dela, me dirigindo até o caixa, em seguida sentei-me a espera de Jessica. Suzana sentou-se sozinha em uma mesa próxima, por várias vezes nossos olhares se cruzaram, mas eu desviava meu rosto todas as vezes, deixando clara minha mágoa com seu último comentário no carro. 

Ao amanhecer, o Pronto Socorro estava tranqüilo, Carlos se apresentou para a troca de plantão, assim podia voltar pra casa. Guardei meu material, meu jaleco no armário do vestiário dos residentes, e fui em direção ao ponto de táxi, não estava acostumada com os horários dos ônibus e meu corpo pedia descanso urgente.

O domingo amanheceu chuvoso, o que me ajudou a dormir profundamente, apesar da raiva e da decepção sofrida na noite anterior. Aliás, a noite anterior me deu a definição perfeita de prazer, de entrega, e me violentou em seguida com a insensibilidade de Suzana. Ela foi a protagonista e antagonista daquela noite marcante. 

Só despertei no meio da tarde, meu primeiro pensamento ao acordar foi ela... Me olhei no espelho do banheiro depois de lavar meu rosto, notei no meu pescoço uma marca roxa que nunca tive, como minha pele era extremamente branca, tal marca sobressaltava facilmente, as lembranças da boca de Suzana me tomando vieram à tona, renovando meu desejo aliado a raiva despertada pelas palavras na nossa despedida.

A semana começou intensa, alguns casos clínicos interessantes surgiram, nos tomando bastante tempo em pesquisa, e realização de procedimentos para levantar o diagnóstico. Entre meus colegas, os comentários sobre as marcas no meu pescoço viraram motivo de especulação, eu fugia de qualquer comentário. Fazia questão de não descer para o Pronto Socorro evitando o encontro com Dra Suzana, entretanto, no final da semana, tal encontro foi inevitável:

- Por favor, segure a porta! - eu gritei para alguém que entrara antes de mim no elevador, sendo atendida no meu pedido.

Qual não foi minha surpresa ao entrar e dar de cara com a Dra Suzana, sozinha no elevador, me perguntou:

- Sobe? 

- Sexto andar, por favor – respondi de cabeça baixa ajeitando meu jaleco.

- Vamos para o mesmo andar, então. 

O silêncio tomou de conta do elevador, para mim aqueles dois minutos duraram uma eternidade. Não olhá-la para mim era impossível e não podia demonstrar ansiedade diante dela. Ao chegarmos ao sexto andar, andamos na mesma direção, mas eu apressei os passos a fim de me afastar dela, entretanto, Suzana me alcançou, empurrando-me rapidamente pra sala de almoxarifado no final do corredor:

- Você enlouqueceu? O que aconteceu com a discrição da Dra Suzana? - eu disse num tom provocativo.

- Pára de me chamar assim... Pow Isa... Estamos só nós aqui... Por que você está me ignorando assim? – Suzana falou com um olhar magoado.

-Eu te ignorar? Eu só estou acatando sua ordem doutora... Não fui discreta o suficiente?

- Por que você está com tanta raiva de mim? Tivemos um dia incrível juntas, nem me lembro da última vez que estive tão feliz, leve, com alguém... A noite foi absolutamente maravilhosa e você me deixa falando sozinha no carro ao nos despedirmos e me evita, me ignora a semana toda... Que decepção Isabella, eu não podia imaginar que tanta doçura vinda de você era tudo fachada... Você me usou, quando me teve, perdeu a graça não foi?

Ouvi aquilo tudo completamente confusa, já não fazia sentido o que pensei sobre Suzana ser insensível, me dei conta que saí do carro sem concluir a conversa com ela, e o que ela pediu sobre discrição não tinha nada de absurdo pensando bem. Passei a mão entre os cabelos, caminhei pelo pouco espaço naquela sala, até que Suzana aumentou seu tom de voz:

- Fala Isabella! 

- Eu... Não sei o que dizer, Suzana... Nunca senti nada parecido por alguém como senti naquele dia, a noite então, me deu a sensação que nunca havia sido beijada, tocada até aquele momento... Mas... Quando viemos para cá, você foi seca me pedindo discrição... Eu fiquei completamente insegura, atribui insensibilidade ao seu comentário, tive medo que eu fosse pra você só mais uma transa, fiquei possessa de raiva, não sei porque fiquei tão magoada... 

- Isa... Você não me deixou nem concluir, saiu batendo a porta do carro e quase correndo pelo estacionamento, em seguida fugiu de mim todas as vezes que nos esbarramos, pensei em te ligar, mas eu pela primeira vez na vida estava insegura, pensando que talvez você não tivesse gostado... E... Resolvi respeitar – Suzana falou timidamente.

- Você não sentiu meu corpo? Como poderia não ter gostado? Nunca imaginei que uma mulher pudesse me causar tudo aquilo... Aliás nem sabia que meu corpo era capaz de sentir tamanho prazer – falei nervosa.

- Isa... Minha bela... - Suzana sussurrou se aproximando.

Meu nome sendo pronunciado por aquela voz, naquele tom era doce aos meus ouvidos, era sensual, me sentia mesmo “sua bela”. Aquela expressão no rosto de Suzana, me tirou do sério, fui em direção aquela boca e a tomei, jogando seu corpo contra a mesa, Suzana entrelaçou seus dedos entre meus cabelos loiros, dirigiu sua boca até meus ouvidos lambendo o lóbulo da minha orelha gemendo e repetindo: 

- Isa, minha bela... 

Eu apertava sua cintura e deslizava minhas mãos, levantando seu jaleco entre suas nádegas cobertas por um jeans justo, desejando arrancá-lo e sentir de novo seu sexo molhado... Antes que transássemos ali mesmo, me afastei de Suzana que respirava acelerado me olhando como quem não entendesse a tortura que eu estava impondo em frear aquele amasso.

- Eu preciso... Fazer algumas coisas... – eu disse ofegante olhando para Suzana, que mordia os lábios.


- As coisas que você tem que fazer são melhores do que a que você estava fazendo? – Suzana retrucou sensualmente, dessa vez puxando os bolsos do meu jaleco me deixando bem próxima do seu corpo.

Minhas pernas tremiam, como eu desejava ser possuída ali mesmo, mas minha razão me prendia, a qualquer momento poderíamos ser surpreendidas naquela sala, então me afastei mais uma vez pois sabia que não resistiria a sua boca por mais alguns segundos:

- Suzana, não é certo... Aqui... 

Suzana calou-me com um beijo ardente, roubando minha sensatez, murmurando:

- Vamos sair daqui agora antes que eu não responda por mim... Vamos para meu apartamento... 

- O meu... E´... Mais perto... – falei com voz trêmula

Saímos do hospital sem dar muitas explicações, com uma desculpa que não passávamos bem. Em menos de meia hora eu estava chegando ao meu apartamento, aguardando ansiosa a chegada de Suzana, olhava-me no espelho, perfumei-me, ajeitava meus cabelos, parecendo uma adolescente apaixonada esperando a visita de seu primeiro namorado. 

Pudera... Nunca passei por essa sensação, nenhum garoto despertou isso, muito menos uma garota, eu sabia que eu estava descobrindo algo mais que prazer.

Em minutos o interfone toca, antes que eu chegasse para atendê-lo, ouvi que alguém atendera, então lembrei-me imediatamente: Dona Lúcia! Claro, era dia ainda, ela estava em casa! Apressei-me e me adiantei:

- Dona Lúcia, é pra mim, pode deixar subir.

- A menina em casa essa hora? Alguma coisa aconteceu?

- Está tudo bem Dona Lúcia, a senhora está dispensada, pode ir mais cedo pra casa, vou estudar com uma amiga para uma prova.

- Ah menina... Por que não me avisou? Vou deixar um lanchinho preparado, e o jantar também, pode ir pro seu quarto de estudo que eu levo a moça lá.

Antes que eu discordasse da gentileza de Dona Lúcia, afinal queria mesmo ficar sozinha com Suzana, a campainha tocou, corri para abrir, e outra vez antes que eu dissesse algo, Suzana avançou em mim me roubando um beijo cheio de paixão, sem se dar conta da senhora que nos assistia.

O momento de paixão foi interrompido pelo barulho de um prato se estraçalhando no chão, era o prato que estava nas mãos de Dona Lúcia, que soltou diante do susto de ver a cena. Tenho que confessar que a cara que aquela senhora apresentava, era de longe a expressão mais engraçada que já vira... Suzana olhava para mim com uma interrogação no rosto.

-Dona Lúcia... Eh... Não precisa preparar nada... Estamos sem fome... Vejo a senhora na segunda, mas obrigada de qualquer forma.

A senhora continuou estática, com a mão parada como se ainda estivesse segurando o prato, virou-se atordoada em direção a cozinha, enquanto eu e Suzana segurávamos o riso. 

Puxei Suzana pela cintura, e fomos trocando beijos suaves até a porta do meu quarto. Suzana saiu de minha boca, descendo seus lábios pelo meu pescoço, empurrando-me contra a parede, me suspendendo pelas pernas. Envolvi minhas pernas em sua cintura e assim ela me conduziu até a cama, me jogando nela e me despindo com agressividade.

2 comentários:

  1. Adooro ler essas webs Mel!

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  2. Lendo novamente. Nunca pensei que me apaixonaria tanto por um conto... Único problema é que não estou conseguindo achar os capítulos 6 ao 9. Alguém poderia me ajudar?

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